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Rio Oil & Gas Expo and Conference 2020

ISSN 2525-7579

Conference Proceedings homepage: https://biblioteca.ibp.org.br/riooilegas/en/

Technical Paper

Análises de elementos finitos aplicadas à mitigação de risco à


completação de poços marítimos
Luiz Fernando Bermero Nardi 1 | Leonardo Teixeira Fernandes Abreu 2 | Mariana da Silva Guimaraes 3 |
Marcello Marques 4 | Cedric Hernalsteens 5 | Fabricio Elias Junqueira Di Salvo 6 | Jessica Aparecida Silva
7.

1. PETROBRAS, ENGENHARIA DE POçOS, INTEGRAçãO E DIRETRIZES DE ENGENHARIA. RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL, luiznardi@petrobras.com.br 2. WIKKI
BRASIL, NúCLEO DE SIMULAçãO ESTRUTURAL, ---. RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL, leonardo.abreu@wikki.com.br 3. WIKKI BRASIL, NúCLEO DE SIMULAçãO
ESTRUTURAL, ---. RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL, mariana.guimaraes@wikki.com.br 4. PETROBRAS, ENGHENARIA DE POçO, CONCEPçãO E PRáTICAS DE PROJETO.
RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL, marcello.marques@petrobras.com.br 5. PETROBRAS, CENTRO DE PESQUISAS E DESENVOLVIMENTO, PERFURAçãO E
COMPLETAçãO DE POçOS. RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL, cedric@petrobras.com.br 6. PETROBRAS, PROJETO DE POçO, . RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL,
fejds@petrobras.com.br 7. WIKKI BRASIL, NúCLEO DE SIMULAçãO ESTRUTURAL, ---. RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL, jessica.silva@wikki.com.br

Resumo

Poços do Pré-Sal representam cenários desafiadores para a instalação de colunas de produção ou injeção. Entre os
principais desafios dessa operação, encontram-se as extensas trajetórias, muitas vezes direcionais, e as recentes
configurações de completação inteligente a poço aberto, estas pioneiras na indústria do petróleo. Seguindo as
tendências industriais modernas, a Petrobras tem empregado simulações computacionais para a modelagem e previsão
dessas operações, de modo a ter uma visão mais detalhada dos fenômenos envolvidos e estudar a física do problema.

Este trabalho relata diversas simulações de elementos finitos feitas com colunas de produção. Foi possível quantificar
alguns riscos de dano e sugerir medidas mitigatórias. De modo a garantir a integridade da completação, é fundamental
projetar os acessórios da coluna para oferecer proteção adequada às linhas de controle, principalmente nos trechos em
que estas ficarão desencapsuladas.

O presente estudo também investigou a física do impacto entre clamps e as paredes do revestimento. Ao se alterara o
material dos flatpacks, foi possível observar uma considerável redução nos picos de tensão transiente, o que impediu
que linhas de controle entrassem no regime plástico. A investigação indica que a uma seleção de materiais adequada é
capaz de prevenir de danos por impacto à coluna de completação.
Palavras-chave: Completação. Elementos Finitos. Integridade. Física de Falha. Acessórios de completação

Abstract

Pre-Salt wells present challenging scenarios for the installation of the completion string. Among the main challenges
involved, are the extensive trajectories, many of which are deviated, and the recent open-hole configurations conceived
by Petrobras, unprecedented in the oil industry. Following the modern industrial trends, Petrobras has been employing
computational analysis for modeling and predicting these operations, so that a more detailed view can be cast over the
physical phenomena involved.

This work describes several finite element analysis done for completion strings. It was possible to quantify some risks of
damage to the equipments and suggest mitigation measures. In order to ensure the string integrity, it is fundamental that
manufacturesrs will design completion accessories that will provide satisfying protection to control lines. Special care
must be taken on regions where control lines are withdrawn from encapsulation.

