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Fertilidade do solo

Aula XII
CÁLCIO E MAGNÉSIO

franciely.ponce@facvb.com.br
Profa. Dra. Franciely da Silva Ponce
Graduado em Engenharia Agronômica/UNEMAT
Mestre em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola/UNEMAT
Doutor em Agronomia/Horticultura- FCA/UNESP
Importância do cálcio para as plantas

• CÁLCIO Os íons cálcio (Ca2+) têm dois papéis distintos nas


plantas:
• (1) um papel estrutural/apoplástico no qual o Ca2+ se liga a
grupos ácidos de lipídeos da membrana (fosfo e sulfolipídeos)
e a ligações cruzadas entre pectinas, em particular na lamela
média que separa células recentemente divididas;
• Figura 1.6 Diagrama de uma célula vegetal. Vários compartimentos intracelulares são
delimitados por suas respectivas membranas, como o tonoplasto, o envoltório nuclear e as
membranas das demais organelas. As duas paredes celulares primárias adjacentes, junto
com a lamela média, formam uma estrutura complexa, denominada lamela média
composta.
• (2) um papel sinalizador, no qual o Ca2+ atua como mensageiro
secundário que inicia as respostas vegetais aos estímulos ambientais.
Em sua função como um mensageiro secundário, o Ca2+ pode se ligar
à calmodulina, uma proteína encontrada no citosol de células
vegetais.
• O complexo calmodulina-Ca2+, então, liga-se a diferentes tipos de
proteínas, incluindo quinases, fosfatases, proteínas mensageiras
secundárias de sinalização e proteínas do citoesqueleto. Desse modo,
ele regula muitos processos celulares, desde o controle de transcrição
e sobrevivência celular até a liberação de sinais químicos.
CÁLCIO NO SOLO

• Quinto elemento em maior abundância na crosta terrestre, não é


encontrado em estado elementar na natureza, apenas em rochas ou
minerais carbonatados como a calcita, o calcário, dolomita, mármore, e
em sulfatados como o gipso e o alabastro.
• As fontes do macronutriente secundário na agricultura são basicamente
o calcário e o gesso, sendo também condicionadores de solo.
• O superfosfato simples e o superfosfato triplo também são comuns
fornecedores de cálcio, juntamente com outros nutrientes, contendo em
suas respectivas composições, 18-20% e 12% de cálcio. Além destes,
temos o termofosfato, nitrato de cálcio, cinzas, escória da siderurgia, CaCl
dentre outros (MALAVOLTA, 2006).

• As formas em que se pode encontrar cálcio no solo são
em fosfatos, carbonatos, silicatos (maior porção nos
solos), sulfatos, em matéria orgânica, em solução e
trocável, sendo que apenas as duas últimas formas
citadas são de interesse para a nutrição de plantas
superiores.
• A presença do nutriente em solos considerados normais
varia entre 10 e 30 toneladas por hectare, geralmente
suficientes para suprir as demandas nutricionais das
plantas.
• Enquanto as gramíneas e demais famílias de plantas absorvem
cerca de 25 kg por hectare de cálcio, as leguminosas podem
ultrapassar os 100 kg por hectare (MALAVOLTA, 2006).

• O carbonato de cálcio é geralmente a forma em que o cálcio é


utilizado na calagem e encontrado na natureza, sendo que o
Ca encontrado em rochas calcárias, utilizadas moídas para a
correção de solos;
• Carbonatos de magnésio a 45% de pureza a alguns quase
puros em teores de carbonato de cálcio, fazia-se a divisão
entre calcários calcíticos e dolomíticos, todavia atualmente a
classificação mais indicada os separa entre calcários
convencionais e de alta reatividade.
• Usualmente, calcários possuem de 25 a 50% de cálcio na
forma de óxido e de 2 a 20% na forma de óxido de magnésio,
sendo considerado de baixa qualidade quando possui menos
que 80% de carbonatos (MALAVOLTA, 2006).
• Encontra-se o cálcio em basicamente três fontes distintas que fornecem o
nutriente para a solução do solo:

• Minerais que contém cálcio e o liberam quando intemperizados, como é o caso


da calcita, do plagioclásio e da colemanita, por exemplo;

• Cálcio presente complexado na matéria orgânica do solo e por fim, retido nos
coloides de argilas e do húmus do solo na forma de cátion trocável (BRADY,
2009).
• Fenômenos que alteram a composição química, física e mineralógica
dos minerais são conhecidos como intemperismo químico, resultando na
formação e disponibilização de novos compostos e minerais.
• Os principais fatores intemperizantes químicos são a água, o gás
carbônico, o oxigênio, ácidos orgânicos provindos da decomposição de
organismos.
• Causam a solubilização simples dos compostos que serão
disponibilizados à solução do solo, ocasionados por reação de oxidação,
redução, carbonatação, hidrólise ou hidratação.
• Nestes processos é mais comum a perda de Ca, Mg, Na, e K pelos
minerais, sendo facilmente intemperizados.
• O Fe, Al, Ti, e Mn são elementos que tendem a se concentrar mais no
solo (MEURER, 2006).
• Um exemplo de intemperismo que provém cálcio ao solo é o da anortita à
caulinita, dada por:

