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Universidade do Minho

Escola de Engenharia

do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas –


David Dias Pereira

Avaliação do Tempo de Vida Útil de


Estruturas Marítimas – Aplicação à
Ponte Cais do Porto de Leixões

Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões


David Dias Pereira Avaliação
UMinho | 2016

dezembro de 2016
Universidade do Minho
Escola de Engenharia

David Dias Pereira

Avaliação do Tempo de Vida Útil de


Estruturas Marítimas – Aplicação à
Ponte Cais do Porto de Leixões

Dissertação de Mestrado
Ciclo de Estudos Integrados Conducentes ao
Grau de Mestre em Engenharia Civil

Trabalho efetuado sob a orientação do


Professor Doutor Aires F. Camões de Azevedo
Professor Doutor José António Campos e Matos

dezembro de 2016
AGRADECIMENTOS
Existe um número de pessoas que possibilitaram a conclusão deste
trabalho e a quem eu gostaria de dizer o meu mais sincero obrigado.
Em primeiro lugar ao professor Aires F. Camões de Azevedo e ao
professor José António Campos e Matos pelo seu acompanhamento,
orientação e sabedoria transmitidos no decorrer do trabalho.
À Administração dos Portos do Douro e Viana do Castelo, SA pelo
fornecimento de dados essenciais à elaboração desta dissertação e pela
hospitalidade demonstrada na visita ao porto de Leixões no âmbito deste
trabalho.
Aos meus amigos pela ajuda, camaradagem e principalmente os
momentos de diversão que me mantêm equilibrado.
À minha família que é a minha força motriz pelo apoio incondicional e o
amor que nunca deixou de ser demonstrado.
Finalmente gostaria de agradecer ao meu falecido avô, pessoa a quem
dedico este trabalho. Patriarca incansável, um exemplo de trabalho árduo e
sobre tudo, um senhor com um enorme coração.
Obrigado avô.

i
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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à
Ponte Cais do Porto de Leixões
RESUMO
Uma vez que a indústria da construção é aquela que acarreta mais
gastos tanto a nível financeiro como ambiental, é de extrema importância
que esses gastos originem um produto com ampla utilização no tempo, de
modo a que estes sejam mitigados.
Tendo esta problemática em vista, nesta dissertação foi estudada a
ponte cais, inserida no terminal de petroleiros do porto de Leixões, que se
localiza numa das zonas mais agressivas para estruturas em betão armado,
a zona costeira marítima. A esta estrutura foram implementados os modelos
de durabilidade mais aceites no país sobre a temática da deterioração
provocada pela penetração de cloretos provenientes do mar. Deste modo
foi possível perceber qual o modelo que reflete melhor a realidade, já que a
estrutura em estudo se encontra em fim de vida útil, após 50 anos de
serviço.
No âmbito deste trabalho foi descrita a estrutura e os métodos de ensaio
relevantes para a temática em estudo, através de relatórios de inspeção e
resultados dos ensaios “in-situ” disponibilizados pela Administração dos
Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, S.A.
A partir destes dados foi estudada a deterioração da estrutura pela sua
introdução em modelos de durabilidade. Estes modelos abrangem
abordagens prescritivas e de desempenho, em que nas segundas se
distingue um modelo determinístico, segundo o Model Code 2010, um semi-
probabilístico, segundo a especificação LNEC E465 dois probabilísticos,
segundo as mesmas normas, que tiveram de ser implementados
computacionalmente no decorrer do trabalho.
Através destas ferramentas de previsão da deterioração foram criados
ainda cenários de projeto, obtendo-se uma lista de recobrimentos mínimos
para assegurar 100 anos de vida útil de uma estrutura construída na zona
de exposição estudada.

PALAVRAS CHAVE
Deterioração; Determinístico; Probabilístico; Fiabilidade; Desempenho

iii
iv
Lifetime Evaluation of Maritime Structures - Application to the Bridge Pier at
the Leixões Seaport

ABSTRACT
Since the construction industry is that which bears most expenses, both
in financial and environmental terms, it is of the upmost importance that
these expenses originate a product with a long term exploitation, so as to
mitigate them.
Having this problem in consideration, it was studied in this dissertation a
bridge located in the oil tanker terminal at Leixões port. This structure is
located in one of the most aggressive environments for concrete structures,
a maritime zone. The most accepted durability models in the country, related
to deterioration induced by sea chlorides penetration, were then
implemented.
Thereby, it was possible to identify which model better reflects reality,
since the structure in analysis is now at the end of its lifetime, after 50 years
of service.
In the context of this work, the structure and the test methods relevant to
the theme being studied were described by inspection reports and “in-situ”
test results, made available by the Douro and Viana do Castelo Port
Authority, SA.
From this data it was possible to study the structure deterioration by
introducing them into durability models. These models range from
prescriptive to performance based approaches, being possible to identify,
from the later ones, a deterministic model, based on the Model Code 2010,
a semi-probabilistic based on the E465 specification from LNEC and two
probabilistic models, based on the same standards, for which a computer
code was developed during this work.
Through these deterioration prediction tools, different project scenarios
were established, originating a list of minimal concrete covers to ensure 100
years of lifetime to a structure built in the studied exposure zone.

KEYWORDS
Deterioration; Deterministic; Probabilistic; Reliability; Performance

v
vi
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
1.1. Enquadramento do tema .......................................................................... 1
1.2. Objetivos .................................................................................................. 3
1.3. Motivação ................................................................................................. 3
1.4. Organização da dissertação .................................................................... 4
2. MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO DO BETÃO ARMADO ......................... 7
2.1. Deterioração do betão armado ................................................................ 7
2.2. Fatores que levam à corrosão do aço no betão armado .......................... 7
2.3. Corrosão do aço..................................................................................... 13
2.4. Penetração de Cloretos ......................................................................... 14
2.4.1. Perfil de cloretos .............................................................................. 15
2.4.2. Equação diferencial da difusão ........................................................ 17
2.5. Efeito das fissuras na penetração de cloretos ....................................... 18
3. MODELOS DE DURABILIDADE ................................................................. 21
3.1. Vida útil .................................................................................................. 21
3.1.1. Projetar a vida útil ............................................................................ 23
3.2. Modelo probabilístico ............................................................................. 25
3.3. LNEC E464 ............................................................................................ 27
3.4. LNEC E465 ............................................................................................ 28
3.4.1. Metodologia LNEC E465 ................................................................. 28
3.4.2. Modelo para cálculo do período de iniciação devido aos cloretos ... 31
3.5. Model Code 2010 ................................................................................... 34
4. CASO DE ESTUDO ..................................................................................... 41
4.1. Descrição da Estrutura ........................................................................... 41
4.2. Ensaios in-situ ........................................................................................ 46
4.2.1. Ensaio de pacómetro ....................................................................... 47
4.2.1.1. Execução do Ensaio de Pacómetro ........................................... 48
4.2.2. Determinação do teor de cloretos presente no betão ...................... 49
4.2.2.1- Execução do Ensaio de Determinação do Teor de Cloretos ..... 49
4.2.3. Resultados dos ensaios ................................................................... 51
5. APLICAÇÃO DOS MODELOS Ao CASO DE ESTUDO ............................. 55
5.1. Análise de Sensibilidade ........................................................................ 55

vii
5.1.1. Análise do modelo LNEC E465 ....................................................... 56
5.1.2. Análise do Model Code 2010 ........................................................... 59
5.2. Evolução da deterioração durante a vida útil ......................................... 63
5.3. Cenários de Projeto ............................................................................... 67
5.3.1. Cenários de projeto segundo a LNEC E464 .................................... 68
5.3.2. Cenário de projeto segundo a LNEC E465 ...................................... 69
5.3.2.1. Análise semi-probabilística segundo a LNEC E465 .................. 69
5.3.2.2. Análise Probabilística Segundo a LNEC E465 .......................... 73
5.3.3. Cenários de projeto segundo o Model Code 2010 ........................... 75
5.3.3.1. Análise Determinística Segundo o Model Code 2010 ............... 75
5.3.3.2. Cenários Probabilísticos Segundo o Model Code 2010 ............ 78
5.3.4. Análise de Resultados ..................................................................... 79
6. Conclusão ................................................................................................... 81
7. Bibliografia.................................................................................................. 85
8. Anexos ........................................................................................................ 89

viii
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2. 1 - Mecanismos de transporte de cloretos em estruturas marítimas .. 9


Figura 2. 2 - Influência da razão água/cimento na permeabilidade ................. 12
Figura 2. 3 - À esquerda, corrosão eletroquímica; à direita, corrosão
eletroquímica na presença de cloretos ............................................................. 13
Figura 2. 4 - Relação entre tempo de despassivação e a largura das fissuras 19

Figura 3. 1 - Modelo de Tuutti de degradação do betão armado ..................... 22

Figura 4. 1 - Vista aérea do terminal de petroleiros ......................................... 42


Figura 4. 2 - Corte do terminal de petroleiros e viaduto ................................... 42
Figura 4. 3 - Corte do terminal de petroleiros e viaduto nos postos B e C ...... 42
Figura 4. 4 - Fissuras no banzo inferior da viga longitudinal 1......................... 44
Figura 4. 5 - Fissuras no banzo inferior da viga longitudinal 2......................... 44
Figura 4. 6 - Pormenor da junta entre tramos 1 ............................................... 44
Figura 4. 7 - Pormenor da junta entre tramos 2 .............................................. 44
Figura 4. 8 - Destacamento de betão .............................................................. 45
Figura 4. 9 - Indícios de corrosão .................................................................... 45
Figura 4. 10 - Fissuração associada ao traçado dos cabos de pré-esforço 1. 45
Figura 4. 11 - Fissuração associada ao traçado dos cabos de pré-esforço 2. 45
Figura 4. 12 - Fissuração e destacamento da viga longitudinal ....................... 45
Figura 4. 13 - Colapso parcial da viga longitudinal .......................................... 45
Figura 4. 14 - Vigas transversais 1 .................................................................. 46
Figura 4. 15 - Vigas transversais 2 .................................................................. 46
Figura 4. 16 - Medição do recobrimento com pacómetro ................................ 47
Figura 4. 17 - Furos de extração de pó 1 ........................................................ 50
Figura 4. 18 - Furos de extração de pó 2 ........................................................ 50
Figura 4. 19 - Localização dos ensaios ........................................................... 52
Figura 4. 20 - Perfil de cloretos do ensaio Cl1 ................................................. 52
Figura 4. 21 - Perfil de cloretos do ensaio Cl2 ................................................. 52
Figura 4. 22 - Perfil de cloretos do ensaio Cl3 ................................................. 52
Figura 4. 23 - Perfil de cloretos do ensaio Cl4 ................................................. 52
Figura 4. 24 - Perfil de cloretos do ensaio Cl5 ................................................. 52
Figura 4. 25 - Perfil de cloretos do ensaio Cl6 ................................................. 52

Figura 5. 1 - Variação de D0 ............................................................................ 57


Figura 5. 2 - Variação de Cs ............................................................................ 57
Figura 5. 3 - Variação do recobrimento ........................................................... 57
Figura 5. 4 - Variação de n .............................................................................. 57
Figura 5. 5 - Variação da temperatura ............................................................. 57
Figura 5. 6 - Variação dos parâmetros normalizados ...................................... 58
Figura 5. 7 - Medidas de importância .............................................................. 59
Figura 5. 8 - Variação de a .............................................................................. 60
Figura 5. 9 - Variação de Δx ............................................................................ 60
Figura 5. 10 - Variação de Treal ........................................................................ 61
ix
Figura 5. 11 - Variação de be ........................................................................... 61
Figura 5. 12 - Variação de DRCM,0 .................................................................... 61
Figura 5. 13 - Variação de Cnom ....................................................................... 61
Figura 5. 14 - Variação de Cs .......................................................................... 61
Figura 5. 15 - Variação dos parâmetros normalizados .................................... 62
Figura 5. 16 - Medidas de importância ............................................................ 63
Figura 5. 17 - Evolução no tempo do teor de cloretos na armadura Model Code
2010 ................................................................................................................. 64
Figura 5. 18 - Evolução no tempo do coeficiente de difusão Model Code 2010
......................................................................................................................... 64
Figura 5. 19 - Evolução no tempo do teor de cloretos na armadura LNEC E465
......................................................................................................................... 64
Figura 5. 20 - Evolução no tempo do coeficiente de difusão LNEC E465 ....... 64
Figura 5. 21 - Fiabilidade LNEC E465 ............................................................. 66
Figura 5. 22 - Probabilidade de falha LNEC E465 ........................................... 66
Figura 5. 23 - Fiabilidade Model Code 2010 .................................................... 66
Figura 5. 24 - Probabilidade de falha Model Code 2010 ................................. 66
Figura 5. 25 - D0 = f(x) para um tempo de vida útil de 100 anos ..................... 70
Figura 5. 26 - Perfis de cloretos aos 10 anos segundo LNEC E465 ................ 71
Figura 5. 27 - Perfis de cloretos aos 100 anos segundo LNEC E465 .............. 72
Figura 5. 28 - Perfil de cloretos com zona de convexão) ................................. 76
Figura 5. 29 - Perfis de cloretos aos 10 anos segundo Model Code ............... 76
Figura 5. 30 - Perfis de cloretos aos 100 anos segundo Model Code ............. 77

Figura A. 1 - Perfis de cloretos para 10 anos .................................................. 90


Figura A. 2 - Perfis de cloretos para 20 anos .................................................. 90
Figura A. 3 - Perfis de cloretos para 30 anos .................................................. 91
Figura A. 4 - Perfis de cloretos para 40 anos .................................................. 91
Figura A. 5 - Perfis de cloretos para 50 anos .................................................. 92
Figura A. 6 - Perfis de cloretos para 60 anos .................................................. 92
Figura A. 7 - Perfis de cloretos para 70 anos .................................................. 93
Figura A. 8 - Perfis de cloretos para 80 anos .................................................. 93
Figura A. 9 - Perfis de cloretos para 90 anos .................................................. 94
Figura A. 10 - Perfis de cloretos para 100 anos .............................................. 94

Figura B. 1 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R com A/C=0.4 ............. 95


Figura B. 2 - Fiabilidade para CEM I 42.5R com A/C=0.4 ............................... 95
Figura B. 3 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R com A/C=0.5 ............. 95
Figura B. 4 - Fiabilidade para CEM I 42.5R com A/C=0.5 ............................... 95
Figura B. 5 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R com A/C=0.6 ............. 95
Figura B. 6 - Fiabilidade para CEM I 42.5R com A/C=0.6 .............................. 95
Figura B. 7 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R+CV com A/C=0.4 ...... 96
Figura B. 8 - Fiabilidade para CEM I 42.5R+CV com A/C=0.4 ........................ 96
Figura B. 9 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R+CV com A/C=0.5 ...... 96
Figura B. 10 - Fiabilidade para CEM I 42.5R+CV com A/C=0.5 ...................... 96
Figura B. 11 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R+CV com A/C=0.6 .... 96
Figura B. 12 - Fiabilidade para CEM I 42.5R+CV com A/C=0.6 ...................... 96
x
Figura B. 13 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R+SF com A/C=0.4 .... 97
Figura B. 14 - Fiabilidade para CEM I 42.5R+SF com A/C=0.4 ...................... 97
Figura B. 15 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R+SF com A/C=0.55 .. 97
Figura B. 16 - Fiabilidade para CEM I 42.5R+SF com A/C=0.55 .................... 97
Figura B. 17 - Probabilidade de falha para CEM III/B 42.5 com A/C=0.4 ........ 97
Figura B. 18 - Fiabilidade para CEM III/B 42.5 com A/C=0.4 .......................... 97
Figura B. 19 - Probabilidade de falha para CEM III/B 42.5 com A/C=0.5 ........ 98
Figura B. 20 - Fiabilidade para CEM III/B 42.5 com A/C=0.5 .......................... 98
Figura B. 21 - Probabilidade de falha para CEM III/B 42.5 com A/C=0.6 ........ 98
Figura B. 22 - Fiabilidade para CEM III/B 42.5 com A/C=0.6 .......................... 98

Figura C. 1 - Perfis de cloretos para 10 anos .................................................. 99


Figura C. 2 - Perfis de cloretos para 20 anos .................................................. 99
Figura C. 3 - Perfis de cloretos para 30 anos ................................................ 100
Figura C. 4 - Perfis de cloretos para 40 anos ................................................ 100
Figura C. 5 - Perfis de cloretos para 50 anos ................................................ 101
Figura C. 6 - Perfis de cloretos para 60 anos ................................................ 101
Figura C. 7 - Perfis de cloretos para 70 anos ................................................ 102
Figura C. 8 - Perfis de cloretos para 80 anos ................................................ 102
Figura C. 9 - Perfis de cloretos para 90 anos ................................................ 103
Figura C. 10 - Perfis de cloretos para 100 anos ............................................ 103

Figura D. 1 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R com A/C=0.4 ........... 104
Figura D. 2 - Fiabilidade para CEM I 42.5R com A/C=0.4 ............................. 104
Figura D. 3 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R com A/C=0.5 ........... 104
Figura D. 4 - Fiabilidade para CEM I 42.5R com A/C=0.5 ............................. 104
Figura D. 5 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R com A/C=0.6 ........... 104
Figura D. 6 - Fiabilidade para CEM I 42.5R com A/C=0.6 ............................. 104
Figura D. 7 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R+CV com A/C=0.4 .... 105
Figura D. 8 - Fiabilidade para CEM I 42.5R+CV com A/C=0.4 ...................... 105
Figura D. 9 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R+CV com A/C=0.5 .... 105
Figura D. 10 - Fiabilidade para CEM I 42.5R+CV com A/C=0.5 .................... 105
Figura D. 11 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R+CV com A/C=0.6 .. 105
Figura D. 12 - Fiabilidade para CEM I 42.5R+CV com A/C=0.6 .................... 105
Figura D. 13 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R+SF com A/C=0.4 .. 106
Figura D. 14 - Fiabilidade para CEM I 42.5R+SF com A/C=0.4 .................... 106
Figura D. 15 - Probabilidade de falha para CEM I 42.5R+SF com A/C=0.55 106
Figura D. 16 - Fiabilidade para CEM I 42.5R+SF com A/C=0.55 .................. 106
Figura D. 17 - Probabilidade de falha para CEM III/B 42.5 com A/C=0.4 ...... 106
Figura D. 18 - Fiabilidade para CEM III/B 42.5 com A/C=0.4 ........................ 106
Figura D. 19 - Probabilidade de falha para CEM III/B 42.5 com A/C=0.5 ...... 107
Figura D. 20 - Fiabilidade para CEM III/B 42.5 com A/C=0.5 ........................ 107
Figura D. 21 - Probabilidade de falha para CEM III/B 42.5 com A/C=0.6 ...... 107
Figura D. 22 - Fiabilidade para CEM III/B 42.5 com A/C=0.6 ........................ 107

xi
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2. 1 - Fatores das adições.................................................................... 10

Tabela 3.1 - Fiabilidades e probabilidades de falha alvo ................................. 29


Tabela 3.2 - Fator  .......................................................................................... 30
Tabela 3.3 - Concentração crítica de cloretos.................................................. 32
Tabela 3.4 - Fator ktemp .................................................................................... 33
Tabela 3.5 - Fatores kvert e khor ..................................................................... 33
Tabela 3.6 - Fatores kD,c e kD,RH ....................................................................... 34
Tabela 3.7 - Fatores kD,T e n ............................................................................ 34
Tabela 3.8 - Classes de exposição relativas à ação dos cloretos .................... 37
Tabela 3. 9 - Fiabilidade alvo ........................................................................... 39

Tabela 4. 1 - Resultados do ensaio de cloretos ............................................... 51


Tabela 4. 2 - Resultados do ensaio de pacómetro........................................... 53

Tabela 5. 1 - Abordagem prescritiva ................................................................ 68


Tabela 5. 2 - Recobrimentos para CEM I e CEM I+CV .................................... 73
Tabela 5. 3 - Recobrimentos para CEM I+SF e CEM III/B ............................... 73
Tabela 5. 4 - Parâmetros de entrada do modelo LNEC E465 .......................... 74
Tabela 5. 5 - Recobrimentos para CEM I e CEM I+CV .................................... 78
Tabela 5. 6 - Recobrimentos para CEM I+SF e CEM III/B ............................... 78
Tabela 5. 7 - Parâmetros de entrada do Model Code 2010 ............................. 79

xii
SIMBOLOGIA

a Recobrimento
A Quantidade de água
A/C Razão água/cimento
A(t) Subfunção considerando o envelhecimento
be Variável de regressão
bk Medida de importância
°C Graus centigrados
C Concentração de cloretos
C3A (3CaO.Al2O3) Aluminato tricálcico
(CaCO3) Carbonato de cálcio
Ca(OH)2 Hidróxido de cálcio
C(a,tSL) Teor de cloretos a profundidade a no tempo t
Cb Fator que tem em conta o teor de cloretos no mar em Portugal
Ccr Teor de cloretos crítico
CEB “Comité euro-internationale du béton”
Ci Concentração inicial de cloretos
Cl- Cloretos
C0 Conteúdo inicial de cloretos
CO2 Dióxido de carbono
CP Cimento Portland
Cr Teor de cloretos que dá inicio á despassivação da armadura
Cs Concentração superficial de cloretos
Cs,Δx Conteúdo de cloretos do ambiente a uma profundidade de Δx
CV Cinzas volantes
CV Coeficiente de variação
D Coeficiente de difusão de cloretos
dA Secção do elemento
Dapp(t) Coeficiente de difusão de cloretos aparente
D0 É o coeficiente de difusão potencial
DRCM,0 Coeficiente de migração de cloretos

xiii
dt Tempo
dV Volume
e- Eletrão
erf Função erro
f Fator de eficiência
F Fluxo
Fe Ferro
Fe2+ Ião de ferro
Fe2O3 Óxido de ferro
Fe(OH) Hidróxido de ferro
Fib Federation internationale du béton
FIP “Fédération internationale de la précontrainte”
g(rj,sj) Equação de estado limite
H2O Água
I[g(rj,sj)] Função indicadora
ka/c Fator que tem em conta a razão água/cimento
kcr Fator ambiental
KD,c Fator que tem em conta a influência das condições de cura
KD,RH Fator que tem em conta a influência da humidade relativa do ambiente
KD,T Fator que tem em conta a influência da temperatura
khor Fator que tem em conta a posição do elemento
kt Parâmetro de transferência
ktemp Fator que tem em conta a temperatura do betão
kvert Fator que tem em conta a posição do elemento
LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil
M Metal
MO Óxido metálico
MPa Mega pascal
N Fator que tem em conta o decréscimo de D ao longo do tempo
N Número de simulações
O2 Oxigénio

xiv
p{} Probabilidade de ocorrer despassivação
p0 Probabilidade de falha alvo
r Representa a resistência do betão á penetração de cloretos
R Resistência da estrutura
s- Representa a ação ambiental
S Acão aplicada na estrutura
SF Sílica de fumo
td Vida útil de cálculo
tg Vida útil pretendida
tL Vida útil
t0 Tempo de inicio de cura
Treal Temperatura do ar a que o elemento está exposto
Tref Temperatura de referência
tSL tempo de vida útil
x Distância/Recobrimento
Xm Média do parâmetro introduzido
Ym Resultado do modelo devido á media do parâmetro
α Expoente de envelhecimento
β Fiabilidade
Δx Profundidade da zona de convexão
Δyk Variação do resultado do modelo devido ao desvio padrão do parâmetro;
Δxk Variação dos parâmetros em introduzidos

g Fator de segurança da vida útil

μm Micrómetro

xv
xvi
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

1. INTRODUÇÃO

1.1. Enquadramento do tema

Na maioria dos países da União Europeia aproximadamente 50% dos


gastos na indústria de construção são relativos a reparações, manutenção e
reabilitação de estruturas existentes, gastos estes que continuarão a crescer no
futuro. Grande parte deles é devido a problemas relacionados com a fraca
durabilidade das estruturas de betão(Ferreira, 2004).
As estruturas devem de ser dimensionadas, construídas e mantidas de
maneira a ter um desempenho adequado durante a construção, vida útil e
desmantelamento (fib- Fédération Internationale du Béton, 2010a).
Uma das principais preocupações de um projetista ao especificar o
betão para um ambiente agressivo é a verificação da vida útil. Tem-se efetuado
muita investigação nos últimos anos por forma a controlar a durabilidade e o
desempenho das estruturas em betão a longo prazo, nomeadamente quando
localizadas em ambiente marítimo. Em particular, no desenvolvimento de
procedimentos novos para o projeto de durabilidade adotando uma abordagem
probabilística (Ferreira & Jalali, 2004).
Às estruturas marítimas está associada a degradação resultante da
corrosão das armaduras na presença de cloretos, ou seja, a desagregação
química ou eletroquímica do ferro presente nos varões de aço, sendo que em
muitos casos a degradação se torna visível poucos anos após a construção.
De forma a obter uma durabilidade controlada e um desempenho de
longa duração de estruturas de betão armado é necessário uma atenção
especial na fase de projeto da estrutura.
Os métodos tradicionais usados para prever a durabilidade das
estruturas em betão armado são, em geral, baseados em requisitos
prescritivos, onde através do cumprimento de determinados parâmetros, como
rácios água/cimento, dosagem de cimento e recobrimentos mínimos, se
pretende assegurar a durabilidade para um determinado período de vida útil,
fixo, em geral nos 50 ou 100 anos. No entanto, por aplicação desta

