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Dissertação de Mestrado
de
Agradecimentos
Resumo
Abstract
Hard chrome plating is a class of galvanization that consists of coating an object with a
thin layer of chromium. This surface treatment not only provides a level of corrosion resistance
unattainable through other galvanic processes, but also provides high hardness, wear resistance
and low friction. This dissertation was developed in an industrial environment at Browning
Viana, whose production encompasses a set of electrochemical surface treatments, including
hard chrome plating. Recently, several nonconformities have been detected in the coating
process using this treatment, so the main objective of this dissertation was to study the chrome
plating process and suggest opportunities for its improvement, in order to address the problems
detected. To attain these goals, a laboratory-scale study of the process applied to a metallic
part usually treated at Browning Viana was first developed to ascertain the effect of the process
parameters on the coating process and to assess the optimal working parameters. Since,
Browning Viana did not have the necessary equipment for conducting the lab-scale investigation
it was necessary to design an experimental bench-scale setup. Finally, based on the findings of
laboratory research, an assessment of the industrial chroming process was carried out to find
out the causes of the detected defects. In the laboratory study phase, the Design of
Experiments (DOE) software was used through which it was possible to build up a experiences
plan that allowed to infer about the relative influence and the individual effect of each
parameter on the hard chrome plating process on the coating of metallic substrates. It was also
concluded that in the experimental conditions under which the tests were performed and at
the ranges studied for each parameter, it is not possible to obtain full product conformity. In
this sense, it was proposed to test pulse chroming, an innovative methodology still little
explored by the chrome plating industry, and a clear improvement on the coating uniformity
was verified. From the assessment made to the industrial chrome plating process, it was
concluded that the metal support used to hold the treated parts should be redesigned and the
industrial working parameters must to be redefined, namely the distance between electrodes
and the current density applied. It was also verified the existence of ionic competition between
pieces in an electrolytic bath and, accordingly, the ideal distance between them was
determined within the scope of the present dissertation.
Declaração
Declara, sob compromisso de honra, que este trabalho é original e que todas as
contribuições não originais foram devidamente referenciadas com identificação da
fonte.
Mónica Fagundes
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Índice
1. Introdução 1
2.1 Corrosão 5
2.2 Galvanização 7
2.3. Cromagem 11
3. Materiais e Métodos 19
4. Resultados e discussão 29
5. Conclusões 42
i
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
7. Referências 45
Apêndice B - Pré-tratamento 53
ii
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Lista de Figuras
Figura 2.1 Tipos de imperfeições de uma superfície metálica heterogénea.
Figura 2.2 Distribuição de linhas de campo elétrico num sistema em que o cátodo não é
plano.
Figura 2.3 Distribuição das linhas de campo elétrico quando o cátodo é: (a) mais
comprido do que o ânodo; (b) mais curto do que o ânodo.
Figura 2.4 Concentração de ião metálico em função da distância à superfície do cátodo.
Figura 2.5 Interpretação do processo de descascamento: as fissuras propagam-se no
depósito (a) até à sua interação (b). Posteriormente, ocorre o levantamento
do depósito (c).
Figura 3.1 Diagrama esquemática da instalação laboratorial projetada.
Figura 3.2 Instalação laboratorial projetada: (a) fotografia da cuba e barras; (b)
fotografia do retificador e interface do controlador de temperatura.
Figura 3.3 Peça testada em bruto: (a) vista frontal; (b) lateral direita; (c) posterior.
Figura 3.4 Resultado do teste de quebra de água numa superfície: (a) não limpa; (b)
limpa.
Figura 3.5 Identificação das zonas da peça testada controladas: (a) na vista de frente;
(b) na vista de trás.
Figura 4.1 Representação gráfica 𝐸𝑠𝑝_𝐼_𝑒𝑥𝑝 em função de 𝐸𝑠𝑝_𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣.
Figura 4.2 Representação gráfica 𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑒𝑥𝑝 em função de 𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣.
Figura 4.3
Influência relativa de cada fator do processo na espessura do revestimento.
Figura 4.4 Efeito de CrO. :H0 SO2 na espessura do revestimento.
Figura 4.5 Efeito da temperatura (𝑇) na espessura do depósito.
Figura 4.6 Efeito de densidade de corrente (𝐽5á7898 ) na espessura do depósito.
Figura 4.7 Efeito da distância entre elétrodos (𝑑) na espessura do depósito.
Figura 4.8 Efeito do tempo (𝑡) na espessura do depósito.
Figura 4.9 Exemplos de peças cromadas na Browning Viana.
Figura 4.10 Fotografia da raque utilizada industrialmente.
Figura 4.11 Peças produzidas industrialmente, na posição A, B e C da raque.
Figura 1 Distribuição de 𝑁= como função de 𝑛, para vários valores de CrO. : H0 SO2 :
(A) 106/1; (B) 100/1; (C) 1/1.
iii
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 Vantagens de soluções de cromagem não concentradas e concentradas.
Tabela 2.2 Vantagens e desvantagens da solução de catalisador misto.
Tabela 2.3 Equilíbrio iónico de CrO. em água.
Tabela 3.1 Descrição dos elementos da instalação laboratorial projetada
Tabela 3.2 Gama de valores de cada fator do processo testados laboratorialmente.
Tabela 3.3 Velocidade de revestimento e tempo necessário para obter um revestimento
de 3 µm nas condições de operação menos favoráveis.
Tabela 3.4 Velocidade de revestimento e tempo necessário para obter um revestimento
de 3 µm nas condições de operação mais favoráveis.
Tabela 4.1 Grau de influência de cada fator do processo na espessura do depósito.
Tabela 4.2 Parâmetros de operação ótimos previstos pelo modelo do sistema de
cromagem construído.
Tabela 4.3 Espessuras do revestimento previstas pelo modelo do sistema de cromagem
construído e espessuras do revestimento obtidas nos parâmetros de operação
ótimos.
Tabela 4.4 Espessuras de revestimento obtidos no teste de cromagem por pulso.
Tabela 4.5 Apresentação das espessuras do revestimento nas peças cromadas
industrialmente.
Tabela 4.6 Resultados dos testes de competição iónica.
Tabela A Condições operatórias dos ensaios laboratoriais realizados.
