Você está na página 1de 7

Socioeconomia

Foto: Silvio Ávila - Editora Gazeta Santa Cruz
































A cultura do fumo





na Bahia:






refletindo sobre a Convenção-Quadro







José Mário Carvalhal de Oliveira*





presente artigo tem como


A produção Sumatra, destinados à fabricação de

O

objetivo mostrar a impor- charutos, capas para charutos e


baiana

tância sócio-econômica da cigarrilhas.


fumicultura no Estado da Bahia e Em termos de Nordeste, a Bahia


refletir sobre as conseqüências da de fumo participa com 41 % da produção de



ratificação do Brasil a Convenção- fumo em folhas, sendo o segundo


Quadro para o Controle do Tabaco, Estado produtor, depois de Alagoas.


Segundo historiadores, o cultivo


um instrumento legal, sob forma de O Gráfico 1 apresenta a produção

de fumo em folha foi introduzido na


tratado internacional, no qual os de fumo em toneladas nos principais


Bahia, no município de Cachoeira,

Estados signatários concordam em Estados produtores do Nordeste.


em 1757. Esse cultivo veio em


pôr em execução um conjunto de A Bahia tem um grande poten-

substituição ao fumo em corda que


medidas com o objetivo de deter a se expandiu para outros Estados do cial agrícola para a produção

expansão e consumo do tabaco no Nordeste. A Bahia coloca-se como de tabaco das variedades Brasil-

mundo. Inicialmente, este artigo Bahia, de coloração castanha,


quinto Estado produtor do país,


visita o cenário da cultura do fumo participando, na safra 2005, com Sumatra, originário da Indonésia

na Bahia e, em seguida, discute pouco mais de 1 % da produção e utilizado na confecção de


algumas idéias a respeito da capas claras para charutos, e


nacional de fumo em folhas, in-


Convenção-Quadro e suas possíveis cluídos os fumos Virgínia, Burley e o Virgínia, recentemente intro-

conseqüências para o Brasil e, em Comum para fabricação de cigarros, duzido na região denominada

especial, para a região fumageira do o Oriental para a fabricação de fu- “Mata-Norte”, pela Companhia Sou-


Estado. mos aromáticos e o Brasil-Bahia e za Cruz para produção de cigarros.


*Engenheiro Agrônomo, Pós-graduado em Economia Baiana pela Universidade Salvador – UNIFACS, Especialista em Políticas Públicas pela
Universidade Cândido Mendes, Diretor de Política e Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária – SEAGRI;
e-mail: jcarvalhal@seagri.ba.gov.br

Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006 57


Socioeconomia



















































O Estado possui 36 municípios não cobria os custos de produção,


A força


produtores de fumo distribuídos em agravando ainda mais a situação do


produtiva

suas principais zonas de produção, setor fumageiro baiano. Diante deste


compreendidas pelas regiões de quadro, o setor produtor/exportador



Feira de Santana, Cruz das Almas e investiu, ainda mais, em pesquisas Diferentemente dos principais

Alagoinhas, cada qual com distintas com o fito de desenvolver e distribuir produtos do agronegócio, o tabaco

características de solo e clima, con- entre os fumicultores material gene-


não é cultivado em grandes proprie-


ferindo ao tabaco produzido dife- ticamente superior, contribuindo

dades, se desenvolvendo melhor nos


rentes propriedades organolépticas. desta forma, para minimizar aquela


canteiros adubados de pequenas

O Quadro 1 mostra a participação situação e propiciar uma remune-


propriedades, cuja principal carac-


percentual das principais regiões ração compensadora, mediante a ob-

terística é integrar um sistema de


produtoras na produção de fumo no tenção de um produto de melhor qua-


Estado. lidade. produção baseado na sucessão de


A despeito das crises enfrenta- Em 2005, a safra baiana de fumo culturas, a partir da combinação: fu-

mo, milho, feijão e mandioca.


das pela fumicultura, sobretudo atingiu 11.258 toneladas, 15,7 %


nas décadas passadas, motivadas superior à safra do ano passado. Levantamento das propriedades

principalmente pela falta de qua- A área plantada foi incrementada em de fumicultores no Estado da Bahia

mostra que 74 % dos agriculto-


lidade, o que resultou na retração do 11 %, passando de 10.894 ha, em


mercado externo e, conseqüente- 2004, para 12.092 ha, em 2005. A res possuem área inferior a cinco

mente, na desmotivação, por parte do produtividade média subiu 4,3 %, hectares e 0,03 % com área supe-

rior a 500 ha, conforme pode ser


produtor, uma vez que a remune- passando de 893 kg/ha para 931

ração obtida pela safra produzida, kg/ha (Gráfico 2). observado no Gráfico 3. Dentro do

58 Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006


Socioeconomia
negócio baiano, participando com



1 % do valor d as exportações,


atingindo US$ 16.699 milhões,


naquele ano (Gráfico 5).