1
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

metodologia, não é possível ter uma abordagem de causa-efeito, nem


determinar a vida útil espectável, e não há indicações de como variar os
valores prescritos de forma a verificar uma determinada vida útil pretendida.
Os problemas associados aos requisitos acima referidos implicaram a
necessidade de criar modelos onde é possível dimensionarmos e construirmos
estruturas seguras, económicas, duráveis e estimar a vida útil das mesmas.
Desenvolvimentos recentes sobre procedimentos baseados na avaliação do
desempenho têm criado as bases para o projeto de durabilidade de estruturas
de betão armado (Ferreira, 2006). Esta abordagem concentra-se no
desempenho, contrariamente à prescritiva que se concentra no objetivo a
alcançar, em vez do meio como o obter.
A segunda Lei de Fick é a base dos modelos de durabilidade face à
ação dos cloretos provenientes da água do mar, e estes têm em conta fatores
como o coeficiente de difusão, o tempo e a temperatura. Uma análise desta
natureza pode ser aplicada tanto ao controlo de durabilidade e do desempenho
a longo prazo de novas estruturas de betão armado, como na avaliação do
estado de degradação de estruturas existentes em ambiente marítimo.
Por intermédio deste trabalho pretende-se recolher informação
bibliográfica relativa aos modelos de durabilidade mais em voga,
nomeadamente os preconizados na especificação LNEC E465 e no Model
Code 2010.
Por fim, pretende-se aplicar o resultado destes modelos a um caso de
estudo, uma ponte situada num local particularmente exposto à ação dos
cloretos como é o caso da Ponte Cais do Porto de Leixões. Esta ponte,
constituída por elementos em betão armado e pré-esforçado, fundados em
estacas-pilar, que suportam um tabuleiro vigado com 33 vãos independentes
de 10 metros (m) de comprimento cada, encontra-se em condições de
agressividade ambiental extrema, caracterizadas por uma temperatura média
relativamente moderada, grau de humidade muito alto, humidificação e
oxigenação direta frequente, salinidade ambiental muito elevada e proteção
ativa e passiva limitada à alcalinidade do cimento usado nos betões.
A agressividade do ambiente da zona em causa não beneficia em nada
a conservação das peças em betão armado e pré-esforçadas expostas há 50
anos, tendo mesmo sido responsável pelo atual estado avançado de
2
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

degradação da Ponte Cais do Porto de Leixões, evidente pela existência de


múltiplas fissuras, destacamento de betão, e ruína da algumas vigas.

1.2. Objetivos

A evolução de novas ferramentas para prever o tempo de vida útil de


estruturas de betão armado tem sido uma constante. Estas ferramentas têm
evoluído a partir de normas baseadas em requisitos de desempenho, fugindo à
análise a partir de normas baseadas em requisitos prescritivos, que embora
sejam ainda muito utilizadas, são menos adequadas, pois baseiam-se em
valores, por defeito, para garantir a vida útil pretendida para uma estrutura de
betão.
Um tipo de estrutura em que é essencial o estudo, aprimoramento e
validação destas ferramentas, são as estruturas marítimas, de que é exemplo a
Ponte Cais do Porto de Leixões, isto devido à agressividade do meio marítimo
nos processos químicos do betão armado, nomeadamente o ataque por
cloretos.
A Ponte Cais encontra-se num estado avançado de degradação e foi
considerada finalizada a sua vida útil. Deste modo temos aqui a oportunidade
de estudar um caso real, em que será possível inserir dados reais nas
ferramentas de previsão do tempo de vida útil, com o objetivo de validar a
metodologia de previsão mais adequada à estrutura com as exposições
ambientais existentes na zona. Também em termos do estudo do ambiente
neste trabalho temos o objetivo de perceber quais a exposição ambiental a que
os elementos da estrutura estão sujeitos e qual a sua influência nos modelos.
Por fim e no âmbito das metodologias de previsão, pretende-se criar um
modelo computacional que auxilie no cálculo probabilístico para que este seja
efetuado de uma maneira mais fácil e rápida.

1.3. Motivação

O desafio inerente a este trabalho foi desde logo identificado pois, o


estudo desta temática só se tem revelado de grande interesse há relativamente

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

pouco tempo. Embora não seja dada grande importância aos modelos de
previsão de vida útil na fase de projeto, estes podem conduzir a um corte
substancial nos custos de manutenção e reabilitação.
Apresentou-se aqui a oportunidade de estudar um caso real, num estado
avançado de degradação, em que será possível implementar modelos de
durabilidade e desta forma, não só estudá-los, como também validá-los.
Com este estudo espera-se em primeiro lugar, reproduzir a realidade em
termos da deterioração da estrutura, ao longo dos anos, identificar os cuidados
a ter no futuro no dimensionamento de estruturas do mesmo género, no
mesmo tipo de ambiente e por fim criar ferramentas baseadas nos modelos em
estudo, aplicáveis a outras estruturas, em ambientes distintos.

1.4. Organização da dissertação

Neste subcapítulo irá ser feita uma breve explicação do conteúdo e


organização desta dissertação. Esta é composta por seis capítulos e oito
anexos.
No primeiro capítulo encontramos algumas notas introdutórias, incluindo
o enquadramento. expõe-se ainda os objetivos, motivação e explica-se ainda a
organização do trabalho.
O segundo capítulo exibe a temática da degradação do betão armado,
em que se explicam alguns mecanismos que levam à degradação do mesmo e
os fatores que os originam.
No terceiro capítulo, denominado Modelos de Durabilidade, encontram-
se conceitos teóricos pelos quais os modelos de durabilidade se regem e
especificamente, os modelos implementados neste trabalho.
O quarto capítulo consiste na descrição do caso de estudo para que
melhor se consiga perceber a estrutura. São ainda descritos os ensaios
relevantes para a deterioração, realizados na mesma.
A aplicação dos modelos de deterioração, no caso de estudo, está
presente no capítulo cinco, onde encontramos uma análise de sensibilidade
para apurar a importância das variáveis dos modelos. Posteriormente, é feita
uma análise referente á deterioração da estrutura e um projeto de durabilidade,

4
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

para uma estrutura hipotética, a ser implantada no mesmo local, segundo os


modelos em estudo.
No capítulo seis do trabalho menciona-se umas notas conclusivas e
ainda algumas ideias de trabalhos futuros, que possam ser desenvolvidos com
base nesta dissertação.
Nos anexos são apresentados vários gráficos, retirados dos resultados
dos modelos de cálculo desenvolvidos, para auxiliar visualmente o leitor e
fundamentar algumas declarações efetuadas no capítulo cinco. Encontramos
ainda nos anexos o código do modelo computacional desenvolvido para o
cálculo probabilístico.

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

2. MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO DO BETÃO ARMADO

2.1. Deterioração do betão armado

A deterioração representa uma qualquer mudança adversa nas


propriedades mecânicas, físicas e químicas normais tanto na superfície como
no corpo do betão, geralmente devido à fragmentação dos seus componentes
(Cady & Weyers, 1983; Higgins, 1981; Masters & Brandt, 1987).
O betão armado é um material versátil, económico e largamente utilizado
na construção civil. Tipicamente o betão apresenta uma grande durabilidade.
No entanto, há vários fatores, nomeadamente o uso de procedimentos
inadequados durante a fase de construção, recobrimento insuficiente, a
exposição ambiental agressiva, a presença de fissuras, a relação
água/cimento, a qualidade dos agregados e ligantes e o grau de hidratação que
afetam negativamente a durabilidade reduzindo, por vezes significativamente, a
vida útil do betão.
Para que haja deterioração do betão armado é necessária a penetração
de agentes agressivos do ambiente, a partir de gases ou líquidos existentes
nos poros, e a reação destes com elementos da pasta cimentícia.
Os principais agentes agressivos são os sulfatos, os alcalis, ácidos, sais
de magnésio, sais de amónio, dióxido de carbono, águas puras e iões
agressivos da água do mar. Uma vez presentes na pasta cimentícia, estes
agentes reagem e criam produtos expansivos no caso dos alcalis ou lixiviação
no caso dos ácidos, sais de magnésio, sais de amónio, águas puras e iões
agressivos da água do mar. Estes fenómenos enfraquecem o betão pois
causam fissuração e perdas da sua capacidade ligante que por sua vez
facilitam ainda mais a subsequente penetração dos agentes agressivos.

2.2. Fatores que levam à corrosão do aço no betão armado

A corrosão do aço é um problema de grande destaque nas estruturas de


betão armado já que este se trata de um material relativamente caro e a
compreensão deste fenómeno dá-nos ferramentas que possibilitam uma

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

melhor proteção à corrosão (durabilidade) e por sua vez uma construção


economicamente mais viável.
A durabilidade das estruturas de betão depende de diversos fatores,
sendo os mais importantes a agressividade do meio ambiente a que a estrutura
está exposta (temperatura, humidade e natureza, concentração e grau de
renovação de agentes agressivos) e as características do material betão
(constituintes, composição, colocação, compactação e cura) (Divet, 2001).
Os vários fatores que afetam a corrosão do aço no betão podem ser
divididos em fatores externos e internos.
Os fatores externos são aqueles de natureza ambiental. Os níveis de
oxigénio e humidade ao nível da armadura contribuem para a sua oxidação na
medida em que o fenómeno não se dá na ausência de oxigénio. A humidade
relativa governa a permeabilidade dos gases, água e iões no betão. A variação
da humidade causa ainda retração e por consequência fissuras que facilitam a
penetração de agentes corrosivos e funciona como um catalisador de várias
reações químicas responsáveis pelos fenómenos de deterioração.
A carbonatação, tal como a penetração de aniões agressivos como os
cloretos do mar, são as principais causas de corrosão das armaduras. A
carbonatação deve-se ao dióxido de carbono existente na atmosfera que reage
com os hidróxidos da matriz cimentícia. Para além disso é um gás que tem a
capacidade de se misturar com a água existente nos poros criando ácido
carbónico que diminui o nível de pH da matriz de cimento que normalmente é
alcalina (pH=13). Este nível de alcalinidade torna possível a formação de uma
fina mas densa camada de óxidos e hidróxidos de ferro em torno das
armaduras, impedindo a passagem de iões de ferro, Fe 2+, e a consequente
libertação de eletrões, apresentando um comportamento passivo no qual se
limita a corrosão a níveis negligenciáveis (Hime & Erlin, 1987).O mecanismo de
corrosão só poderá ter início após a despassivação das armaduras, que se
traduz na rotura da película protetora envolvente, resultante da diminuição de
pH para valores inferiores de 10 a 11 (Broomfield, 1997).
Os cloretos podem penetrar no betão a partir do ambiente através da
água do mar em estruturas marítimas ou podem estar presentes na pasta
cimentícia devido a agregados e águas contaminadas com o ião agressivo.

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

A penetração de cloretos do ambiente só se dá quando os poros contêm


água. Existem várias formas em que o processo de transporte pode acontecer
em estruturas marítimas (figura 2.1).

Figura 2. 1 - Mecanismos de transporte de cloretos em estruturas marítimas (Sousa Coutinho,


1998)

A permeação é um mecanismo de transporte, possível devido a um


gradiente de pressão causado pela diferença de pressão ente o líquido do
ambiente e o dos poros. Este mecanismo é relevante em estruturas submersas
com pressões hidrostáticas elevadas.
A absorção capilar, ocorre quando o betão está sujeito a ciclos de
molhagem e secagem e é relevante para zonas de rebentação. Aquando da
secagem há um aumento da concentração de cloretos nos poros que se fixam
nas paredes durante a secagem dos mesmos. De seguida com a penetração
de mais água contaminada, os iões absorvidos e ainda não difundidos na
matriz cimentícia fazem com que a concentração de cloretos na superfície dos
poros aumente e intensifique o processo de difusão.

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

A difusão é a penetração dos cloretos devido à diferença de


concentração e é máxima em ambientes saturados que possibilitam o
transporte dos cloretos através dos poros preenchidos com água.
A migração, é um mecanismo de penetração de cloretos através de um
gradiente elétrico, ou seja, a movimentação dos iões provocada por um campo
elétrico. A migração é pouco usual em estruturas de betão armado a não ser
em estruturas com proteção catódica por corrente impressa ou trabalhos de
extração de iões cloreto por dessalinização.
Ao contrário da carbonatação os cloretos não afetam o pH do cimento,
mas atuam como um catalisador da corrosão que se manifesta quando a sua
concentração é de tal modo elevada que destrói a camada passivante. A
concentração a partir da qual se dá a corrosão é chamada concentração crítica.
Poulsen (2010) apresenta uma expressão para o cálculo do teor crítico de um
betão (expressão 2.1) que não apresente macro fissuras, ou seja fissuras com
uma largura superior a 0.1 mm, esta expressão relaciona o teor crítico de
cloretos com a relação água/cimento (expressão 2.2), com o tipo de adições
utilizadas e com fatores ambientais definidos por Nilsson (1997). (tabela 2.1).

Tabela 2. 1 - Fatores das adições

Ligante Fatores de eficiência, f Fatores ambientais, kcr


Cimento Portland, CP 1,00 1,25
Sílica de fumo, SF -4,70 1,25
Cinzas volantes, CV -1,40 3,35

𝐶𝑐𝑟 = 𝑘𝑐𝑟 × 𝑒𝑥𝑝(−1.5 × 𝑒𝑞𝑣{𝐴/𝑐𝑐𝑟 }) (2.1)

𝐴
𝑒𝑞𝑣{𝐴/𝑐𝑐𝑟 } = (2.2)
𝐶𝑃 + 𝑓𝑐𝑣 × 𝐶𝑉 + 𝑓𝑠𝑓 × 𝑆𝐹

A – Quantidade de água

Como foi dito anteriormente os cloretos podem ter origem ambiental


(água do mar) ou estar combinados quimicamente na matriz cimentícia. No
entanto, só os iões em estado livre são agressivos para as armaduras.

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Pode-se dizer que a porosidade influencia a humidade e as propriedades


químicas do cimento, logo é considerado que o uso de cimentos com grande
percentagem de C3A (3CaO.Al2O3) leva a uma maior durabilidade pois formam
cloro aluminatos de cálcio, impedindo assim o processo de corrosão pelos
cloretos livres que foram ligados quimicamente. No entanto, os cloretos podem
ser libertados se houver um ataque de sulfatos, que formam sulfo-aluminatos
de cálcio, e deste modo os cloretos são livres de atacar a armadura.
O ataque simultâneo da carbonatação e cloretos pode levar à redução
da capacidade que os cloretos têm em ligar-se quimicamente a outros
compostos e consequentemente num aumento da penetração de cloretos. Por
outro lado, a carbonatação pode reduzir a porosidade que por sua vez leva a
um decréscimo da quantidade de iões cloreto que penetram no betão.
A reação química da carbonatação dá origem a carbonato de cálcio
(CaCO3) que por ter uma solubilidade limitada tende a precipitar durante o
processo (Ihekwaba, Hope, & Hansson, 1996).
Esta precipitação, numa fase inicial resulta na densificação dos poros e
consequente redução de permeabilidade. No entanto em casos de exposição
ambiental prolongada, o carbonato de cálcio pode sofrer lixiviação que causa
um aumento de poros abertos e um efeito oposto, ou seja aumento de
permeabilidade (Malheiro, Camões, Ferreira, Meira, & Amorim, 2014).
A ação bacteriana pode, também, ser prejudicial para o betão armado,
podendo-o afetar de 3 maneiras distintas. As bactérias diminuem o
recobrimento através da destruição da matriz cimentícia, bactérias anaeróbias
podem produzir sulfatos de ferro que podem levar à corrosão do aço mesmo
sem a presença de oxigénio e, ainda, as bactérias aeróbias ajudam na
formação de células de arejamento diferencial (Ferreira, 2004), levando à
corrosão.
Os fatores internos que afetam a corrosão estão associados à qualidade
do betão e do aço.
A composição do cimento é um desses fatores mantendo um pH de
12.5-13 que assegura a passivação das armaduras, isto é, devido à presença
de matéria alcalina como o hidróxido de cálcio Ca(OH)2 e através da reação
entre C3A e C4AF que se ligam aos cloretos livres.

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

O uso de agregados que contêm impurezas, como por exemplo cloretos,


na produção de betão armado, leva à corrosão prematura do mesmo.
O uso de águas de mistura ou cura com pH ácido ou com a presença de
cloretos na fase de construção também é prejudicial para a sua durabilidade.
As adições, como cloretos de cálcio para acelerar a cura do betão,
contribuem para um aumento do teor de cloretos na mistura.
A baixa relação água/cimento está associada a uma baixa porosidade e
por sua vez a uma baixa permeação de cloretos, carbonatação e difusão de
oxigénio no betão. No entanto, a mistura tem que ser bem proporcionada e
bem compactada para que a permeabilidade seja baixa (figura 2.2).
O tamanho dos agregados na mistura também tem influência na
consistência do betão e, por sua vez, na corrosão da armadura.
Foi observado que para uma dada relação água/cimento, a
permeabilidade do betão aumenta consideravelmente com o aumento do
tamanho dos agregados (Verbeck, 1968). Com isso em vista (Cordon &
Gillespie, 1963) recomendam o uso de agregados com uma dimensão máxima
de 25 a 50 mm para betões de 35 MPa de resistência, 18.5 mm para betões de
40 MPa e 9 a 12.5 mm para betões com mais de 40 MPa de resistência.
Maslehuddin (1981) recomenda ainda a proporção ótima de agregados
de 70-75 cm2/cm3 de ligante para uma trabalhidade máxima num betão com
300-400 kg/m3 de ligante.

Figura 2. 2 - Influência da razão água/cimento na permeabilidade

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

2.3. Corrosão do aço

O aço forma uma camada passiva, que não corrói quando embebido em
betão saturado, que é alcalino e que não contém cloretos. Os cloretos são
catalisadores da corrosão, se o conteúdo de cloretos no betão na zona da
armadura é mais alto do que a percentagem crítica de cloretos no mesmo. A
corrosão é um processo onde o aço oxida e se transforma em oxido de ferro na
presença de oxigénio, água ou ambos. Esse processo pode ser expresso,
simplificadamente, para qualquer metal que sofra corrosão pela expressão 2.3:

2𝑀 + 𝑂2 → 2𝑀𝑂 (2.3)

Da mesma maneira que ocorre corrosão quando dois metais com


potencial elétrico distinto entram em contacto, também a armadura do betão
sofre oxidação quando em contacto com o oxigénio e condições de humidade
suficientes. Trata-se de uma reação eletroquímica (figura 2.3) em que o
potencial eletroquímico da superfície do aço forma um ânodo e um cátodo.

Figura 2. 3 - À esquerda, corrosão eletroquímica; à direita, corrosão eletroquímica na presença


de cloretos (Neville & Brooks, 1987)

Os iões positivos de ferro Fe2+ no ânodo são dissolvidos (expressão 2.4),


enquanto os eletrões carregados negativamente são transmitidos para o cátodo
onde são absorvidos e combinados com a água e o oxigénio formando iões
hidróxido (expressão 2.5) que por sua vez são convertidos em oxido de ferro
por processos de desidratação (expressões 2.6 a 2.8).

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

2𝐹𝑒 → 2𝐹𝑒 2+ + 4𝑒 − (𝑅𝑒𝑎çã𝑜 𝑎𝑛ó𝑑𝑖𝑐𝑎) (2.4)

2𝐻2 𝑂 + 𝑂2 + 4𝑒 − → 4𝑂𝐻 − (𝑅𝑒𝑎çã𝑜 𝑐𝑎𝑡ó𝑑𝑖𝑐𝑎) (2.5)

2𝐹𝑒 2+ + 4𝑂𝐻 − → 2𝐹𝑒(𝑂𝐻)2 (𝐻𝑖𝑑𝑟𝑜𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜𝑠𝑜) (2.6)

2𝐹𝑒 3+ + 6𝑂𝐻 − → 2𝐹𝑒(𝑂𝐻)3 (𝐻𝑖𝑑𝑟𝑜𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜) (2.7)

2𝐹𝑒(𝑂𝐻)3 → 𝐹𝑒2 𝑂3 + 3𝐻2 𝑂(𝑂𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜) (2.8)

A corrosão da armadura pode causar deterioração no betão armado


como, por exemplo, o betão de recobrimento pode sofrer destaque, a secção
da armadura pode ser reduzida e para além disso a capacidade resistente do
betão também é reduzida.
Quando o teor de cloretos na zona da armadura do betão excede o teor
crítico, a camada passiva do aço é destruída, pela reação química descrita na
expressão 2.9, logo a armadura deixa de estar protegida. Pode-se dizer que a
diferença de teor de cloretos, defeitos, pH, etc. entre a zona anódica e a zona
catódica é responsável pela corrosão.