This study has also investigated the physics associated with the impact of clamps against the casing wall. By changing
the material of tflatpacks, a considerable reduction was observed in transient tension values, which prevented control
lines from entering the plastic regime. This investigation indicated that adequate material selection can improve the
resistance of completion strings to shock damage.
Keywords: Completion. Finite Element Analysis. Integrity. Physics of failure. Completion accessories

Received: March 13, 2020 | Accepted: Jun 06, 2020 | Available online: Dec. 01, 2020.
Article nº: 132
Cite as: Rio Oil & Gas Expo and Conference, Rio de Janeiro, RJ, Brazil, 2020 (20)
DOI: https://doi.org/10.48072/2525-7579.rog.2020.132

© Copyright 2020. Brazilian Petroleum, Gas and Biofuels Institute - IBPThis Technical Paper was prepared for presentation at the Rio Oil & Gas Expo and Conference 2020, held between 1 and 3 of December 2020, in Rio de Janeiro. This
Technical Paper was selected for presentation by the Technical Committee of the event according to the information contained in the final paper submitted by the author(s). The organizers are not supposed to translate or correct the submitted
papers. The material as it is presented, does not necessarily represent Brazilian Petroleum, Gas and Biofuels Institute’ opinion, or that of its Members or Representatives. Authors consent to the publication of this Technical Paper in the Rio Oil &
Gas Expo and Conference 2020 Proceedings.
Análises de elementos finitos aplicadas à mitigação de risco à completação de poços marítimos

1. Introdução

Completações inteligentes vem sendo utilizadas desde 1997 em poços offshore, ao redor do
mundo. No Brasil, as completações inteligentes são empregadas, pela Petrobras, desde 2011. Diversos
equipamentos constituem uma coluna de completação, entre eles: linhas de controle, packers,
sensores e válvulas. De acordo com Mahmood, Sultan e Yousuf (2018), as linhas de controle são
componentes vitais de um poço com completação inteligente. Danos a essas linhas podem representar
perdas de funcionalidade da completação. Dessa forma, esses elementos devem ser adequadamente
protegidos contra falhas através de encapsulamento. De acordo com Crumpton (2018), era prática
comum na indústria, no passado recente, utilizar arranjos artesanais para fixação das linhas de
controle, o que as deixava suscetíveis a danos.
Rodrigues et al. (2015) relatou diversos tipos de falha observadas em instalações de
completação inteligente, para os poços do Pré-Sal Brasileiro. Liu, C. (2015); Liang, Q. (2019)
analisaram o desafio de se completar poços com trajetórias direcionais acentuadas. Bolding et al.
(2009) relatou a possibilidade de dano a linhas de controle da válvula de segurança de sub-supefície
(SSSV), enquanto que Mitchell, Ellis et al. (2010) investigaram a integridade das linhas de controle
e clamps durante as operações de descida. O objetivo do presente trabalho foi averiguar quais seriam
os modos e mecanismos de falha que pudessem pôr em risco a instalação de colunas de produção ou
injeção.
Uma das incógnitas predominantes na literatura é como obter a força de contato entre a coluna
e a parede do poço (ou do revestimento). Uma extensa revisão bibliográfica sobre as metodologias
disponíveis foi apresentada por Belaid (2005), em seu douturado. Desde então, os modelos de torque
e drag de colunas foram aperfeiçoados por Huang e Gao (2015) e Zhu et al. (2014). Estudos
localizados de força de contato foram realizados por Mitchell, Ellis e Colyer (2010) e, mais
recentemente por Liang et al. (2020), que performou ensaios experimentais com packers.
Além da distribuição das forças de contato, é importante caracterizar a resposta dinâmica da
coluna aos carregamentos de impacto que esta receberá, durante sua descida. Zeinoddini, Harding e
Parke (1998) reportaram danos por impacto para tubulações em aço, assim como Yang, et al. (2009).
Reddy e Narayanamurthy (2019) realizaram estudos numéricos com “crush tubes”, para verificar a
eficiência dessas estruturas a absorção de choques. Não foram encontrados trabalhos que abordassem
o efeito de impactos em colunas de completação. O presente estudo visa realizar essa contribuição,
de maneira pioneira.
Uma importante variável para a previsão de falha em elementos tubulares são imperfeições pré-
existentes, tais como ovalização, perda de espessura de parede e tensões residuais advindas do
processo de fabricação. Tais fatores são amplamente abordados na obra de Kyriakides e Corona
(2007). Para operações de completação, também devem ser considerados os danos advindos dos
diversos impactos sofridos pelos componentes, durante sua descida no poço. Danos latentes a
elementos tubulares foram investigados por Liman, Lee e Kyriakides (2012), bem como Cosham e
Hopkins (2004). Tais trabalhos exploraram o fenômeno da indentação em tubos de aplicação offshore.
A abordagem escolhida por este trabalho foi a numérica. Para cada modo de falha obtido, foram
modelados os componentes das colunas de completação, com alto nível de detalhe, visando à
obtenção de tensões locais. A literatura correlata mostra diversas simulações numéricas aplicadas à
descida de colunas de perfuração (Gulyaev et al. (2007) ; Tikhonov e Safronov(2007)). Tambem são
encontrados trabalhos voltados para a integridade de colunas de completação pós-instalação
(Xiangtong et al. (2020)) . No entanto, não foram encontradas análises de descida de completação,
usando elementos finitos. Essa contribuição também será realizada pelo presente trabalho, de maneira
inovadora.

