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Stress Salino, por Frio e Calor

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022 10:03

Key info:

Stress salino:
- Algumas plantas têm a capacidade de excretar NaCl dissolvido em água, que acaba por
evaporar e cristalizar em cristais de sal
- A acumulação de sal no solo prejudica as funções das plantas
○ Estuários, zonas costeiras, lagoas costeiras possuem elevadas concentrações de
sal, o que representa um desafio para que as plantas colonizem esse ambiente
○ Aparecimento de zonas salinizadas "man-made": contínua irrigação com água
com elevadas concentrações de sal, que salinizam o solo, tornando-o infértil
○ Estima-se que cerca de 1/3 da área arável na Terra esteja afetada por sal
○ Quando estamos a tratar com concentrações elevadas de Na+ o termo correto é
sodicidade, mas é pouco utilizado, e elevadas concentrações de sais totais
denomina-se salinidade. Os conceitos são muitas vezes relacionados, mas em
algumas áreas, para além do NaCl, o Ca2+, o Mg2+ e o (SO4)2- podem contribuir
substancialmente para a salinidade
○ Por vezes, a elevada concentração de sais em geral no solo se deve à constante
evaporação da água do solo
○ Plantas que conseguem sobreviver em ambientes salinos são denominadas
halófitas. Há vários níveis de tolerância de sal.
○ Glicófitas: "plantas doces" - plantas não halófitas, não são capazes de resistir ao
sal como as halófitas. Geralmente há um limiar de concentração de sal acima do
qual as glicófitas começam a mostrar sinais de inibição de crescimento,
descoloração foliar e perda de peso seco
○ Quando se trata de sal marinho a concentração de Na+ e Cl- andam associados
○ À parte: salinidade da água do mar é cerca de 600 mM
○ Grupo IA: verdadeiras halófitas
 Mostram estimulação do crescimento com níveis de Cl- inferiores a 400
mM
○ Grupo IB: halófitas
 Também toleram concentrações elevadas de sal, mas o seu crescimento é
atrasado
○ Grupo II - plantas na transição (halófitas e não halófitas)
 São inibidas por concentrações elevadas de sais

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atrasado
○ Grupo II - plantas na transição (halófitas e não halófitas)
 São inibidas por concentrações elevadas de sais
○ Grupo III - não halófitas sensíveis ao sal (glicófitas)
 Estas plantas são severamente inibidas ou mortas por baixas
concentrações de sal
- Os danos provocados pelo sal envolvem efeitos osmóticos e efeitos iónicos
específicos
○ Os efeitos dos solutos dissolvidos é semelhante ao do défice hídrico do solo, e a
maioria das plantas responde a níveis excessivos da salinidade no solo, da
mesma forma como descrito anteriormente para o défice hídrico (queda de
folhas, crescimento de folhas menores e em menor quantidade, alongamento
das raízes em profundidade, ajuste osmótico, deposição de ceras na superfície
das folhas, etc.)
○ Causa inativação enzimática e inibe a síntese proteica
○ A maioria das plantas podem ajustar-se osmoticamente quando crescem em
solos salinos. Tal ajuste evita a perda da turgescência (que retardaria o
crescimento celular) e simultaneamente gera um potencial de água inferior (a
água sempre flui de potenciais hídricos maiores para potenciais menores)
○ Além destes efeitos, em elevadas concentrações iões como Na+ , Cl– , ou (SO4)2-
são tóxicos (geralmente em baixas concentrações já causam estrago)
○ No caso do Na+, concentrações acima de 10 mM no citosol vão interferir com o
metabolismo, uma vez que a atividade enzimática deixa de funcionar
normalmente. Há enzimas que são mais sensíveis à concentração de sal do que
outras. A síntese proteica é bem sensível à isto
○ Elevadas concentrações de Na+ podem deslocar Ca2+ da membrana plasmática,
resultando na alteração da permeabilidade da membrana que pode ser detetada
pela fuga de K+ das células
○ A fotossíntese é inibida em concentrações de Na+ e Cl- elevadas nos cloroplastos
○ Na fotossíntese, os processos mais afetados são a fixação do carbono e a
fotofosforilação, ao passo que o transporte de eletrões ao longo das cadeias
parece ser relativamente insensível ao sal
○ Enzimas obtidas de espécies tolerantes a sal são tão sensíveis à NaCl quanto
enzimas das glicófitas. Desta forma, a resistência das halófitas não é uma
consequência de um metabolismo resistente ao sal, mas de mecanismos que
evitam os danos provocados pelo sal
- Plantas usam diferentes estratégias para evitar os danos provocados pelo sal
○ A células tem estratégias que excluem o sal dos compartimentos e tecidos com
maior metabolismo, quer dos meristemas (crescimento acelerado - implica
maior taxa de metabolismo) apicais, quer das raízes, pela parte aérea