𝐹𝑒(𝑂𝐻)2 + 6𝐶𝑙 − → 𝐹𝑒𝐶𝑙6−3 + 2𝑂𝐻 − + 𝑒 − (2.9) (Dyer, 2014)

Na reparação de zonas corroídas a anteriormente denominada zona


anódica pode estar em melhores condições do que a previamente denominada
zona catódica. Isto pode mudar a situação na medida em que a zona catódica
se torna um ânodo e a zona anódica se torna um cátodo. Noutras palavras o
aço em volta da zona de reparação começa a corroer. Este fenómeno chama-
se ânodo incipiente após reparação.

2.4. Penetração de Cloretos

Quando um componente de betão está exposto aos cloretos é prática


corrente descrever o seu comportamento através de perfis de cloretos, ou seja,

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

a distribuição do conteúdo de cloretos do betão na camada de recobrimento em


relação à superfície e ao tempo de início de exposição aos cloretos.
A penetração de cloretos na camada de recobrimento de um betão
exposto à água do mar pode em qualquer idade ser determinado por um perfil
de cloretos. A informação relativa ao ambiente, o tempo de exposição e o perfil
de cloretos dão uma imagem clara, mas por vezes inconveniente sobre a
exposição do betão e a resposta do mesmo a essa mesma exposição.
A informação dada pelo tempo de exposição e perfis de cloretos pode
ser simplificada em alguns parâmetros, desde que sejam suficientes para
determinar o formato do perfil de cloretos de um ponto de vista matemático. De
qualquer maneira o número de observações necessário para definir com rigor
um perfil de cloretos é de 7 a 10 observações, embora na prática 3
observações sejam suficientes.
Os valores dos parâmetros relativos aos cloretos do betão, a sua
distribuição estocástica e o seu desenvolvimento no tempo são ferramentas
que nos possibilitam prever a penetração de cloretos em componentes ou
estruturas de betão expostos a este agente agressivo.
O mecanismo de transporte pode variar com a composição,
compactação e a intensidade e largura das fissuras. Assumimos aqui que a
difusão é o mecanismo predominante de penetração dos cloretos, e que o
betão é um material praticamente homogéneo.

2.4.1. PERFIL DE CLORETOS

Um perfil de cloretos criado pela difusão deste ião pode ser descrito pela
segunda lei de Fick para um meio semi-infinito. O termo semi-infinito significa
num sentido prático que durante o tempo considerado, a espécie difundida não
alcança a face oposta à face de entrada (Ollivier, Torrenti, & Carcassès, 2012)
No seu primeiro trabalho sobre difusão, Fick (1855) trouxe-nos sistemas
e teorias para várias observações. De facto, ele sabia que as teorias
matemáticas que eram válidas para a difusão eram-no também para o
movimento de calor. No entanto a aplicação das leis de Fick na difusão de
cloretos no betão só aparece muitos anos depois (Collepardi, Marcialis, &

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Turriziani, 1970, 1972), logo pode-se dizer que o estudo do mecanismo de


difusão no betão é razoavelmente novo.
Quando há difusão de cloretos para o interior do betão, a variação da
concentração de cloretos C ocorre em qualquer ponto x e em qualquer tempo t
no betão, ou seja, trata-se de uma difusão não estacionária.
Para simplificar o problema, primeiro olhamos para a difusão de um
ponto de vista unidimensional, existe um gradiente de concentração de cloretos
C somente ao longo do eixo x. Muitos problemas práticos de difusão de
cloretos podem ser resolvidos através da aplicação desta simplificação.
Considere-se um elemento sujeito à difusão de cloretos.
Convenientemente assume-se que a secção deste elemento é dA = 1. Logo,
entre duas secções consecutivas a uma distância de dx o volume dV = dx. Por
unidade de tempo dt = 1, a quantidade de cloretos que se difunde no volume
dV é por definição o fluxo F. Da mesma maneira, a quantidade de cloretos que
difunde para fora do volume dV é o fluxo que se situa na abcissa em x+dx.
Assim sendo o fluxo varia no betão ao longo do eixo x com dF/dx por unidade
de x. Logo, quando dt = 1 o incremento de cloretos no volume dV torna-se na
segunda lei de Fick (expressão 2.10):

𝜕𝐶 𝜕𝐹 𝜕𝐹
𝑑𝑥 = 𝐹 − {𝐹 + 𝑑𝑥} = − 𝑑𝑥 ↔
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑥
(2.10)
𝜕𝐶 𝜕𝐹
↔ =−
𝜕𝑡 𝜕𝑥

F – Fluxo
C – Concentração de cloretos

A segunda lei de Fick, diz que a variação do teor de cloretos por unidade
de tempo é igual à variação de fluxo por unidade de comprimento. Esta lei
também é denominada equação de balanço de massa, isto porque demonstra
que a variação do teor de cloretos por unidade de tempo de um volume
infinitesimal é igual á diferença do fluxo de cloretos por unidade de
comprimento.

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

2.4.2. EQUAÇÃO DIFERENCIAL DA DIFUSÃO

Em problemas unidimensionais aplicando a primeira lei de Fick, a


equação de balanço de massa torna-se (expressão 2.11):

𝜕𝐶 𝜕 𝜕𝐶
= {𝐷 } (2.11)
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑥

Para aplicar a segunda lei de Fick nesta forma para betão exposto a
cloretos durante um período alongado, deve-se perceber a evolução do
coeficiente de difusão de cloretos no tempo, ou seja, D = D(t). Este coeficiente
pode ser especificado para cada tipo de cimento através de ensaios
laboratoriais como o “Rapid Chloride Test”. Se só existir um número limitado de
observações em casos específicos é possível estimar as condições de fronteira
superior e inferior para a variação de D = D(t).
De um modo geral o coeficiente de difusão de cloretos depende das
variáveis da equação diferencial recobrimento (x), tempo (t) e Concentração de
cloretos (C) logo D = D(x, t, C). No entanto em muitos casos é possível ignorar
essa dependência, exceto a dependência do tempo. O caso especial em que o
coeficiente de difusão de cloretos é independente da localização x, tempo t e
da concentração de cloretos C é particularmente interessante pois D = D0, ou
seja, não existe variação do coeficiente de difusão. Neste caso a segunda lei
de Fick pode ser reescrita na forma mais simples (expressão 2.12).

𝜕𝐶 𝜕 2𝐶
= 𝐷0 × 2 (2.12)
𝜕𝑡 𝜕𝑥

No entanto para situações práticas em que são definidos os limites de


fronteira desta expressão, é considerado que a concentração é constante no
tempo e é igual a zero no instante inicial chegando deste modo à expressão
2.13:

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

𝜕𝐶 𝜕 2 𝐶
= , 𝑥 > 0, 𝑡 > 0,
𝜕𝑡 𝜕𝑥
(2.13)
𝐶(0, 𝑡) = 𝐶𝑠 (𝑡), 𝑡 > 0,

{ 𝐶(𝑥, 0) = 0, 𝑥 > 0.

A solução desta expressão tendo em conta as condições de fronteira


pode ser derivada neste formato (expressão 2.14):

𝑥
𝐶(𝑥, 𝑡) = 𝐶𝑠 × [1 − 𝑒𝑟𝑓 ( )] (2.14)
2√𝐷𝑡

A concentração superficial de cloretos Cs é o parâmetro fulcral para a


determinação dos perfis de concentração de iões cloreto no betão. É o que
efetivamente define as diferenças da concentração entre a superfície do betão
exposta aos cloretos do ambiente e o interior do betão, que inicialmente, está
essencialmente livre de cloretos (Adair, 2009).
O coeficiente de difusão de cloretos D é um parâmetro que exprime a
resistência que o betão tem à penetração por difusão dos iões cloreto. Este
parâmetro é usualmente, por motivos de simplificação do modelo matemático,
considerado constante no tempo, no entanto testes laboratoriais e resultados
retirados de estruturas existentes demonstram que o coeficiente de difusão do
betão apresenta uma variação temporal que pode ser traduzida através de uma
função de potência (expressão 2.15) (Takewaka & Mastumoto, 1988):

𝑡𝑅 𝛼
𝐷(𝑡) = 𝐷𝑅 × (2.15)
𝑡

2.5. Efeito das fissuras na penetração de cloretos

As fissuras são canais que podem facilitar consideravelmente a difusão


de cloretos para o interior do betão em ambientes marítimos. O tempo que
demora a armadura a despassivar depende da largura das fissuras. No
entanto, a diferença de tempo entre um betão são e um fissurado pode ser

18
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

negligenciado quando comparado com o tempo de vida útil do betão armado


(Comité euro-international du béton, 1992).
Existe literatura que argumenta que uma dispersão na abertura de
fissuras menor do que 50 μm sobre carga (≈15 μm após retirar a carga)
raramente afeta a permeabilidade. No entanto quando a dispersão aumenta
para 50 até 200 μm sobre carga (≈15 a 60 μm após retirar a carga), a
permeabilidade aumenta consideravelmente. Acima dos 200 μm (65 μm após
retirar a carga) demonstra um aumento constante (C. Aldea, S. Shah, & A.
Karr, 1999; 1999; Jang, Kim, & Oh, 2011; Wang, Jansen, Shah, & Karr, 1997).
O fib bulletin 56 (2010b) aborda também esta problemática apontando para o
valor de 0,2 a 0,4 mm como a largura limite de fissuras para que estas não
tenham influência na corrosão do aço (figura 2.4).
Tipicamente assume-se nas equações acima que o betão é considerado
um meio praticamente homogéneo. Logo a penetração de cloretos no betão
através das fissuras não pode ser diretamente descrita pelas equações da
difusão. De qualquer maneira ao assumirmos que os lados das fissuras
representam a superfície do betão, torna-se possível, embora difícil, determinar
o efeito das fissuras na penetração de cloretos.

Figura 2. 4 - Relação entre tempo de despassivação e a largura das fissuras

19
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

20
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

3. MODELOS DE DURABILIDADE

3.1. Vida útil

A falta de preocupação no estudo da durabilidade do betão na fase de


projeto é uma das principais causas de deterioração prematura das estruturas
de betão armado.
Este problema tem consequências económicas graves, pois pode criar
desconforto aos utilizadores e leva a estruturas não apelativas a nível estético.
Estas consequências podiam ser largamente atenuadas se houvesse uma
maior preocupação na escolha de materiais e técnicas construtivas adequadas
à exposição ambiental do local de implantação.
Geralmente a durabilidade de uma estrutura ou elemento é assegurada
através de códigos com requisitos prescritivos como a NP-EN 206-1 (2007)
norma pela qual se guia a especificação E465 do LNEC- Laboratório Nacional
de Engenharia Civil (2007), em que os parâmetros são sobrestimados quando
na mesma zona a construir existem registos de estruturas com deterioração
precoce ou em ambientes extremamente agressivos. Os requisitos prescritivos
embora práticos não são muito fiáveis principalmente para estruturas com vidas
úteis extensas já que não descreve o comportamento do betão no tempo, e o
seu uso sistemático pode ter consequências catastróficas como a rotura
prematura e gastos de reparação e manutenção elevadíssimos. Isto significa
que é necessário compreender as relações que existem entre o
dimensionamento, material, deterioração, manutenção e a maneira como o
tempo altera as características do betão.
Segundo Tuutti (1982) existem dois períodos diferentes na vida de um
betão que relacionam o tempo com a corrosão do aço, sendo que antes da
corrosão temos o período de iniciação e assim que há despassivação das
armaduras e se inicia a corrosão começa o período de propagação (figura 3.1).

21
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Figura 3. 1 - Modelo de Tuutti de degradação do betão armado (Dousti & Shekarchi, 2009).

O período de iniciação é o período que começa com a exposição do


betão ao ambiente e termina quando os agentes agressivos (CO2 ou cloretos)
atingem a armadura depois de terem penetrado através dos poros existentes
no recobrimento e se criarem condições de humidade e presença de oxigénio
para a despassivação da armadura.
O período de propagação é o período onde há oxidação da armadura e
começa com a despassivação da mesma. Tem como estado limite final a
deterioração inaceitável da estrutura. O limite pode ser relativo à fendilhação,
delaminação e destacamento do betão de recobrimento ou até à rotura e
colapso, devido à diminuição da secção de aço no betão decorrente da
oxidação da armadura.
A vida útil pode ser definida como a soma do período de iniciação e o
período de propagação, ou seja, é o período desde que o betão é exposto ao
ambiente até ao momento em que o desempenho do elemento ou da estrutura
de betão não satisfaz os requisitos mínimos de segurança, definidos pelo
projetista.
Há ainda outro conceito ligado à vida útil, a vida residual que está
relacionada com o momento em que o desempenho do betão armado atinge o

22
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

mínimo aceitável e necessita de medidas de reparação ou recuperação, é o


período de tempo que resta até ao fim de vida da estrutura ou do elemento de
betão.
Dependendo do ambiente em que o betão se encontra exposto, o
período de iniciação e propagação terão diferentes pesos na vida útil.
Exemplificando, em ambientes ciclicamente húmidos e secos em que o CO 2 ou
o Cl- penetra lentamente nos poros, e existe fácil acessibilidade por parte do
oxigénio e humidade às armaduras, a corrosão dá-se rapidamente, originando
um período de propagação curto quando comparado com o período de
iniciação que vai ter mais peso na vida útil num ambiente deste género.
Existem também situações em que o período de propagação é muito superior
ao de iniciação, como em ambientes secos onde não existe humidade
suficiente para que ocorra corrosão das armaduras ou em estruturas
submersas onde não existe oxigénio suficiente, resultando numa corrosão
muito lenta.

3.1.1. PROJETAR A VIDA ÚTIL

No passado, os procedimentos para projeto de durabilidade, baseados


em regras prescritivas, revelaram-se inadequados pois não oferecem
informação fiável a longo prazo para estruturas em ambientes agressivos.
As regras prescritivas, em que os parâmetros são definidos de maneira a
que a estrutura se mantenha durável durante 50 ou 100 anos, para uma certa
classe de exposição, são baseados na experiência através do comportamento
de estruturas pré-existentes. Nesta metodologia, a durabilidade é especificada
em termos da razão água/cimento máximo, recobrimento de armaduras
mínimo, mínima dosagem de cimento e mínima classe de resistência.
Uma estrutura em que o projeto de durabilidade se baseou em regras
prescritivas irá, presumivelmente, ter uma vida útil longa, no entanto não é
possível especificá-la explicitamente. Com estas regras não é possível
compreender qual é o efeito que os parâmetros escolhidos têm na vida útil da
estrutura, para além disso também não é possível planear previamente a
manutenção e reparação para diferentes classes de exposição.

23
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Isto implica uma necessidade de expressar a durabilidade de um modo


quantitativo, prevendo o tempo em que a estrutura tem um desempenho
satisfatório. Utilizando uma abordagem de desempenho, a estrutura ou
componente da mesma é dimensionada de modo a que seja exigido o
cumprimento de um desempenho mínimo durante toda a sua vida útil. O
desempenho é avaliado através da verificação do comportamento da estrutura
ou elemento da mesma e comparando-a aos requisitos de desempenho
especificados (fib- Fédération Internationale du Béton, 2015). Com este tipo de
metodologia é necessário manter um certo nível de desempenho e quando
esse nível deixa de ser mantido chegamos ao fim de vida da estrutura.
Este método é muito mais versátil pois permite o cálculo do desempenho
que possibilita a escolha dos materiais a utilizar na estrutura e que descreva os
mecanismos de degradação do mesmo em qualquer ambiente de uma maneira
probabilística tal como os procedimentos usados no cálculo estrutural.
Existem duas estratégias principais para assegurar a durabilidade de
uma estrutura de betão armado:
- Evitar a degradação do betão devido à agressividade ambiental;
- Escolha de um material especifico que resiste à ação dos agentes
agressivos durante um período de tempo pré-definido.
A vida útil é influenciada por vários fatores, entre estes podemos
identificar três fatores principais:
(i) A constituição do material;
(ii) Os métodos construtivos;
(iii) Ação do ambiente durante a construção e vida útil.
Cada um destes três fatores é influenciado por outros parâmetros, tais
como o dimensionamento da estrutura, tipo de cimento, tipo de cura e
temperatura.
Para fazer predições cuidadas da vida útil, é necessário fazer uso de
modelos matemáticos, em que os parâmetros que afetam a vida útil são
introduzidos no mesmo. É possível quantificar numericamente os parâmetros,
através de valores médios e desvios padrão. A vida útil pode ser prevista
utilizando métodos diferentes, dependendo do modo em que os desvios padrão
dos parâmetros são considerados e da coerência física do modelo matemático.

24
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

3.2. Modelo probabilístico

Na modelação probabilística começamos por definir o estado limite que


a estrutura ou elemento não pode ultrapassar de modo a que o seu
desempenho seja melhor que um critério mínimo selecionado. Neste trabalho
esse estado limite é um estado limite de utilização, definido como a
despassivação das armaduras provocada por um teor crítico de cloretos.
Cada estado limite pode ser definido por uma função de estado limite
g(Xj) em que Xj é um vetor de variáveis aleatórias (Moreira, Fernandes, Matos,
& Oliveira, 2016). A estrutura ou elemento deve satisfazer esta função de
estado limite seja ela uma estrutura nova ou pré-existente, (Calgaro, 2011) logo
a violação desse estado limite pode ser expressado pela expressão 3.1 :

𝑔(𝑋𝑗 ) = 𝑅 − 𝑆 → 𝑔(𝑅, 𝑆) < 0 (3.1)

Em que:
R- Resistência da estrutura
S- Acão aplicada na estrutura

Quando R=S é atingido o estado limite. Num modelo probabilístico a


probabilidade de falha mede a fiabilidade da estrutura em causa.
O cálculo da probabilidade de falha pode ser baseado no método de
Monte Carlo que pode ser descrito como um método de simulação estatística
onde as variáveis são geradas aleatoriamente antes de ser usadas no modelo.
Neste caso em concreto à simulação é aplicada a segunda lei de Fick para
descrever o processo de transporte por difusão. Os parâmetros introduzidos no
modelo são definidos através de um valor médio e um desvio padrão, ou seja,
podem ser descritos por uma função probabilística de densidade (FDP). Uma
vez definidas as variáveis e as suas dispersões é possível determinar a
probabilidade de falha do caso em estudo através de um número considerável
de corridas. Neste trabalho foi considerado que esse número deveria de ser
1000000 para que desta forma haja convergência de resultados. Por sua vez a
probabilidade de falha vai depender do estado limite escolhido.

25
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

A probabilidade de falha é testada em cada simulação, ou seja, cada vez


que o teor de cloretos ultrapassa o teor crítico no tempo de vida útil, esta
contribui para a probabilidade de falha.
A probabilidade de falha é obtida através da expressão 3.2:

𝑁
1
𝑝𝑓 = × ∑ 𝐼[𝑔(𝑟𝑗 , 𝑠𝑗 )] (3.2)
𝑁
𝑗=1

Em que:
N - Número de simulações
I[g(rj,sj)] - Função indicadora
g(rj,sj) - Equação de estado limite
s - Representa a ação ambiental
r - Representa a resistência do betão á penetração de cloretos

O erro deste método pode ser obtido a partir da seguinte equação


(expressão 3.3):

𝑝𝑓(1−𝑝𝑓 )
𝑠=√ (3.3)
𝑁

A fiabilidade, por sua vez definida no EN 1990 como a habilidade de


uma estrutura ou elemento estrutural cumprir as solicitações especificadas
(Melchers, 1999; Nowak & Collins, 2012), pode ser calculada através da
inversa da função de distribuição normal da probabilidade de falha (expressão
3.4):

𝛽 = −𝜙 −1 (𝑝𝑓 ) (3.4)

O cálculo deste processo é demasiado exaustivo e pouco prático sem


recorrer a um modelo computacional. Com isso em vista no anexo E e F
encontra-se os códigos utilizados nesta dissertação para efetuar os cálculos
segundo os modelos estudados seguindo a abordagem probabilística.

26
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

3.3. LNEC E464

A LNEC- Laboratório Nacional de Engenharia Civil (2001) E464 é uma


especificação prescritiva para uma vida útil de projeto de 50 ou 100 anos face
às ações ambientais, e apresenta regras e tabelas para esse mesmo propósito.
Ela contém quadros que especificam os diferentes tipos de classe de
exposição com descrições e exemplos para facilitar a escolha, contendo ainda
condições para assegurar a aptidão do betão a utilizar em obra através de
tabelas que apresentam limites da classe de resistência e das quantidades dos
componentes do betão para que este alcance uma vida útil de 50 anos. Para
alcançar a vida útil de 100 anos esta metodologia expõe que para as classes
de exposição XC e XS e XD, betão sobre a ação de dióxido de carbono e
cloretos, o recobrimento deve de ser aumentado em 10mm e para as classes
de exposição XA e XF, ataque químico e ação gelo/degelo, a máxima razão
água/cimento deve ser diminuída de 0.05, a mínima dosagem de cimento é
aumentada de 20 kg/m3, e a classe de resistência à compressão simples dos
betões é aumentada em 2 classes.
É relevante referir, também, que neste documento existem regras para
situações em que existe combinação de classes de exposição, e as
combinações mais frequentes são apresentadas de seguida:
- A classe X0 e, em geral, a classe XC1 se aplicam isoladas;

- A carbonatação é um processo comum a todas as estruturas de betão


e a ação dos cloretos ou os ataques químicos e por gelo/degelo são
específicos de certos ambientes;

- Na orla marítima (classes XS) o número de dias com temperaturas


negativas (onde se poderiam aplicar as classes XF) é desprezível,
enquanto no interior, nomeadamente nas zonas com um total de 30 ou
mais dias com temperaturas negativas, pode haver combinação das
classes XF2 com a XD (embora esta classe seja pouco frequente em
Portugal);

- O ataque químico ao betão de fundações, obras de suporte de terras


ou pavimentos em contacto com solos dá-se em solos agressivos ou em

27
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

águas agressivas com nível freático atingindo as fundações e ao betão


de superestruturas de reservatórios ou condutas por ação de águas
agressivas.

3.4. LNEC E465

Uma das metodologias de desempenho que irá ser estudada neste


trabalho é a especificação LNEC E465 que consiste numa norma que
concretiza o estipulado na NP EN 206-1. Nela encontram-se modelos para as
ações ambientais e para os períodos de iniciação e propagação estipulados por
Tutti de modo a obter a vida útil de um betão armado. Quantifica de uma
maneira probabilística ou semi-probabilística, usando fatores de segurança, o
desempenho durante o período de iniciação para as classes de exposição XC e
XS, e apresenta exemplos para a aplicação da metodologia. Esta especifica,
através de modelos matemáticos, os requisitos de desempenho do betão
armado relacionados com a corrosão das armaduras.
Por sua vez esta metodologia apresenta algumas debilidades já que os
modelos apresentados simplificam a modelação tanto do ambiente que conduz
à deterioração do betão armado, como do próprio comportamento dos
materiais.
Existem dois modelos na especificação LNEC E465 para definir as
resistências à penetração de agentes agressivos e outro para a corrosão, de
modo a quantificar a vida útil de uma obra de betão armado e pré-esforçado.