Tabela B Avaliação dos revestimentos obtidos em cada ensaio laboratorial em relação
à espessura e ao aspeto visual.
iv
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Notação e Glossário
𝑡 Tempo de operação s
𝐼 Intensidade de corrente A
𝐹 Constante de Faraday C·mol-1
𝐽 Fluxo de espécies químicas no eletrólito mol·m−2·s−1
𝑐 Concentração de espécies químicas no eletrólito mol·m-3
𝑥 Distância à superfície do cátodo m
𝐷 Coeficiente de difusão m2·s-1
𝑡F Duração do pulso catódico na cromagem por pulso s
CrO. : H0 SO2 Razão entre as concentrações em massa de CrO. e H0 SO2 numa *
solução
𝑇 Temperatura do eletrólito K
𝐽FáILDL Densidade de corrente elétrica por área a revestir A·m-2
𝑑 Distância entre a peça a tratar e o ânodo m
𝛾 Ciclo *
𝑡LRR Duração do tempo off na cromagem por pulso s
n Número de sulfatos *
𝑁= Distribuição dos complexos formados durante o mecanismo de Hoare *
𝐸𝑠𝑝_𝐼_𝑒𝑥𝑝 Espessura na zona I da peça obtida experimentalmente µm
𝐸𝑠𝑝_𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣 Espessura na zona I da peça prevista pelo modelo µm
𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑒𝑥𝑝 Espessura na zona II da peça obtida experimentalmente µm
𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣 Espessura na zona II da peça prevista pelo modelo µm
v
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Letras Gregas
𝛿U Espessura da camada de Nersnt m
𝛿V Espessura da camada de difusão em estado-estacionário m
𝛿W Espessura da camada de pulso difusão em quase-estado-estacionário m
Índices
* Variáveis adimensionais
Lista de Acrónimos
BNFMR Bharucha and Ward of the British Non-Ferrous Metals Research Association
ILZRO International Lead Zinc Research Organization
IARC International Agency for Research on Cancer
REACH Registration, Evaluation, Authorization and Restriction of Chemicals
EPA Environmental Protection Agency
OSHA Occupational Safety and Health Administration
vi
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
1. Introdução
1.1 Enquadramento e Apresentação do Projeto
A corrosão causa um custo anual mundial de cerca de 3,5 mil milhões de euros, pelo
que a sua prevenção é um desafio mundial atual, e que passa muitas vezes pelo recurso a
processos galvânicos [1]. Estes consistem em revestir materiais com uma fina camada de um
metal de propriedades superiores em algum aspeto às do substrato através de processos
eletrolíticos, isto é, através de reações redox provocadas por passagem de corrente
elétrica [2].
A cromagem é um género de galvanização em que existe deposição sobre um objeto do
elemento crómio, Cr, e que se subdivide em cromagem decorativa e cromagem dura [3]. A
principal diferença entre ambos os processos está apenas no valor final de espessura do
revestimento obtida: através da cromagem dura é possível obter um revestimento mais
espesso [3]. A cromagem dura, não só confere um nível de resistência à corrosão inatingível
através de outros processos galvânicos, como também proporciona elevada dureza, resistência
ao desgaste e baixo atrito [3, 4]. Contudo, apresenta algumas limitações, inclusive o facto de
os eletrólitos usados serem considerados os mais perigosos da indústria moderna [5], o que
leva a que este processo seja alvo de várias restrições normativas [6]. Apesar de contar com
quase 100 anos de operação [2], a cromagem dura ainda se depara com resultados
indesejáveis, tais como revestimentos mates ou espessuras não uniformes ao longo da peça
tratada [7]. Ainda não foi encontrado um processo alternativo viável à cromagem dura e, por
isso, é expectável que continue a ser amplamente utilizada num futuro próximo [5, 7]. Assim,
a otimização deste processo ainda é um tema importante que requer atenção.
Pelas condições severas a que uma arma está sujeita, a Browning Viana tem na sua
produção um conjunto de tratamentos de superfícies, sendo um deles a cromagem dura. Nos
últimos anos, foram detetadas inconformidades nos revestimentos deste acabamento, tais
como a não uniformidade da espessura e a existência de saliências nas laterais das peças
cromadas. Por isto, o processo de cromagem dura, atualmente implementado na
Browning Viana, necessita de ser alvo de melhoria de forma a colmatar os problemas
detetados. Neste seguimento, os principais objetivos desta dissertação consistem no estudo
do processo e na sugestão de oportunidades de aperfeiçoamento do mesmo. Paralelamente, é
ainda estabelecido como objetivo desta dissertação a redação de toda a documentação
associada ao processo de cromagem dura - procedimentos, instruções de trabalho, instruções
de qualidade, instruções de controlo e documentos tipo – que não será apresentada ao longo
desta dissertação por questões de confidencialidade.
Para cumprir os primeiros objetivos apresentados, desenvolveu-se um estudo à escala
laboratorial do processo de cromagem dura, aplicado à placa do guarda-mão que é uma peça
1 | Introdução 1
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
metálica tratada na Browning Viana, e que pela sua geometria irregular apresenta regularmente
um revestimento não conforme. Assim, numa primeira fase foi necessário determinar o efeito
dos parâmetros do processo no revestimento e procurar o conjunto de parâmetros de trabalho
ótimos para a peça em questão. Uma vez que a Browning Viana não possuía nenhum dos
equipamentos necessários para realizar esta investigação à escala laboratorial, foi necessário
projetar e montar a instalação utilizada, o que implicou várias reuniões com os fornecedores
dos equipamentos. Por último, tendo por base as ilações da investigação laboratorial, realizou-
se uma auditoria/revisão ao processo de cromagem industrial para determinar quais as causas
dos defeitos detetados, e para tal foi feito o controlo dos revestimentos produzidos.
Na fase de estudo laboratorial, recorreu-se a um programa informático de planeamento
de experiências, DOE, mais concretamente o JMP Trial 14.3.0, através do qual se construiu o
plano de experiências a realizar e posteriormente procedeu-se à análise dos resultados obtidos.
Desta forma, quantificou-se a influência relativa e determinou-se o efeito individual de cada
parâmetro do processo de cromagem dura no revestimento. Através do DOE construiu-se ainda
um modelo estatístico que permite prever o comportamento do sistema. Estes dados recolhidos
podem ser também muito úteis na tomada de decisões durante o processo produtivo, por
exemplo, na definição de qual(ais) parâmetro(s) do processo a alterar em caso de deteção de
inconformidades ou em situações de avarias da resistência ou do retificador. Com base nos
resultados obtidos através da análise DOE, foi ainda testada a cromagem por pulso, uma técnica
inovadora ainda pouco utilizada na indústria, por forma a melhorar a uniformidade da espessura
do revestimento. Por fim, foi realizada uma auditoria ao processo de cromagem industrial por
forma a serem propostas oportunidades de melhoria no processo com base no conhecimento
adquirido no estudo realizado à escala laboratorial.
1 | Introdução 2
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
1 | Introdução 3
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
1 | Introdução 4
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
2.1 Corrosão
A corrosão é definida como sendo “a deterioração de um material, geralmente metálico,
por ação química ou eletroquímica do meio ambiente aliada ou não a esforços mecânicos” [8].