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2. Componentes analisados

A completação inteligente demanda o uso de até 8 linhas hidráulicas, para atuação das válvulas
ou injeção de produtos químicos. As linhas são instaladas no espaço anular entre coluna e
revestimento e ficam alojadas no interior de condutores emborrachados, chamados flatpacks. A
Figura 1 mostra alguns dos dispositivos empregados para a proteção das linhas de controle. No item
(a), está mostrado um clamp, do fabricante Innovar®.

Figura 1 – Tubo de produção, com linhas de controle no espaço anular

Fonte: item (a) extraído de https://www.innovar.no/fishing-and-well-cleaning-products/control-line-clamp-


cablesafe-; item (b) produzido pelo autor

O item (b) da Figura 1 mostra uma ferramenta de completação especial, com subs de proteção
usinados, em suas extremidades. Os subs possuem função semelhante à dos clamps e permitem a
passagem, não só dos flatpacks, como de linhas desencapsuladas. O desencapsulamento das linhas
faz-se necessário para permitir sua conexão, em uma válvula ou mandril adjacente.
Os subs de proteção devem ter diâmetro externo suficiente para que sejam os primeiros
elementos a se chocarem contra o poço. A Figura 2 mostra a vista esquemática de uma válvula de
completação, com linhas de controle passadas em seu exterior. A região colorida corresponde à
projeção das bordas dos subs de proteção na direção z (eixo principal da coluna). Essa projeção, bem
como o seu interior, corresponde à região geométrica protegida de impactos contra o revestimento,
caso a coluna se movimente nas direções x ou y. A região colorida da Figura 2 é denominada área de
sombra dos subs de proteção.

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Figura 2 – Trecho de coluna de completação, com linhas de controle no espaço anular

Fonte: produzido pelo autor

Na Figura 2, nota-se que alguns subs da válvula acabam ficam fora da área de sombra. Durante
a instrumentação das linhas de controle no corpo da válvula, esses trechos devem ser evitados. As
linhas deverão ser passadas sempre no interior da região de sombra.

3. Modos de falha

Os equipamentos que estão mais expostos a danos durante a instalação são as linhas de controle
e clamps de coluna. Tal exposição ocorre tanto pela proximidade com as paredes do poço como pela
fragilidade desses equipamentos. Foi feita uma análise de risco para determinar as principais falhas
que poderiam ocorrer com esses dos componentes. A Tabela 1 mostra a árvore de falhas obtida para
a operação de descida de coluna.

Tabela 1 – Árvore de falha simplificada para a operação de instalação da completação

Índice Componente Modo de falha Causa-raiz

1 Clamp Queda de clamp 1- Dano estrutural ao corpo do clamp

Linhas de controle Vazamento de


2 2- Impacto dos clamps contra paredes do poço
dentro dos clamps linhas de controle

3.1 - Dano à conexão das linhas por impacto


Linhas de controle Vazamento de 3.2 - Ruptura das linhas expostas por impacto
3
expostas linhas de controle 3.3 - Dano à conexão das linhas por amassamento
3.4 - Ruptura das linhas expostas por desgaste

Linhas de controle Entupimento de 4- Amassamento das linhas de controle durante a


4
expostas linhas de controle descida

Fonte: produzido pelo autor

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De modo a quantificar os riscos associados a cada um dos modos de falha da Tabela 1, foi
necessário entender os mecanismos de falha associadas a cada uma das causas-raiz elencadas. A
abordagem de confiabilidade utilizada foi a da física de falha, conforme descrito por Modarres, Amiri
e Jackson (2017).

4. Mecanismos de falha

4.1. Dano estrutural ao corpo do clamp

O mecanismo de falha investigado para os clamps foi a ruptura por impacto. Foram simulados
impactos contra batentes tipicamente encontrados em transições de diâmetro dos revestimentos de
produção.