3.4.1. METODOLOGIA LNEC E465

Segundo a especificação LNEC E465 os requisitos de durabilidade


podem consistir simplesmente em evitar as reações que induzem a
deterioração, como por exemplo:

- Mudar o ambiente com revestimentos, pinturas ou membranas;

28
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

- Escolhendo materiais não reativos aos agentes agressivos do


ambiente;

- Utilizar proteção catódica para inibir as reações.

No entanto, tipicamente, o betão é a única barreira existente às ações


ambientais. Nesse sentido, deve-se definir primeiro o tempo de vida útil para a
estrutura que normalmente é responsabilidade do dono de obra, a
probabilidade de ser atingido o estado limite último e de utilização, e o
desenvolvimento no tempo das ações ambientais e da resistência do material.
Em relação à probabilidade de ser atingido o estado limite último ou de
utilização nesta especificação são consideradas as classes de consequência
previamente estabelecidas na EN 1990:

- CC3 – Elevadas consequências económicas sociais e ambientais ou


para a vida humana, aplicável a edifícios altos, pontes principais, hospitais,
teatros;

- CC2 – Médias consequências, aplicável a edifícios de habitação,


industriais e de escritórios;

- CC3 – Pequenas consequências, aplicável a armazéns ou construções


pouco frequentadas.

A cada uma destas classes de consequência a especificação LNEC


E465 faz corresponder uma classe de fiabilidade RC3, RC2, RC1,
respetivamente, atribuindo a cada uma, um índice de fiabilidade (β) e

correspondente probabilidade de falha (tabela 3.1).


Tabela 3.1 - Fiabilidades e probabilidades de falha alvo

Classe de RC3 RC2 RC1


fiabilidade
β 2 1,5 1,2
Probabilidade
2,30E-02 6,70E-02 1,20E-01
de falha

29
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Estes dados apresentados são relativos apenas ao estado limite de


utilização, definido como o início da fendilhação do betão de recobrimento
devido à corrosão das armaduras.
São apresentados nos modelos desta especificação a quantificação de
Rs(tg) e S(tg) de modo a garantir a vida útil da estrutura através da expressão
3.5:

𝑅𝑠(𝑡𝑔 ) − 𝑆(𝑡𝑔 ) > 0 (3.5)

Em que Rs(tg) é a resistência da estrutura às ações ambientais e S(tg) é


a ação ambiental. Esta expressão diz que a resistência tem de ser superior às
ações ambientais durante o tempo de vida útil.
Em alternativa a esta expressão temos também a expressão 3.6:

𝑡𝐿 − 𝑡𝑔 > 0 (3.6)

Esta condição é aquela em que a metodologia da especificação LNEC


E465 se baseia em que tL é a vida útil e tg é a vida útil pretendida, ou seja, a
vida útil tem de ser maior do que a vida útil pretendida. Para determinar a vida
útil de cálculo de uma forma semelhante ao cálculo estrutural, esta
especificação recorre ao fator de segurança da vida útil () (Tabela 3.2). Com
este fator pode-se calcular de forma semi-probabilística a vida útil de cálculo td
(expressão 3.7), em que:

𝑡𝑑 = 𝛾 × 𝑡𝑑 (3.7)

Tabela 3.2 - Fator 

Classes de Fator  para o Estado Limite de


fiabilidade Utilização

RC3 2,8
RC2 2,3
RC1 2

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

A especificação LNEC E465 admite o método de cálculo recorrendo ao


fator  para a previsão da vida útil com uma elevada fiabilidade, no entanto esta
especificação permite também o cálculo probabilístico, atribuindo ás variáveis
um valor médio e um desvio padrão. Esta abordagem, aliada ao método de
Monte Carlo e a um número de simulações que permitam a convergência de
resultados, embora exaustiva em termos de cálculo e altamente dependente da
interpretação por parte do projetista na definição das médias e desvios padrão,
obtém previsões de vida útil mais fiáveis do que a abordagem semi-
probabilística.

3.4.2. MODELO PARA CÁLCULO DO PERÍODO DE INICIAÇÃO DEVIDO AOS


CLORETOS

O modelo a seguir apresentado traduz a difusão dos cloretos num betão


não fissurados ao longo do tempo de iniciação. Este modelo, naturalmente, é
baseado na segunda lei de Fick (expressão 3.8):

𝑋
𝐶(𝑥, 𝑡) = 𝐶𝑠 (1 − 𝑒𝑟𝑓 ) (3.8)
2√𝐷𝑡
Este modelo pode ser rearranjado, dependendo do parâmetro que se
queira obter, das seguintes formas (expressão 3.9 a 3.11):

𝑋 = 2𝜉√𝐷 × 𝑡 (3.9)
𝑋2
𝐷= (3.10)
4 × 𝑡 × 𝜉2

Em que:

𝐶𝑠 − 𝐶(𝑥, 𝑡)
𝜉 = 𝑒𝑟𝑓 −1 (3.11)
𝐶𝑠

Onde:
D - Coeficiente de difusão dos cloretos do betão, em m 2/s;

31
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

C(x,t) - É a concentração dos cloretos, em % da massa de ligante, à


profundidade x (m) após decorrido o tempo t (em s) de exposição de
cloretos. No caso de x = recobrimento R, de haver iniciação da
despassivação das armaduras e com um tempo de exposição igual ao
período de iniciação (independentemente da classe de exposição), t=ti,
C(R,ti) = Cr;
Cs - Concentração dos cloretos, em % da massa de ligante, na superfície
do betão (x = 0), para t = 0, suposta constante;
erf – É a função erro erf (z) = w, e erf-1 o seu inverso erf-1(w) = z.

É possível que o betão em estudo já contenha cloretos na sua matriz


cimentícia devido a água ou agregados contaminados na mistura, nesse caso o
teor de cloretos é subtraído às concentrações, CR e CS.
O parâmetro CR é definido na tabela 3.3:

Tabela 3.3 - Concentração crítica de cloretos

Água/Cimento XS1;XS2 XS3


a/c ≤ 0,30 0,6 0,5
0,30 < a/c < 0,40 0,5 0,4
a/c ≥ 0,40 0,4 0,3

O cálculo da concentração de cloretos à superfície do betão, CS, é


definido como (expressão 3.12):

𝐶𝑠 = 𝐶𝑏 × 𝑘𝑎/𝑐 × 𝑘𝑣𝑒𝑟𝑡 × 𝑘ℎ𝑜𝑟 × 𝑘𝑡𝑒𝑚𝑝 (3.12)

Em que:
Cb = 3,0% nas classes XS2 e XS3 e Cb = 2,0% na classe XS1. Tem em
conta o teor de cloretos da água do mar em Portugal (21g/l) e a
temperatura da água do mar de (16±2) ºC;
Ka/c = 2.5 ×(a/c), sendo a/c a razão água/ligante;
Ktemp’ referente ao betão, tem os seguintes valores (tabela 3.4):

32
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Tabela 3.4 - Fator ktemp

0ºC 10ºC 15ºC 20ºC 25ºC 30ºC 35ºC


2,2 1,5 1,2 1 0,8 0,7 0,6

As constantes kvert e khor têm os valores da tabela 3.5:

Tabela 3.5 - Fatores kvert e khor

Classe de exposição kvert


XS1 0,7
a 1m de profundidade 1
XS2
a 24m de profundidade 1,4
XS3 1
Distância à linha de costa khor
0 1
1km 0,6

O coeficiente de difusão do betão, D (m 2/s), diminui com o tempo


segundo a expressão 3.13:

𝑡0 𝑛
𝐷𝑎 (𝑡) = 𝐷𝑎 (𝑡0 ) × ( ) =
𝑡
𝑡0 𝑛
= 𝑘𝐷,𝑐 × 𝑘𝐷,𝑅𝐻 × 𝑘𝐷,𝑇 × 𝐷0 × ( ) = (3.13)
𝑡
𝑛
𝑡0
= 𝑘 × ( ) × 𝐷0
𝑡

Onde:
KD,c - É um fator que tem em conta a influência das condições de cura;
KD,RH - É um fator que tem em conta a influência da humidade relativa do
ambiente;
KD,T – É um fator que tem em conta a influência da temperatura;
D0 – É o coeficiente de difusão potencial (m2/s), determinado em
laboratório de acordo com a especificação LNEC E463, com o betão na
idade de referência t0 = 28 dias;
n – É um fator que tem em conta o decréscimo de D ao longo do tempo.

33
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Os parâmetros kD,c, kD,RH, kD,T e n são caracterizados nas tabelas 3.6 e


3.7:
Tabela 3.6 - Fatores kD,c e kD,RH

Número de dias de cura kD,c


Normalizada 2,4
Em contacto permanente com água 0,75
Cofragem de permeabilidade 1
controlada e 3 dias de cura húmida
Classes de exposição kD,RH
XS1 0,4
XS2 1
XS3 1

Tabela 3.7 - Fatores kD,T e n

Temperatura do betão (ºC) kD,T


30ºC 1,5
25ºC 1,2
20ºC 1
15ºC 0,8
10ºC 0,75
0ºC 0,4
n
Classes de exposição
CEM I/II CEM III/IV/V
XS1 0,55 0,65
XS2 0,45 0,55
XS3 0,55 0,65

3.5. Model Code 2010

A fib, federation internationale du béton e as organizações que lhe


deram origem, CEB e FIP, têm uma longa tradição no estudo da durabilidade e
na criação de modelos para a descrever. Em 1978 a CEB criou o primeiro
comité de trabalho denominado “Task Group Durability”. Existem vários
trabalhos de referência da CEB e da FIP na área da durabilidade entre os quais
se distinguem o CEB Bulletin 148 “Durability of concrete structures” (1982), o
Bulletin 182 “Durable concrete structures” (1992) e o Bulletin 238 New
approach to durability design” (1997). Neste último foi criada a estrutura para a
criação de um modelo probabilístico para o projeto de durabilidade.
34
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

A metodologia desenvolvida no fib Bulletin 34 (2006) serve de base para


metodologia de projeto de vida útil de estruturas de betão armad, presente no
fib Model Code 2010.
Baseado na experiencia adquirida ao longo dos anos a fib comprometeu-
-se a criar um modelo que quantifique e preveja o estado limite referente ao
desempenho de uma estrutura em termos de fiabilidade.
A ideia do projeto de durabilidade, apresentado neste documento, é
estabelecer um dimensionamento que evite a deterioração do betão causada
pela ação ambiental da mesma forma que se dimensiona as ações estruturais
nos Eurocódigos.
O dimensionamento nele exemplificado tem em conta a corrosão das
armaduras devido à penetração de cloretos, entre outros, sem ter em conta a
influência da fissuração.
O fib apresenta quatro passos para a obtenção da durabilidade de uma
estrutura de betão armado, apresentando-se de seguida para a deterioração
devido à penetração de cloretos.
O primeiro passo será quantificar o mecanismo de deterioração com
modelos reais que descrevem o processo físico ou químico de um modo fiável.
O segundo passo é a definição do estado limite para o qual a estrutura
deve ser dimensionada. Os estados limite geralmente definidos são a
despassivação da armadura devido a penetração de cloretos, fissuração devido
à corrosão do aço, destacamento do recobrimento devido à oxidação da
armadura e por fim o colapso devido à perda de secção da armadura.
O terceiro passo consiste no cálculo da probabilidade de atingir o estado
limite definido no passo dois, expressa em termos do fator de fiabilidade,. Este
passo só será atingido aplicando o modelo escolhido no passo um.
O quarto passo corresponde à definição do tipo de estado limite, estado
limite de serviço ou último. Para a despassivação das armaduras é normal
utilizar um  alvo na ordem de 1.0 a 1.5, já que a sua ocorrência não põe a
estrutura em perigo imediato, ou seja trata-se de um estado limite de serviço.
Já para os estados limite em que ocorre destacamento ou fissuração do betão,
a definição do tipo de estado limite vai depender de situação para situação. Por
exemplo, se estes estados limite se desenvolverem em zonas de ancoragem,

35
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

então devem ser considerados como estados limite últimos. No entanto, se


estes não influenciarem a capacidade resistente da estrutura, devem ser
definidos como estados limite de utilização/serviço.
A vida útil pode ser obtida a partir deste documento através de três
métodos diferentes, utilizando o recobrimento das armaduras como única
barreira à ação ambiental. O método probabilístico deve ser utilizado apenas
em pontes e outras estruturas excecionais. O método do fator de segurança
parcial é um método determinístico em que a natureza probabilística do
problema é tida em conta através de um fator de segurança parcial, de forma
semelhante ao cálculo estrutural. Finalmente, existe ainda a metodologia
prescritiva, que ao contrário dos métodos existentes baseados na experiência,
é baseada em métodos probabilísticos com modelos físicos e químicos
adequados.
Neste documento existe ainda outra estratégia para atingir a vida útil de
uma estrutura ou elemento de betão armado, evitando a degradação através
do uso de materiais não reativos.
O fib Model Code apresenta a modelação de vários mecanismos de
deterioração como:
- A corrosão induzida pela carbonatação;
- A corrosão induzida pela penetração de cloretos;
- A ação gelo/degelo possuindo agentes anti-congelantes;
- A ação gelo/degelo sem possuir agentes anti-congelantes;
No entanto, devido á temperatura da zona em estudo ser praticamente
sempre positiva e os ensaios feitos ás vigas em estudo demonstrarem que, a
não ser em casos muito excecionais, quase nenhuma viga apresenta teores de
CO2 a profundidades relevantes, para existir carbonatação, nesta dissertação
só irá ser considerada a corrosão induzida pela penetração de cloretos. Em
relação à ação dos cloretos o fib bulletin assume as classes de exposição da
EN 206:2013 em que existem duas classes relativas à ação dos cloretos
dependendo da sua origem. A classe XD relativa a cloretos não provenientes
da água do mar e a classe XS relativa a cloretos provenientes da água do mar.
Ambas as classes são subdivididas em três subclasses dependendo das
condições de humidade, evidente na tabela 9. Neste trabalho irá ser focada a

36
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

classe de exposição XS, mais especificamente a XS3 que se pode considerar a


mais adequada à estrutura em estudo.

Tabela 3.8 - Classes de exposição relativas à ação dos cloretos

Classe de Descrição do Exemplo informativo onde a exposição pode


exposição ambiente ocorrer
Corrosão induzida por cloretos não provenientes da água do mar (onde o betão contendo reforço ou outro metal
embebido é sujeito a contacto com água contendo cloretos, incluindo sais de degelo, não provenientes da água do
mar)
XD1 Humidade moderada Betão exposto a cloretos do ar
Molhado, raramente Piscinas, betão exposto a águas provenientes
XD2
seco de indústrias contendo cloretos
Partes de pontes expostas a salpicos contendo
Ciclicamente molhado
XD3 cloretos, pavimentos, lajes de parques de
e húmido
estacionamento
Corrosão induzida por cloretos provenientes da água do mar (onde o betão contendo reforço ou outros metais
embebidos é sujeito ao contacto a cloretos de aguas do mar ou ar contendo sal proveniente de aguas do mar)
Exposto a sais aéreos
mas sem contacto
XS1 Estruturas costeiras ou perto da costa marítima
direto com a água do
mar
Permanentemente
XS2 Elementos de estruturas marítimas
submerso
Zonas de marés e
XS3 Elementos de estruturas marítimas
salpicos

O cálculo da quantidade de cloretos presente no betão de recobrimento


parte do princípio que a difusão é o mecanismo que rege a penetração do
agente agressivo. Este mecanismo é modelado matematicamente por uma
expressão baseada na segunda lei de Fick da seguinte forma (expressão 3.14):

𝑥 − 𝛥𝑥
𝐶(𝑥, 𝑡) = 𝐶0 + (𝐶𝑠,𝛥𝑥 − 𝐶0 ) × [1 − 𝑒𝑟𝑓 ] (3.14)
2 × √𝐷𝑎𝑝𝑝 (𝑡) × 𝑡

Em que:
C0 - Conteúdo inicial de cloretos [%/c];
Cs,Δx - Conteúdo de cloretos do ambiente a uma profundidade de Δx
[%/c];
Δx - Profundidade da zona de convexão (camada de betão perto da
superfície em que a penetração de cloretos difere da 2ª lei de Fick) [m];
x - Profundidade em que o teor de cloretos é C(x,t) [m];
t - Tempo [s];

37
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Dapp(t) - Coeficiente de difusão de cloretos aparente [m2/s];


erf - Função erro.

Este modelo é uma simplificação da realidade na medida em que


existem outros mecanismos de penetração de cloretos que estão envolvidos
para além da difusão, que não são expressos, e parte do princípio que o betão
em estudo não apresenta fissuração de qualquer tipo.
O coeficiente de difusão aparente presente na expressão acima
representa a resistência do material ao longo do tempo através de um valor
médio. Este coeficiente tem a tendência de diminuir com o tempo segundo a
expressão 3.15:

𝐷𝑎𝑝𝑝,𝐶 = 𝑘𝑒 × 𝐷𝑅𝐶𝑀,0 × 𝑘𝑡 × 𝐴(𝑡) (3.15)

Em que:
DRCM,0 - Coeficiente de migração de cloretos [mm2/a];
kt - Parâmetro de transferência;
ke - Variável de transferência ambiental (expressão 3.16):

1 1
𝑘𝑒 = 𝑒𝑥𝑝 (𝑏𝑒 ( − )) (3.16)
𝑇𝑟𝑒𝑓 𝑇𝑟𝑒𝑎𝑙

Sendo:
be - Variável de regressão [K];
Tref - Temperatura de referência [K];
Treal - Temperatura do ar a que o elemento está exposto [K];
A(t) - Subfunção considerando o envelhecimento que se rege pela
expressão 3.17:

𝑡0 𝑎
𝐴(𝑡) = ( ) (3.17)
𝑡

- Expoente de envelhecimento;


t0 - Tempo de inicio de cura [anos].
38
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Encontra-se ainda especificado neste documento um método


probabilístico que relaciona a probabilidade de ocorrência de despassivação
com uma fiabilidade alvo especificada no fib Bulletin 34 (expressão 3.18).

p{} = 𝑝𝑑𝑒𝑝. = 𝑝{𝐶𝑐𝑟𝑖𝑡. − 𝐶(𝑎, 𝑡𝑆𝐿 ) < 0} < 𝑝0 (3.18)

Sendo:
p{} - Probabilidade de ocorrer despassivação;
Ccrit - Teor de cloretos critico [%/massa de cimento];
C(a,tSL) - Teor de cloretos a profundidade a no tempo t [%/massa de
cimento];
a - Recobrimento [mm];
tSL- tempo de vida útil [anos];
p0- Probabilidade de falha alvo.
A fiabilidade alvo é especificada na tabela 3.9.

Tabela 3. 9 - Fiabilidade alvo

Classe de Classe de ELS ELU


Descrição
exposição fiabilidade Despassivação Colapso
RC1 1,3 (pf≈10-1) 3,7 (pf≈10-4)
XC Carbonatação RC2 1,3 (pf≈10-1) 4,2 (pf≈10-5)
RC3 1,3 (pf≈10-1) 4,4 (pf≈10-6)
RC1 1,3 (pf≈10-1) 3,7 (pf≈10-4)
XD Sais de degelo RC2 1,3 (pf≈10-1) 4,2 (pf≈10-5)
RC3 1,3 (pf≈10-1) 4,4 (pf≈10-6)
RS1 1,3 (pf≈10-1) 3,7 (pf≈10-4)
XS Água do mar RS2 1,3 (pf≈10-1) 4,2 (pf≈10-5)
RS3 1,3 (pf≈10-1) 4,4 (pf≈10-6)

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

4. CASO DE ESTUDO

4.1. Descrição da Estrutura

A estrutura que vai ser alvo de estudo nesta dissertação é o terminal de


petroleiros e o viaduto sobrejacente situados no porto de Leixões ao largo da
costa de Matosinhos. Este local caracteriza-se como um ambiente de
temperatura moderada, com humidade e salinidade elevada, oxigenação
frequente e sujeito a uma ação marítima agressiva.
O terminal é suportado por 68 tubulões circulares de 0.80 m de diâmetro
exterior e 0.60 m de diâmetro interior e por três caixões intermédios com planta
retangular dois deles com as dimensões de 11.3m x 19.9m e o restante de
10.0m x 14.0m, todas são estruturas de betão fundadas no fundo rochoso.
Nas estruturas de apoio assenta uma grelha de vigas transversais sobre
dois alinhamentos de vigas longitudinais, três nos postos B e C. Ambos os tipos
de viga constituídos por betão pré-esforçado com perfil em “I” com 1.10m de
altura por 0.5m de base no banzo, ligadas monoliticamente aos tubulões nos
nós.
Existe ainda um viaduto sobre o terminal para a circulação automóvel
constituído por três vigas pré-fabricadas e pré-esforçadas e cinco vigas nas
zonas de alargamento nos postos B e C, com 1.02m de altura ligadas por uma
laje de betão armado de 0.12m de espessura. Lateralmente ao viaduto existe
ainda uma estrutura de suporte para os cabos de telecomunicações.
A título de exemplo são exibidos nas figuras 4.1 a 4.3 os elementos
descritos em cima.

41
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Figura 4. 1 - Vista aérea do terminal de petroleiros

Figura 4. 2 - Corte do terminal de petroleiros Figura 4. 3 - Corte do terminal de petroleiros e


e viaduto viaduto nos postos B e C

A agressividade do atlântico naquela zona levou a que esta estrutura


contruída em 1967 se encontre neste momento no fim de vida útil,
apresentando sinais de deterioração graves, como por exemplo fissuras,
destacamentos, cabos de pré-esforço à vista e sinais evidentes de corrosão
nas armaduras. Os relatórios de inspeção referem uma intervenção em 1993,
no entanto, não foram disponibilizados dados sobre a natureza dessa
intervenção, tornando impossível tê-la em conta neste trabalho. Todos os
fatores enunciados em cima denunciam a necessidade de uma intervenção de
reabilitação ou mesmo de substituição dos elementos deteriorados.