Como consequência, o objeto pode ver as suas propriedades deteriorarem-se tornando-o, numa
situação mais crítica, inadequado para uso [8, 9]. Este fenómeno acontece porque, na
natureza, todos os metais, à exceção de alguns nobres como o ouro, a platina, a prata e o
cobre, não se encontram na sua forma elementar [9, 10], mas sim na forma de minérios. Por
isso, o metal tem uma tendência natural para reverter para o seu estado mais favorável, “num
processo inverso ao metalúrgico”, originando a corrosão [9].
Os fenómenos de corrosão manifestam-se por diferentes causas, com base nas quais
podem ser classificados em, essencialmente, quatro tipos: a corrosão húmida, a corrosão seca,
a corrosão em meios orgânicos e a corrosão em metais líquidos, apresentados pela ordem de
relevância [1, 11]. Indiscutivelmente, a corrosão húmida é a mais frequente - representa cerca
90 % dos ataques [11]. Esta ocorre de forma espontânea em ambientes aquosos e na presença
de oxigénio, por um fenómeno eletrolítico [8]. O metal funciona simultaneamente como ânodo
e como cátodo, ou seja, a oxidação e a redução ocorrem em áreas diferentes do mesmo
material [9]. A reação anódica corresponde à dissolução do metal, genericamente representado
por M, e é traduzida pela equação 2.1:
M→ MXY + 𝑚𝑒 [ (2.1)
Figura 2.1- Tipos de imperfeições de uma superfície metálica heterogénea (adaptado de [12]).
ou, caso a solução em contacto com o metal seja básica ou neutra, segundo a equação 2.3 [8]:
°
onde 𝐸BCD representa a energia potencial padrão de redução.
Podem gerar-se produtos sólidos estáveis a partir do catião formado na reação anódica.
É o caso da hematite, Fe0 O. , conhecida vulgarmente por ferrugem e de cor castanho-
alaranjado, que é gerada num metal ou liga que contenha Fe [8], como é o caso das peças
tratadas na Browning Viana. Numa primeira instância, numa zona intermédia entre a região
do ânodo e do cátodo do metal, quando os iões OH[ ao deslocarem-se em direção ao ânodo e
reagem com os iões Fe0Y , existe formação de hidróxido de ferro (II), Fe(OH)0 , segundo o
mecanismo apresentado na equação 2.4 [8]:
É possível que, num mesmo material, exista formação de outro produto de corrosão, a
magnetita, Fe. O2 [8]. Fe. O2 forma-se em ambientes húmidos e deficientes em O0 , através do
mecanismo de Evans, expresso pela equação 2.7 [8, 11]:
2.2 Galvanização
No mundo atual industrializado, o combate à corrosão é um desafio pois ainda causa
acentuados prejuízos financeiros [1]. Dados recentes revelam que, contabilizando os materiais
e serviços de reparação, manutenção e substituição, o custo anual mundial é de cerca de 3,5 mil
milhões de euros, dos quais 25 % podem ser economizados através da utilização de tecnologias
eficazes de prevenção do fenómeno de corrosão [1]. A este valor acresce os prejuízos
ambientais e o gasto de recursos, uma vez que, havendo necessidade de produção adicional,
não só é necessária energia para a transformação dos minérios estáveis, como também matéria
prima, e aqui é importante salientar que a reserva de minerais já se encontra reduzida [8]. Por
exemplo, um estudo realizado em 1995 previu que as reservas de ferro esgotar-se-ão no ano
2072 [12]. Por isto, o mundo moderno espera que os objetos fabricados e as estruturas
construídas estendam as suas vidas úteis de forma considerável, mesmo quando expostas a
condições ambientais severas, o que implica manter as suas propriedades mecânicas e serem
resistentes à corrosão. Embora existam materiais metálicos de elevada qualidade e que podem
satisfazer todas essas e outras demandas funcionais, estes, são demasiado dispendiosos, pelo
que a sua utilização não constitui uma hipótese [7]. A solução pode passar pela utilização de
um material base de menor preço e protegê-lo superficialmente, por um processo ao qual se
dá o nome de galvanização [7]. Como mencionado anteriormente, a galvanização consiste em
revestir a superfície de um objeto com uma fina camada de um elemento metálico de
propriedades superiores em algum aspeto às do substrato [2]. Tendo como força motriz as
necessidades industriais, a eletrodeposição foi evoluindo progressivamente ao longo dos
anos [13]. Atualmente, a galvanização não se destina unicamente a aumentar a vida útil de
onde 𝑚BCHG é a massa do metal efetivamente depositado e 𝑚ICóBKFL representa a massa do metal
depositado prevista pela lei de Faraday, expressa pela equação 2.11:
𝐸M ⋅ 𝑡 ⋅ 𝐼 (2.11)
𝑚ICóBKFL =
𝐹
através da qual torna-se explícito que a eletrólise da água é um fenómeno detetável pelas
bolhas de gás próximas aos elétrodos, e que se forma o dobro de gás no cátodo do que no
ânodo, o que pode ser um problema devido à possível retenção do H0 no revestimento. Quando
retido, H0 origina a formação de fissuras que podem funcionar como canais favorecedores à
corrosão [3].
chega a existir deposição. O mesmo problema existe nos recessos devido ao facto de os catiões
terem de percorrer distâncias mais longas [23].
Figura 2.2- Distribuição de linhas de campo elétrico num sistema em que o cátodo não é plano (extraído de [23]).
(a) (b)
Figura 2.3- Distribuição das linhas de campo elétrico quando o cátodo é: (a) mais comprido do que o ânodo;
(b) mais curto do que o ânodo (extraído de [23]).
torne insignificante [23]. Por vezes esta solução não é exequível pois requere, por exemplo,
maior tempo de deposição ou maior densidade de corrente aplicada, caso contrário não se
consegue obter a espessura desejada [23].
2.3. Cromagem
A cromagem é um processo galvânico que consiste na deposição do metal crómio sobre
um determinado objeto [3]. Este elemento pertence ao grupo VIB da tabela periódica, com
número atómico 24, e apresenta uma configuração eletrónica no estado fundamental de
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d5 4s1 [24]. Assim, pode apresentar os seguintes estados de
oxidação: -2, -1, 0, +1, +2, +3, +4, +5 e +6 [24]. A forma do elemento mais estável é o estado
trivalente, por isso Cr existe na natureza maioritariamente nesse estado [6]. Ocupa o 7º lugar
entre os elementos mais abundantes na Terra, sendo que, a maior concentração deste
elemento é no núcleo e no manto terreste [24].
Existem dois tipos de cromagem: a cromagem dura, também conhecida como industrial
ou funcional, e a cromagem decorativa, nas quais existe deposição de crómio no seu estado
hexavalente e trivalente, respetivamente [3, 21]. Ao contrário do sugerido pela designação
atribuída, a cromagem decorativa não apresenta menor dureza que o revestimento produzido
pela industrial [3]. A diferença entre ambos está unicamente na espessura máxima obtida: na
cromagem funcional é possível obter revestimentos até 500 µm, no entanto, na decorativa
esse valor reduz-se a 1,25 µm [3]. Por isto, até à data, a cromagem decorativa é utilizada
apenas para fins estéticos, permitindo que a peça se torne azul-branca e com um brilho
uniforme [3].