A maior parte do fumo baiano


é exportada em forma de folhas,


apesar de existirem mais de sete



indústrias tradicionais de charutos e


cigarrilhas na mais importante região



de produção do Estado, localizada


no Recôncavo, e denominada



“Mata-Fina”. Outro fato importante



é que as exportações baianas


englobam produções do Estado de


Alagoas, que têm, em Salvador, seu



principal porto de exportação.


Os principais países de destino


do fumo baiano, em 2004, foram os



Países Baixos adquirindo 20 % do


total exportado, seguidos da



Indonésia (15 %), Alemanha (13 %),


Bélgica (9 %), República Domi -


sistema de produção, o fumo tem mostra o comportamento dos pre- nicana e Portugal (5 %), Suíça e


participado com aproximadamente ços do fumo nas últimas safras, na


Reino Unido (4 %), e EUA (2 %), o


21 % da área cultivada, área média Bahia. que totalizou US$ 16,6 milhões


de 1,72 ha. A exploração é feita (Gráfico 6).


pelo proprietário diretamente, ainda


No que se refere às exportações

encontrando-se arrendatários, pos-


de charutos e cigarrilhas, nos últimos

seiros e parceiros (meação e terça).


Exportações cinco anos, houve um decréscimo

A mão-de-obra é de uso bastante


baianas de 18 % em volume, verificando-se


intenso na fumicultura, sendo um


um crescimento de 6,3 % em

dos itens de maior peso no custo de


de fumo

valor, mesmo com um câmbio des-


produção. Assim, essa atividade só

favorável, demonstrando a qualidade


encontra viabilidade dentro de um

do charuto baiano. A Bahia contri-


quadro de economia familiar. Embora utilize, em média, 0,3 %


Na Bahia, somente na produção da área cultivada no Estado, buiu, em 2004, com US$ 335.531,

primária, essa atividade ocupa a mão- estimada em quatro milhões de ou seja, 74 % dos charutos e cigar-

rilhas exportados pelo Brasil, com


de-obra de 15 mil lavradores, dos hectares, o fumo e seus derivados


quais quatro mil no sistema integrado ocuparam, em 2004, o 9º lugar perspectiva de supe-rar em muito

com as grandes firmas produtoras e na pauta das exportações do agro- esse valor (Gráfico 7).


exportadoras de fumo em folha e/ou


charutos, três mil independentes e


oito mil ocasionais, em função dos



preços pagos na safra anterior. Na sua


totalidade, o setor fumageiro baiano


possui 103.900 pessoas vinculadas



direta e indiretamente à atividade.


O Quadro 2 demonstra a força pro-


dutiva desse setor.



Apesar das diversas crises


econômicas brasileiras das últimas


décadas, os produtores de fumo têm


conseguido manter-se graças ao



manejo racional da terra e da boa


rentabilidade que a atividade oferece,


mesmo em áreas pequenas. Por seu



impacto social, a cultura do fumo é


considerada hoje um fator de


promoção humana e de manutenção



do homem no campo. O Gráfico 4


Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006 59


Socioeconomia


































Em Genebra, o fumo foi escolhido


para mostrar poder e autoridade



em defesa da Saúde. No Brasil, o

Ministério da saúde não só aderiu,


mas declarou o “Brasil como modelo



de referência na luta contra o fumo”


no jornal Correio Brasiliense de 27 de


outubro de 2000, sem preocupar-se



Foto: Silvio Ávila - Editora Gazeta Santa Cruz

com os que sobrevivem da lavoura.


Por mais de quatro anos, 192


países trabalharam no sentido de



elaborar um documento de consenso,


o qual foi adotado por unanimidade


na 56ª Assembléia Mundial da



Saúde, em 2003. O Brasil teve uma


participação de destaque durante


todo o processo de negociação do



Tratado, sendo o segundo país a


assinar o texto, denominado de


Convenção-Quadro para o controle



ximadamente 47 % de toda a po- do Tabaco.


