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Resposta Técnica

Assunto

Metal

Palavras-chave

Tubulação de aço carbono; Revestimento de tubulação.

Identificação da demanda

Estou com problemas de desgaste em tubulações de aço carbono e gostaria de obter informações sobre
tubulações revestidas.

Solução apresentada

1 INTRODUÇÃO
O aço carbono, como matéria-prima de tubulações, apresenta alta resistência a impactos,
ductibilidade, tenacidade, elasticidade e grande facilidade de soldabilidade, o que o torna
praticamente insubstituível na construção de adutoras, oleodutos, gasodutos e minerodutos. Os
tubos de aço carbono correspondem hoje a cerca de 90% das tubulações industriais.
Os limites de trabalho pela temperatura das tubulações de aço carbono são os seguintes:
• 450ºC para serviço severo;
• 480ºC para serviço não severo;
• 520ºC máximo em picos;
• 370ºC começa deformação por fluência;
• 530ºC oxidação intensa (escamação);
• -45ºC torna-se quebradiço.

Existem aços carbono especiais para baixas temperaturas, com menos carbono e mais manganês.
Para temperaturas abaixo de 0ºC e acima de 400ºC recomenda-se a utilização de aço carbono
acalmado (1% de silício).
O aço carbono exposto à atmosfera sofre corrosão uniforme (ferrugem) e o contato direto com o
solo causa corrosão alveolar penetrante. Além disso, é violentamente atacado pelos ácidos
minerais, principalmente quando diluídos ou quentes, mas suporta razoavelmente o serviço com
álcalis. Os resíduos de corrosão não são tóxicos, mas podem afetar a cor e o gosto do fluido
conduzido. De um modo geral, o aço carbono apresenta baixa resistência à corrosão, o que o leva
a ser empregado com revestimento nas tubulações.

2 REVESTIMENTO DAS TUBULAÇÕES DE AÇO CARBONO

Os revestimentos devem ser executados especificamente de acordo com a finalidade dos tubos,
seguindo normas e padrões internacionais.

SBRT – Formulário de Resposta Técnica Padrão 1


2.1 Revestimento externo
Segue um pequeno sumário dos principais métodos de revestimento externo das tubulações de
aço carbono:
FBE (Fusion Bonded Epoxy)
A principal característica do sistema de revestimento em FBE é a formação de um filme contínuo
fundido e aderido diretamente à superfície metálica, proporcionando alta resistência química à
corrosão e assegurando resistência ao descolamento catódico. É constituído por uma pintura em
pó à base de resina epóxi, sendo aplicado por bicos automatizadores sobre o tubo aquecido a uma
temperatura de 240º C. Com isto é formada uma cobertura fundida, que alcança propriedades de
alta resistência em poucos segundos. Espessura de 300 a 500 µm. Propriedades: alta resistência
química, ótima aderência, excelente flexibilidade, alta resistência ao descolamento catódico, boa
resistência à abrasão. Normas: AW WA C-213.

Figura 1: fusion bonded epoxy

Polietileno Tripla Camada


A principal característica do revestimento em tripla camada é a formação de uma barreira
protetora duradoura entre a superfície do tubo e o meio no qual ele se encontra. Essa barreira é
determinada pela excelente performance das propriedades mecânicas e químicas dos materiais
empregados, garantindo alta eficiência contra corrosão e descolamento catódico. O revestimento
é composto por primer epoxy, adesivo e polietileno/polipropileno: a primeira camada é um
revestimento em FBE – Fusion Bonded Epoxy – aplicado a aproximadamente 200°C, com
espessura de 80 a 120 µm; a segunda camada é um adesivo, um copolímero não saturado
aplicado a aproximadamente 215˚C, com espessura entre 150 µm e 300 µm, com a função de
aderir a primeira camada à camada mais externa; esta última pode ser de polietileno ou de
polipropileno, e é aplicada a aproximadamente 240˚C com a função de proteger todo o sistema
do ponto de vista mecânico (espessura entre 1,5 e 4,0 mm). Propriedades: alta resistência
química e mecânica, ótima aderência, excelente flexibilidade, alta resistência ao descolamento
catódico, e boa resistência à abrasão. Normas: DIN 30670.