42
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Esta degradação não se manifesta uniformemente na estrutura sendo


que esta apresenta diferentes graus nos elementos dependendo da sua
exposição. De um modo geral é evidente por uma análise visual da estrutura
que as vigas longitudinais do lado Oeste tanto no terminal como no viaduto
apresentam um estado de degradação mais avançado, esta evidência é
provavelmente devido a exposição destes elementos à agressividade das
aguas do Atlântico que quando galgam o paredão que limita o porto salpicam
estas vigas sendo deste modo uma fonte de cloretos que potencialmente vão
penetrar e deteriorar as vigas levando ao seu estado atual. Embora, devido à
sua exposição próxima do mar, estes elementos apresentam patologias num
estado mais avançado, também os restantes elementos de um modo geral
apresentam também patologias, sendo que as vigas transversais do terminal
de petroleiros são aquelas que em melhor estado de conservação se
encontram. As patologias detetadas na estrutura com base na observação são
as seguintes:

- Arenização das superfícies de betão expostas;

- Corrosão de armaduras, bainhas e cabos de pré-esforço, acompanhada de


perda de secção, em alguns casos total;

- Fissuras longitudinais tanto na alma como no banzo inferior das vigas;

- Fissuração longitudinal associada ao traçado dos cabos de préesforço;

- Destacamentos de betão associados à corrosão de armadura;

- Ruína da viga direita do viaduto - lado sudoeste;

- Aparelhos de apoio em estado deficiente;

- Inexistência das impermeabilizações nas juntas entre tramos do viaduto, com


escorrimento das águas para a zona das cabeças de amarração e aparelhos
de apoio;
43
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

- Corrosão dos elementos de fixação das peças metálicas aos betões, com
fissura e início de destaque em grande parte dos casos encontrados. Neste
item englobam-se os elementos metálicos que constituem as colunas de
iluminação do viaduto, guarda-corpos do mesmo e outras estruturas metálicas
abundantes para apoios variados de condutas e outros equipamentos
existentes no terminal.
De seguida (figura 4.4 a 4.15) encontram-se várias figuras onde é
possível identificar as patologias enumeradas em cima:

Figura 4. 4 - Fissuras no banzo inferior da Figura 4. 5 - Fissuras no banzo inferior da


viga longitudinal 1 viga longitudinal 2

Figura 4. 6 - Pormenor da junta entre tramos Figura 4. 7 - Pormenor da junta entre tramos
1 2

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Figura 4. 8 - Destacamento de betão Figura 4. 9 - Indícios de corrosão

Figura 4. 10 - Fissuração associada ao Figura 4. 11 - Fissuração associada ao


traçado dos cabos de pré-esforço 1 traçado dos cabos de pré-esforço 2

Figura 4. 12 - Fissuração e destacamento da Figura 4. 13 - Colapso parcial da viga


viga longitudinal longitudinal

45
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Figura 4. 14 - Vigas transversais 1 Figura 4. 15 - Vigas transversais 2

4.2. Ensaios in-situ

Para a realização desta dissertação foram fornecidos pela APDL (2014)-


Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, SA, os
ensaios de caracterização da estruturado terminal de petroleiro e viaduto,
realizado pela Oz, Lda. Este levantamento contém informação relevante a este
trabalho e é a partir do mesmo que irão ser retirados dados reais da estrutura
em estudo para introduzir nos modelos posteriormente.
Foram realizados vários ensaios às vigas do terminal de petroleiros e
viaduto nomeadamente:

- Deteção de armaduras e medição do recobrimento com um pacómetro - 20


zonas de ensaios, 1 por cada viga ensaiada;

- Medição da profundidade de carbonatação do betão – 120 ensaios, 6 por


cada viga ensaiada;

- Determinação do teor de cloretos relativamente à massa do betão e do


cimento - 120 ensaios, 6 por cada viga ensaiada;

- Ensaios esclerométricos - 200 ensaios, 10 por cada viga ensaiada;

46
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

- Ensaios de compressão uniaxial sobre provetes cilíndricos de betão - 20


carotes, 1 por cada viga ensaiada.

Entre estes considerou-se que os ensaios que mais contribuíam como


dados relevantes para a temática em estudo são a medição do recobrimento
com um pacómetro e a determinação do teor de cloretos.

4.2.1. ENSAIO DE PACÓMETRO

O pacómetro é um equipamento de medição que utiliza ondas


eletromagnéticas para determinar a localização, profundidade e diâmetro dos
varões de aço. A faixa de medição do equipamento deverá permitir a deteção
de armaduras até uma profundidade de pelo menos 360 mm, para varões com
o diâmetro de 40 mm, e de pelo menos 220 mm, para varões com o diâmetro
de 6 mm. Na figura 4.16 encontra-se um exemplo de execução do ensaio de
pacómetro numa das vigas do terminal.

Figura 4. 16 - Medição do recobrimento com pacómetro

O equipamento deverá, ainda, possuir as seguintes características:

- Medição do recobrimento diretamente à face do varão, ignorando as nervuras


existentes;

47
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

- A exatidão deverá ser igual ao maior dos seguintes valores, ± 2 mm ou 5 %,


até 75 % do alcance máximo, para a medição do recobrimento, e uma exatidão
de ± 2 , para a determinação do diâmetro do varão;

-Auto-calibração.

4.2.1.1. Execução do Ensaio de Pacómetro

O ensaio a seguir descrito tem como referência a norma BS 1881-204


(1988).
No caso da medição do recobrimento das armaduras dever-se-á ter em
conta a presença de irregularidades superficiais como, por exemplo, marcas de
cofragem que influenciam as leituras. Nesse caso específico, os resultados das
medições do recobrimento deverão ser corrigidos de +/- o valor médio de pelo
menos 10 medições correspondentes ao desnível dos ressaltos da superfície.
Deverão cumprir-se, ainda, os seguintes procedimentos:

- A área de cada zona de ensaio a levantar, por tipo de elemento estrutural,


terá, no mínimo, 2 m2;

- No caso de vigas e pilares de estruturas porticadas vulgares, a área de ensaio


deverá distribuir-se, equitativamente, por todas as faces acessíveis;

- A malha de armaduras detetada, no elemento estrutural em estudo, será


assinalada nas faces sondadas por meio cromático eficaz (giz, lápis de cera,
etc.), de forma a evidenciar a disposição dos varões e servir de referência para
a localização de outros ensaios, que venham a ser realizados;

- Sobre as malhas de armaduras levantadas realizar-se-á a medição do


recobrimento da malha mais exterior, em mm, considerando-se um mínimo de
30 medições por zona de ensaio;

- Deverão ser explicitamente indicados quaisquer fatores que possam


influenciar as medições como, por exemplo, a sua realização em faces com

48
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

elevada densidade de armadura, ou revestidas com materiais espessos,


irregularidades superficiais, etc..

- Para comprovação das medições com o pacómetro será executado um roço


de sondagem, em zona corrente das malhas levantadas, expondo-se um varão
da malha de armadura mais exterior e medir-se-á o recobrimento real com um
paquímetro.

4.2.2. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE CLORETOS PRESENTE NO BETÃO

Para a determinação do teor de cloretos presentes nas vigas em estudo


os técnicos da Oz, Lda. recolheram pó de betão através da sua perfuração
junto às armaduras previamente localizadas através do pacómetro, a várias
profundidades, sendo a amostra imediatamente protegida em saquetas de
plástico, devidamente identificadas.
A determinação do teor de cloretos é realizada recorrendo a um elétrodo
específico de cloretos, através de uma curva de calibração obtida a partir de
soluções padrão com teores conhecidos de cloretos. O equipamento utilizado
neste tipo de ensaios foi o “RCT – Rapid Chloride Test (Type RCT-87-2)”.

4.2.2.1- Execução do Ensaio de Determinação do Teor de Cloretos

O ensaio a seguir descrito tem como referência as normas BS 1881-6 (1971)


e AASHTO T260-84 (1984) em que se cumprem os seguintes procedimentos:

- São feitas, pelo menos, 3 recolhas de pó do betão a diferentes profundidades,


desde a superfície até 1 cm, um troço de 1 cm à profundidade do varão e um
último troço de 1 cm por detrás do varão;

- Para a recolha do pó são executados furos, com broca com diâmetro mínimo
de 15 mm, junto de um varão da malha de armadura exterior, a fim de se
garantir a homogeneidade das amostras de pó (figura 4.17 e 4.18);

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Figura 4. 17 - Furos de extração de pó 1 Figura 4. 18 - Furos de extração de pó 2

- São executados furos suficientes para se obter a cada profundidade pelo


menos 20 g de pó (pelo menos 6 furos);

- Entre cada recolha de pó é feita a limpeza cuidadosa dos furos, utilizando-se


uma bomba de ar manual ou ar comprimido, a fim de evitar a contaminação
das amostras;

- As amostras de pó são guardadas em saquetas plásticas hermeticamente


fechadas e devidamente identificadas (com indicação da profundidade, por
exemplo, 2 a 3 cm);

- A determinação do teor de cloretos presentes nas amostras de pó é feita por


laboratório acreditado ou por empresa certificada, que execute este tipo de
ensaio, assegurando-se que dispõe de pessoal técnico qualificado e
equipamento devidamente calibrado;

- No caso de os ensaios não serem executados por laboratório acreditado, os


resultados obtidos só serão aceites desde que acompanhados da curva de
calibração do elétrodo utilizado. A referida curva, deverá constar dum impresso
específico, onde deverão constar, também, outros dados relevantes,
nomeadamente, a identificação da obra, a data da calibração, o tipo de
elétrodo, o seu número de série e a identificação do operador.

50
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

4.2.3. RESULTADOS DOS ENSAIOS

De seguida, são expostos os dados relativos aos resultados dos ensaios


“in situ” realizados nas vigas do terminal de petroleiros e viaduto sobrejacente.
Todas as figuras e dados ilustrados em baixo, foram retirados do relatório da
Oz, Lda, empresa responsável pela realização dos ensaios. Estes foram
realizados em 5 zonas distintas da estrutura, zona A a E, exemplificados na
figura 4.19.
Os resultados do ensaio de determinação do teor de cloretos, revelaram-
se demasiado extensos para serem expostos na sua totalidade, contando com
120 ensaios, 6 por viga.
A título de exemplo, são apresentados os resultados dos ensaios
realizados na viga longitudinal Este do terminal da zona E (tabela 4.1), tal como
os perfis de cloretos (figura 4.20 a 4.25) presentes no relatório de ensaios da
Oz, Lda.

Tabela 4. 1 - Resultados do ensaio de cloretos

Percentagem em
Perfil
Zona Elemento Ensaio relação à massa
(cm)
de cimento
0a1 1,92
Cl1 4a5 0,80
5a6 0,77
0a1 1,68
Cl2 4a5 1,04
5a6 0,88
0a1 1,44
Viga Cl3 4a5 0,56
longitudinal 5a6 0,53
ZEP2
Este do 0a1 1,76
terminal Cl4 4a5 0,88
5a6 0,78
0a1 1,68
Cl5 4a5 1,12
5a6 0,96
0a1 1,68
Cl6 4a5 1,20
5a6 1,16

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Figura 4. 19 - Localização dos ensaios

Figura 4. 20 - Perfil de cloretos do ensaio Cl1 Figura 4. 21 - Perfil de cloretos do ensaio Cl2

Figura 4. 22 - Perfil de cloretos do ensaio Cl3 Figura 4. 23 - Perfil de cloretos do ensaio Cl4

Figura 4. 24 - Perfil de cloretos do ensaio Cl5 Figura 4. 25 - Perfil de cloretos do ensaio Cl6

Na tabela 4.2, encontram-se os resultados do ensaio de pacómetro, nas


vigas localizadas nas cinco zonas ensaiadas. A partir destes dados foi
calculada a média e o desvio padrão do recobrimento da estrutura.

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Tabela 4. 2 - Resultados do ensaio de pacómetro

Recobrimento do betão medido com o pacómetro


Elemento (mm)
Zona
estrutural Desvio Coef.
Mínimo Média Máximo
Padrão Variação(%)
ZAP1 Viga longitudinal 46 52 64 5 9
central do Viaduto
ZAP2 Viga longitudinal 28 41 50 5 13
Oeste do terminal
ZAP3 Viga longitudinal 38 44 50 3 8
Oeste do viaduto
ZAP4 Viga transversal 32 47 60 7 16
do terminal
ZBP1 Viga longitudinal 38 47 60 5 10
Este do viaduto
ZBP2 Viga longitudinal 35 46 52 4 9
Este do terminal
ZBP3 Viga longitudinal 41 51 60 6 11
Oeste do viaduto
ZBP4 Viga transversal 35 44 52 4 8
do terminal
ZCP1 Viga longitudinal 42 53 67 7 13
Este do viaduto

ZCP2 Viga longitudinal 40 45 51 3 6


Oeste do terminal
ZCP3 Viga longitudinal 35 49 58 5 11
Oeste do viaduto
ZCP4 Viga transversal 35 43 48 3 7
do terminal
ZDP1 Viga longitudinal 44 51 58 3 7
Este do viaduto
ZDP2 Viga longitudinal 42 46 52 3 6
Oeste do terminal
ZDP3 Viga longitudinal 44 57 67 6 11
Oeste do viaduto
ZDP4 Viga transversal 32 40 46 4 10
do terminal
ZEP1 Viga longitudinal 48 54 65 4 8
Este do viaduto
ZEP2 Viga longitudinal 34 43 48 3 8
Este do terminal
ZEP3 Viga longitudinal 37 46 52 4 8
central do viaduto
ZEP4 Viga transversal 36 48 64 7 14
do terminal
Média 47,35 4,55 9,65

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5. APLICAÇÃO DOS MODELOS AO CASO DE ESTUDO

5.1. Análise de Sensibilidade

Antes de iniciar o cálculo probabilístico houve a necessidade de


perceber quais os parâmetros a utilizar e principalmente qual a influência que
cada parâmetro tem no resultado final quando inseridos nos modelos
estudados. Nesse sentido achou-se pertinente realizar uma análise de
sensibilidade em que se avalia o impacto das variáveis do modelo. Esta análise
pode ser feita através da expressão 5.1 em que para cada parâmetro, se obtém
um valor bk que transmite a sua importância (Henriques, 1998; Matos, 2013;
Matos, Cruz, Valente, Neves, & Moreira, 2016; Matos, Valente, Cruz, &
Moreira, 2016).

𝑛
(𝛥𝑦𝑘 /𝑦𝑚 )
𝑏𝑘 = ∑ × 𝐶𝑉[%] (5.1)
(𝛥𝑥𝑘 /𝑥𝑚 )
𝑖=1

Δyk - Variação do resultado do modelo, decorrente da validação dos


parâmetros;
Δxk - Variação dos parâmetros em introduzidos;
Xm - Média do parâmetro introduzido;
Ym - Resultado do modelo para o valor médio do parâmetro;
n - Número de parâmetros gerados;
CV – Coeficiente de variação.

Esta análise tem, como objetivo, reduzir o número de variáveis aleatórias


de modo a tornar o modelo computacionalmente menos pesado. Para esse
efeito são introduzidos os valores médios num modelo determinístico, e vão se
variando os parâmetros, um a um, adicionando e subtraindo um valor igual ao
desvio. A partir da razão entra a variação dos parâmetros e dos resultados

55
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

dessa variação com a sua respetiva média é possível determinar a medida de


importância bk, que descreve a importância do parâmetro em análise.

5.1.1. ANÁLISE DO MODELO LNEC E465

Para a metodologia da especificação LNEC E465 o número de variáveis


a introduzir é de cinco, a saber:
- O coeficiente de difusão potencial, D0;
- A concentração de cloretos superficial, Cs,
- O recobrimento, x;
- A temperatura, temp;
- O fator n que tem em conta o decréscimo da difusão no tempo.
Nesta análise procedeu-se ao cálculo do modelo fazendo variar cada
parâmetro, um de cada vez, somando e subtraindo um e dois desvios padrão
ao valor médio. Os valores médios e desvios padrão das variáveis são
respetivamente 4.6x10-11 m2/s e 9.22x10-12 m2/s para D0, 1.33 %/massa de
ligante e 0.46 %/massa de ligante para Cs, 47.35 mm e 10 mm para x, 15 °C e
5 °C para a temp e finalmente 0.55 e 0.1 para o fator n. Deste modo através
dos cinco pontos estudados conseguimos perceber a relação entre as
variáveis, o resultado final e a sua evolução à medida que a variável se altera.
A partir das figuras 5.1 a 5.5 há alguns pareceres que podemos abordar,
em primeiro lugar dá para perceber que três dos parâmetros, i.e., a
temperatura, a difusão potencial e a concentração superficial à medida que
aumentam fazem também aumentar o resultado do modelo, ou seja a
concentração de cloretos que atravessou o recobrimento x no tempo t (que
neste caso é de cinquenta anos).
Desenhando uma linha de tendência pode-se dizer também que a
concentração superficial se desenvolve linearmente, a difusão potencial
segundo uma equação polinomial de grau dois e para a temperatura uma
equação polinomial de grau quatro é a que melhor se ajusta aos resultados.
Deduz-se, ainda, que a dispersão de resultados é muito superior para a
concentração superficial do que para os restantes parâmetros com um valor de
1,24 %/massa de ligante.

56
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

1 1,6
0,95
Cxt (%/massa de ligante) 1,4

Cxt (%/massa de ligante)


0,9
1,2
0,85
0,8 1
0,75 0,8
0,7 0,6
0,65
0,4
0,6
0,55 0,2
0,5 0
2E-11 3E-11 4E-11 5E-11 6E-11 7E-11 0 1 2 3
D0 (m2/s) Cs (%/massa ligante)
Figura 5. 1 - Variação de D0 Figura 5. 2 - Variação de Cs

1,1 1,2
1,1
Cxt (%/massa de ligante)

Cxt (%/massa de ligante)


1
1
0,9 0,9
0,8
0,8
0,7
0,7 0,6
0,5
0,6
0,4
0,5 0,3
20 40 60 80 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
Recobrimento (mm) n
Figura 5. 3 - Variação do recobrimento Figura 5. 4 - Variação de n

0,98
0,96
Cxt (%/massa de ligante)

0,94
0,92
0,9
0,88
0,86
0,84
0,82
0,8
0 10 20 30
Temperatura (°C)
Figura 5. 5 - Variação da temperatura

As restantes variáveis em análise apresentam uma variação inversa, ou


seja, à medida que as variáveis aumentam, a concentração de cloretos numa
espessura igual ao recobrimento aos cinquenta anos diminui. A tendência
apresentada pelo recobrimento era espectável, já que com o seu aumento há

57
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

um caminho maior que os cloretos têm de percorrer e por consequência o seu


teor é menor num período de tempo igual. Quanto ao fator do tempo n que
potencia a expressão do coeficiente de difusão, o seu aumento leva a um
decréscimo do coeficiente de difusão, e por sua vez, a uma menor
concentração de cloretos. Quando aplicamos uma linha de tendência aos
pontos do gráfico percebemos que para o recobrimento uma equação linear é
adequada, enquanto o fator n pode ser descrito por uma equação quadrática.
Dividindo todos os parâmetros pelo seu valor médio e fazendo o mesmo
processo para os seus resultados obtemos valores normalizados (figura 5.6).
Este processo permite-nos compará-los e deste modo a perceber quais os
parâmetros mais importantes.

1,8
D0
1,6
Cs
1,4
X
1,2
n
1 temp

0,8 Linear (D0)

0,6 Linear (Cs)

Linear (X)
0,4
Linear (n)
0,2
Linear (temp)
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Figura 5. 6 - Variação dos parâmetros normalizados

A partir da observação da figura 5.6 torna-se evidente que a


concentração superficial é o parâmetro com mais influência no modelo e que a
difusão potencial e a temperatura são os parâmetros com menor influência. Dá
para perceber também que todos os parâmetros apresentam uma variação
linear.
Apresenta-se na figura 5.7 as medidas de importância segundo a
expressão 5.1, quantificando a importância de cada parâmetro. Foi decidido

58
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

que os parâmetros com medidas de importância menor que 15% serão


considerados como determinísticos, isto porque para realmente diminuir o
custo computacional é necessário eliminar cerca de metade das variáveis.
Neste caso os parâmetros D0 e temperatura deixarão de ser variáveis pois
apresentam baixa importância nos resultados do modelo.

100%
100,00%
Cs 85,98%
90% n

80%

70%

60%
bk (%)

50%

40%
27,77%
30% Recobrimento
10,57%
14,06% Temperatura
20%
D0 blim
10%

0%

Figura 5. 7 - Medidas de importância

5.1.2. ANÁLISE DO MODEL CODE 2010

A análise de sensibilidade do Model Code 2010 é feita de maneira


similar à análise da especificação LNEC E465, os gráficos desta análise são
apresentados no anexo B. No entanto, neste modelo existem sete variáveis em
estudo:
- Concentração superficial Cs;
- Profundidade da zona de convexão Δx;
- Recobrimento cnom;
- Variável de regressão be;
- Temperatura do ar a que o elemento está exposto treal;
- Expoente de envelhecimento a;
- O coeficiente de migração de cloretos DRCM,0.

59
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Nas figuras 5.8 a 5.14 encontra-se uma análise às variáveis em estudo,


fazendo variar o seu valor uma e duas vezes o desvio padrão, a partir destas
conseguimos perceber que a maioria dos parâmetros à medida que vão
aumentando fazem aumentar também o teor de cloretos C(x,t),
nomeadamente, a concentração superficial Cs, a profundidade da zona de
convexão Δx, a temperatura do ar a que o elemento está exposto, treal e o
coeficiente de migração de cloretos DRCM,0. É evidente que os pontos nos
gráficos destes parâmetros aumentam de uma forma linear à exceção do
DRCM,0 que varia segundo uma equação quadrática. O parâmetro que tem maior
variação é o teor de cloretos superficial, com uma variação total em teor de
cloretos C(x,t) igual a 1,41%/massa de ligante e o parâmetro que tem menor
variação é o DRCM,0, com um valor de 0,13%/massa de ligante.
Contrariamente, existem três parâmetros que fazem com que o teor de
cloretos na zona da armadura C(x,t) diminua. Esses são o recobrimento cnom, a
variável de regressão be e o expoente de envelhecimento a.
Desenhando uma linha de tendência chegou-se à conclusão que o
recobrimento e a variável de regressão seguem um decréscimo linear,
enquanto o expoente de envelhecimento se ajusta a uma equação quadrática.
Dos três parâmetros, que fazem com que o teor de cloretos, na zona da
armadura C(x,t) diminua, o expoente de envelhecimento faz com que o
resultado do modelo matemático varie mais com um valor igual a 0,5%/massa
de ligante.

1,3 1,1
Cxt (%/massa de ligante)

Cxt (%/massa de ligante)

1,2
1,1 1,05
1
0,9 1
0,8
0,7 0,95
0,6
0,5
0,9
0 0,2 0,4 0,6
a 0 10 Δx (mm) 20 30

Figura 5. 8 - Variação de a Figura 5. 9 - Variação de Δx

60
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

1,15 1,025
Cxt (%/massa de ligante)

Cxt (%/massa de ligante)


1,1 1,02
1,05 1,015
1
1,01
0,95
1,005
0,9
1
0,85
0,8 0,995
270 280 290 300 3000 4000 5000 6000 7000
Treal (K) be (K)
Figura 5. 10 - Variação de Treal Figura 5. 11 - Variação de be

1,08 1,2
1,06
Cxt (%/massa de ligante)

1,15

Cxt (%/massa de ligante)


1,04 1,1
1,02
1,05
1
0,98 1
0,96 0,95
0,94 0,9
0,92 0,85
0,9 0,8
500 1000 1500 2000 2500 20 40 60 80
DRCM,0 (mm2/ano) Cnom (mm)
Figura 5. 12 - Variação de DRCM,0 Figura 5. 13 - Variação de Cnom

2
Cxt (%/massa de ligante)

1,5

0,5

0
0 1 2 3
Cs (%/massa de ligante)

Figura 5. 14 - Variação de Cs

Seguindo o processo feito anteriormente, foi feita a normalização dos


parâmetros apresentados na figura 5.15 para facilitar a sua comparação.

