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ESTAGIO PROCESSUAL DE CONTESTAÇÃO DO REU: LAUDO DE

CONTESTAÇÃO DA AÇÃO DE SERVIDÃO ADMINISTRATIVA DE


INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE COM IMISSÃO PROVISÓRIA
NA POSSE EM FAVOR DA PETROBRAS

Curso: Engenharia de Avaliações e Perícias


Disciplina: Elaboração de Laudos e
Pareceres Técnicos- Vistoria Documental

Alunos:
Giuliana Takahashi
Patrícia Strauss
Wellington Longo
A) Avaliar (como Perito) as condições apresentados pelo Assistente
Técnico no item 6

Após leitura e compreensão do estagio processual avaliou-se que as condições


apresentadas pelo assistente técnico referente ao item 6 e seus sub itens
abordam os malefícios da implantação de gasoduto ou oleoduto em
contraponto a segurança.
Entende-se que a implantação de gasodutos ou oleodutos envolvem riscos a
população que habita próximo a área em que ocorre a passagem do duto,
Assim como envolve risco a quem mora ao lado ou próximo a um posto de
combustível.
No item 6.1- Acidentes em gasodutos e oleoduto apresentam uma serie de
acidentes sem a explicação aprofundada das causas e sem apontar as
semelhanças destes acidentes com algum aspecto que a área da implantação
deste duto em análise apresenta.

No item 6.2 – Principais perigos em oleodutos e gasodutos aborda o perigo em


decorrência de vazamento ou ruptura, sem a definição do motivo do vazamento
ou ruptura, apenas diferencia o produto que pode ser exposto. No oleoduto o
perigo consiste no derramamento do liquido que pode ou não inflamar,
enquanto que no gasoduto o perigo consiste na liberação de gás que pode ou
não inflamar. Os efeitos de um vazamento em um duto dependem da natureza
do produto transportado e do tamanho do vazamento, desta forma os cenários
apontados, não necessariamente dará origem aos resultados relatados no
laudo.
No item 6.4 – Danos decorrentes da servidão de passagem foram extraídos do
artigo técnico de Gandhi Furtado Marcondes, os “danos” apontados neste
subitem são restrições impostas nas áreas da faixa de domínio, visando
garantir a segurança, e não necessariamente pode ser denominado como
dano.

B) Elaborar os Quesitos cabíveis de apresentação por parte do Assistente


Técnico (avaliação de pertinência por parte do juiz e do Perito)
É cabível o item 6.1 – Acidentes em gasodutos e oleodutos no trecho em que
questiona que no Brasil não existe uma sistematização, classificação e
catalogação acerca da estatística de acidentes, causas e efeitos em oleodutos
e gasodutos, observa-se que os principais bancos de dados de frequência dos
vazamentos de dutos são de origem estrangeira. Neste mesmo subitem aponta
que o elemento que compromete a integridade dos dutos é devido a
interferências externas, cerca de 49,9% segundo dados da EGIG.
C) Apresentar as respostas aos quesitos (pertinentes) na versão do
Perito, em despacho com informações complementares para subsidiar o
julgamento final do juiz.
Segundo dados divulgados pela Agência Nacional de do Petróleo (ANP), em
2015 o Brasil contava com 601 dutos destinados à movimentação de petróleo,
derivados, gás natural e outros produtos, perfazendo 19,7 mil km. (Anuário
estatístico brasileiro do petróleo, gás natural e biocombustíveis: 2016, p.118)
A movimentação do produto em um sistema dutoviário é efetuada no interior de
uma linha de dutos realizado por gravidade ou pressão sobre o produto que
está sendo transportado, ou ainda por arraste deste produto por meio de um
elemento transportador, já que os dutos são fixos, e é o produto que se
desloca.
A Dutovia é uma das várias modalidades de transporte, responsável pela
interligação da estrutura de abastecimento de petróleo e derivados até as
fontes de produção, refinarias e centros de consumo.
O transporte de petróleo, óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, GLP,
querosene, nafta e outros são realizados por oleodutos, enquanto o transporte
de gás natural é realizado por gasodutos.
O transporte dutoviário tem como principais vantagens: a capacidade de
atravessar as superfícies mais difíceis, como terrenos acidentados, corpos
d’água, ambientes marinhos e costeiros e regiões urbanas; permite que
grandes quantidades de produtos sejam deslocados de modo seguro,
reduzindo o tráfego de cargas perigosas por caminhões, trens ou por navios e,
consequentemente, diminuindo os riscos de acidentes ambientais, além de não
ser poluente em relação aos citados permitindo uma melhoria da qualidade do
ar nas grandes cidades; transporta continuamente 24h todos os dias, e seu
serviço não apresenta interferência significativa com relação às condições de
tempo e congestionamento, garantindo maior confiabilidade; seu custo é
reduzido, pois facilita a carga e descarga, dispensando armazenamento, e
apresentando baixo custo de manutenção e operação; baixo consumo de
energia; e a ocorrência é baixa de perdas e roubos dos produtos.
O transporte dutoviário apresenta as seguintes desvantagens: devido aos
direitos de acesso e servidão, construção, requisitos para controle das
estações e capacidade de bombeio, o custo de sua implantação se torna alto; e
ainda que seja feita a inspeção e manutenção regularmente, é impossível vigiar
continuamente toda a extensão dos dutos, possibilitando a ocorrência de
acidentes, contaminando o meio ambiente e expondo as pessoas ao risco de
contaminações, incêndios e explosões. Os riscos são intensificados devido às
longas distâncias percorridas pelos dutos, onde estão sujeitas a atuações
físicoquímicas, influências do meio (vandalismo, variações térmicas e
movimentações do solo). Além de, prejudicar economicamente a indústria
petrolífera pela interrupção do processo, causando enormes transtornos
operacionais.
Dentre os elementos que podem comprometer a integração dos dutos constam
a corrosão interna, a corrosão externa, geotecnia (movimentação de terra),
defeito de construção ou fabricação, e interferência externa.