Convenção- pulação masculina e 12 % da po- A Convenção-Quadro para o


pulação feminina no mundo fumam. Controle do Tabaco é um instrumen-


Quadro

Enquanto nos países em desenvol- to legal, sob forma de tratado


vimento os fumantes constituem 48 internacional, no qual os Estados


% da população masculina e 7 % da signatários concordam em pôr em



O tabagismo é considerado pela população feminina, nos países execução um conjunto de medidas

Organização Mundial da Saúde desenvolvidos a participação das com o objetivo de deter a expansão

mulheres mais do que triplica: 42 % e consumo do tabaco no mundo,


(OMS) a principal causa de morte


evitável em todo o mundo. A OMS dos homens e 24 % das mulheres através da adoção de providências

estima que um terço da população têm o comportamento de fumar. No relacionadas à propaganda e pa-


mundial adulta, isto é, 1,2 bilhão Brasil os fumantes correspondem a trocínio, à política de impostos e

de pessoas, entre as quais 200 mi- 16,7 % da população, ou seja, 30,2 preços, à rotulagem, ao comércio

lhões de mulheres, sejam fumantes. milhões. O Quadro 3 ilustra o con- ilícito e ao tabagismo passivo, dentre


Pesquisas comprovam que apro- sumo de cigarros e charutos no Brasil. outras medidas.

60 Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006


Socioeconomia

Foto: Silvio Ávila - Editora Gazeta Santa Cruz


Este Tratado não substitui as ações



nacionais e locais para o controle do


tabaco de nenhum país. Ele as


complementa e fortalece. Para entrar


em vigor, esse Tratado precisa ser



ratificado por, no mínimo, 40 países.


Paralelamente ao processo de


assinatura e ratificação do texto da


Convenção, acordos mais específicos



– os Protocolos – poderão ser


negociados para suplementar e apoiar


o Tratado. Os protocolos representam



obrigações específicas substantivas ○


que definirão de forma mais detalha-


da as regras de implementação de


objetivos gerais do texto da Convenção.



Dentre as obrigações e medidas


contidas na Convenção-Quadro para


o Controle do Tabaco, pode -se citar:



substituição da cultura do tabaco;


elaboração e atualização de polí-


ticas de controle de tabaco, em


conformidade com a Convenção e



seus Protocolos; proteção das


políticas nacionais contra os in-


teresses da indústria do tabaco;



aplicação de políticas tributárias e de


preços com vistas a redução do

consumo; desenvolvimento de pro-


gramas de educação e conscien-



tização sobre os malefícios causados


pelo tabaco; proibição de publicida-


de, promoção e patrocínio; criação e



implementação de programas de

tratamento da dependência da ni-


cotina; apresentação de relatórios


sobre a implementação da Convenção.



































Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006 61


Socioeconomia

Considerações




finais




Apesar das discussões acaloradas



e da realização de Audiências


Públicas, em Irati, no Paraná,



Camaquã, no Rio Grande do Sul,


Florianópolis, em Santa Catarina, e


Cruz das Almas, na Bahia, que



antecederam a ratificação do Brasil a


Convenção-Quadro, que prega a



redução da demanda e oferta de


tabaco no mundo, o que na prática


significa o fim da fumicultura



brasileira e da secular atividade


charuteira no Estado da Bahia, ficam



as seguintes reflexões:



• Com a ratificação do Brasil ao



Tratado Internacional, elaborado


pela Organização Mundial de


Saúde – OMS – Convenção-



Quadro – o país está dando um


“tiro no próprio pé”. O tabaco é

○ um dos principais itens de



exportação do agribusiness

brasileiro, tendo contribuído, em


2004, com US$ 1,4 bilhão,



ou 4% das exportações do

agronegócio, com perspectiva



de exportar, em 2005, US$ 1,6


bilhão.



































62 Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006


Socioeconomia
• adicionalmente, a fumicul- Fumar é um ato que envolve Com o fechamento da Suerdieck,



tura brasileira faturou, em 2004, risco, portanto deve ser tratado e Maragojipe virou a “Cidade dos


segundo dados da Receita decidido por adultos. Um dos países Aposentados”. Não há emprego


Federal, R$ 13,9 bilhões, dos onde se fuma mais – sobretudo entre para os jovens. O município vive



quais R$ 6,5 bilhões em tributos homens – é o Japão, o qual, segundo praticamente do Fundo de Parti-


para o governo, R$ 3,6 bilhões a OMS, possui o menor nível de cipação dos Municípios e o povo


para o produtor, R$ 2,9 bilhões doenças cardíacas e respiratórias do


sobrevive da mariscagem do man-


para a indústria e R$ 824 mundo. Nos Estados Unidos, o gue.


milhões para o setor varejista. número de fumantes vem decres- Com a Ratificação do Brasil a



• cabe salientar que do total de cendo e paradoxalmente as doenças Convenção-Quadro, o país está


tabaco produzido no país, em coronárias continuam crescendo. abrindo mão da confortável situa-


2004, aproximadamente 870 mil ○
Apesar dos riscos envolvidos no ato


○ ção de maior exportador de fumo


toneladas, 65 % foram exporta- de fumar, outros fatores devem ser para importador, pois os fumantes


dos, ou seja, 564 mil toneladas. considerados antes de afirmar que continuarão a viver no país. Estamos