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- Plantas usam diferentes estratégias para evitar os danos provocados pelo sal
○ A células tem estratégias que excluem o sal dos compartimentos e tecidos com
maior metabolismo, quer dos meristemas (crescimento acelerado - implica
maior taxa de metabolismo) apicais, quer das raízes, pela parte aérea
principalmente
○ As bandas de Caspari restringem o movimento dos iões para o xilema
○ Para evitar as bandas de Caspari, os iões necessitam de passar do apoplasto para
o simplasto, tendo de atravessar as membranas celulares, dando algum controlo
para as células de controlarem a concentração de iões nocivos através da sua
exclusão
○ O engrossamento das bandas de Caspari otimiza este mecanismo
○ Outra estratégia é a de Tamarix sp. e Atriplex sp. Não excluem pela raiz mas sim
glândulas salinas na superfície das folhas. Canaliza o sal para estas glândulas
onde cristaliza e não é prejudicial, protegendo as restantes partes à elevada
concentração de iões
 Atriplex: tem coloração acinzentada, devido à acumulação destas
glândulas, constituída por uma célula alongada e por uma na forma de
balão; o sal é transportado ativamente pelas células na forma de
pedúnculo para as vesiculosas/balão, até uma certa altura que "rebentam"
a parede celular, colocando para o exterior o seu conteúdo com elevada
concentração de sal
 Tamarix: não rebentam as células que armazenam o sal, devido a uma
cutícula que reveste as células secretoras
- A exclusão iônica é crítica para a adaptação à salinidade
○ Evitar que estes iões se acumulem nos meristemas há de ser o foco principal
○ Em termos de energia metabólica, a utilização de iões para equilibrar o potencial
hídrico dos tecidos num ambiente salino tem claramente um custo energético
menor do que a utilização de hidratos de carbono ou aminoácidos
○ Por outro lado, concentrações elevadas de iões são toxicas para muitas enzimas
citosólicas, assim os iões são acumulados no vacúolo para minimizar
concentrações toxicas no citosol
○ Uma vez que o NaCl é o sal mais abundante que as plantas sob stresse salino
encontram, os sistemas de transporte que facilitam a compartimentação de Na+
no vacúolo são críticos
○ A célula arranja uma estratégia de, por um lado, diminuir a necessidade
energética de se adaptar osmoticamente, e por outro lado de preservar o
metabolismo, acumulando nos vacúolos iões inorgánicos que normalmente
interfeririam com o metabolismo, mas não quando dentro do organelo devido às
baixas taxas de metabolismo que lá ocorrem. Depois, em compartimentos das
células onde há um metabolismo mais ativo (processos mais ativos como a

