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Extracto: Mendonça et al. (2015).

Guião para a escrita académica (2ª edição amplioada e


modificada. Maputo: Imprensa Universitária

CAPÍTULO IV

MODELOS DE CITAÇÕES

Há diferentes modelos e convenções que são amplamente usados. Manuais de modelos de citações mais
conhecidos incluem o modelo do manual de Chicago e aqueles publicados pela Associação Americana de
Psicologia (APA) e o modelo Britânico conhecido por Associação Moderna de Pesquisas Humanas
MHRA. Um dos mais conhecidos e também dos mais simples é o modelo “Autor-Data” (também
designado “Harvard Method”), para citações e listas de referências.

Muitas vezes as publicações científicas usam os guias de citação ou modelos publicados pelas sociedades
e instituições nas suas próprias áreas. Em todos os casos a consistência na apresentação é muito
importante.

Para as dissertações, é essencial, primeiro, certificar-se dos detalhes específicos da citação convencional
exigida pela instituição e depois prestar particular atenção para o uso de letras maiúsculas, do itálico (ou
sublinhado) e verificar atentamente a pontuação. É costume os examinadores externos prestarem
particular atenção a citações e referências.

É importante lembrar que as referências bibliográficas, independentemente do modelo, compreendem


essencialmente o mesmo tipo de informação e consistem nos mesmos elementos, embora a ordem básica
possa diferir ligeiramente de acordo com as diferentes convenções. O objectivo de qualquer citação é
providenciar informação suficiente sobre um item de forma a torná-lo localizável. Assim, todas as
citações devem conter os seguintes elementos, na ordem prescrita por um dado modelo:
 Nome do (s) autor (s);
 Data de publicação;
 Título;
 Pormenores de publicação;
 Inclusive números de páginas se a referência for de um trabalho menor que o livro todo.
4.1 O MODELO APA

A informação que se segue, sobre o modelo APA, poderá ser-lhe bastante útil ao escrever um texto
académico.
4.1.2 Pontuação
Não há espaço antes, mas há sempre um espaço depois de:
- Virgula (,)
- Ponto (.)
- Ponto de exclamação (!)
- Ponto e vírgula (;)
- Dois pontos (:)
- Ponto de interrogação (?)
Não há espaço nem a abrir nem a fechar:
- Aspas (“”)
- Parênteses [( )]
Exemplo:
...antes do nascimento “quando se cantava e se dançava para pedir a bênção de Deus” (Manhique,
1982).

Devem ter sempre espaço entre si os grupos de três algarismos (30 500 000).

Nunca deixe espaço depois das vírgulas em números decimais (0,65).


4.1.3. Selecção de (sub) títulos
- Um máximo de seis níveis
- Cada divisão ou subdivisão deve ser encabeçada por um título ou subtítulo
- A referência a uma divisão ou subdivisão do texto deve ser identificada pela sua posição ordinal e pelo
título.
Escreva:
Como indicado na secção 2.3.3 Factores do desempenho, ...
E não:
Como indicado na secção anterior,
Ou:
Como indicado na terceira secção deste capítulo.
4.1.4. Abreviaturas
Evite as abreviaturas excessivas.
A primeira vez que abrevia uma palavra ou expressão, deve escrevê-la integralmente, indicando
seguidamente, entre parênteses, a abreviatura.
Exemplo:
Este estudo foi feito na Faculdade de Educação (FacEd) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).

As seguintes abreviaturas em latim são usadas frequentemente:


cf. - compare, confronte
e.g. - por exemplo,
et al. - e outros,
etc. - assim por diante,
i.e. - isto é,
vs. - contra.

Excepto para et al., estas abreviaturas só são utilizadas em material intercalado. Em material não
intercalado, usa-se a tradução em português.

4.2 Apresentação de estatísticas

4.2.1 Numerais
Os números de zero a nove devem ser escritos por extenso, excepto em tabelas, quando indicam valores
de uma medição e na numeração de figuras, notas e tabelas. Os números maiores ou iguais a 10 são
escritos em algarismos (10, 11, 12,...).