Para peças funcionais, a cromagem industrial é a mais indicada, porque produz um
revestimento que, além de proporcionar elevada dureza, resistência ao desgaste e baixo
atrito, permite também um nível de resistência à corrosão inatingível através de qualquer
outro processo galvânico [3, 4]. Consequentemente, a peça tratada torna-se adequada ao uso
em ambientes altamente hostis, sendo por isso aplicada na indústria automotiva, aeroespacial
e outras indústrias de manufatura em geral [4, 5]. Ao contrário de outros processos galvânicos,
o crómio é aplicado diretamente sobre o material e pode ser utilizado numa grande variedade
de metais como o alumínio, o aço e outras ligas de ferro ou níquel [3, 23]. A presente
dissertação concentra a atenção na cromagem dura, a jusante referida simplesmente por
cromagem.
Invariavelmente, o eletrólito de cromagem é formado por trióxido de crómio, CrO. ,
também chamado de anidrido de crómio, que é a fonte do metal depositado [3, 21]. De forma
errada, é usualmente mencionado como ácido crómico [21]. Iões sulfatos também fazem
sempre parte do eletrólito e têm como fonte mais comum o H0 SO2 [21]. O CrO. o e os sulfatos
apresentam-se, normalmente, numa proporção em massa de 75:1 a 120:1, mas o máximo
throwing power é obtido com 90:1 a 110:1 [3]. A maioria dos autores defende que os valores
ótimos são de 100:1 e essa é a razão mais utilizada na investigação e desenvolvimento do
processo de cromagem até aos dias de hoje [17, 21]. A concentração de crómio também é um
fator importante. A máxima condutividade da solução é atingida com concentrações de
400 g⋅L-1 a 500 g⋅L-1 [21], no entanto, na prática utiliza-se banhos de 200 g⋅L-1 a 300 g⋅L-1, de
forma a obter um compromisso entre a melhor condutividade possível, a eficiência do processo
e a qualidade dos depósitos [21]. Os eletrólitos da cromagem, quando comparados com os
eletrólitos de outros processos galvânicos, são muito estáveis [21]. A periocidade do controlo
da composição química depende da produção e da qualidade dos revestimentos exigida [21].
As vantagens na utilização de soluções de baixa concentração e de soluções concentradas são
resumidas na Tabela 2.1.
desempenho de várias soluções eletrolíticas [2]. Paralelamente, C.G. Fink e C.H. Eldridge,
deram seguimento a uma investigação na Universidade de Columbia e da qual, em 1924, surgiu
a primeira solução para eletrodeposição comercial de crómio [21, 23]. Erik Leibreich alcançou
resultados similares aos destes investigadores, no entanto prestou demasiada importância à
suposta função de Cr .Y que se forma no processo, impedindo-o de chegar às mesmas
conclusões [21, 23]. Assim, a eletrodeposição de crómio começou por utilizar uma solução,
agora conhecida como solução convencional, composta apenas por CrO. e por iões
sulfatos [3].
Ao longo do tempo, muitos foram os desenvolvimentos nos banhos de cromagem. Em
1949 surgiu uma nova solução, conhecida como solução de catalisador misto que contém,
além dos iões sulfatos, também iões fluoretos que funcionam como segundo catalisador, e que
têm como origem o ácido hexafluorossilícico [21]. Algumas vantagens e desvantagens desta
solução são apresentadas na Tabela 2.2.
Vantagens Desvantagens
A elevada gravidade das desvantagens das soluções de catalisador misto, levaram a que
este eletrólito deixasse de ser utilizado, dando lugar, em meados dos anos 80, à solução livre
de fluoretos [3]. Nesta nova formulação do banho eletrolítico, os iões fluoretos são
substituídos por catalisadores orgânicos [21]. Estas soluções melhoram as propriedades do
depósito permitindo, inclusivamente, uma maior dureza e resistência à corrosão. Também a
velocidade de deposição é superior, levando a que o consumo de eletricidade seja inferior em
1/3 em relação à solução convencional [3]. Todas estas vantagens fazem com que a solução
livre de iões fluoretos seja ainda utilizada nos dias de hoje [2, 3, 21]. A natureza e
concentração dos catalisadores orgânicos varia com o fornecedor dos produtos que, na maioria
dos casos, constitui um segredo comercial. Paralelamente, foram desenvolvidos vários estudos
em cromagem decorativa, dos quais salienta-se o trabalho desenvolvido por Bharucha and
Ward of the British Non-Ferrous Metals Research Association, BNFMRA, e International Lead
Zinc Research Organization, ILZRO [2]. Desta investigação surgiram resultados que foram
patenteados e deram origem, em 1975, a um processo de cromagem decorativa
industrialmente viável [2]. No entanto, a cromagem decorativa só começou a ser aplicada na
indústria em larga escala a partir de 2000 e, desde então, o seu uso tem vindo a
aumentar [2, 21]. Pela mesma altura, a eletrodeposição de crómio por corrente em pulso,
apresentada a jusante, começou a suscitar cada vez mais interesse e a ser alvo de
investigações, pois constatou-se que através deste método é possível um controlo muito
superior do revestimento obtido [25, 26]. Inclusivamente, é possível obter um revestimento
sem fissuras, que se traduz numa superior resistência à corrosão [25, 26].
5,2 - 52 HCrO[ 0[
2 ↔ Cr2 O• + H0 O
52 – 78 Cr2 O0[
•
0[
78 - 182 3 Cr0 O0[ Y
• + 2 H ↔ 2 Cr. Ocy + H0 O
0[
182 - 390 Cr. Ocy
0[ [0
390 - 520 4 Cr. Ocy + 2 HY ↔ 3 Cr2 Oc. + H0 O
Cr0 O0[ Y [
• + 14H + 6e ↔ 2Cr
.Y
+ 7H0 O (2.13)
𝑑𝑐 (2.15)
𝐽 = −𝐷 ⋅
𝑑𝑥
𝛿‡
Concentração de espécies, 𝑐
𝑐†
Distância à superfície, 𝑥
Figura 2.4- Concentração de ião metálico em função da distância à superfície do cátodo (adaptado de [22]).
Figura 2.5- Interpretação do processo de descascamento: as fissuras propagam-se no depósito (a) até à sua
interação (b). Posteriormente, ocorre o levantamento do depósito (c) (adaptado de [33]).