61
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

1,8
Cs
1,6 Δx
Cnom
1,4
be
1,2 treal
a
1
DRCM,0
0,8 Linear (Cs)
Linear (Δx)
0,6
Linear (Cnom)
0,4 Linear (be)
Linear (treal)
0,2
Linear (a)
0 Linear (DRCM,0)
0 0,5 1 1,5 2 2,5

Figura 5. 15 - Variação dos parâmetros normalizados

Tal como no modelo anterior o parâmetro teor de cloretos superficial é


aquele que assume maior importância e a variável de regressão é a que
demonstra menos importância no modelo. Todos os parâmetros variam
segundo uma expressão linear.
A figura 5.16 mostra a razão entre a medida de importância normalizada
de cada parâmetro, com a medida de importância do teor de cloretos superficial
(valor máximo). Deste modo temos um valor numérico para caracterizar a
importância das variáveis do modelo matemático e um meio de compará-las
entre si.
Foi decidido, tal como anteriormente, que os parâmetros com medidas
de importância menor que 10% serão considerados como determinísticos, para
que deste modo seja possível eliminar cerca de metade das variáveis. Neste
caso os parâmetros DRCM,0 e be deixarão de ser variáveis pois apresentam
baixa importância no modelo.

62
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

100%
100,00%
Cs
90%

80%

70%

60%

50%
34,54%
40% a

30% 22,87%
Cnom
20% 11,45% 12,54%
treal 9,17%
Δx
DRCM,0
10% blim
0,44%
be
0%

Figura 5. 16 - Medidas de importância

5.2. Evolução da deterioração durante a vida útil

Neste subcapítulo proceder-se-á ao estudo da deterioração do terminal


de petroleiros e do viaduto sobrejacente situados no porto de Leixões, tendo
como base os ensaios efetuados nas vigas da estrutura em que os resultados
foram analisados e deles retirados os dados a introduzir nos modelos. Desta
forma é possível calibrar os modelos e, reconstruir a evolução da deterioração
ao longo dos anos, bem como, estimar a vida útil remanescente.
A partir dos ensaios “in situ” foi possível retirar os dados referentes ao
teor médio de cloretos na superfície do betão, e o correspondente desvio
padrão, com valores de 1,33%/massa de ligante e 0,46%/massa de ligante,
respetivamente, ao recobrimento que tem de média o valor de 47,35 mm e
desvio padrão de 4,55mm, e ainda o valor médio da difusão potencial D0 que
segundo a LNEC E465 foi calculado como 2,39 ×10-11 m2/s e segundo o Model
Code 2010 foi calculado como 1,21 × 10-11 m2/s. Estes dados foram obtidos a
partir dos ensaios efetuados na estrutura, em que para o caso de D0 e Cs foi
feita uma aproximação polinomial aos resultados e para o recobrimento foi
calculada a média e desvio padrão dos resultados ensaio com o pacómetro. É
importante referir que, embora os dados dos ensaios sejam essenciais para a
reconstrução das propriedades do betão ao longo dos anos, estes eram

63
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

compostos por perfis de cloretos com apenas três pontos, tornando os valores
calculados da difusão e do teor superficial de cloretos pouco fiáveis.
Adicionalmente, a partir de valores encontrados em estudos anteriores
efetuados à ponte cais (Miranda, 2006), foi calculada a razão água/cimento
média de 0,47. Os fatores que influenciam a difusão no tempo no entanto,
foram considerados 0.3 para o modelo da Model Code e 0.55 para a E465 pois,
foi considerado, que o betão atual mais parecido com o betão utilizado em
1967 na construção da ponte cais seria o CEM I.
De seguida (figuras 5.17 a 5.20) são apresentados gráficos referentes à
evolução no tempo do valor da difusão e do teor de cloretos na zona da
armadura segundo os dois modelos de cálculo.

0,7 3E-12
Cxt (%/massa de ligante)

0,6 2,5E-12
0,5 2E-12
D(t) (m2/s)

0,4
Ccr 1,5E-12
0,3
1E-12
0,2

0,1 5E-13

0 0
0 20 40 60 0 20 40 60
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura 5. 17 - Evolução no tempo do teor de Figura 5. 18 - Evolução no tempo do
cloretos na armadura Model Code 2010 coeficiente de difusão Model Code 2010

0,65 5E-12
Cxt (%/massa de ligante)

0,6 4,5E-12
0,55 4E-12
0,5 3,5E-12
D(t) (m2/s)

3E-12
0,45
2,5E-12
0,4
2E-12
0,35
1,5E-12
0,3 1E-12
Ccr
0,25 5E-13
0,2 0
0 20 40 60 0 20 40 60
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura 5. 19 - Evolução no tempo do teor de Figura 5. 20 - Evolução no tempo do
cloretos na armadura LNEC E465 coeficiente de difusão LNEC E465

64
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

O estudo da deterioração em cima foi baseado no valor da difusão aos


50 anos, considerado em ambas as figuras, igual a 1,3 × 10-12 m2/s. Através de
uma aproximação com uma polinomial aos dados dos ensaios obteve-se este
valor, permitindo deste modo calcular as difusões potenciais introduzidas nos
modelos.
É interessante ver que pelo estudo segundo o Model Code obtemos
menor variação na difusão ao longo do tempo, enquanto o teor de cloretos na
zona da armadura tem uma variação maior do que os resultados de estudo
segundo a LNEC E465. Como era de esperar aos 50 anos ambos os modelos
têm o mesmo teor de cloretos na armadura isto porque o teor de cloretos é
calculado de forma similar nos dois modelos que só se diferenciam no cálculo
da difusão para um ambiente deste tipo, denominado segundo o Model Code
como zona “spray”.
Adicionalmente podemos ainda comparar os teores de cloretos com os
teores críticos dos modelos em estudo para fazer uma estimativa aproximada
do tempo que demorou desde a construção das vigas até ao início da
despassivação das suas armaduras. No estudo segundo a LNEC E465 esse
valor é especificado em 0,3%/massa de ligante, enquanto para o Model Code
que só especifica a distribuição pela qual o teor crítico se rege foi calculado o
teor de cloretos crítico para o percentil de 5%, obtendo-se deste modo um valor
de 0,38%/massa de ligante.
As idades do betão obtidas no inicio dos seus respetivos períodos de
propagação da corrosão, foram de entre os 15 a 20 anos para o Model Code e
entre os 5 a 10 anos para a especificação LNEC E465. Ambos os valores
parecem exagerados pois caso refletissem fielmente a realidade o viaduto
provavelmente já se encontraria em fim de vida útil há muito mais tempo. Dito
isto, pode-se concluir que o valor do Model Code aparenta conduzir a um
tempo de iniciação mais perto do tempo de iniciação real.
A NP EN 206-1 dá como teor crítico para betão armado pré-esforçado
0,2 %/massa de ligante. Se assumirmos este valor como teor crítico em vez
dos valores especificados nos modelos chegamos ao fim do tempo de iniciação
nos primeiros 5 anos de vida pelos teores obtidos pela LNEC E465 e entre 5 e
10 anos pelos teores obtidos pelo Model Code.

65
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Foi feito, também, no âmbito da deterioração do terminal e viaduto um


estudo probabilístico segundo os dois modelos abordados neste trabalho.
Neste estudo foi considerado o teor critico médio de 0,3 e 0,6 e um desvio
padrão de 0,03 e 0,15 para a LNEC E465 e para o Model Code,
respetivamente.
Em seguida (figura 5.21 a 5.24) apresenta-se a evolução da fiabilidade e
probabilidade de falha dos dois modelos.

4 1
0,9

Probabilidade de Falha
3 0,8
0,7
2
Fiabilidade

0,6
0,5
1
0,4
0,3
0
0,2
0 20 40 60
-1 0,1
0
-2 0 20 40 60
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura 5. 21 - Fiabilidade LNEC E465 Figura 5. 22 - Probabilidade de falha LNEC
E465

4,5 0,5
4
Probabilidade de Falha

3,5 0,4

3
0,3
Fiabilidade

2,5
2 0,2
1,5
1 0,1
0,5
0
0
0 20 40 60
0 20 40 60
-0,1
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura 5. 23 - Fiabilidade Model Code 2010 Figura 5. 24 - Probabilidade de falha Model
Code 2010

A partir dos dados da análise probabilística, sabendo a fiabilidade e


probabilidade de falha alvo para ambos os modelos calculados através do

66
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

software desenvolvido no decurso deste trabalho, e assumindo que a idade em


que os dados assumem esses valores coincide com o início da despassivação
e, por consequência, com o fim do tempo de iniciação, podemos afirmar que
pela análise da LNEC E465 esse tempo localiza-se no espaço de tempo entre
1 ano e 1 ano e meio e pelo Model Code esse tempo localiza-se entre 9 anos e
9 anos e meio.
O primeiro valor não faz muito sentido na medida em que é uma idade
demasiado precoce para a ocorrência da despassivação da armadura. O
segundo valor, por outro lado, aparenta ser um valor mais plausível e
provavelmente a melhor aproximação da realidade entre os resultados obtidos
neste estudo da deterioração probabilístico.

5.3. Cenários de Projeto

Neste subcapítulo irá ser feito um estudo de durabilidade aplicável à


zona de exposição e ambiente do porto de Leixões segundo os diferentes
modelos estudados neste trabalho como se de uma obra nova se tratasse. Por
outras palavras, este estudo da durabilidade vai abranger abordagens
prescritivas como a especificação LNEC E464 em que a durabilidade é definida
conforme a classe de exposição, de uma maneira generalizada, e abordagens
de desempenho, como a especificação LNEC E465 e o Model Code 2010 em
que a durabilidade é expressa de um modo quantitativo obtendo assim uma
imagem da evolução das propriedades do betão ao longo do tempo. Os
modelos com abordagens de desempenho serão ramificados ainda em dois
tipos de estudos. Um estudo determinístico, em que os parâmetros do modelo
são caracterizados pelas suas médias e um estudo probabilístico, em que a
estes são atribuídos uma média e um desvio padrão. Neste último caso, a
durabilidade irá ser expressa através da probabilidade de falha e da fiabilidade
obtidos para cada um dos modelos, comparando-os com os valores alvo
especificados nos seus respetivos métodos.

67
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

5.3.1. CENÁRIOS DE PROJETO SEGUNDO A LNEC E464

Segundo esta especificação a durabilidade é assegurada através de


valores fixos conforme a classe de exposição e o tempo de vida útil pretendido,
de 50 ou 100 anos. Os valores de recobrimento mínimo, razão água/cimento
máxima, quantidade de cimento mínima e classe de resistência mínima, têm
por base a experiência de inúmeras estruturas contruídas em ambientes
similares aos apresentados.
Para o caso de estudo em vigor considerou-se que ao ambiente da
estrutura é adequada a classe de exposição XS3, ou seja, corrosão induzida
por cloretos da água do mar em zonas de marés, de rebentação ou salpicos.
Esta classe de exposição é aplicável a estruturas ou elementos de uma
estrutura situados desde dez metros acima da maré alta até um metro abaixo
da maré baixa que é o caso da estrutura em estudo.
Relativamente à vida útil pretendida para estruturas de grande
importância, como é o caso de um porto, esta deve ser estipulada em 100
anos. Para esta eventualidade e para a classe de exposição em causa a LNEC
E464 refere que o recobrimento mínimo para estes casos deve de ser
aumentado em 10mm. Deste modo obtemos os valores prescritivos constantes
da tabela 5.1.

Tabela 5. 1 - Abordagem prescritiva

CEM IV/A; CEM IV/B; CEM III/A; CEM


Tipo de Cimento CEM I; CEM II/A
III/B; CEM V; CEM II/B; CEM II/A-D
Mínimo recobrimento
65 mm 65 mm
nominal (mm)
Máxima razão
0,45 0,40
água/cimento
Mínima dosagem de
340 380
cimento, C (kg/m3)
Mínima classe de C 35/45 C 50/60
resistência LC 35/38 LC50/55

68
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

5.3.2. CENÁRIO DE PROJETO SEGUNDO A LNEC E465

5.3.2.1. Análise semi-probabilística segundo a LNEC E465

Nesta alínea irá ser feito o estudo da durabilidade utilizando uma


abordagem de desempenho em que os parâmetros do modelo assumem o seu
valor médio. A este modelo é ainda introduzido um fator de segurança  que
majora o tempo de vida útil a cumprir pelo elemento ou estrutura, tratando-se
deste modo de um modelo semi-probabilístico de durabilidade.
Como o ambiente e classe de exposição (XS3) da zona de implantação
são conhecidos, alguns parâmetros irão manter-se fixos como, por exemplo, a
temperatura média de quinze graus centígrados, a posição do elemento em
relação à costa (0 km) e a condição de cura, que foi definida como normalizada
para todos os casos. Os restantes parâmetros vão depender dos cenários
desenvolvidos.
Numa primeira fase a partir da transformação da expressão 3.4 foi obtida
a expressão 5.2 que relaciona o coeficiente de difusão potencial em função do
recobrimento. Traçando esta equação obtivemos o gráfico da figura 5.25.

1
𝐷0 = 2
2 𝐶𝑟−𝐶𝑖 (5.2)
(𝑥 𝑒𝑟𝑓 −1 (1 −𝐶 )) × 𝑡𝑖 1−𝑛 × 𝑘 × 𝑡0𝑛
𝑠−𝐶𝑖

Em que:
D0 - É o coeficiente de difusão potencial (m2/s);
X - Recobrimento (m);
Cr - Teor de cloretos que dá inicio á despassivação da armadura
(%/massa de ligante);
Cs - Concentração superficial de cloretos (%/massa de ligante);
Ci - Concentração inicial de cloretos (%/massa de ligante);
ti - Tempo de iniciação (ano);
k - Fatores que têm em conta a influência das condições de cura,
humidade relativa e temperatura;
t0 - Tempo inicial 28 dias;

69
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

n - Fator que tem em conta o decréscimo da difusão no tempo.

2,5E-11
CEM I/II
A/C=0.3
2E-11 CEM III/IV/V
A/C=0.3

1,5E-11 CEM I/II


D0 (m2/s)

A/C=0.4

1E-11 CEM III/IV/V


A/C=0.4

5E-12 CEM I/II


A/C=0.5

CEM III/IV/V
0
A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1
Recobrimento (m)
Figura 5. 25 - D0 = f(x) para um tempo de vida útil de 100 anos

Na figura 5.13 apresentam-se os resultados obtidos para o coeficiente


de difusão potencial máximo permitidos para diferentes recobrimentos
considerando uma vida útil de 100 anos e o betão constituído por cimento tipo
I/II ou tipo III/IV/V e para as razões água/cimento de 0.3, 0.4 e 0.5.
É relevante denotar que os cimentos do tipo CEM III/IV/V apresentam
valores de coeficiente de difusão potencial maiores do que os do tipo I/II, sendo
que mesmo quando os primeiros têm razões água/cimento maiores estes
continuam a permitir coeficientes superiores, ou seja, continuam a resistir
melhor à difusão de cloretos. É possível que este facto se deva ao fator n, fator
que tem em conta o decréscimo da difusão ao longo do tempo que para
cimentos tipo III/IV/V tem um valor superior, obrigando a difusão nestes casos a
diminuir mais rapidamente. Pode ser tirada a conclusão que a escolha do tipo
de cimento tem mais influência do que a escolha da dosagem de cimento em
termos da durabilidade relativa à ação dos cloretos.
Para o mesmo tipo de cimento, à medida que sobe a razão
água/cimento diminui o seu coeficiente de difusão potencial máximo permitido,
isto possivelmente porque à medida que sobe a razão água/cimento aumentam
também o número de poros que são potenciais canais por onde se podem
difundir os cloretos através do betão.

70
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Ainda no âmbito dos cenários determinísticos e semi-probabilístico foram


analisados quatro tipos de cimento, CEM I 42,5R, CEM I 42,5R+CV, CEM I
42,5R+SF e o CEM III/B 42,5. A estes foi feito variar a razão água/cimento e a
sua idade obtendo deste modo a relação entre o recobrimento e o teor de
cloretos para as diferentes situações apresentados no Anexo C. Os valores dos
coeficientes de difusão potencial, D0 foram admitidos como equivalentes aos
valores dos coeficientes de migração de cloretos presentes na fib 34 obtidos
através do “Rapid Chloride Migration Test”, DRCM,0. Segundo o fib 76 o uso
destes valores é permitido, pois os valores de DRCM,0 são inferiores ou iguais a
D0, obtido através de testes de difusão laboratoriais, com uma exposição de
dois anos, nas idades iniciais para a maioria dos betões.
Há também algumas suposições a ser tiradas das figuras C.1 a C.10 do
anexo C. Em primeiro lugar, é evidente que o tipo de cimento que apresenta
maiores teores de cloretos, qualquer que seja a vida útil é o CEM I com
A/C=0,5 destacando-se claramente dos restantes, tal como o CEM III/B com
A/C=0,4 é aparentemente aquele que resiste mais à penetração de cloretos
exibindo os teores mais baixos de cloretos ao longo do tempo.
De um modo geral todas as misturas estudadas sofrem um aumento do
teor de cloretos devido à difusão do ião com o evoluir do tempo (figura 5.26 e
5.27).

4 CEM I
A/C=0.4
Cxt (%/massa de ligante)

3,5 CEM I
A/C=0.5
3
CEM I+CV
2,5 A/C=0.4
CEM I+CV
2 A/C=0.5
CEM I+SF
1,5 A/C=0.4
CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5
A/C=0.4
0 CEM III/B
A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura 5. 26 - Perfis de cloretos aos 10 anos segundo LNEC E465

71
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

4,5
CEM I
4 A/C=0.4
Cxt (%/massa de ligante)

CEM I
3,5 A/C=0.5
CEM I+CV
3
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
1,5 A/C=0.4
CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5
A/C=0.4
0 CEM III/B
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 A/C=0.5
-0,5
Recobrimento (m)
Figura 5. 27 - Perfis de cloretos aos 100 anos segundo LNEC E465

Dá para perceber que entre os betões constituídos por cimentos do tipo


CEM I, aqueles que apresentam maiores percentagens de cloretos são aqueles
que apresentam traços com razões água/cimento superiores. Desta forma, é
possível dizer que as adições, embora aumentem a resistência dos betões à
penetração de cloretos, esse aumento será mais significativo com a utilização
de um betão sem adições, mas com uma razão água/cimento inferior. Existe
um tipo de cimento que foge a esta regra, o CEM I 42,5R+SF que interseta a
curva do cimento tipo CEM I 42,5R+CV com A/C=0.5 e do cimento tipo CEM I
com A/C=0.4, o primeiro logo nos primeiros milímetros do recobrimento e o
segundo nos 20 a 50 mm dependendo do tempo de vida do betão. A curva
deste cimento tem um decréscimo ao longo do recobrimento mais acentuado
pois o seu coeficiente de difusão potencial é menor que os outros dois como
pode ser confirmado nas tabelas 5.4 e 5.7, ou seja, a sua resistência à difusão
é superior.
No âmbito do dimensionamento da durabilidade são apresentadas ainda
as tabelas 5.2 e 5.3 que especificam os recobrimentos que se devem adotar de
modo a que o teor de cloretos na zona da armadura seja inferior aos valores da
especificação LNEC para vários tempos de vida útil.

72
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Tabela 5. 2 - Recobrimentos para CEM I e CEM I+CV

CEM I 42,5R CEM I 42,5R+CV


A/C A/C
0,4 0,5 0,4 0,5
Idade (anos) Recobrimento (m) C(x,t) Recobrimento (m) C(x,t) Recobrimento (m) C(x,t) Recobrimento (m) C(x,t)
10 0,06 0,29 0,09 0,22 0,05 0,24 0,07 0,19
20 0,29 0,1 0,28 0,21 0,08 0,21
0,07
30 0,40 0,11 0,27 0,06 0,31 0,19
0,09
40 0,32 0,12 0,25 0,38 0,25
0,08
50 0,38 0,21 0,26 0,20
60 0,29 0,13 0,26 0,31 0,1 0,24
0,07
70 0,33 0,30 0,35 0,28
0,09
80 0,36 0,25 0,39 0,21
0,14
90 0,39 0,28 0,26 0,11 0,23
0,08
100 0,1 0,30 0,15 0,23 0,29 0,26

Tabela 5. 3 - Recobrimentos para CEM I+SF e CEM III/B


CEM I 42,5R+SF CEM III/B
A/C A/C
0,4 0,55 0,4 0,5
Idade (anos) Recobrimento (m) C(x,t) Recobrimento (m) C(x,t) Recobrimento (m) C(x,t) Recobrimento (m) C(x,t)
10 0,17 0,05 0,29 0,17 0,16
0,05 0,03
20 0,32 0,06 0,26 0,02 0,29 0,29
30 0,23 0,19 0,37 0,10
0,07
40 0,06 0,29 0,26 0,07 0,13
50 0,35 0,17 0,09 0,16
60 0,23 0,21 0,11 0,19
0,08 0,04
70 0,26 0,25 0,03 0,13 0,21
80 0,07 0,29 0,29 0,14 0,24
90 0,32 0,19 0,16 0,26
0,09
100 0,35 0,21 0,17 0,28

5.3.2.2. Análise Probabilística Segundo a LNEC E465

O objetivo desta análise probabilística é criar cenários de maneira a


atingir uma fiabilidade e probabilidade de falha alvo especificada na LNEC
E465. Para a classe de fiabilidade RC3 onde se insere a estrutura em análise,
o valor de  e de probabilidade de falha é de 2 e 2,3x10-2, respetivamente. Para
realizar a análise probabilística recorreu-se à ferramenta de cálculo Matlab,
obrigando a que esta simule 1000000 resultados utilizando o modelo
matemático da especificação LNEC E465 e, posteriormente, o método de
Monte Carlo para obter a probabilidade de falha e fiabilidade do cenário.
Os tipos de cimento analisados foram CEM I 42,5R com A/C=0.4,
A/C=0.5 e A/C=0.6, CEM I 42,5R+CV com A/C=0.4, A/C=0.5 e A/C=0.6, CEM I
42,5R+SF com A/C=0.4 e A/C=0.55 e CEM III/B com A/C=0.4, A/C=0.5 e
A/C=0.6. Para cada um destes cenários fez-se variar o recobrimento até obter

73
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

uma fiabilidade superior e uma probabilidade de falha inferior ao estipulado no


modelo aos 100 anos.
Em relação aos parâmetros introduzidos assumiu-se os valores da
especificação LNEC E465, exceto o D0 que foi admitido como equivalente aos
valores dos coeficientes de migração de cloretos presentes na fib 34, obtidos
através do “Rapid Chloride Migration Test”, DRCM,0, e o desvio padrão de Cs que
foi considerado, baseado num estudo feito a provetes expostos em Cascais,
igual a 15% da sua média (Ferreira, 2006).
Em seguida (tabela 5.4) encontram-se os valores de entrada do modelo
e suas distribuições, e nas figuras D.1 a D.22 do anexo D a evolução da
fiabilidade e probabilidade de falha até aos 100 anos, idade para a qual se está
a dimensionar a durabilidade.