Escreva por extenso qualquer número quando este é a primeira palavra duma frase.
Não escreva:
26 estudantes foram recrutados...
Mas sim:
Foram recrutados 26 estudantes.
Ou
Vinte e seis estudantes foram recrutados...
4.2.2 Unidades de medida
Utilize sempre o mesmo número de decimais para as medidas de uma mesma grandeza:
Exemplos:
O gabinete tem uma largura de 3,45 m e um comprimento de 2,00 m.
A reunião foi das 9.00 às 12.00 h.
Não use ponto nos símbolos de unidades de medida.

4.2.3 Tabelas
Escreva ´´Tabela`` e o número da tabela e depois o título. Não use ponto final a seguir ao título da tabela.
Em colunas com números decimais, mantenha constante o número de casas decimais e alinhe-as
verticalmente.
4.2.4 Figuras
“Figuras” é o nome técnico de gráficos, mapas e desenhos. A figura é centrada no texto. O número da
figura e o título vêm por baixo.
4.2.5. Referências às tabelas e figuras
Se o documento inclui tabelas ou figuras, deve introduzir no texto uma referência à tabela ou figura e
descrever ao leitor o que nela deve ser visto:
Exemplo:
A tabela 1 expõe...
Pode ver-se na figura 1...

4.2.6 Referências no corpo do texto


Quando se faz a referência a um artigo com um ou dois autores deve-se indicar ambos os apelidos dos
autores sempre que a referência ocorrer no corpo do texto. Pode-se inserir o indicador de referência ou na
frase ou no fim da mesma.
Exemplos:
De acordo com Azevedo (2003, p. 29), os apêndices visam a apresentação de “elementos que foram
utilizados ou encontrados na investigação, mas que não mereceram integrar o corpo central do
relatório.”
OU
“Os apêndices destinam-se a apresentar elementos que foram utilizados ou encontrados na investigação,
mas que não mereceram integrar o corpo central do relatório” (Azevedo, 2003, p. 29).

Almeida (1983) mostrou que...


OU
Em 1983, Almeida demonstrou experimentalmente que...
OU ainda
Foi demonstrado experimentalmente que as atitudes com origem na experiência directa são mais
resistentes à mudança (Almeida, 1983).

Quando se faz a referência a um artigo com três, quatro ou cinco autores, cite todos eles a primeira vez
em que a referência ocorrer. Nas subsequentes referências, inclua apenas o apelido do primeiro autor,
seguindo-se a abreviatura latina et al., não em itálico. Quando a referência for de seis ou mais autores,
indique apenas o apelido do primeiro autor seguido de et al e o ano entre parênteses.
Exemplo:
Marques, Rosado e Silva (1975) sugeriram que...
ou
Para além disso, Marques et al. (1975) sugeriram que...

As referências entre parênteses são ordenadas por ordem alfabética e separadas por ponto e vírgula (;).
Exemplo:
Foi demonstrado experimentalmente que as atitudes com origem na experiência directa são mais
resistentes à mudança (Almeida, 1983; Carolina  Marques, 1988; Parsons et al., 1980).

Quando mencionar um trabalho com mais de um autor, cuja referência ocorre entre parênteses, deve
utilizar “”.
Exemplo:
Foi demonstrado experimentalmente que as atitudes com origem na experiência directa são mais
resistentes à mudança (Almeida  Antunes, 1990).

Quando a referência não ocorre entre parênteses, deve-se usar a conjunção “e”.
Exemplo:
Almeida e Antunes (1990) demonstraram experimentalmente que as atitudes com origem na experiência
directa são mais resistentes à mudança.