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células onde há um metabolismo mais ativo (processos mais ativos como a
fotossíntese, respiração, etc.) acumula compostos orgânicos para se ajustar
osmoticamente, sendo compostos que têm pouca interferência (muitas vezes
até protegem a atividade das enzimas como é o caso da prolina). Assim,
permitem à célula estar osmoticamente adaptada a concentrações mais
elevadas de sais do que o normal, sendo portanto capaz de manter a sua
atividade normal
○ Para além destes ajustes em termos de solutos orgânicos e inorgânicos, existe
também uma regulação no transporte dos iões. Proteínas membranares
medeiam o transporte, quer de Na+, K+ ou Ca2+, permitem que em stresse
salino as células possam regular em termos da concentração desses iões, não
permitindo que se elevem demasiadamente, mesmo dentro do vacúolo, que tem
uma capacidade limitada de acumulação de iões
○ SOS contém mais do que uma proteína: SOS1, SOS2 e SOS3. Para esse esquema
focamos na SOS1
 SOS1: está na membrana plasmática
□ Antiportador de Na+ e protões H+
□ Na+ sai, protões H+ entram, acidificando o citosol, o que depois tem
de ser compensado com maior a atividade destas bombas de
protões que existem nessas membranas (ATPases membranares e
pirofosfatases - umas vão exportar os protões para fora da célula,
outras vão acumulá-los dentro do vacúolo)
□ Depois, o ajuste osmótico pode também, em parte, ser feito pelo K+,
por ser muito menos tóxico do que o Na+ e em concentrações entre
100 e 200 mM é compatível com o metabolismo celular.
□ Temos então ainda o Ca2+, que vai ter tendência a ir para dentro das
células como regulador osmótico delas, mas também nunca pode
estar em concentrações elevadas no citosol pois é um sinalizador e,
ao acumular-se, pode desregular completamente a célula. O Ca2+
que entra vai ser acumulado no vacúolo pela bomba ACA (ver
esquema)
 KUP1/TRH1 (muito semelhantes): cotransportam K+ e protões H+
 atHKT1: transportador de Na+ por influxo
 Permite que o Na+ entre de uma maneira relativamente fácil dentro
da célula, sendo necessário depois que haja SOS1 o suficiente para
excluir o excesso
 NSCC: vai deixar entrar Na+ na célula; canal de catiões não seletivo
 AKT1: canal de K+
 CAX1 ou 2: antiportador Ca2+ e H+
 atNHX1, 2 ou 5: antiportador de Na+ e H+ endomembranar

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 atNHX1, 2 ou 5: antiportador de Na+ e H+ endomembranar
 O stresse salino ativa um canal de Ca2+ que conduz a um aumento de
Ca2+ no citosol, que ativa a cascata de SOS através da SOS2
(serina/treonina-cinase) e da SOS3 (proteína que liga Ca2+)
□ (Almost the same thing) Na presença de stresse salino, há um
aumento da transcrição da SOS, 1 2 e 3; se encontram normalmente
inativas no citosol (SOS2 e SOS3). O Ca2+ aumenta no citosol e liga-
se a SOS3, ativando-a e vai fazer com que se ligue a SOS2, e este
complexo vai inibir a entrada de Na+ e estimular a entrada de K+
 A cascata SOS regula negativamente a HKT1. Ao mesmo tempo, a cascata
SOS aumenta a atividade de SOS1 e AKT1
 A cascata SOS aumenta a transcrição de SOS1 (+ excreção de Na+ para o
exterior da célula) enquanto diminui a transcrição de genes NHX
(transporta Na+ para o vacúolo, para que o Na+ seja excretado para o
meio extracelular). A baixas concentrações de Ca2+ a NSCC também pode
funcionar como um sistema alternativo de influxo de sódio, mas este
transportador é inibido a níveis elevados de Ca2+

Stresse por frio e congelamento

- Algumas plantas tem estratégias que permitem viver na presença de gelo


- Diferença entre frio e congelação
○ Implicam temperaturas baixas ambos, mas no caso do congelamento implica o
congelamento da água , aumentando o seu volume e rebentando as células das
plantas
○ O frio não permite o crescimento normal, mas as temperaturas não são
suficientemente baixas para se formar gelo. Tipicamente, as espécies tropicais e
subtropicais (25 a 35ºC) são suscetíveis a danos pelo frio
○ Pelo contrário, os danos causados pela congelação ocorrem a temperaturas abaixo do
ponto de congelação da água
○ O frio pode causar descoloração
- As propriedades da membrana mudam em resposta aos danos pelo frio
○ As folhas de plantas submetidas a períodos de frio evidenciam inibição da
fotossíntese, translocação mais lenta de hidratos de carbono, taxas respiratórias mais
baixas, inibição da síntese proteica e aumento da degradação das proteínas existentes
○ As propriedades físicas dos lípidos influenciam grandemente a atividade das proteínas
integrais da membrana, incluindo H+ - ATPases, transportadores, e canais que
regulam o transporte de iões e outros solutos, assim como o transporte de enzimas
○ Em plantas sensíveis ao frio (de locais mais quentes), os lípidos da bicamada possuem
elevado grau de saturação dos ácidos gordos para manter a integridade da