SBRT – Formulário de Resposta Técnica Padrão 2


Figura 2: Polietileno Tripla Camada

Poliuretano-Tar
O sistema de revestimento Poliuretano-Tar tem como ponto forte a excelente resistência à
abrasão e ao impacto. É um revestimento único para pintura de superfícies de aço carbono,
aplicado através de sistema air-less modificado, o qual promove mecanicamente a mistura dos
componentes base e catalisador, com cura extremamente rápida. Espessura entre 800 µm e 1000
µm. Propriedades: alta resistência ao impacto, ótima aderência, excelente flexibilidade, alta
resistência ao descolamento catódico, boa resistência à abrasão. Normas: AWWA C-222; DIN
30671.

Figura 3: Poliuretano-Tar

Primer Epoxy com Alumínio Fenólico


A combinação das características físico-químicas do primer epoxy com as do alumínio fenólico
explicam as propriedades deste tipo de revestimento. Enquanto o primer epoxy oferece ao tubo
uma excelente proteção contra a corrosão, o alumínio fenólico proporciona excelente
impermeabilidade, alta reflexão à luz e resistência térmica. Propriedades: ótima performance
anti-corrosiva em instalações aéreas, alta reflexão da luz e alta impermeabilidade. Normas:
primer epoxy – Petrobrás N-1211, N-1340 ou N-1850; alumínio fenólico – Petrobrás N-1259.

SBRT – Formulário de Resposta Técnica Padrão 3


Figura 4: Primer Epoxy com Alumínio Fenólico

2.2 Revestimento interno – Epoxy Líquido


A principal característica do sistema de revestimento com tinta epoxy é a resistência à umidade
quando em contato permanente com água doce ou salgada. A tinta bicomponente (base e agente
de cura) é aplicada através de equipamento air-less, resultando em uma espessura seca de 410
µm. Propriedades: minimização de depósitos na parede interna, redução da resistência ao fluxo
no interior do tubo (k=0,09), maior vazão, resistência à infiltração de água, estabilidade da
aderência e flexibilidade. Normas: AWWA C-210; ABNT NBR 12309.

Figura 5: Epoxy Líquido

Conclusão e recomendações

As informações acima estão fortemente baseadas na publicação Tubos para Saneamento da


empresa Tenaris Confab. Tal publicação encontra-se disponível em:
<http://200.69.130.76/Tconfab/Portal/docs/prodyser/catalogo_saneamento_2002.pdf>.

Nela também podem ser encontradas outras informações relativas a tubos de aço carbono. O
CETEC não possui vínculos com a empresa mencionada.

SBRT – Formulário de Resposta Técnica Padrão 4


Para obter maiores informações acerca do problema da corrosão e seus possíveis métodos de
contorno, sugerimos o acesso à página da Associação Brasileira de Corrosão – ABRACO:
<http://www.abraco.org.br/>.

Referências

Tubulações Industriais. AULA 1. Prof. Clelio. FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA


DE LORENA. CURSO DE TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS. Disponível em:
< http://www.debas.faenquil.br/~clelio/pdf/aula01.pdf>. Acessado em 04/01/2006.

Tubos para Saneamento. Catálogo da empresa Tenaris Confab. Disponível em:


<http://200.69.130.76/Tconfab/Portal/docs/prodyser/catalogo_saneamento_2002.pdf>. Acessado
em 04/01/2006.

Revestimentos Protetores. ABRACO. Disponível em:


<http://www.abraco.org.br/corros20.htm>. Acessado em 04/01/2006.

Nome do técnico responsável

Lucas Emanuel França de Magalhães – Bolsista de IC BIC/CNPq.

Nome da Instituição respondente

Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC

Data de finalização

06/01/2006

SBRT – Formulário de Resposta Técnica Padrão 5

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