• CaAl2Si8O8 + 2CO2 + 3H2O = Al2Si2O5(OH)4 + Ca2 + + 2HCO3–

• Esta reação mostra a ação do gás carbônico e da água atuando sobre o


mineral primário anortita (CaAl2Si8O8), formando o mineral secundário
caulinita (Al2Si2O5(OH)4), causando a dissolução do íon Ca2+ agora
presente na solução do solo (MEURER, 2006).
• Em locais áridos e semiáridos, a dissolução do Cálcio presente nos
minerais no solo é prejudicada pelo elevado pH e pela natureza muito
carbonatada da solução do solo.

• Ações como a queima de carvão e o desgaste promovido pelo vento em


solos calcários de desertos podem promover consideravelmente a
deposição de cálcio em locais situados a mais de milhares de quilômetros
da fonte, sendo capaz de compensar a deposição de nitrogênio e enxofre,
causa de acidificação, mesmo que parcialmente (BRADY, 2009).
• Cálcio (Ca)
- Regulação da hidratação (antagonismo com: Ca+,
Mg++);
- Ativador de enzimas (amilase, ATPase);
- Regulador do crescimento em extensão basal;
• Sintomas característicos da deficiência de cálcio incluem a
necrose das regiões meristemáticas jovens, como os ápices
radiculares ou folhas jovens.
• A necrose em plantas de lento crescimento pode ser precedida
por uma clorose generalizada e um curvamento, para baixo,
das folhas.
• As folhas jovens podem parecem também deformadas.
https://fisiologiavegetal.webnode.com.br/nutri%C3%A7%C3%A3o/
• O sistema radicular de uma planta deficiente em cálcio pode
apresentar-se acastanhado, curto e altamente ramificado. Pode
haver redução severa no crescimento se as regiões
meristemáticas da planta morrerem prematuramente.
https://doi.org/10.1590/0034-737X201461050016
• Deficiências de vários elementos podem
ocorrer simultaneamente em diferentes
tecidos vegetais.
• Deficiências ou quantidades excessivas
de um elemento podem induzir
deficiências ou acúmulos excessivos de
outro elemento.
• Algumas doenças virais das plantas
podem produzir sintomas similares
àqueles das deficiências nutricionais
•Cálcio (Ca): O sintoma característico da deficiência de cálcio inicia com a flacidez
dos tecidos novos, que evolui para uma necrose seca e negra com encurvamento
dos ápices. Os sintomas são visíveis nas folhas mais novas, uma vez que o Ca é um
elemento praticamente imóvel no floema.

Fonte: Agrolink
• Os sintomas característicos da deficiência de cálcio incluem a necrose de
regiões meristemáticas jovens, como os ápices de raízes ou de folhas
jovens, nas quais a divisão celular e a formação de paredes celulares são
mais rápidas.