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integrais da membrana, incluindo H+ - ATPases, transportadores, e canais que
regulam o transporte de iões e outros solutos, assim como o transporte de enzimas
○ Em plantas sensíveis ao frio (de locais mais quentes), os lípidos da bicamada possuem
elevado grau de saturação dos ácidos gordos para manter a integridade da
membrana. As membranas com esta composição tendem a solidificar num estado
semi-cristalino a temperaturas bem acima de 0C
○ Como as membranas tornam-se menos fluidas com o frio, os seus componentes
proteicos não funcionam normalmente. O resultado é a inibição da atividade das
H+ - ATPases, do transporte de solutos para dentro e fora das células, da transdução
de energia (transferência de energia de um eletrão para outro) e do metabolismo
dependente da atividade enzimática
○ Além disso, a baixas temperaturas, as folhas sensíveis ao frio quando expostas a
fluxos elevados de fotões são foto-inibidas, causando danos graves na maquinaria
fotossintética
○ Os lípidos membranares de plantas resistentes ao frio têm muitas vezes maior
proporção de ácidos gordos insaturados do que as plantas sensíveis e durante a
aclimatação a temperaturas baixas a atividade das dessaturases (enzimas que
aumentam o número de ligações duplas nos lípidos, também denominadas
insaturases) aumenta, aumentando a proporção de lípidos insaturados. A insaturação
de ácidos gordos proporciona assim proteção contra os danos pelo frio
- A formação de cristais de gelo e a desidratação do protoplasto mata as células
○ Células vegetativas totalmente hidratadas retêm a viabilidade se forem arrefecidas
muito rapidamente para evitar a formação de grandes cristais que se formam
lentamente e que perfurariam e destruiriam as estruturas subcelulares.
○ Entretanto, em condições naturais o arrefecimento nunca é suficientemente rápido
para limitar a formação de cristais. Normalmente o gelo forma-se primeiro nos
espaços intercelulares, e nos vasos de xilema. O crescimento de cristais de gelo
extracelulares resulta no movimento de água no estado líquido do protoplasto
(simplasto) para o apoplasto, causando desidratação
○ A elevada concentração de solutos no interior (protoplasto/simplasto) faz com que a
água nele contida não congele imediatamente. A água fora da célula congela e faz
com que o potencial hídrico externo da água que ainda não congelou fique inferior,
fazendo com que a célula perca água para o exterior (apoplasto), tornando necessário
equilíbrio osmótico
- A redução da formação do gelo contribui para a tolerância ao congelamento
○ Proteínas especializadas podem ajudar a reduzir o crescimento de cristais de gelo por
um mecanismo não coligativo (efeito que não depende da presença de solutos) que
diminui o ponto de congelação da água. Estas proteínas anticongelantes são induzidas
por temperaturas baixas, ligam-se às superfícies dos cristais de gelo e previnem ou
retardam o aumento dos cristais