As principais causas de rupturas e vazamentos em dutos são classificadas nos


seguintes tipos pelo European Gas Industry Group (EGIG):

• Interferência externa - Danos causados ao duto por escavações ou outros


tipos de atividades de agentes externos à companhia operadora do duto.

• Defeito de construção - Defeitos introduzidos no duto durante os processos


de fabricação, construção e montagem do duto.

• Corrosão - Redução da espessura da parede do duto devido a processo


corrosivo passível de ocorrer durante a operação do duto, causando a redução
da sua resistência.

• Deslizamento do terreno - Dano causado ao duto por conta de eventual


deslizamento do terreno onde está assentado.

• Alinhamento ou conexão errada - Erro humano de alinhamento ou conexão


para reparo.

Dados mais recentes sobre as causas de acidentes em gasodutos, extraído do


9º Relatorio da European Gas Industry Group.

Interferência Externa

Corrosão

Defeito de Construção

Alinhamento ou Conexão Errada

Deslizamento do terreno

Outros/Desconhecido

Causas dos Acidentes (2009 – 2013)

Para a verificação do quesito segurança dos dutos é realizado antes do


funcionamento do duto o teste hidrostático, no qual o duto é cheio com água e
submetido a uma pressão superior a de operação para avaliar tensões e
verificar se há algum vazamento nas soldas. Também ocorre o sistema de
monitoramento via satélite e por fibra óptica que, por meio de computadores e
operadores treinados, acompanham a movimentação de produtos ao longo dos
dutos. Além de inspeções internas nos dutos, obras geotécnicas, inspeção nas
faixas e relacionamento com as partes interessadas.
Apontado no laudo em análise, como sendo a interferência externa
componente a insegurança e perigo a vizinhança por onde ocorre à passagem
do duto, verifica-se que a conscientização da população sobre a importância e
existência da faixa é um dos quesitos importante para mitigar os perigos das
ações de terceiros.
Segundo ANP (2010), para conscientização pública é de extrema importância o
desenvolvimento de um programa realizado e implantado pela empresa
transportadora, para que possa conscientizar e mobilizar as comunidades
vizinhas às faixas, informando sobre a existência das faixas, dos dutos e
produtos transportados por eles, além dos riscos relacionados à operação dos
dutos, orientando sobre as medidas de prevenção para minimizar os
incidentes, controles de emergências e possível abandono da área atingida.
No quesito Acidentes em gasodutos e oleodutos ocorre a avaliação das
consequências dos acidentes, a avaliação dos riscos de dutos é feita
utilizando-se o mesmo procedimento empregado para as instalações fixas, ou
seja, através da combinação frequências e consequências de cada um dos
cenários de acidente. Com a inclusão da exigência de realização de análises
de riscos para dutos de transporte de produtos perigosos, alguns órgãos de
controle ambiental adotaram também critérios de aceitabilidade (ou de
tolerabilidade) para os riscos dos dutos para a população localizada na
proximidade dos mesmos. Notadamente, a FEEMA-RJ, a CETESB-SP e o
IBAMA já tornaram públicos seus critérios de aceitabilidade de riscos
específicos para dutos.

D) Considerações sobre a Operação Lava- Jato são pertinentes? Quais


efeitos legais podem gerara imediatamente e ao longo do tempo?
Por enquanto as considerações sobre a Operação Lava-Jato não são
pertinentes, visto que não ocorreu encerramento das investigações e esta
análise não é baseado em suposições.

E) Considerações complementares do grupo


Observado que alguns itens deste laudo pautaram no artigo técnico que aborda
uma nova metodologia para o cálculo do valor dos danos decorrentes da
instituição de servidão de passagem, esta nova metodologia permitiria a
avaliação dos danos tendo por base a análise e a ponderação das
perturbações, riscos e restrições de uso impostas aos imóveis servientes.
Porém não se pode incluir na indenização pela instituição de servidão,
coeficiente que reflita supostos perigos e acidentes futuros, que quando e si,
ocorrerem, serão objeto de indenização certa à época, já prevista em lei.
Bibliografia

ANP. Agência Nacional de Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis.


Regulamento técnico de dutos terrestres para movimentação de petróleo,
derivados e gás natural (RTDT) 2010.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Agência Nacional do Petróleo. Anuário


Estatístico Brasileiro, Gás Natural e Biocombustíveis 2016. Rio de Janeiro,
20108 -. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/wwwanp/images publicacoes/
Anuario_ Estatistico_ANP_2016.pdf. >Acesso em: 21 abr. 2017.

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