• A necrose em plantas em lento crescimento pode ser precedida por uma


clorose generalizada e um encurvamento para baixo de folhas jovens. As
folhas jovens também podem mostrar-se deformadas.
• Tipburn
Foto: Ítalo M. R. Guedes Juan Luis
• O sistema de raízes de uma planta deficiente em cálcio pode
ser acastanhado, curto e muito ramificado. Pode haver forte
redução no crescimento se as regiões meristemáticas da planta
morrerem prematuramente.
• Figura 5.5 Influência do pH do solo na
disponibilidade de nutrientes em solos orgânicos. A
espessura das barras horizontais indica o grau de
disponibilidade do nutriente para as raízes das
plantas. Todos esses nutrientes estão disponíveis na
faixa de pH de 5,5 a 6,5. (De Lucas e Davis, 1961.)
MAGNÉSIO
• Em células vegetais, os íons magnésio (Mg2+) têm um papel
específico na ativação de enzimas envolvidas na respiração, na
fotossíntese e na síntese de DNA e RNA. Mg2+ é também
parte da estrutura em anel da molécula de clorofila (ver Figura
7.6A).
• Um sintoma característico da deficiência de magnésio é a
clorose entre as nervuras foliares, ocorrendo, primeiro, em
folhas mais velhas, por causa da mobilidade desse cátion.
• Esse padrão de clorose ocorre porque a clorofila nos feixes vasculares
permanece inalterada em períodos mais longos do que aquela nas
células entre os feixes. Se a deficiência for extensa, as folhas podem
se tornar amarelas ou brancas. Um sintoma adicional da deficiência
de magnésio pode ser a senescência e a abscisão foliar prematura.
• Atuar na composição da clorofila;
• Ativar enzimas;
• Auxiliar a fixação do gás carbônico;
• Trabalhar no metabolismo do nitrogênio;
• Contribuir para a síntese de proteína e ativação dos
aminoácidos;
• Auxiliar a absorção de fósforo.
•Magnésio (Mg):
•As folhas mais velhas apresentaram clorose do tipo
interneval, espalhando-se das margens para o centro das folhas;
encurtamento de entrenós; redução do crescimento vegetal; inibição
da floração; morte prematura das folhas e degeneração dos frutos.
• Clorose nas nervuras. •Redução do crescimento;
• Redução no crescimento. •Inibição da floração;
• Inibe a floração. •Necrose e morte prematura das
• Necrose e morte das folhas. folhas;
• Degeneração dos frutos. •Degeneração de frutos.
• Um dos sintomas característicos da deficiência de magnésio é
a clorose entre as nervuras foliares, ocorrendo primeiro nas
folhas mais velhas devido a mobilidade deste elemento dentro
do vegetal.. Se a deficiência é muito grande, as folhas tornam-
se amarelas ou brancas. Um sintoma
https://doi.org/10.1590/S0100-29452011000400034
• A acidez do solo afeta a absorção de muitos nutrientes pela planta e

pode causar deficiências mesmo quando há suprimento adequado de

nutrientes no solo. A análise de solo deve ser usada regularmente para

identificar problemas de pH e monitorar os níveis de nutrientes no solo.


• Não existe uma solução nutritiva ideal para todas as culturas, visto que

ela é influenciada por uma série de fatores, tais como: espécie de planta

cultivada e cultivar utilizada; idade da planta e estágio de crescimento;

época do ano, duração do período de luz (fotoperíodo); fatores

ambientais, como: temperatura, umidade, luminosidade; a parte da

planta colhida, tipo de solo, entre outros.


• Os sintomas de deficiência dos macro e micronutrientes
mostram relações diretas com os papéis que cada nutriente
desempenha na bioquímica e no metabolismo vegetal. As
deficiências nutricionais na cultura do milho resultam na
diminuição da produtividade e do lucro do produtor.
MAGNÉSIO NO SOLO
• O Mg compõe cerca de 2% da crosta terrestre e no solo tem sua origem em
minerais primários silicatados como hornblenda, augita, olivina, talco,
serpentina, clorita, biotita.
• A principal fonte de Mg para o manejo da fertilidade do solo é a dolomita -
CaCO3 .MgCO3 (Slater, 1952; Tisdale et al., 1985; Sousa et al., 2007; Raij,
2011).
• Os solos brasileiros são de modo geral pobres em Mg. Isso se deve tanto ao
material de origem com baixas concentrações no nutriente quanto a
intensos processos pedogenéticos ao longo da formação dos solos nos
quais os produtos de intemperização como o Mg são lixiviados.
• O processo de acidificação do solo também influencia negativamente
o Mg devido a reduzida estabilidade de carbonatos, sulfatos, silicatos
e aluminossilicatos de Mg em meios ácidos.
• No solo, o Mg total pode ser dividido nas frações:
• (1) não trocável, presente na estrutura dos minerais;
• (2) trocável, que está adsorvido de forma eletrostática aos coloides
minerais e orgânicos do solo e,
• (3) como íon livre na solução do solo cujas concentrações variam de
5 a 50 mg/L (Tisdale; Nelson, 1993).
• O Mg, assim como outros nutrientes, pode ser removido do
solo por lixiviação, exportação via colheitas e erosão.
• As perdas por erosão dependem da textura e topografia do
solo, do volume de chuvas, do sistema de cultivo e do teor dos
nutrientes no solo.
• A absorção dos nutrientes pelas raízes das plantas ocorre a
partir da solução do solo;
• a adição de nutrientes aos sistemas de produção e/ou sua
ciclagem resultante da incorporação de diferentes culturas
também influenciam o equilíbrio químico do Mg no solo, o que
reforça a importância de sistemas de produção mais
diversificados.

• O mecanismo de contato e a posterior absorção dos nutrientes
pelas raízes das plantas podem ocorrer por três processos:
• interceptação radicular, fluxo em massa e difusão.
• No caso do Mg, o fluxo em massa tem fundamental importância
(Malavolta et al., 1997; Fageria et al., 2011) e é altamente
dependente da disponibilidade de água no solo e da
transpiração das plantas

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