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retardam o aumento dos cristais
○ Pensa-se que os açúcares e algumas proteínas induzidas pelo frio tenham efeitos
crioprotetores, estabilizando proteínas e membranas durante a desidratação induzida
por baixas temperaturas. A sacarose é o açúcar solúvel predominante associado à
tolerância ao congelamento, mas a rafinose, as frutanas, o sorbitol, ou o manitol
desempenham a mesma função
○ Os açucares solúveis acumulam-se nas paredes celulares, onde ajudam a restringir o
crescimento do gelo. Uma glicoproteína crioprotetora foi isolada de folhas de couve
(Brassica oleracea) aclimatadas ao frio
○ As espécies lenhosas retiram a água dos vasos do xilema, impedindo deste modo o
caule de partir em resposta à expansão da água durante a congelação
○ Árvores de folhas caducas perdem as folhas no outono-inverno. Assim, não perdem
tanta água. Isto é importante pois como a água no solo está congelada, não é
acessível às plantas e logo se encontram num estado de seca fisiológica
- A resistência ao congelamento tem limites
○ As células só podem resistir até cerca de -40ºC, temperatura a partir da qual o gelo
forma-se espontaneamente. Isto define o limite mínimo de temperatura a que muitas
espécies alpinas e subárticas conseguem sobreviver
○ Linha da madeira: limite a partir do qual árvores/arbustos deixam de existir nas
montanhas
○ A formação de gelo começa entre -3 e -5ºC nos espaços intercelulares, onde os
cristais continuam a crescer, devido ao movimento gradual da água do protoplasto, o
qual permanece não congelado
○ A resistência a temperaturas de congelação depende da capacidade dos espaços
extracelulares acomodarem o aumento de volume causado pelo crescimento de
cristais de gelo e da capacidade do protoplasto de suportar a desidratação
- São vários os genes induzidos pelo frio
○ Ictioproteins: podem agir como chaperones moleculares
○ A síntese de proteínas é necessária para o desenvolvimento de tolerância ao
congelamento, e são várias as proteínas que se acumulam
○ A expressão de várias proteínas HSPs que podem agir como chaperones moleculares é
aumentada na presença de frio, sugerindo que o stresse causado pelo frio causa a
desestabilização das proteínas e que durante os episódios de frio os mecanismos para
estabilizar a estrutura das proteínas são importantes para a sobrevivência
○ As proteínas anticongelantes ou proteínas de histerese térmica (THPS) conferem às
soluções aquosas a propriedade de histerese térmica (a transição de líquido para
sólido é promovida a uma temperatura menor do que a de transição de sólido para
líquido)
○ Estas proteínas pertencem a uma classe de proteínas que incluem endoquitinases e
endoglucanases

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○ A expressão de várias proteínas HSPs que podem agir como chaperones moleculares é
aumentada na presença de frio, sugerindo que o stresse causado pelo frio causa a
desestabilização das proteínas e que durante os episódios de frio os mecanismos para
estabilizar a estrutura das proteínas são importantes para a sobrevivência
○ As proteínas anticongelantes ou proteínas de histerese térmica (THPS) conferem às
soluções aquosas a propriedade de histerese térmica (a transição de líquido para
sólido é promovida a uma temperatura menor do que a de transição de sólido para
líquido)
○ Estas proteínas pertencem a uma classe de proteínas que incluem endoquitinases e
endoglucanases
○ Devido ao frio, muitas proteínas perdem a sua estrutura. A ictioproteins podem
reorganizá-las
○ As proteínas envolvidas na síntese de osmólitos, na estabilização das membranas, e as
proteínas LEA são também sobre-expressas sob stress pelo frio
○ Uma vez que a formação de cristais de gelo extracelularmente gera elevado stresse
osmótico no interior das células, lidar com o stresse por congelamento também
requer os meios para lidar com o stresse osmótico
○ Esta interferência de transporte de eletrões vai originar ROS, que vão causar stresse
oxidativo, que vai interferir com a homeostase redox das células (balança) e vai haver
um aumento da atividade de enzimas antioxidantes que combatem as ROS, como a
catalase e a ascorbato peroxidase. Estes próprios ROS vão provocar alterações de
transcrição que vão induzir a atividade destas enzimas e o estado redox vai alterar o
folding das proteínas, que é onde entram as ictioproteins, restabelecendo a sua
conformação
○ As proteínas que estão too far gone (não podem ser recuperadas) vão sofrer
proteólise, utilizando os seus aminoácidos para a síntese de novas proteínas
○ A RuBisCO tem tendência a diminuir de atividade, o que vai afetar a fixação do CO2
negativamente, diminuindo a capacidade das plantas de produzir fotossintetizados

Stresse Térmico: Calor

- Efeitos bioquímicos e fisiológicos do stresse térmico:


○ Associado à perda da função fisiológica
○ A fluidez excessiva da membrana vai causar alterações semelhantes ao frio
○ Em algumas plantas (Nerium oleander) a aclimatação a temperaturas elevadas está
associada a um maior grau de saturação dos ácidos gordos e lípidos da membrana, o
que torna as membranas menos fluidas (inverso do que ocorre no stresse for frio)
○ A temperaturas elevadas, há um decréscimo na força das ligações de hidrogénio e das