Citação de fontes secundárias


Inclui-se as duas fontes no texto, mas inclui-se na lista de referências só a fonte que se usou de facto.
Suponha que leu Feist (1998) e gostaria de citar a frase seguinte dentro daquele livro:
Bandura (1989) definiu a ego-eficácia como “as convicções de pessoas sobre as suas capacidades para
exercitar o controlo nos eventos que afectam as suas vidas” (p. 1175).
Neste caso, a citação no texto ficaria assim: (Bandura, 1989, como citado em Feist, 1998)
Portanto, só deverá incluir Feist (1998) na lista de referências, e Bandura (1989) não, porque não teve
acesso à obra.

Citações literais
Citações de menos de 40 palavras devem ser incluídas no texto entre aspas e em itálico.
Exemplo:
Azevedo (2003, p. 29) anota que “Quando existem vários apêndices, estes costumam ser designados por
letras (v.g. Apêndice A, Apêndice B, etc.).”

Citações de 40 ou mais palavras são feitas, sem aspas, num parágrafo separado com 5 espaços de
tabulação.
Exemplo:
Vieira (1999, p. 27), relativamente à redacção da dissertação, sugere que:
Para escrever uma tese, é preciso ler. Portanto, leia tudo o que puder sobre a sua área de trabalho e
também sobre assuntos correlatos e assuntos básicos, como estatística e metodologia científica. Não
encare a leitura como perda de tempo, mas como um investimento na sua formação de pesquisador.

Quando se omite uma ou mais palavras numa citação, deve-se usar as reticências. Este é o mesmo
procedimento quando se omite a parte inicial ou final da frase transcrita. Tendo como referência o
exemplo acima, ficaria:
Vieira (1999, p. 27), relativamente à redacção da dissertação, sugere que “... é preciso ler ... tudo o que
puder sobre a sua área de trabalho e também sobre assuntos correlatos e assuntos básicos ...”

No final de cada citação devem ser referenciados, entre parênteses, o autor, o ano e número da página de
onde foi retirado o texto citado.
Exemplo:
Rosa (1978, p. 1) notou que “o mundo é redondo”.

Ao citar um website inteiro, é suficiente para referenciar o endereço do local só no texto, não havendo
necessidade de repeti-lo na lista de referências.
Exemplo:
Kidspsych é uma Website interactiva e maravilhosa para crianças (http://www.kidspsych.org).

Tenha sempre em atenção o seguinte:


1. Ao fazer uma citação, deve manter a ortografia e a pontuação do texto original.
2. Os sinais de pontuação ocorrem fora das aspas, excepto quando tais sinais fizerem parte do texto
transcrito. Exemplo:
Que sentido Vieira (1999) atribui à frase “muitas notas de rodapé dão a impressão de
erudição”?
Vieira (1999, p. 57) afirma que “Muitas pessoas... lerão o título de sua tese” e questiona: “Quem
são elas?”
3. Ao fazer uma citação deverá saber a sua finalidade: será que a citação o ajuda no
desenvolvimento do seu argumento? Serve para ilustrar o seu ponto de vista? É para mostrar que
não fez má interpretação de uma dada fonte? etc. Nunca faça uma citação somente por não saber
o que escrever.

Sempre que fizer uma citação, assegure-se da correcção gramatical da frase.


5. Lista de referências
A lista de referências deve ser elaborada por ordem alfabética dos apelidos dos autores. Se o autor de um
documento não é identificado, comece a referência com o título do documento.
Exemplo:
Understanding early years (1986, 4 de Maio). The Wall Street Journal, p. 8.

6. Referências a artigos de revistas científicas, livros e capítulos de livros.

6.1 Artigo de revista científica

Apelido do autor, iniciais de outros nomes, ano em parêntesis, ponto, título do artigo, ponto, nome da
revista em itálico, número do volume em itálico, número da série da revista entre parênteses não em
itálico e as páginas ocupadas pelo artigo na revista. Exemplos:

Simango, D., & Marray, O. (1987). O papel das ligações


intra-familiares na prevenção do incesto. Journal of
Human Evolution, 12(5), 481-486.
Fine, M. A.,  Kurdek, L. A. (1993). Reflections on authorship credit and authorship order. American
Psychologist, 48, 1141-147.
Baltra, A. (1992).On breaking with tradition: the significance of Terrell’s approach. Canadian Modern
Language Review, 48, 565-593.