Tabela 5. 4 - Parâmetros de entrada do modelo LNEC E465

Cs (%/massa Recobrimento Temperatura Ccr (%/massa


Parâmetros D0 (m2 /s) n
de ligante) (mm) (°C) de ligante)
Distribuição Normal Determinístico Normal Normal Determinístico Normal
Média 3,6 8,9x10-12 111 0,55 15 0,4
CEM I A/C=0,4
Desvio Padrão 0,54 - 10 0,05 - 0,04
Média 4,5 15,8x10-12 165 0,55 15 0,3
CEM I A/C=0,5
Desvio Padrão 0,675 - 10 0,05 - 0,03
Média 5,4 25x10-12 214 0,55 15 0,3
CEM I A/C=0,6
Desvio Padrão 0,81 - 10 0,05 - 0,03
Média 3,6 5,6x10-12 91 0,55 15 0,4
CEM I+CV A/C=0,4
Desvio Padrão 0,54 - 10 0,05 - 0,04
Média 4,5 9x10-12 127 0,55 15 0,3
CEM I+CV A/C=0,5
Desvio Padrão 0,675 - 10 0,05 - 0,03
Média 5,4 14,9x10-12 167 0,55 15 0,3
CEM I+CV A/C=0,6
Desvio Padrão 0,81 - 10 0,05 - 0,03
Média 3,6 4,8x10-12 85 0,55 15 0,4
CEM I+SF A/C=0,4
Desvio Padrão 0,54 - 10 0,05 - 0,04
Média 4,5 5,3x10-12 102 0,55 15 0,3
CEM I+SF A/C=0,55
Desvio Padrão 0,675 - 10 0,05 - 0,03
Média 5,4 1,4x10-12 43 0,65 15 0,4
CEM III/B A/C=0,4
Desvio Padrão 0,81 - 10 0,05 - 0,04
Média 3,6 2,8x10-12 58 0,65 15 0,3
CEM III/B A/C=0,5
Desvio Padrão 0,54 - 10 0,05 - 0,03
Média 4,95 3,4x10-12 64 0,65 15 0,3
CEM III/B A/C=0,6
Desvio Padrão 0,7425 - 10 0,05 - 0,03

74
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

5.3.3. CENÁRIOS DE PROJETO SEGUNDO O MODEL CODE 2010

5.3.3.1. Análise Determinística Segundo o Model Code 2010

O Model Code 2010 apresenta um modelo mais refinado que a


especificação LNEC E465, na medida em que para cada tipo de cimento
estudado neste trabalho é indicado um expoente de envelhecimento retirado
através de estudos baseados num “Rapid Chloride Migration Test”. A
especificação deste expoente permite perceber a evolução do coeficiente de
difusão aparente nos vários tipos de cimento em estudo, ao contrário do que
acontece na especificação LNEC E465 que nesse contexto só diferencia
cimentos tipo CEM I/II e CEM III/IV/V.
Tal como nos cenários da especificação LNEC E465, neste caso vão ser
usados os valores de DRCM,0 do fib 34 baseados também num “Rapid Chloride
Migration Test”. Os valores de Cs também vão ser idênticos aos valores dos
cenários da especificação LNEC E465. Desta forma, é possível comparar os
resultados dos dois modelos com mais rigor.
A zona de convexão (figura 5.28) é uma zona em que a difusão se dá
muito rapidamente devido à sucção capilar, transportando os cloretos para uma
profundidade igual a Δx. Este fenómeno ocorre quando o betão está exposto
numa zona ciclicamente seca e húmida como em zonas de maré. Este
fenómeno não se enquadra no presente estudo pois, o fib 34 diz que betão em
zonas “spray”, a uma distância superior a 1.5m da fonte de cloretos, e betão
em zona submerssa, este fenómeno pode ser desprezado e a zona de
convexão, ou seja, a profundidade a partir da superfície do recobrimento
exposta ao ambiente que não se rege pela segunda lei de Fick é igual a zero.
Assumiu-se ainda neste modelo que a temperatura a que o betão está
exposto é de 15 ºC ou 288 K.
Nas figuras C.1 a C.10, do anexo C, apresenta-se uma análise de
projeto referente aos mesmos tipos de cimento analisados no subcapítulo
5.2.2.

75
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Figura 5. 28 - Perfil de cloretos com zona de convexão(Meira, Ferreira, Jerônimo, &


Carneiro, 2014)

Os tipos de cimento com teor mais alto e mais baixo ao longo do tempo
e ao longo do recobrimento são o CEM I, com A/C=0.5, e o CEM III/B, com
A/C=0.4, respetivamente, tal como na análise determinística da especificação
LNEC E465. É interessante ver que todos os cimentos com o passar dos anos
vão apresentando variações cada vez menos abruptas, sendo que os cimentos
do tipo CEM I quase descrevem um decréscimo linear de cloretos para a vida
útil de 100 anos (figura 5.29 e 5.30).

4
CEM I
A/C=0.4
Cxt (%/massa de ligante)

3,5
CEM I
3 A/C=0.5
CEM I+CV
2,5 A/C=0.4
CEM I+CV
2 A/C=0.5
CEM I+SF
1,5
A/C=0.4
CEM I+SF
1
A/C=0.55
0,5 CEM III/B
A/C=0.4
0 CEM III/B
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 A/C=0.5
-0,5
Recobrimento (m)
Figura 5. 29 - Perfis de cloretos aos 10 anos segundo Model Code

76
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

4,5
Cxt (%/massa de ligante) CEM I
4 A/C=0.4
3,5 CEM I
A/C=0.5
3 CEM I+CV
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
1,5 A/C=0.4
CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5 A/C=0.4
CEM III/B
0 A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura 5. 30 - Perfis de cloretos aos 100 anos segundo Model Code

É relevante ver que, ao contrário da análise anterior, os teores de


cloretos dos cimentos CEM I apresentam valores crescentes, conforme os
diferentes tipos, da seguinte forma, CEM I 42,5R+CV, CEM I 42,5R+SF e CEM
I 42,5R, respetivamente, independentemente da razão água/cimento. Estas
diferenças significativas de resultados entre as análises são possivelmente
devido ao expoente de envelhecimento que no Model Code 2010 são
especificados para cada tipo de cimento. Isso é visível nos cimentos CEM I
42,5R+SF e CEM I 42,5R+CV que, embora o primeiro apresente coeficientes
de migração mais baixos, é o segundo que demonstra menores teores de
cloretos.
No âmbito do dimensionamento da durabilidade são apresentadas ainda
as tabelas 5.5 e 5.6 que especificam os recobrimentos mínimos que se devem
adotar de modo a que o teor de cloretos na zona da armadura seja inferior a
0,38 %/massa de ligante para vários tempos de vida útil.

77
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Tabela 5. 5 - Recobrimentos para CEM I e CEM I+CV


CEM I 42,5R CEM I 42,5R+CV
A/C A/C
0,4 0,5 0,4 0,5
Idade (anos) Recobrimento (m) C(x,t) Recobrimento (m) C(x,t) Recobrimento (m) C(x,t) Recobrimento (m) C(x,t)
10 0,06 0,20 0,08 0,25 0,02 0,34 0,03 0,22
20 0,07 0,29 0,1 0,27 0,10 0,10
30 0,08 0,29 0,11 0,33 0,16 0,15
40 0,28 0,12 0,34 0,21 0,20
0,09
50 0,37 0,13 0,34 0,03 0,25 0,04 0,25
60 0,1 0,32 0,14 0,33 0,29 0,29
70 0,27 0,31 0,32 0,33
0,15
80 0,11 0,32 0,37 0,35 0,37
90 0,37 0,16 0,34 0,11 0,15
0,04 0,05
100 0,12 0,31 0,17 0,31 0,13 0,17

Tabela 5. 6 - Recobrimentos para CEM I+SF e CEM III/B


CEM I 42,5R+SF CEM III/B
A/C A/C
0,4 0,55 0,4 0,5
Idade (anos) Recobrimento (m) C(x,t) Recobrimento (m) C(x,t) Recobrimento (m) C(x,t) Recobrimento (m) C(x,t)
10 0,03 0,35 0,04 0,17 0,07 0,06
20 0,04 0,26 0,16 0,02 0,20 0,03 0,19
0,05
30 0,17 0,28 0,31 0,31
40 0,24 0,18 0,06 0,11
0,05
50 0,31 0,06 0,25 0,09 0,16
60 0,38 0,32 0,12 0,20
70 0,23 0,19 0,03 0,15 0,04 0,25
80 0,27 0,24 0,18 0,29
0,06 0,07
90 0,31 0,28 0,21 0,33
100 0,34 0,32 0,23 0,37

5.3.3.2. Cenários Probabilísticos Segundo o Model Code 2010

O objetivo desta análise probabilística é criar cenários de maneira a


atingir uma fiabilidade e probabilidade de falha alvo especificada pelo Model
Code 2010. Esses valores são de 1,3 e 1,0 x 10-1, respetivamente. Para se
obter resultados, recorreu-se mais uma vez à ferramenta de cálculo Matlab em
que com esta se simularam 1’000’000 resultados segundo o Model Code e
posteriormente pelo método de Monte Carlo para obter a probabilidade de falha
e fiabilidade do cenário.
Os tipos de cimento analisados foram CEM I 42,5R com A/C=0.4,
A/C=0.5 e A/C=0.6, CEM I 42,5R+CV com A/C=0.4, A/C=0.5 e A/C=0.6, CEM I
42,5R+SF com A/C=0.4 e A/C=0.55 e CEM III/B com A/C=0.4, A/C=0.5 e
A/C=0.6. Para cada um destes cenários fez-se variar o recobrimento até obter
uma fiabilidade superior, e uma probabilidade de falha inferior, ao estipulado no
modelo para os 100 anos.

78
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Em relação aos parâmetros introduzidos assumiu-se os valores exibidos


no “fib Bulletin 34” à exceção dos valores de Cs que neste estudo foram
considerados iguais aos da análise da LNEC E465 para facilitar a comparação
dos modelos.
Em seguida na tabela 5.7 encontram-se os valores de entrada do
modelo, e nas figuras F.1 a F.22 do anexo F a evolução da fiabilidade e
probabilidade de falha até aos 100 anos, idade para a qual se está a
dimensionar a durabilidade.

Tabela 5. 7 - Parâmetros de entrada do Model Code 2010


Cs (%/massa Cnom Ccr (%/massa
Parâmetros Drcm,0 (m2/s) a Δx be (K) T real (K)
de ligante) (mm) de ligante)
Distribuição Lognormal Determinístico Normal Beta Determinístico Determinístico Normal Beta
Média 3,6 8,9x10-12 175 0,3 0 4800 288 0,6
CEM I A/C=0,4
Desvio Padrão 0,54 - 10 0,12 - - 5 0,15
Média 4,5 15,8x10-12 252 0,3 0 4800 288 0,6
CEM I A/C=0,5
Desvio Padrão 0,675 - 10 0,12 - - 5 0,15
Média 5,4 25x10-12 336 0,3 0 4800 288 0,6
CEM I A/C=0,6
Desvio Padrão 0,81 - 10 0,12 - - 5 0,15
Média 3,6 5,6x10-12 60 0,6 0 4800 288 0,6
CEM I+CV A/C=0,4
Desvio Padrão 0,54 - 10 0,15 - - 5 0,15
Média 4,5 9x10-12 80 0,6 0 4800 288 0,6
CEM I+CV A/C=0,5
Desvio Padrão 0,675 - 10 0,15 - - 5 0,15
Média 5,4 14,9x10-12 108 0,6 0 4800 288 0,6
CEM I+CV A/C=0,6
Desvio Padrão 0,81 - 10 0,15 - - 5 0,15
Média 3,6 4,8x10-12 110 0,4 0 4800 288 0,6
CEM I+SF A/C=0,4
Desvio Padrão 0,54 - 10 0,16 - - 5 0,15
Média 4,5 5,3x10-12 129 0,4 0 4800 288 0,6
CEM I+SF A/C=0,55
Desvio Padrão 0,675 - 10 0,16 - - 5 0,15
Média 5,4 1,4x10-12 62 0,45 0 4800 288 0,6
CEM III/B A/C=0,4
Desvio Padrão 0,81 - 10 0,2 - - 5 0,15
Média 3,6 2,8x10-12 93 0,45 0 4800 288 0,6
CEM III/B A/C=0,5
Desvio Padrão 0,54 - 10 0,2 - - 5 0,15
Média 4,95 3,4x10-12 108 0,45 0 4800 288 0,6
CEM III/B A/C=0,6
Desvio Padrão 0,7425 - 10 0,2 - - 5 0,15

5.3.4. ANÁLISE DE RESULTADOS

Neste capítulo irão ser feitas algumas considerações acerca dos


resultados dos diferentes modelos e abordagens de projeto, efetuadas acima.
Com base nos resultados da análise de projeto para cimentos do tipo
CEM I 42,5R pode-se dizer que a abordagem que aos 100 anos apresenta os
menores valores mínimos de recobrimento são os da LNEC E464, seguida dos
resultados semi-probabilísticos da LNEC E465 e determinísticos do Model
Code 2010. Para os cimentos do tipo CEM III/B 42,5 e CEM I com adições essa
tendência é invertida. Por fim, generalizando pode-se dizer ainda que os
resultados mais conservativos são os probabilísticos pois entre as abordagens

79
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

de desempenho, (determinísticas, semi-probabilísticas e probabilísticas) estas


apresentam recobrimentos maiores que as restantes abordagens.
Estes resultados eram esperados e são corroborados pela literatura
sobre o assunto. Embora os modelos probabilísticos sejam os mais
conservativos, e permitam obter resultados que têm em conta a variabilidade
dos parâmetros, estes não são muito utilizados em projeto. Bentz (2003) diz
que há quem considere que a modelação probabilística da corrosão é difícil de
compreender, demasiado lenta a calcular e de valor limitado devido à sua forte
dependência dos valores de entrada assumidos, atribuindo estas razões como
responsáveis pelo ceticismo relativo a estes modelos.
Comparando os resultados do modelo determinístico do Model Code
2010 com os do modelo semi-probabilístico da LNEC E465 reconhece-se uma
semelhança nos recobrimentos obtidos para os cimentos tipo CEM III/B 42,5,
enquanto os cimentos CEM I com adições apresentam valores dispares
observando-se recobrimentos mínimos bastante superiores no modelo baseado
na especificação LNEC E465, na ordem dos 2 cm para os cimentos com sílica
de fumo e o dobro para betões com cinzas volantes. O cimento tipo CEM I
42,5R apresenta recobrimentos mínimos superiores quando é aplicado o Model
Code 2010 também na ordem dos 2 cm para idades mais avançadas. É
possível que esta disparidade de resultados nos cimentos com adições se deva
ao fator de envelhecimento que no Model Code é especificado para cada um
dos tipos de cimento e na LNEC E465 não.
Analisando os recobrimentos mínimos dos modelos probabilísticos,
existe um conflito de resultados quando comparados com os resultados do
modelo semi-probabilístico e determinístico analisados em cima. De um modo
geral o modelo baseado no Model Code apresenta valores superiores de
recobrimentos mínimos exceto nos cimentos CEM I 42,5R+CV em que essa
tendência se inverte.
Há várias hipóteses que podem explicar esta alteração na tendência de
resultados, sendo possível que seja devido à variação dos parâmetros
introduzidos nos modelos probabilísticos. Há ainda a hipótese de que esta
alteração seja devida a restrições dos modelos computacionais desenvolvidos
ao longo deste trabalho.

80
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

6. CONCLUSÃO
No trabalho que aqui se conclui procurou-se estudar os modelos mais
em voga para a caracterização da durabilidade de estruturas de betão armado
quando estas se encontram em ambientes expostos à ação dos cloretos
proveniente da água do mar, o Model Code 2010 e as especificações LNEC
E464 e LNEC E465. Estes modelos foram utilizados de uma maneira
determinística no caso do Model Code 2010, semi-probabilística no caso da
LNEC E465 e probabilística para os dois casos. No decorrer do estudo foi
desenvolvido ainda, segundo as abordagens probabilísticas destes modelos,
um modelo computacional em que é possível simular resultados, por forma a
obter rapidamente valores de fiabilidade e probabilidade de falha, para
diferentes cenários (Anexo G e H).
Os modelos estudados e desenvolvidos foram posteriormente, após
validação e análise, aplicados a um caso de estudo, o terminal de petroleiros e
viaduto sobrejacente situado no porto de Leixões.
Inicialmente, tentou-se recriar as propriedades do betão que ao longo
dos anos sofreu um ataque por parte de cloretos, provenientes do Oceano
Atlântico (ambiente muito agressivo). Esta fase teve por base os ensaios “in
situ” realizados nas vigas das estruturas. Os dados do relatório de inspeção e
dos ensaios realizados foram fornecidos pela Administração dos Portos do
Douro Leixões e Viana do Castelo. Com estes dados, e com recurso a
observações efetuadas no local, foi possível perceber o estado da estrutura e,
desta forma, aferir a necessidade de intervenção, e em alguns casos,
substituição de elementos desta estrutura de 50 anos de idade e que se
encontra em fim de vida útil.
Os resultados deste estudo indicam que a abordagem probabilística do
Model Code 2010 é aquela que melhor se aproxima à realidade. No entanto, os
tempos de iniciação da despassivação parecem curtos uma vez que só nos
últimos anos é que a estrutura se pode considerar em fim de vida útil, daí
implicando um tempo de propagação aparentemente demasiado extenso.
Estruturas neste tipo de ambiente tem tempos de propagação tipicamente
curtos devido à fácil acessibilidade de oxigénio e humidade.

81
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Há várias razões que podemos apontar para explicar estas


incongruências. Em primeiro lugar, e provavelmente a mais importante, é o fato
destes modelos não terem em conta a presença de macro fissuras nos
elementos, o que não traduz a realidade. O ataque simultâneo de outros
agentes, como o efeito da carbonatação, que embora seja mínimo nestes
elementos é possível que conduza a uma porosidade menor e por sua vez à
desaceleração da penetração de cloretos em certos casos. As intervenções de
reabilitação, que podem ter alterado a forma como os cloretos penetram no
betão, e que não foram tidas em conta no cálculo dos parâmetros retirados dos
perfis de cloretos, podem estar também na causa desta incoerência.
Relativamente ao caso de estudo foi feita, posteriormente, uma análise
de projeto como se o terminal fosse construído de novo nos dias de hoje em
que foram imaginados cenários para vários tipos de cimento.
Relativamente aos cenários desenvolvidos, através dos resultados
obtidos, pode-se concluir que entre os tipos de cimento estudados o cimento
tipo CEM III/B 42.5 que contem escória de alto-forno é aquele que resiste mais
ao ambiente da zona em estudo, relativamente ao ataque de cloretos, obtendo-
se os menores valores de recobrimento. Por outro lado, o cimento CEM I 42.5R
apresenta resultados que se podem considerar economicamente inviáveis
obtendo-se recobrimentos dos 100 aos 336 mm, dependendo da razão
água/cimento e do modelo utilizado na fase de projeto. Quanto aos restantes
tipos de cimento estudados, estes não apresentam dados conclusivos. No
entanto com base nos resultados é possível dizer que estas soluções podem
ser mais adequadas ao ambiente do que as soluções onde se utiliza o cimento
CEM I 42.5R.
São sugeridos ainda neste capítulo alguns desenvolvimentos futuros
relativos a esta temática:

- Definição de cenários de projeto alternativos aplicados ao caso de


estudo, com recurso a tipos de cimento e razões água cimento
diferentes;

82
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

- Utilização de modelos desenvolvidos, apoiados em ensaios de difusão


laboratoriais de longa duração (2 anos) por forma a obter parâmetros
mais fidedignos;

- Aplicação dos modelos desenvolvidos em elementos com classes de


exposição XS1, XS2 e XD e em zonas com ciclos de
molhagem/secagem e submersas;

- Aprimoramento dos modelos, ou parâmetros de entrada dos mesmos


para ter em conta o ataque simultâneo de outros agentes;

- Aprimoramento dos modelos, ou parâmetros de entrada para ter em


conta o efeito das fissuras;

- Aplicação dos modelos a estruturas com classes de consequência


(edifícios, pontes escolas hospitais, etc.) e zonas de exposição
ambiental (proximidade do mar, temperatura) distintos.