4.2. Vazamento de linhas de controle no interior dos clamps

O critério de falha escolhido para o vazamento de linhas foi a presença de tensões de Von-Mises
acima do limite de escoamento do material das linhas.
A mesma simulação descrita no item 4.1 foi utilizada para a aferição do nível de tensão nas
linhas de controle, durante impacto entre clamps e paredes do poço. O mecanismo de falha envolvido
foi a plastificação das linhas.

4.3. Danos às conexões das linhas expostas

Para a causa-raiz 3.1 da Tabela 1, foi adotado o mesmo mecanismo de falha que o descrito no
item anterior, isto é, a plastificação das linhas, durante o impacto. Para a causa-raiz 3.2, o critério de
falha utilizado foi a presença de tensões no corpo das linhas superiores à tensão de ruptura do material.

4.4. Danos por amassamento

O amassamento das linhas teve como mecanismo de falha a deformação plástica dessas linhas
durante a operação de descida. Com base no trabalho de Belaid (2005), foi calculada a força lateral
trocada entre a coluna e o revestimento. O equacionamento utilizado foi o desenvolvido por Johansick
(1983) e baseou-se em modelo soft-string. O modelo de Johansick (1983), embora antigo, consegue
prever as forças de contato com bom grau de conservadorismo e baixo custo computacional. Por essas
razões, tal modelo é frequentemente empregado em cálculos de torque e drag até os dias de hoje,
conforme destacado por Mitchell e Samuel (2009).

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Figura 4 – Forças de contato durante a instalação da completação ; (a) trip-out, máximo global para força Normal ; (b)
trip-out, forças laterais na válvula de completação

Fonte: produzido pelo autor

A Figura 4 mostra o resultado do modelo soft-string para as forças laterais trocadas entre a
coluna e a parede do poço. Foram simuladas 3 trajetórias direcionais diferentes, com inclinação
máxima variando de 30º a 60º. Foram apresentados apenas os resultados obtidos para a operação de
retirada eventual da coluna de produção (trip-out), uma vez que essa operação produz esforços
maiores que a operação de descida (trip-in). O item (a) mostra que a trajetória com produzirá
os maiores valores de força normal.
Considerando todos os tubulares da coluna de produção, constatou-se á , na
operação de trip-out. Já na profundidade das válvulas de completação, foram encontrados valores
menores de força normal, da ordem de á á .
Com base nesses valores de força de contato, foram conduzidas simulações de elementos
finitos, em software comercial. O objetivo foi investigar o possível amassamento das linhas, em seu
trecho exposto.

4.5. Ruptura por desgaste

A próxima causa raiz estudada foi a ruptura por desgaste abrasivo das linhas. Por desgaste,
entende-se a remoção de material metálico em decorrência do atrito entre duas superfícies sólidas.
Tal fenômeno foi estimado pela metodologia de Kato e Adachi (2001), usando-se a Equação 1.

Na Equação 1, é o volume de sólido removido por desgaste, é a constante de desgaste


abrasivo e representa a distância de deslizamento entre os dois materiais. é dureza do material
arrancado, no caso, o material das linhas de controle. é a força normal trocada entre as superfícies
sólidas, durante o deslizamento.

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5. Resultados

5.1. Simulações com linhas de controle expostas

A Figura 5 mostra a distribuição de tensões obtidas pelas simulações com linhas de controle,
para 3 diferentes cenários. No item (a), mostra-se a compressão estática, com a máxima força normal
calculada pelo modelo soft-string, á . Mesmo com a máxima força normal
prevista, não é observado escoamento da linha.

Figura 5 – Tensões locais nos trechos de linha de controle expostas; (a) simulação estática ; (b) simulação dinâmica,
com massa impactante de 91 kg ; (c) simulação dinâmica, com massa impactante de 20 kg.

Fonte: produzido pelo autor

Os itens (b) e (c) mostram os resultados das simulações de impacto, para dois valores de inércia
impactante distintos. Foi considerado impacto lateral contra o revestimento, com velocidade
. Mesmo para a massa impactante de 20 kg, observa-se plastificação do trecho de linha exposta.

5.2. Desgaste abrasivo em linhas

Conforme a Figura 4 (b), espera-se que uma linha exposta será deslizada num trecho com
, com força de contato de até á . Obteve-se a constante de desgaste
abrasivo a partir de ensaios aço-aço relatados por Ruff (2001). Há grande incerteza no valor de ,
podendo-se assumir o range . Estimando-se a área de contato entre a linha
e o revestimento como pode-se calcular o desgaste linear a ser experimentado pelas linhas.