6.2 Livros

Note a seguinte informação normalmente usada nas referências a livros:


Apelido do autor, iniciais de outros nomes, ano em parêntesis, vírgula, título em italics do livro, lugar de
publicação, empresa editora. Exemplos:

6.2.1 Livro de um único autor

Autores: o mesmo que para Título do livro: itálico


revistas

Azevedo, M. (2003). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para estruturação da escrita.
Lisboa: Universidade Católica Editora.

Queirós, E. (2000). O crime do Padre Amaro (25ª ed.). Rio de Janeiro: Ediouro.

Menezes, H. M. (1998). Capitalismo e subdesenvolvimento em África. Nova York: Macmillan.

6.2.2 Livro de mais de um autor


Exemplos:
Azevedo, C. A., & Azevedo, A. (2003). Metodologia científica: contributos
práticos para a elaboração de trabalhos académicos. Lisboa: Universidade: Católica Editora.

Light, G., Cox, R., & Calkins, S. (2009). Learning and Teaching in
Higher Education: The Reflective Professional (2nd ed.). London: SAGE.

Cunha, C., & Lindley, C. (1991). Nova gramática do português contemporâneo. Lisboa:
Edições João Sá da Costa.

Angius, F., & Angius, M. (1998). O desanoitecer da palavra: Estudo,


selecção de textos inéditos e bibliografia anotada de um autor
moçambicano Praia-Mindelo: Embaixada de Portugal-Centro Cultural Português.
Aikman, S. (2001). Literacies, languages and developments in Peruvian
Amazonia. In B. Street (Ed.), Literacy and development: ethnographic perspectives (pp…..).
London and New York: Routledge.
Chaiklin S. (2003). The zone of proximal development in Vygotsky’s analysis of learning and instruction.
In A. Kozulin, B. Gindis, V. S. Ageyev, & S.M. Miller (Eds.), Vygotsky’s educational theory in
cultural context (pp. 39-64). USA: Cambridge University Press.
8. Autor institucional como editor
Exemplo:
National Institute of Mental Health (1989). Manual of cognitive learning.
Washington, DC: Autor.

9. Artigo de jornal
Exemplos:
Ades, C. (2001, Abril 15). Os animais também pensam. Jornal da Tarde, p.4.

Filipe, S. (2006, Fevereiro 1). Actividades dos “tchovas” deve ser disciplinada.
Notícias, p. 5.

10. Dissertação não publicada

Buque, D. (2003). New work practices, new literacies and new identities: a shift
towards a “new work culture” in a soft drinks factory in Maputo. Dissertação de mestrado não
publicada. Cape Town: University of Cape Town.

11. Referências electrónicas

11.1 Trabalho publicado em CD


Exemplo:
Autor, A. A., Autor, B. B.,  Autor, C. C. (2000). Título do trabalho CD.
Cidade: Instituição da publicação.

11.2 Documento online


Exemplos:
Autor, A. A. (2000). Título do trabalho. Disponível em http://www.fonte.com

Pereira, A., & Poupa, C. (2003). Como escrever uma tese, monografia ou livro
científico: usando o Word. Lisboa: Sílabo. Disponível em
http://teses.mediateca.info/base.php?base=livro
11.3 Artigo científico com DOI

DOI na sigla inglesa significa “digital object identifier” e deve ser incluso na referência quando
aparece no artigo.
Exempo:

Edwards, a. (2005). Relational agency: learning to be a resourceful practitioner. International Journal of


Educational Research, 43, 168-182. Disponível em http://dx.doi.org/10.1016/j.ijer.2006.06.0

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