3. Materiais e Métodos
Os principais objetivos desta dissertação consistiram no estudo do processo e na
sugestão de oportunidades de melhoria do mesmo. Para cumprir estes propósitos,
primeiramente, desenvolveu-se um estudo à escala laboratorial do processo aplicado a uma
peça metálica tratada na Browning Viana e, posteriormente, realizou-se uma auditoria ao
processo de cromagem industrial. Este capítulo descreve os materiais e métodos utilizados
no estudo à escala laboratorial. A investigação consistiu em, mantendo a concentração de
𝐂𝐫𝐎𝟑 em 250 g·l-1, fazer variar os 5 parâmetros controláveis do processo de cromagem dentro
de uma gama de valores estipulada com base no conhecimento teórico, no conhecimento
prático da Browning Viana e nas recomendações das fichas técnicas do catalisador orgânico
utilizado. Os parâmetros do processo são razão em massa de 𝐂𝐫𝐎𝟑 : 𝐇𝟐 𝐒𝐎𝟒 , temperatura do
eletrólito (𝑻), densidade de corrente elétrica por área a tratar (𝑱𝐜á𝐭𝐨𝐝𝐨 ), distância entre a
peça e os ânodos (𝒅) e tempo de deposição (𝒕). Posteriormente, avaliou-se o revestimento
produzido segundo as exigências impostas pela norma interna da Browning Viana. Neste estudo
utilizou-se uma solução livre de iões fluoretos, ou seja, um eletrólito composto por CrO. , iões
sulfatos e o catalisador orgânico também utilizado industrialmente. Uma vez que a empresa
não possuía nenhum dos equipamentos necessários para realizar este estudo à escala
laboratorial, foi necessário projetar a instalação experimental utilizada.
3 | Materiais e métodos 19
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Designação Características
50 X 35 X 15 cm3
Cuba
Volume útil: 33,5 L
3 | Materiais e métodos 20
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
(a) (b)
Figura 3.2- Instalação laboratorial projetada: (a) fotografia da cuba e barras; (b) fotografia do retificador e
interface do controlador de temperatura.
Uma vez que os ensaios ocorrem dentro de uma hotte, foi imperativo que a peça de
teste apresentasse dimensões reduzidas. Optou-se pela placa do guarda-mão do modelo
Select da marca Winchester, por ser a terceira peça cromada com maior taxa de
inconformidades, com a agravante de pertencer a um dos modelos mais dispendiosos
produzidos na Browning Viana. Apresentada no estado não tratado na Figura 3.3, a
placa do guarda-mão é de aço 42CrMo4 Si<0,3 e apresenta uma área superficial de 0,18 dm2.
3 | Materiais e métodos 21
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Figura 3.3- Peça testada em bruto: (a) vista frontal; (b) lateral direita; (c) posterior.
3 | Materiais e métodos 22
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
(a) (b)
Figura 3.4- Resultado do teste de quebra de água numa superfície: (a) não limpa; (b) limpa.
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Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
3 | Materiais e métodos 24
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
𝑻 / ºC 55 65
𝑱𝐜á𝐭𝐨𝐝𝐨 / A⋅dm-2 40 70
𝒅 / cm 15 25
𝒕 / min 20 45
O limite inferior do intervalo de CrO. :H0 SO2 baseou-se no valor recomendado pela ficha
técnica do catalisador - cerca de 71:1. Visto que a Browning Viana trata peças de forma
geométrica complexa e a literatura indica que o throwing power do processo é maximizado
para razões entre 90:1 e 110:1, o intervalo de testes foi alargado até 110:1. 𝑇 testado coincide
com o recomendado pela ficha técnica do catalisador e o intervalo de 𝒅 corresponde aos
valores recorrentemente aplicados a nível industrial. Para cada experiência realizada, o
revestimento é avaliado segundo a norma interna da Browning Viana, quer a nível de aderência,
dureza, aspeto visual e espessura. Estes parâmetros de qualidade são detalhados na secção 3.4.
Para que os dados obtidos nesta investigação pudessem ser transportados para a
produção, a definição do intervalo de testes de 𝑡 exigiu experiências prévias - o tempo de
operação deve ser aceitável a nível industrial (visto que está diretamente relacionado com a
produtividade da fábrica), mas simultaneamente deve produzir a espessura mínima exigida
pelas normas internas. Assim, durante 10 min, cromou-se chapas do mesmo material das peças
em estudo no conjunto de condições, à partida, mais e menos favoráveis à eletrodeposição.
Mediu-se posteriormente a espessura do depósito através de fluorescência de raios-X por
energia dispersiva e calculou-se a velocidade de deposição. Tendo em consideração que a
espessura mínima exigida pelas normas internas de cromagem é 3 µm, definiu-se o intervalo de
variação de 𝑡, porque se a mesma for garantida nas condições extremas pode-se afirmar que
também o é nas condições intermédias. É empírico que maior 𝑇, maior 𝐽FáILDL e menor 𝑑
favorecem a eletrodeposição, no entanto, a velocidade de deposição perante diferentes valores
de CrO. :H0 SO2 não é totalmente conhecida. Por isto, para cada uma das situações, os testes
foram realizados para valores de CrO. :H0 SO2 de 70:1, 110:1 e para o valor intermédio 90:1.
𝐽FáILDL começou por ser testado entre 30 A⋅dm-2 e 70 A⋅dm-2, como recomendam as fichas
técnicas do produto.
Assim, cromou-se a 55 ºC, 30 A⋅dm-2 e 25 cm de distância entre os elétrodos. Verificou-
se que o tempo necessário para obter a espessura mínima exigida pelas normas internas do
3 | Materiais e métodos 25
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Tabela 3.3- Velocidade de revestimento e tempo necessário para obter um revestimento de 3 µm nas condições de
operação menos favoráveis.
Velocidade de
6,86x10-2 9,71x10-2 7,22x10-2
revestimento/ µm·min-1
Tempo aproximado
necessário para um
44 31 42
revestimento de 3 µm
/ min
Tabela 3.4- Velocidade de revestimento e tempo necessário para obter um revestimento de 3 µm nas condições de
operação mais favoráveis.
Velocidade de
0,14 0,24 0,19
revestimento/ µm·min-1
Tempo aproximado
necessário para um
21 13 15
revestimento de 3 µm
/ min
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Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
dureza e aspeto visual, e assim garantir a conformidade total do produto. De seguida são
apresentados os métodos de controlo para cada um dos parâmetros de qualidade.
• A aderência é verificada através do método de choque térmico, seguindo a norma
interna da fábrica e esta segue a norma ISO 2819:2017. Para tal, aquece-se a peça até
300±10 ºC, mergulhando-a posteriormente num banho de água à temperatura ambiente. Só
se considera a peça conforme quando não se verifica qualquer destacamento. O tempo de
aquecimento não é estabelecido na norma, pelo que se definiu como 30 min.
• A norma interna exige que as camadas de crómio tenham uma dureza mínima de
800HV e que a espessura mínima necessária à análise seja 30 µm. Devem ser realizados 3
ensaios com carga de 100 g e é a média dessas medições realizadas que é tida em consideração.