• diante do acordo firmado, o o fumo sozinho faz mal à saúde.


exportando os empregos gerados na


país se compromete a reduzir Hoje, aproximadamente dois terços lavoura, na indústria e no comércio.


paulatinamente sua produção, da população mundial não são


Deixaremos de arrecadar os im-
gerando risco para pequenos fumantes.


postos, tão necessários para movi-


produtores. Importante men- Em recente reunião da Cúpula mentar a pesada máquina estatal.


cionar que no relatório apre- dos Setores de Saúde de diversos


Enfim, estamos entregando a “ga-


sentado no Senado consta países desenvolvidos, entre eles os linha de ovos de ouro” para os con-


apenas a sinalização por parte Estados Unidos da América, foi correntes.


do Governo Federal em lançar, revelado que, estatisticamente, os



com recursos do PRONAF, um efeitos maléficos do fumo figuram


“Programa de Apoio à Diver- entre as suas menores prioridades,


REFERÊNCIAS
sificação Produtiva das Áreas ou seja, o fumo se situa entre os



Cultivadas com Fumo”. cinco fatores de menor prioridade ANUÁRIO BRASILEIRO DO FUMO 2004.

• destacamos que na principal no contexto da saúde mundial. Santa Cruz do Sul: Gazeta, 2004. 160p.


região produtora de fumo do Segundo a FAO, órgão das


ASSOCIAÇÃO DOS FUMICULTORES DO


Estado da Bahia estão implan- Nações Unidas para a Alimentação

BRASIL. Fumicultura no Brasil. Santa Cruz do


tadas duas instituições reno- e Agricultura, “a pobreza e a

Sul, 2005. 16p.


madas e mundialmente co- desnutrição podem ser elencadas


nhecidas: a EMBRAPA e a Escola entre os maiores riscos de saúde BAHIA. Governo do Estado. Programa de

de Agronomia – UFBA, as quais, Revitalização da Cultura do Fumo do Estado


para um enorme contingente de


da Bahia. Salvador: Secretaria da Agricultura,

mesmo com grande empenho, pessoas, notadamente nos países


Irrigação e Reforma Agrária, 1999. 65p.


não encontraram culturas que subdesenvolvidos, do que o fumo”.


possam substituir a lavoura do Portanto, essa não é uma disputa FORMENTI, L. País hesita em ratificar tratado

fumo, sem que haja grande entre a saúde e a economia. O que antifumo. Estado de São Paulo, São Paulo, 18/

redução na renda dos lavradores está em jogo é a sobrevivência de set. 2005.



e no número de empregos. milhares de lavradores que no Brasil


MINISTÉRIO defende no Senado Convenção-


• outra importante questão a ser dependem diretamente da cultura

Quadro sobre o Controle do Tabaco.


observada é que, apesar dos

fumageira. Na Bahia, essa atividade Disponível em: www.consiencia.net. Acesso


avanços alcançados pelo Mi- é responsável pelo sustento de mais em 09 set. 2005.

nistério do Desenvolvimento de 15 mil famílias, sobretudo no


NARDI, Jean Baptiste. O fumo brasileiro no


Agrário – MDA, os recursos do Recôncavo do Estado.


período colonial: lavoura, comércio e

PRONAF são insuficientes para Na década passada, o fecha-


administração. São Paulo: Brasiliense, 1996.


atender a totalidade dos agricul- mento de duas empresas do setor, a

432p. ISBN 851113117-5.


tores familiares, quiçá esse novo Agrocomercial Fumageira, pro-


contingente. OPINIÃO. Disponível em: www.usp.br.


dutora e exportadora de fumo em

Acesso em 09 set. 2005.


• é necessário que o Governo folha, fundada em 1943, e sua irmã


Federal se comprometa a ofere- mais velha, a Suerdieck, criada POR QUE aprovar a Convenção-Quadro para

cer subsídios para quem optar entre 1892 e 1905, em Maragojipe,


o Controle do Tabaco? Disponível em:


pela reconversão da cultura. A e posteriormente transferida para www.inca.gov.br. Acesso em 09 set. 2005.

rentabilidade da cultura do fumo Cruz das Almas, em 1992, fez de-


STYCER, D.; MELO, L. Fumar é um risco. Istoé.


é sobremaneira mais elevada saparecer o maior parque charuteiro

São Paulo: Editora Três, n.1.612, ago. 2000.


que as lavouras exploradas, tra- da América do Sul, que, durante


dicionalmente, pelos agriculto- muitos anos, foi a base de um TABAGISMO. INCA. Disponível em:


res familiares. verdadeiro “Império Industrial”. www.inca.gov.br. Acesso em 09 set. 2005.


Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006 63

Você também pode gostar