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○ Em algumas plantas (Nerium oleander) a aclimatação a temperaturas elevadas está
associada a um maior grau de saturação dos ácidos gordos e lípidos da membrana, o
que torna as membranas menos fluidas (inverso do que ocorre no stresse for frio)
○ A temperaturas elevadas, há um decréscimo na força das ligações de hidrogénio e das
interações eletrostáticas entre os grupos polares das proteínas dentro da fase aquosa
da membrana
○ Assim, temperaturas elevadas modificam a composição e estrutura da membrana e
podem causar perda de iões
○ A disrupção da membrana também causa a inibição de processos como a fotossíntese
e a respiração, que dependem da atividade de transportadores de eletrões e de
enzimas associadas à membrana
○ A fotossíntese é especialmente sensível a temperaturas elevadas
○ No entanto, as temperaturas às quais as proteínas começam a desnaturar e a perder
atividade são mais elevadas do que as temperaturas em que a fotossíntese começa a
diminuir
○ Assim, os efeitos iniciais do calor na fotossíntese estão mais relacionados em
alterações nas propriedades das membranas nos cloroplastos e com o
desacoplamento dos mecanismos de transferência de energia do que com a
desnaturação das proteínas
- Várias adaptações protegem as folhas do aquecimento excessivo
○ As plantas evitam o aquecimento excessivo das suas folhas diminuindo a absorção de
radiação solar. Desta forma, a resistência à seca e a resistência ao calor dependem
ambas de adaptações idênticas:
 Tricomas foliares e ceras foliares que refletem luz
 Orientação vertical e enrolamento da folha
 Crescimento de folhas mais pequenas e finas para minimizar a espessura da
camada limitante e, assim, maximizar a perda de calor por convecção e
condução
○ Alguns arbustos do deserto (por ex. Encelia farinosa, família Compositae) têm folhas
dimórficas para evitar o aquecimento excessivo, folhas verdes, quase sem pelos no
inverno que são substituídas por folhas brancas pubescentes no verão
- A temperaturas elevadas, as plantas sintetizam HSPs (Heat Shock Proteins)
○ As plantas e a maioria de outros organismos produzem HSPs com tamanhos
diferentes em resposta ao aumento da temperatura. As massas moleculares das HSPs
variam entre 15-104 kDa, e podem ser agrupadas em cinco classes com base no
tamanho. HSPs diferentes estão localizadas no núcleo, em mitocôndrias, em
cloroplastos, no retículo endoplasmático e no citosol
○ Os membros das HSP60, HSP70, HSP90 e HSP100 atuam como chaperones
moleculares, estabilizando a conformação das proteínas e a montagem de proteínas
oligoméricas, um processo que é dependente de ATP. Algumas HSPs auxiliam o

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oligoméricas, um processo que é dependente de ATP. Algumas HSPs auxiliam o
transporte de polipéptidos através das membranas para compartimentos celulares
○ As HSPs de baixo peso molecular (15-30 kDa) são mais abundantes em plantas
vasculares do que noutros organismos. Estas HSPs encontram-se no citosol,
cloroplastos, retículo endoplasmático e mitocôndrias. A função destas HSPs pequenas
ainda não está compreendida
- A adaptação ao stresse térmico é mediada pelo cálcio citosólico
○ Relembrando novamente o papel importante do Ca2+ como sinalizador dentro da
célula
○ É comum de muitos seres vivos ter concentrações de Ca2+ intracelulares muito
baixas, pois pequenos aumentos com uma determinada cadência de Ca2+ intracelular
são detetados pela célula e vão despoletar estes sinais
○ O stress térmico provoca redução do pH citosólico, possivelmente através da inibição
de ATPases e pirofosfatases que bombeiam H+ através da membrana plasmática e do
tonoplasto para fora do citosol
○ Além disso, o stresse térmico altera a homeostase do Ca2+ no interior da célula ao
afetar o influxo de Ca2+ no citosol através de canais de Ca2+ na membrana
plasmática ou vacuolar, ou afetando o seu efluxo através de ATPases ou de
cotransportadores de H+
○ Este aumento na concentração de Ca2+ conduz à ativação da calmodulina (CaM), que
se liga à glutamato descarboxilase (GAD) convertendo-a da forma inativa em ativa. A
conversão do glutamato em ácido γ-aminobutírico (GABA) é então conseguida com
consumo de H+, aumentando o pH citosólico. CAX1 e CAX2 são proteínas de
transporte, ACA: Ca2+ ATPase

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