Teoricamente, este critério é assegurado pelo catalisador orgânico. Segundo a ficha técnicas
do produto, a dureza do depósito é sempre superior a 900HV0,1, tipicamente entre 950HV0,1e
1050HV0,1. O teste de dureza foi realizado para as condições ótimas, utilizando para isso chapas
normalizadas com espessura de 1 mm.
• A avaliação do aspeto visual engloba verificar a cor do revestimento, que deve ser
uniforme em toda a extensão da peça, o que é assegurado pelo cumprimento dos requisitos
de espessura. A peça também não deve apresentar saliências ou rugosidades, inclusive excesso
de depósito nas laterais, a que se chama de “rebarbas”. A avaliação do aspeto visual não é
uma resposta medida pelo que foi necessário estabelecer um sistema de classificação.
Depósitos com excesso nos bordos forma classificados como 0. Por outro lado, aqueles em que
não se verificava este problema eram qualificados como 1.
• A norma interna exige que a espessura do depósito seja, em toda a extensão da peça,
entre 3 µm e 7 µm. Assim, dado que o processo de cromagem é caracterizado por um baixo
throwing power, decidiu-se fazer uma análise a peças tratadas na produção para definir quais
as zonas que eram mais críticas, i.e., que zonas apresentavam valores de espessura dispares
da norma. Com recurso a fluorescência de raios-X por energia dispersiva, foram medidos 10
pontos referenciados na Figura 3.5. As zonas de menor e maior espessura são indicadas como
a zona I e zona II, respetivamente, e decidiu-se selecionar estas duas zonas para fazer o
controlo o controlo de espessura na peça estudada nesta dissertação. Se for assegurada uma
espessura conforme nestas duas zonas, pode admitir-se que todo o depósito está em
conformidade.
3 | Materiais e métodos 27
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
(a) (b)
Figura 3.5 - Identificação das zonas da peça testada controladas: (a) na vista de frente; (b) na vista de trás.
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Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
4. Resultados e discussão
Para cumprir os principais objetivos desta dissertação, primeiramente, desenvolveu-se
um estudo à escala laboratorial do processo do qual resultou a criação de um modelo de
aproximação ao sistema. Face aos resultados obtidos, testou-se ainda a cromagem por pulso.
Posteriormente, realizou-se uma auditoria ao processo de cromagem industrial. Por isto, os
resultados podem dividir-se em três grandes secções: modelo do sistema de cromagem,
cromagem por pulso e auditoria ao processo industrial.
𝐸𝑠𝑝_𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣 / µm
Figura 4.1- Representação gráfica 𝐸𝑠𝑝_𝐼_𝑒𝑥𝑝 em função de 𝐸𝑠𝑝_𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣.
4 | Resultados e discussão 29
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Verificou-se que a variância residual, 𝑅𝑆𝑞, é 1,00, e o desvio médio quadrático, 𝑅𝑀𝑆𝐸,
é 0,2308. Por isto, pode-se afirmar que o modelo foi bem ajustado, o que visualmente se
comprova através da proximidade dos pontos com a diagonal. As regiões vermelhas no gráfico
indicam o intervalo de confiança associado à previsão. Devido ao modelo escolhido, que
privilegia os pontos centrais, as margens de erro são superiores nas regiões em que os pontos
correspondem aos ensaios em que os parâmetros tomam valores próximos dos limites de
variação estabelecidos. Verificou-se que os valores de espessura obtidos nos ensaios 5 e 10,
indicados como um “x”, localizam-se fora dessa margem de erro. Por isto, estes ensaios foram
repetidos, mas os resultados confirmaram-se.
As espessuras na zona II das peças obtidas experimentalmente, 𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑒𝑥𝑝, em função
prevista pelo modelo construído para o sistema, 𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣, é apresentada no gráfico da
Figura 4.2. Também neste caso o modelo é bem ajustado pois 𝑅𝑆𝑞 e 𝑅𝑀𝑆𝐸 tomam o valor de
0,99 e 1,3158, respetivamente. Os resultados dos ensaios 18 e 25, apresentados como um “x”,
apresentam ligeiramente fora do intervalo de confiança do modelo construído. Por isto, estes
ensaios foram repetidos, no entanto, foram obtidos resultados muito similares.
𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑒𝑥𝑝 / µm
𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣 / µm
Figura 4.2- Representação gráfica 𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑒𝑥𝑝 em função de 𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣.
4 | Resultados e discussão 30
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
𝑻 <0,0001 0,2004
𝒅 0,5944 0,1768
𝒕 <0,0001 <0,0001
𝐂𝐫𝐎𝟑 : 𝐇𝟐 𝐒𝐎𝟒
𝑱𝐜á𝐭𝐨𝐝𝐨
Influência relativa
zona I
zona II
4 | Resultados e discussão 31
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Verifica-se que os parâmetros mais importantes no processo são a razão CrO. :H0 SO2 ,
𝐽FáILDL e 𝑡. Estes três parâmetros têm igual influência na espessura do revestimento em toda
o corpo da peça, i.e., nas duas zonas consideradas. Segue-se 𝑇, que afeta a espessura na zona
II em menor grau que afeta a espessura I. O contrário acontece com 𝑑. A variação deste fator
causa relativa baixa variabilidade no revestimento da zona I, no entanto, afeta em maior grau
a zona II do que 𝑇. Após a análise da influência relativa dos parâmetros, analisou-se a
influência individual.
As Figuras 4.4 a 4.8 representam o efeito individual de CrO. :H0 SO2 , 𝑇, 𝐽FáILDL , 𝑑 e 𝑡 na
espessura do revestimento. Ao contrário do que seria de esperar, verifica-se que, à exceção
de 𝐽FáILDL e 𝑡, existe sempre um efeito com forma côncava mais ou menos pronunciada,
independentemente da zona da peça. Estes dados, juntamente com os valores das influências
relativas podem servir de base para formulação de experiências futuras ou ser de grande
interesse no auxílio de tomada de decisões durante o processo produtivo, por exemplo, na
definição de qual(ais) parâmetro(s) do processo a alterar em caso de deteção de
inconformidades ou em situações de avarias da resistência ou do retificador.
𝐸𝑠𝑝_𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣 / µm
𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣 / µm
4 | Resultados e discussão 32
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
𝐸𝑠𝑝_𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣 / µm
𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣 / µm
𝑇 / ºC
JFáILDL / A·dm-2
4 | Resultados e discussão 33
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
𝐸𝑠𝑝_𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣 / µm
𝐸𝑠𝑝_𝐼𝐼_𝑝𝑟𝑒𝑣 / µm
𝑑 / cm
𝑡 / min
4 | Resultados e discussão 34
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Tabela 4.2- Parâmetros de operação ótimos previstos pelo modelo do sistema de cromagem construído.