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Dado que a maior parte das linhas de controle possuem espessura , conclui-
se que há alto risco de desgaste abrasivo, caso as linhas expostas venham a encostar na parede do
revestimento.

5.3. Simulações com clamps

A Figura 6 mostra o resultado de uma simulação de impacto frontal de um clamp de 4 ½” contra


um batente, correspondente a uma transição de diâmetro do revestimento de produção.

Figura 6 – Tensões locais no clamp, durante impacto com

Fonte: produzido pelo autor

A simulação da Figura 6 foi realizada com velocidades tipicamente observadas para operações
de descida de coluna em plataformas marítimas. Observou-se o risco de ruptura na parte frontal do
clamp. No entanto, os danos observados não chegam a causar a queda do clamp no poço, pois não
afetam a estrutura de fixação clamp-coluna.
Também foi monitorado o nível de tensão das linhas de controle alojadas no interior dos clamps,
após uma análise de impacto lateral. A Figura 7 mostra o instante do impacto em que foi observada
máxima tensão nas linhas de controle alojadas nos clamps.

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Figura 7 – Tensões locais e deformações plásticas nos trechos de linha de controle (PVDF)

Fonte: produzido pelo autor

Observa-se uma pequena região plastificada, próximo à região frontal do clamp. Essa
plastificação poderá representar um risco à integridade da linha, caso ocorra numa região de conexão.
Foi feita uma nova simulação, alterando-se o material do encapsulamento das linhas. Foi utilizado
um material proprietário, com boas propriedades para absorção de choques. Os valores de tensão
máxima encontrados para esse cenário encontram-se plotados na Figura 8.

Figura 8 – Tensões locais e deformações plásticas nos trechos de linha de controle (Material anti-choque)

Fonte: produzido pelo autor

Observa-se que não houve plastificação do material nesse caso, visto que a tensão de Von Mises
máxima não ultrapassou o valor da tensão de escoamento. O material anti-choque foi capaz de reduzir
em 51% o pico de tensão das linhas de controle.
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6. Recomendações

6.1. Área de sombra

Comumente, é necessário que as linhas sejam rotacionadas, ao redor das válvulas de


completação, de modo a serem conectadas em portas de entradas que estão localizadas em posições
angularmente distintas. A Figura 9 mostra um exemplo dessa rotação das linhas de controle, em torno
do corpo da válvula.

Figura 9 – Projeto de válvula de completação, com linhas de controle fora da área de sombra

Fonte: produzido pelo autor

Os subs de proteção também acabam sendo rotacionados, para acompanhar a rotação das linhas.
A válvula mostrada na Figura 9 possui subs de proteção rotacionados na sequência
Nesse caso, a defasagem entre os subs de proteção produziu uma área de sombra
insuficiente para a cobertura do trecho de linhas rotacionado. Na Figura 9, os trechos de linha
destacados de vermelho encontram-se fora da área de sombra dos subs 2 e 3.
É comum que o projeto das válvulas de completação seja conduzido sem a preocupação com a
localização por onde as linhas deverão ser passadas. Também é comum que algumas válvulas sejam
projetadas, sem se pensar no projeto integrado do modulado de completação. Ambas essas práticas
põem em risco a integridade das linhas de controle, por não preverem área de sombra adequada.

6.2. Materiais anti-impacto

Recomenda-se avaliar aplicação de materiais anti-impacto, com propriedades visco-elásticas,


de modo a proteger os componentes mais frágeis da completação. Estima-se que materiais anti-
choque possam gerar uma redução de até 50%, nas tensões advindas de choques.

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7. Considerações finais

Foi possível avaliar o risco de descida da coluna, para diversos modos de falha, com abordagem
quantitativa. Também foi possível sugerir ações de mitigação com base na física de falha do
problema.
Na hipótese de contato direto entre linhas de controle e revestimento, foi verificado alto risco
de ruptura dessas linhas, tanto por desgaste como por impacto. O impacto poderá acontecer mesmo
em poços com trajetória vertical, caso ocorram paradas operacionais, com condições de mar
desfavoráveis.
Os riscos de dano observados para os demais equipamentos foram menos severos. A utilização
de linhas de controle fora do encapsulamento deve ser feita obrigatoriamente na região de sombra
dos subs de proteção.

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Referências

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