83
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

84
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

8. ANEXOS

Anexo A - Perfis de Cloretos Durante a Vida Útil LNEC E465………………….86


Anexo B – Cenários de Projeto Segundo LNEC E465……...............................91
Anexo C - Perfis de Cloretos Durante a Vida Útil Model Code.....……………...95
Anexo D - Cenários de Projeto Segundo Model Code……...………………….100
Anexo E – Modelo Computacional Probabilístico do Model Code 2010…......104
Anexo F – Modelo Computacional Probabilístico da LNEC E465…………….109

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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Anexo A - Perfis de Cloretos Durante a Vida Útil LNEC E465

4 CEM I
A/C=0.4
Cxt (%/massa de ligante)

3,5 CEM I
A/C=0.5
3
CEM I+CV
2,5 A/C=0.4
CEM I+CV
2 A/C=0.5
CEM I+SF
1,5 A/C=0.4
CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5
A/C=0.4
0 CEM III/B
A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura A. 1 - Perfis de cloretos para 10 anos

4,5 CEM I
A/C=0.4
Cxt (%/massa de ligante)

4
CEM I
3,5 A/C=0.5
CEM I+CV
3 A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
A/C=0.4
1,5 CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5 A/C=0.4
CEM III/B
0 A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura A. 2 - Perfis de cloretos para 20 anos

90
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

4,5 CEM I
A/C=0.4
Cxt (%/massa de ligante)
4
CEM I
3,5 A/C=0.5
CEM I+CV
3 A/C=0.4
CEM I+CV
2,5 A/C=0.5
2 CEM I+SF
A/C=0.4
1,5 CEM I+SF
A/C=0.55
1 CEM III/B
A/C=0.4
0,5 CEM III/B
0 A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura A. 3 - Perfis de cloretos para 30 anos

4,5
CEM I
4
Cxt (%/massa de ligante)

A/C=0.4
3,5 CEM I
A/C=0.5
3 CEM I+CV
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
1,5 A/C=0.4
CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5 A/C=0.4
CEM III/B
0 A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)

Figura A. 4 - Perfis de cloretos para 40 anos

91
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

4,5 CEM I
A/C=0.4
4 CEM I
Cxt (%/massa de ligante)

A/C=0.5
3,5 CEM I+CV
3 A/C=0.4
CEM I+CV
2,5 A/C=0.5
CEM I+SF
2 A/C=0.4
CEM I+SF
1,5
A/C=0.55
1 CEM III/B
A/C=0.4
0,5 CEM III/B
A/C=0.5
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura A. 5 - Perfis de cloretos para 50 anos

4,5
CEM I
Cxt (%/massa de ligante)

4 A/C=0.4
CEM I
3,5 A/C=0.5
CEM I+CV
3
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
A/C=0.4
1,5 CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5 A/C=0.4
CEM III/B
0 A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura A. 6 - Perfis de cloretos para 60 anos

92
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

4,5
CEM I
Cxt (%/massa de ligante)
4 A/C=0.4
CEM I
3,5
A/C=0.5
3 CEM I+CV
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
1,5 A/C=0.4
CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5 A/C=0.4
CEM III/B
0 A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura A. 7 - Perfis de cloretos para 70 anos

4,5 CEM I
4 A/C=0.4
Cxt (%/massa de ligante)

CEM I
3,5 A/C=0.5
3 CEM I+CV
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2
CEM I+SF
1,5 A/C=0.4
CEM I+SF
1 A/C=0.55
0,5 CEM III/B
A/C=0.4
0 CEM III/B
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 A/C=0.5
-0,5
Recobrimento (m)
Figura A. 8 - Perfis de cloretos para 80 anos

93
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

4,5 CEM I
Cxt (%/massa de ligante)
A/C=0.4
4
CEM I
3,5 A/C=0.5
CEM I+CV
3
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
1,5 A/C=0.4
CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5
A/C=0.4
0 CEM III/B
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 A/C=0.5
-0,5
Recobrimento (m)
Figura A. 9 - Perfis de cloretos para 90 anos

4,5
CEM I
4 A/C=0.4
Cxt (%/massa de ligante)

CEM I
3,5 A/C=0.5
CEM I+CV
3
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
1,5 A/C=0.4
CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5
A/C=0.4
0 CEM III/B
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 A/C=0.5
-0,5
Recobrimento (m)
Figura A. 10 - Perfis de cloretos para 100 anos

94
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Anexo B – Cenários de Projeto Segundo LNEC E465

0,025 6
Probabilidade de Falha

0,02 5

Fiabilidade
4
0,015
3
0,01
2
0,005
1
0
0 50 100 150 0
-0,005 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura B. 1 - Probabilidade de falha para Figura B. 2 - Fiabilidade para CEM I 42.5R
CEM I 42.5R com A/C=0.4 com A/C=0.4

0,025 5
4,5
Probabilidade de Falha

0,02 4
3,5
Fiabilidade

0,015 3
2,5
0,01
2
1,5
0,005
1
0,5
0
0 50 100 150 0
-0,005 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura B. 3 - Probabilidade de falha para Figura B. 4 - Fiabilidade para CEM I 42.5R
CEM I 42.5R com A/C=0.5 com A/C=0.5

0,025 5
4,5
Probabilidade de Falha

0,02 4
3,5
Fiabilidade

0,015 3
2,5
0,01
2
1,5
0,005
1
0 0,5
0 50 100 150 0
-0,005 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura B. 5 - Probabilidade de falha para Figura B. 6 - Fiabilidade para CEM I 42.5R
CEM I 42.5R com A/C=0.6 com A/C=0.6

95
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

0,025 5
4,5
Probabilidade de Falha

0,02 4
3,5

Fiabilidade
0,015
3
2,5
0,01
2
0,005 1,5
1
0 0,5
0 50 100 150 0
-0,005 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura B. 7 - Probabilidade de falha para Figura B. 8 - Fiabilidade para CEM I
CEM I 42.5R+CV com A/C=0.4 42.5R+CV com A/C=0.4

0,025 5
4,5
Probabilidade de Falha

0,02 4
3,5
Fiabilidade

0,015
3
2,5
0,01
2
0,005 1,5
1
0 0,5
0 50 100 150 0
-0,005 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura B. 9 - Probabilidade de falha para Figura B. 10 - Fiabilidade para CEM I
CEM I 42.5R+CV com A/C=0.5 42.5R+CV com A/C=0.5

0,025 5
4,5
0,02
Probabilidade de Falha

4
3,5
Fiabilidade

0,015 3
2,5
0,01
2
0,005 1,5
1
0 0,5
0 50 100 150 0
-0,005 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura B. 11 - Probabilidade de falha para Figura B. 12 - Fiabilidade para CEM I
CEM I 42.5R+CV com A/C=0.6 42.5R+CV com A/C=0.6

96
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

0,025 6
Probabilidade de Falha

0,02 5

Fiabilidade
0,015 4

0,01 3

2
0,005
1
0
0 50 100 150
0
-0,005 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura B. 13 - Probabilidade de falha para Figura B. 14 - Fiabilidade para CEM I
CEM I 42.5R+SF com A/C=0.4 42.5R+SF com A/C=0.4

0,025 5
4,5
Probabilidade de Falha

0,02 4
3,5
Fiabilidade

0,015
3
2,5
0,01
2
0,005 1,5
1
0 0,5
0 50 100 150 0
-0,005 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura B. 15 - Probabilidade de falha para Figura B. 16 - Fiabilidade para CEM I
CEM I 42.5R+SF com A/C=0.55 42.5R+SF com A/C=0.55

0,025 4
3,5
Probabilidade de Falha

0,02
3
Fiabilidade

0,015 2,5
2
0,01
1,5
0,005 1
0,5
0
0 20 40 60 80 100 120 0
-0,005 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura B. 17 - Probabilidade de falha para Figura B. 18 - Fiabilidade para CEM III/B 42.5
CEM III/B 42.5 com A/C=0.4 com A/C=0.4

97
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

0,025 5
4,5
Probabilidade de Falha

0,020 4
3,5

Fiabilidade
0,015 3
2,5
0,010
2
1,5
0,005
1
0,000 0,5
0 50 100 150 0
-0,005 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura B. 19 - Probabilidade de falha para Figura B. 20 - Fiabilidade para CEM III/B 42.5
CEM III/B 42.5 com A/C=0.5 com A/C=0.5

0,025 5
4,5
0,02
Probabilidade de Falha

4
3,5
0,015
Fiabilidade

3
2,5
0,01
2
0,005 1,5
1
0 0,5
0 20 40 60 80 100 120 0
-0,005 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura B. 21 - Probabilidade de falha para Figura B. 22 - Fiabilidade para CEM III/B 42.5
CEM III/B 42.5 com A/C=0.6 com A/C=0.6

98
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Anexo C - Perfis de Cloretos Durante a Vida Útil, Model Code

4
CEM I
A/C=0.4
Cxt (%/massa de ligante)

3,5
CEM I
3 A/C=0.5
CEM I+CV
2,5 A/C=0.4
CEM I+CV
2 A/C=0.5
CEM I+SF
1,5
A/C=0.4
CEM I+SF
1
A/C=0.55
0,5 CEM III/B
A/C=0.4
0 CEM III/B
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 A/C=0.5
-0,5
Recobrimento (m)
Figura C. 1 - Perfis de cloretos para 10 anos

4,5
CEM I
Cxt (%/massa de ligante)

4 A/C=0.4
CEM I
3,5
A/C=0.5
CEM I+CV
3
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
A/C=0.4
1,5 CEM I+SF
A/C=0.55
1 CEM III/B
A/C=0.4
0,5 CEM III/B
A/C=0.5
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura C. 2 - Perfis de cloretos para 20 anos

99
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

4,5
CEM I
Cxt (%/massa de ligante)
4 A/C=0.4
CEM I
3,5 A/C=0.5
CEM I+CV
3 A/C=0.4
CEM I+CV
2,5
A/C=0.5
2 CEM I+SF
A/C=0.4
1,5 CEM I+SF
A/C=0.55
1 CEM III/B
A/C=0.4
0,5 CEM III/B
A/C=0.5
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura C. 3 - Perfis de cloretos para 30 anos

4,5
CEM I
Cxt (%/massa de ligante)

4 A/C=0.4
CEM I
3,5 A/C=0.5
CEM I+CV
3
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
A/C=0.4
1,5 CEM I+SF
A/C=0.55
1 CEM III/B
0,5 A/C=0.4
CEM III/B
0 A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura C. 4 - Perfis de cloretos para 40 anos

100
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

4,5
CEM I
4 A/C=0.4
Cxt (%/massa de ligante)

CEM I
3,5 A/C=0.5
CEM I+CV
3
A/C=0.4
CEM I+CV
2,5
A/C=0.5
2 CEM I+SF
A/C=0.4
1,5 CEM I+SF
A/C=0.55
1 CEM III/B
A/C=0.4
0,5 CEM III/B
A/C=0.5
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura C. 5 - Perfis de cloretos para 50 anos

4,5
CEM I
Cxt (%/massa de ligante)

4
A/C=0.4
3,5 CEM I
A/C=0.5
3 CEM I+CV
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
1,5 A/C=0.4
CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5 A/C=0.4
CEM III/B
0
A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura C. 6 - Perfis de cloretos para 60 anos

101
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

4,5
CEM I
Cxt (%/massa de ligante)
4 A/C=0.4
CEM I
3,5 A/C=0.5
CEM I+CV
3 A/C=0.4
CEM I+CV
2,5 A/C=0.5
CEM I+SF
2 A/C=0.4
CEM I+SF
1,5
A/C=0.55
CEM III/B
1
A/C=0.4
0,5 CEM III/B
A/C=0.5
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura C. 7 - Perfis de cloretos para 70 anos

4,5
CEM I
4
Cxt (%/massa de ligante)

A/C=0.4
CEM I
3,5 A/C=0.5
3 CEM I+CV
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
A/C=0.4
1,5 CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5 A/C=0.4
CEM III/B
0 A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura C. 8 - Perfis de cloretos para 80 anos

102
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

4,5
CEM I
A/C=0.4
Cxt (%/massa de ligante)
4
CEM I
3,5 A/C=0.5
CEM I+CV
3 A/C=0.4
CEM I+CV
2,5 A/C=0.5
CEM I+SF
2 A/C=0.4
CEM I+SF
1,5
A/C=0.55
1 CEM III/B
A/C=0.4
0,5 CEM III/B
A/C=0.5
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura C. 9 - Perfis de cloretos para 90 anos

4,5
CEM I
Cxt (%/massa de ligante)

4 A/C=0.4
3,5 CEM I
A/C=0.5
3 CEM I+CV
A/C=0.4
2,5 CEM I+CV
A/C=0.5
2 CEM I+SF
1,5 A/C=0.4
CEM I+SF
1 A/C=0.55
CEM III/B
0,5 A/C=0.4
CEM III/B
0 A/C=0.5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14
-0,5
Recobrimento (m)
Figura C. 10 - Perfis de cloretos para 100 anos

103
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Anexo D - Cenários de Projeto Segundo Model Code

0,12 5
4,5
0,1 4
Probabilidade de Falha

0,08 3,5
3

Fiabilidade
0,06 2,5
2
0,04
1,5
0,02 1
0,5
0
0
0 50 100 150
-0,02 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura D. 1 - Probabilidade de falha para Figura D. 2 - Fiabilidade para CEM I 42.5R
CEM I 42.5R com A/C=0.4 com A/C=0.4

0,12 5
4,5
0,1
Probabilidade de Falha

4
0,08 3,5
3
Fiabilidade

0,06 2,5
0,04 2
1,5
0,02 1
0 0,5
0 50 100 150 0
-0,02 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura D. 3 - Probabilidade de falha para Figura D. 4 - Fiabilidade para CEM I 42.5R
CEM I 42.5R com A/C=0.5 com A/C=0.5

0,1 5
4,5
0,08 4
Probabilidade de Falha

3,5
Fiabilidade

0,06 3
2,5
0,04 2
1,5
0,02
1
0 0,5
0 50 100 150 0
-0,02 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura D. 5 - Probabilidade de falha para Figura D. 6 - Fiabilidade para CEM I 42.5R
CEM I 42.5R com A/C=0.6 com A/C=0.6

104
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

0,1 5
4,5
Probabilidade de Falha

0,1 4
3,5
0,1

Fiabilidade
3
2,5
0,0
2
1,5
0,0
1
0,0 0,5
0 50 100 150 0
0,0 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura D. 7 - Probabilidade de falha para Figura D. 8 - Fiabilidade para CEM I
CEM I 42.5R+CV com A/C=0.4 42.5R+CV com A/C=0.4

0,12 5
4,5
0,1
Probabilidade de Falha

4
0,08 3,5
3
Fiabilidade

0,06 2,5
0,04 2
1,5
0,02 1
0,5
0
0 50 100 150 0
-0,02 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura D. 9 - Probabilidade de falha para Figura D. 10 - Fiabilidade para CEM I
CEM I 42.5R+CV com A/C=0.5 42.5R+CV com A/C=0.5

0,1 5
4,5
0,08 4
Probabilidade de Falha

3,5
0,06
Fiabilidade

3
2,5
0,04
2
0,02 1,5
1
0 0,5
0 50 100 150 0
-0,02 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura D. 11 - Probabilidade de falha para Figura D. 12 - Fiabilidade para CEM I
CEM I 42.5R+CV com A/C=0.6 42.5R+CV com A/C=0.6

105
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

0,12 5
4,5
0,1 4
Probabilidade de Falha

0,08 3,5

Fiabilidade
3
0,06 2,5
0,04 2
1,5
0,02 1
0,5
0
0 50 100 150 0
-0,02 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura D. 13 - Probabilidade de falha para Figura D. 14 - Fiabilidade para CEM I
CEM I 42.5R+SF com A/C=0.4 42.5R+SF com A/C=0.4

0,1 5
4,5
0,08 4
Probabilidade de Falha

3,5
0,06
Fiabilidade

3
2,5
0,04
2
0,02 1,5
1
0 0,5
0 50 100 150 0
-0,02 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura D. 15 - Probabilidade de falha para Figura D. 16 - Fiabilidade para CEM I
CEM I 42.5R+SF com A/C=0.55 42.5R+SF com A/C=0.55

0,12 5
4,5
0,1
4
Probabilidade de Falha

0,08 3,5
Fiabilidade

3
0,06 2,5
0,04 2
1,5
0,02 1
0,5
0
0 50 100 150 0
-0,02 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura D. 17 - Probabilidade de falha para Figura D. 18 - Fiabilidade para CEM III/B 42.5
CEM III/B 42.5 com A/C=0.4 com A/C=0.4

106
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

0,12 5
4,5
0,1
4
Probabilidade de Falha

0,08 3,5

Fiabilidade
3
0,06 2,5
2
0,04
1,5
0,02 1
0,5
0
0
0 50 100 150
-0,02 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura D. 19 - Probabilidade de falha para Figura D. 20 - Fiabilidade para CEM III/B 42.5
CEM III/B 42.5 com A/C=0.5 com A/C=0.5

0,12 5
4,5
0,1
4
Probabilidade de Falha

0,08 3,5
Fiabilidade

3
0,06 2,5
0,04 2
1,5
0,02 1
0,5
0
0 50 100 150 0
-0,02 0 50 100 150
Tempo (anos) Tempo (anos)
Figura D. 21 - Probabilidade de falha para Figura D. 22 - Fiabilidade para CEM III/B 42.5
CEM III/B 42.5 com A/C=0.6 com A/C=0.6

107
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Anexo E – Modelo Computacional Probabilístico do Model


Code 2010

clear;
clc;

format long

t=input('Qual o tempo limite de análise? ');


t_total=t;

t_int=input('Qual a fração de tempo de análise? ');

tic

t_analysis=zeros(3,t_int*t);

count=1;

t=t_int;

for j=0:t_int:(t_total-t_int)

n_sample=1000000;

%Input values

c0=0;
t0=(28*24*60*60)/(365*24*60*60); %28 dias
k_t=1;

%cs Lognormal PDF


m_cs=log((1.33^2)/sqrt(0.46^2+1.33^2));

108
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

s_cs=sqrt(log((0.46^2)/(1.33^2)+1));
cs=lognrnd(m_cs,s_cs,n_sample,1);

%delta_x Uniform/Constant PDF


delta_x=0; %Page 75 fib bulletin 34
%m_delta_x=10;
%s_delta_x=5;
%syms aaaa bbbb
%[aaaa bbbb]= solve ([m_delta_x==(aaaa+bbbb)/2, s_delta_x^2==(bbbb-
aaaa)/sqrt(12)],[aaaa, bbbb]);
%a_delta_x=double(aaaa);
%b_delta_x=double(bbbb);
%n_sample_delta_x=1e7;
%delta_x_all=unifrnd(a_delta_x,b_delta_x,n_sample_delta_x,1);
%delta_x=zeros(n_sample_delta_x,1);
%for ii=1:n_sample_delta_x
% if (delta_x_all(ii)>=0) && (delta_x_all(ii,1)<=50)
% delta_x(ii,1)=delta_x_all(ii,1);
% end
%end
%delta_x( all(~delta_x,2), : ) = [];
%msize = numel(delta_x);
%delta_x_final=delta_x(randperm(msize,n_sample));
%clear delta_x;
%delta_x=delta_x_final;

%c_nom Normal PDF


m_c_nom=47.35;
s_c_nom=4.55;
c_nom=normrnd(m_c_nom,s_c_nom,n_sample,1);

be=4800;
%m_be=4800;
%s_be=700;
109
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

%be=normrnd(m_be,s_be,n_sample,1);
t_ref=293;

%t_real Normal PDF


%Porto
m_t_real=288;
s_t_real=5;
t_real=normrnd(m_t_real,s_t_real,n_sample,1);

%a - Table B2-2 fib bulletin 34


%Beta PDF
m_a=.3;
s_a=.12;
syms aa bb
[aa bb]= solve ([aa/(aa+bb)==m_a,
aa*bb/((aa+bb)^2*(aa+bb+1))==s_a^2],[aa, bb]);
a_a=double(aa);
b_a=double(bb);
%a_a=0.3;
%b_a=0.12;
a=betarnd(a_a,b_a,n_sample,1);

%d_rcm - Table A.2-32 fib bulletin 76


d_rcm=1.207*10^(-11)*1000000*60*60*24*365;
%m_d_rcm=9*10^(-12)*1000000*(60*60*24*365);
%s_d_rcm=1.8*10^(-12)*1000000*(60*60*24*365);
%d_rcm=normrnd(m_d_rcm,s_d_rcm,n_sample,1);

a_t=zeros(n_sample,1);
d_app=zeros(n_sample,1);
z=zeros(n_sample,1);
c_xt=zeros(n_sample,1);

for i=1:n_sample
110
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

%a(t)
a_t(i)=((t0/t)^a(i,1));
ke(i,1)=exp(be*(1/t_ref-1/t_real(i,1)));
%d_app - fib bulletin 34 expression (B2.1-2)
d_app(i,1)=ke(i,1)*d_rcm*k_t*a_t(i,1);
z(i,1)=(c_nom(i,1)-delta_x)/(2*sqrt(d_app(i,1)*t));
if z(i,1)<=0
z(i,1)=0;
end
c_xt(i,1)=c0+(cs(i,1)-c0)*(1-erf(z(i,1)));
end

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

%Failure probability

%ls=r-s;

%r
%r=c_cr
%c_cr Beta PDF
m_c_cr=.35;
s_c_cr=0.15;
syms aaa bbb
lb=.2; %lower bound
ub=2; %upper bound
[aaa bbb]= solve ([lb+(ub-lb)*aaa/(aaa+bbb)==m_c_cr, (ub-
lb)^2*aaa*bbb/((aaa+bbb)^2*(aaa+bbb+1))==s_c_cr^2],[aaa, bbb]);
a_c_cr=double(aaa);
b_c_cr=double(bbb);
c_cr=0.2+(2-0.2)*betarnd(a_c_cr,b_c_cr,n_sample,1);

%s
111
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

s=c_xt;

LS = c_cr - s;
I = (LS < 0);
pf = sum(I)/n_sample;
beta = -norminv(pf);

t_analysis(1,count)=t_int*count;
t_analysis(2,count)=pf;
t_analysis(3,count)=beta;

count=count+1;

disp(' ');

disp(['Iteração nº: ',num2str(count),' de ',num2str(t_total/t_int)]);

t=count*t_int;
end

toc

112
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

Anexo F – Modelo Computacional Probabilístico da LNEC E465

clear;
clc;

format long

t_total=input('Qual o tempo limite de análise? ');


t_int=input('Qual a fração de tempo de análise? ');

tic

t_analysis=zeros(3,t_int*t_total);

count=1;

t=t_int;

t0=28*60*60*24;

for j=0:t_int:(t_total-t_int)

t=t*60*60*24*365;

n_sample=1000000;

% m_k_dt=.8;
% s_k_dt=.16;
% k_dt=normrnd(m_k_dt,s_k_dt,n_sample,1);

%n
m_n=.65;

113
Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

s_n=.05;
n=normrnd(m_n,s_n,n_sample,1);

% m_d=1.30*10^-12;
% s_d=1.04*10^-15;
% %d=normrnd(m_d,s_d,n_sample,1);
% d=normrnd(m_d,s_d,n_sample,1);

%m_d0=3.4*10^-12;
%s_d0=0.2*m_d0;
%d0=normrnd(m_d0,s_d0,n_sample,1);
d0=3.4*10^-12;
%x (recobrimento)
%x=.04735;
m_x=0.064;
s_x=0.01;
x=normrnd(m_x,s_x,n_sample,1);

m_cs=5.4;
s_cs=0.15*m_cs;
cs=normrnd(m_cs,s_cs,n_sample,1);

%cs=zeros(n_sample,1);
z=zeros(n_sample,1);
c_xt=zeros(n_sample,1);

for i=1:n_sample
d(i,1)=2.4*0.8*d0*(t0/t)^n(i,1);
%cs(i,1)=c_b*k_ac*k_temp(i,1)*k_vert*k_hor;

z(i,1)=x(i,1)/(2*sqrt(d(i,1)*t));
if z(i,1)<=0
z(i,1)=0;
end
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Avaliação do Tempo de Vida Útil de Estruturas Marítimas – Aplicação à Ponte Cais do Porto de Leixões

c_xt(i,1)=cs(i,1)*(1-erf(z(i,1)));
end
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%Failure probability

%ls=r-s;

%r=c_cr
m_c_cr=0.3;
s_c_cr=.03;
c_cr=normrnd(m_c_cr,s_c_cr,n_sample,1);

%s
s=c_xt;

LS = c_cr - s;
I = (LS < 0);
pf = sum(I)/n_sample;
beta = -norminv(pf);

t_analysis(1,count)=t_int*count;
t_analysis(2,count)=pf;
t_analysis(3,count)=beta;

count=count+1;

disp(' ');

disp(['Iteração nº: ',num2str(count),' de ',num2str(t_total/t_int)]);

t=count*t_int;

end
toc
115

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