Fator Valor
𝑻 / ºC 58,0
𝑱𝐜á𝐭𝐨𝐝𝐨 / A·dm-2 40
𝒅 / cm 15
𝒕 / min 29,84
Tabela 4.3- Espessuras do revestimento previstas pelo modelo do sistema de cromagem construído e espessuras do
revestimento obtidas nos parâmetros de operação ótimos.
4 | Resultados e discussão 35
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Face aos resultados apresentados, pode-se afirmar que, nas condições em que os
ensaios foram realizados e no intervalo de parâmetros estudados, não é possível obter a
conformidade total do produto. Verificou-se também que os resultados ensaiados estão
afastados dos previstos, ainda que ambos dentro do intervalo de confiança. Esta margem de
erro é bastante elevada, sobretudo no caso da espessura na zona II, o que é justificável pelo
facto de se ter escolhido um modelo de aproximação que preferência os pontos centrais e a
situação ótima ocorrer com 3 parâmetros próximos dos valores limites testados.
Apesar do requisito da dureza ser, teoricamente, assegurado pelo catalisador orgânico
utilizado, foi realizado o teste num revestimento obtido segundo as condições ótimas
determinadas, utilizando para isso provetos normalizadas de espessura 1 mm. Verificou-se que
a dureza do depósito toma o valor de 985,7HV0,1, superior em 186,7HV0,1 ao exigido.
𝑡F (4.1)
𝛾 = × 100%
𝑡F + 𝑡LRR
onde 𝑡LRR representa o tempo de descanso, deve ser igual ou superior a 5 % [15]. Tendo isto em
consideração, definiu-se 𝑡F e 𝑡LRR como 1000 ms e 100 ms, respetivamente, o que corresponde
a um 𝛾 de, aproximadamente, 91 %. Optou-se por testar valores de 𝑡LRR tão reduzidos devido ao
facto de o processo de cromagem ser sensível a quebras de correte ao nível de aderência do
revestimento.
Os resultados óbitos encontram-se na Tabela 4.4. O revestimento foi sujeito ao teste da
aderência a 300±10 ºC, durante 1 h, não se tendo verificado qualquer descascamento.
Constatou-se que a espessura da zona II ficou muito próxima do intervalo de conformidade. No
entanto, o depósito obtido na zona I manteve-se praticamente inalterado.
4 | Resultados e discussão 36
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
1,29 7,12
4 | Resultados e discussão 37
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
4 | Resultados e discussão 38
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Tabela 4.5- Apresentação das espessuras do revestimento nas peças cromadas industrialmente.
4 | Resultados e discussão 39
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
4 | Resultados e discussão 40
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
1,60 9,64
9,00
0,79 8,32
1,44 9,30
11,30
1,19 8,07
1,29 8,85
13,50
1,34 8,35
4 | Resultados e discussão 41
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
5. Conclusões
As conclusões deste projeto podem-se dividir nas obtidas através da investigação
laboratorial e nas alcançadas pela auditoria ao processo industrial.
O trabalho experimental permitiu concluir que os parâmetros do processo têm uma
influência relativa na espessura dos depósitos distinta e, no caso de 𝑇 e 𝑑, essa influência
varia com a zona da peça tratada. Pode-se afirmar que os parâmetros mais importantes no
processo são CrO. :H0 SO2 , 𝐽FáILDL e 𝑡, por serem extremamente influentes em toda o corpo da
peça. Segue-se 𝑇, que afeta a espessura na zona II em menor grau que afeta a espessura I. O
contrário acontece com 𝑑. A variação deste fator causa relativa baixa variabilidade no
revestimento da zona I, no entanto, afeta em maior grau a zona II do que 𝑇. Ainda se verificou
que, ao contrário do que se esperava, à exceção de 𝐽FáILDL e 𝑡, existe sempre um efeito
individual com forma côncava mais ou menos pronunciada, independentemente da zona da
peça. Concluiu-se também que valores mais elevados da razão CrO. :H0 SO2 melhoram o
throwing power do processo, i.e., produzem revestimentos com maior uniformidade de
espessura, no entanto, valores mais baixos deste parâmetro, como o recomendado na ficha
técnica do catalisador orgânico utilizado, produzem revestimentos mais brilhantes.
Também se comprovou que, nas condições em que os ensaios foram realizados e no
intervalo de parâmetros estudados, não é possível obter a conformidade total do produto.
No entanto, os resultados obtidos pela técnica de cromagem por pulso comprovam que este
método pode melhorar a uniformidade da espessura do revestimento. Neste teste, visto que a
zona I não foi alvo de variação, pode-se afirmar que a zona II da peça é uma área de focagem.
As ilações retiradas da auditoria ao processo industrial incluem a necessidade de
redefinição dos parâmetros de operação, nomeadamente a redução da distância entre
elétrodos e diminuição dos valores de 𝐽FáILDL aplicados. Urge também a redefinição da posição
relativa nas raques face aos ânodos, que deve ser pelo menos do mesmo comprimento e altura
dos ânodos. Outra possibilidade, provavelmente mais viável, é a utilização de duas raques num
banho eletrolítico. Verificou-se, também, que a distância entre peças num banho eletrolítico
atualmente aplicada é insuficiente e, consequentemente, existe competição iónica. Para a
operar a 15 cm de distância entre ânodos e cátodos, a distância entre peças deve ser, no mínimo
13,5 cm.
5 | Conclusões 42
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
7. Referências
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7 | Referências 46
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
1 110 65 70 15 45
2 110 65 40 25 45
3 70 60 55 20 32 5
4 90 60 55 20 32,5
5 90 65 55 20 32,5
6 70 55 40 25 45
7 70 55 40 15 20
8 110 65 40 15 20
9 70 65 40 25 20
10 90 60 55 20 32,5
11 70 65 40 15 45
12 90 55 55 20 32,5
13 90 60 55 15 32,5
14 110 55 40 15 45
15 90 60 55 20 45
16 70 65 70 25 45
17 90 60 70 20 32,5
18 90 60 40 20 32,5
19 110 55 70 15 20
20 70 55 70 15 45
21 110 55 70 25 45
47
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
22 110 55 40 25 20
23 70 55 70 25 20
24 110 60 55 20 32,5
25 90 60 55 20 20
26 70 65 70 15 20
27 90 60 55 25 32,5
28 110 65 70 25 20
29 90 60 55 20 32,5
48
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
1 3,65 24,2 1
2 0,609 7,19 1
3 3,47 18,5 1
4 3,56 19,2 1
5 3,02 18,4 1
6 2,84 15,4 1
7 0,926 5,75 1
8 0,294 2,44 1
9 0,116 4,12 1
10 4,21 19,3 1
11 1,51 16,5 1
12 3,77 20,2 1
13 3,84 19,2 1
14 2,44 10,1 1
15 4,99 27,4 1
16 6,64 37,6 1
17 5,45 27,1 1
18 2,33 9,91 1
19 1,85 9,40 1
20 8,55 38,2 1
21 5,78 24,4 1
49
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
22 0,420 2,90 1
23 3,16 16,2 1
24 1,98 12,5 1
25 1,75 10,0 1
26 1,80 16,4 1
27 3,78 18,2 1
28 0,972 7,91 1
29 3,59 19,3 1
50
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
51
Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
• Os ânodos são fixos no tanque, presos em barras. Também a raque é pousada numa
barra. Estas podem ser redondas ou retangulares, de um material condutor, normalmente
cobre [3]. Assim como as raques e os ânodos, devem ter seção transversal suficiente para passar
corrente sem sobreaquecer [3]. É recomendado 1 cm2 por cada 150 A [3].
• A corrente elétrica pode ser unidirecional, DC, ou a direção do fluxo, apesar de por
períodos muito curtos, pode inverter periodicamente, originando uma corrente alternada, AC.
Em galvânica, o tipo de corrente requerida é DC. No entanto, a recebida pelas companhias é
AC, pelo que se utiliza retificadores para transformar esta o mais semelhante possível à emitida
por uma bateria. São equipamentos que permitem a passagem de corrente num sentido, mas
oferecem alta resistência ao fluxo na direção oposta.
• Todos os estágios da linha galvânica que não funcionem à temperatura ambiente
devem estar equipados com elementos de aquecimento. Normalmente são empregues
resistências, revestidas por um material quimicamente resistente.
• Dependendo da solução empregue, pode também ser necessários extração. É o caso
da cuba de cromagem, em que o O0 e o H0 libertados provocam a pulverização da solução [25].
• Os tanques também devem ser equipados com agitação, de forma a promover a
uniformização da temperatura e de composição química. A agitação por ar é muito utilizada,
através de cloreto de polivinil rígido, PVC-U [3].
• No tanque de cromagem, cerca de 2 a 5 % da solução é perdida diariamente só
evaporação [3], mas existe ainda perdas por arrastamento nas peças e raques. Por isto, as cubas
estão equipadas com controladores de nível, garantindo assim quais queres componentes ou
sensores estão sempre imersos. Como os banhos de metalização são tipicamente agressivos,
utilizam-se controladores que possam ser colocados fora do tanque, sem estar em contacto com
as soluções. Por questões de segurança, o modo de falha dos sensores também deve ser definido
com cautela [21]. O mesmo se aplica aos controladores de temperatura.
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Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Apêndice B - Pré-tratamento
O pré-tratamento pode-se subdividir em 3 classes: desengorduramento, decapagem e
ataque anódico. Entre estes existem tanques de lavagem que impedem a contaminação.
O desengorduramento visa remover óleos da peça que provêm, por exemplo, de
tratamentos prévios como a polimento. Como normalmente é o primeiro estágio, remove
também alguns dos produtos sólidos depositados, como poeiras. Esta limpeza pode se realizar
por imersão e/ou processos eletrolíticos [6]. Em qualquer dos casos, a solução
desengordurante molha, emulsificando, dispersa e solubiliza a sujidade [15]. No caso dos
metais, normalmente utiliza-se um desengordurante alcalino, composto genericamente por
hidróxido de sódio e fosfato de potássio, a funcionar a 50 ºC. Nestes, a concentração de
sujidade emulsificada vai aumentando, até que o banho deixa de funcionar e tem de ser
substituído [14].
Como já referido, além do desengorduramento por imersão existe também
desengorduramento eletrolítico raramente usado, exceto para processos de cromagem dura. É
sempre utilizada corrente contínua, seja ela direta ou reversa [15]. Neste, a ação química é
aliada a ação mecânica gerada pelo gás formado na peça através da reação redox da
água [25, 13]. De acordo com a Lei de Faraday, a quantidade de H0 ou O0 gerado é proporcional
ao valor de densidade de corrente. Por um raciocínio lógico, pode-se afirmar que quanto maior
a emissão gasosa, mais eficaz é a ação de limpeza. A maioria das sujidades coloidais são
partículas de carga negativa pelo que, no desengorduramento catódico, também denominado
direto, as mesmas são repelidas [25]. Para a ação de limpeza contribui também o H0 libertado
na superfície. Analogamente, partículas carregadas positivamente são atraídas para a
peça [15]. Na limpeza anódica ou reversa, o gás produzido é O0 , em quantidades iguais à
metade do H0 libertado na corrente direta. Neste processo, o metal está a ser ligeiramente
dissolvido, limpando-o inclusivamente de produtos de oxidação [15, 25]. Uma vez que a limpeza
direta e reversa tem vantagens e desvantagens individuais, a melhor solução passa por usar
ambos, revertendo periodicamente a corrente [15]. Após o desengorduramento, a lavagem é
importante também para retirar toda a espuma da peça que, caso não eliminada, aparece como
um padrão na peça galvanizada [15].
O processo seguinte, a decapagem, tem como objetivo a remoção de produtos óxidos
presentes na superfície do material base, e deve sempre proceder ao desengorduramento dado
que os óleos, de natureza hidrofóbica, impossibilitariam o humedecimento perfeito [14]. A
grande objeção à decapagem reside no facto de atacar, também, o próprio metal [8]. A
composição do banho depende do material da peça, mas, na generalidade, pode conter
qualquer ácido comum, sendo os mais utilizados o HCl e o H0 SO2 [25].
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Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
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Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
ressonância da equação 6:
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Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
(6)
(7)
[
Este mecanismo considera que apenas uma extremidade de HCr. Ocy é reduzida. No entanto,
de forma análoga, a outra extremidade pode também o ser, originando um complexo que,
posteriormente, se decompõe pela equação 8:
(8)
formando Cr .Y que forma imediatamente complexos com a água da solução impedindo, desse
modo, o seguimento da redução para formar Cr. Existe, portanto, a necessidade de proteger
o ião tricromato numa das extremidades. Para esse efeito, HSO[
2 estabelece pontes de
(9)
Este mecanismo explica a importância de uma proporção fixa entre CrO. e HSO[
2 . Os
iões sulfatos podem estabelecer ligação com 1 a 4 dos O, em combinações distintas. Assim,
concentrações de HSO[
2 demasiado reduzidas leva a insuficiente proteção, já demasiado
elevadas faz com que se estabeleçam ligações nas duas extremidades da molécula.
Aparentemente, a razão ideal de CrO. :H0 SO2 é 100/1 [30]. Mesmo nestas condições, existe a
formação de outros complexos, como mostrado pela Figura 1, onde n é o número de sulfatos
e N= a distribuição dos complexos formados [30].
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Estudo e desenvolvimento do processo de cromagem dura em substratos metálicos
Figura 1- Distribuição de 𝑁- como função de 𝑛, para vários valores de CrO. :H0 SO2 : (A) 106/1; (B) 100/1; (C) 1/1
(extraída de [30]).
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