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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

NOME DO CENTRO OU INSTITUTO


BACHARELADO EM DIREITO

João Pedro Ribeiro Jungles


Pedro Ricardo Donatto Siqueira

Legado da ditadura para com os povos originários

Porto Velho
2023
Resumo

Neste artigo é imperioso instrumentalizar os aspectos teórico-documentais a serem


desenvolvidos para se estudar a concretude do momento hodierno vivido pelos indígenas. A
existência desses povos é marcada pelo aumento da violência, da omissão política e da
perseguição estatal a que essas comunidades são submetidas, com fulcro na ditadura militar
(1964-1985). Esse período foi marcado pelo etnocentrismo, responsável por outorgar um legado
violento e carente de direitos fundamentais. Portanto, a vida dos povos originários no Brasil
perpassa evidentemente por inúmeros acontecimentos violentos, perseguições políticas e
culturais, produzindo efeitos nocivos até o período contemporâneo.

Palavras-chave: Indígenas; violência; omissão; perseguição; ditadura militar.

Abstract

In this article, it is imperative to instrumentalize the theoretical-documentary aspects to be


developed in order to study the concreteness of today’s moment experienced by the
indigenous people. The existence of these peoples is marked by the increase in violence,
political omission and state persecution to which these communities are subjected, based on
the military dictatorship (1964-1985). This period was marked by ethnocentrism, responsible
for granting a violent legacy lacking in fundamental rights. Therefore, the life of indigenous
peoples in Brazil is evidently permeated by numerous violent events, political and cultural
persecutions, producing harmful effects until the contemporary period.

Keywords: Indigenous people; violence; omission; persecution; military dictatorship

1 - INTRODUÇÃO

Evidentemente, a desumanização e a objetificação dos povos originários sob uma ótica


etnocentrista foi uma lógica estabelecida não só pelo extravio do poder político, econômico e
territorial, bem como pela tensão decorrente do contato entre diferentes grupos étnicos. Essa
descaracterização, oriunda do período colonial, serviu como uma justificativa para uma prática
predatória sobre os povos indígenas e de sua identidade cultural, especialmente no período
compreendido pela Ditadura Militar, enfoque principal do surgimento de medidas
integracionistas pautadas em exterminar a cultura indígena. Em outras palavras, o poder e a
tensão decorrentes das relações entre diferentes grupos étnicos foram utilizados para legitimar
a exploração e a opressão dos povos indígenas. Em síntese, o etnocentrismo consiste em
avaliar outros grupos em relação aos padrões dos nossos grupos, colocando-os num pedestal.
(HARRIS, 1979, p. 21). Nesse panorama, o presente resumo almeja resgatar a memória do
desprezo e da vilipendiação focalizada a esse segmento da população no âmbito da ditadura
civil-militar, que dominou o país desde 1964 até 1985.

Segundo o relatório ”Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil – dados de 2021” ,


publicação anual do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a postura adotada pelo governo
brasileiro nos últimos anos resultou em um número três vezes maior das invasões possessórias
e da exploração ilegal de recursos e danos ao patrimônio. Além das tentativas de se apropriar
de terras demarcadas, a violência dos invasores aumentou. Exemplo disso são os casos dos
povos Munduruku, no Pará, e Yanomami, em Roraima e Amazonas. Os indígenas denunciam
que estão sofrendo ataques criminosos com armas pesadas, mas o governo federal não tem
prestado atenção e continua incentivando a mineração em suas terras. Isso tem trazido doenças
como a Covid-19 e a malária para os Yanomami. No Pará, garimpeiros ilegais atacaram uma
associação de mulheres indígenas, ameaçaram líderes e queimaram a casa de uma liderança
que se opôs à mineração. Enquanto isso, a TI Munduruku está sendo destruída pelos
garimpeiros ilegais.

Devido a isso, há expectativa de que o estado intervenha, valendo-se dos artigos 215 e 231 da
Constituição Federal, que rompem, em tese, com a postura assimilacionista do estado.
Entretanto, a recíproca entre a expectativa e a produção concreta de resultados não é
verdadeira, posto que eventos como o desligamento da professora Márcia Mura, docente de
uma escola pública em Porto Velho (RO) devido à atenção destinada à problemática indígena,
foi simbólico quanto á antipolítica estatal. Portanto, entende-se que enquanto a
constitucionalização do direito traz uma série de garantias e princípios inerentes à pessoa
humana, bem como sua dignidade e a manutenção de suas peculiares formas de ser, as práticas
assimiladoras flagelam e vilipendiam a consagração desses direitos na região amazônica.

Essa região, no que lhe concerne, tem suas demarcações estabelecidas num primeiro momento
com algumas concessões aos poderes políticos locais, por meio de uma estratégia que
destinava percentual fixo dos recursos tributários da União para os estados então existentes.
Os recursos disponíveis deveriam ser utilizados para a realização de estudos técnicos e
tomadas de decisões políticas que considerassem os problemas ambientais e a ocupação
territorial da região. Portanto, a Constituição Federal de 1946 em seu artigo 199 previa
concessões anuais num valor de até 3% da receita tributária da União, para que assim, em ao
menos 20 anos, fosse estabelecido um programa de investimentos na Amazônia por meio de
um conjunto de iniciativas conhecido como “Plano de Valorização Econômica da Amazônia”
(SANTOS, 2014). Consequentemente, com a tomada de poder pelo golpe militar que pôs fim
à quarta república, o primeiro presidente militar Marechal Castelo Branco deu início à
“Operação Amazônia”, que visava transformar a economia da região, fortalecer as áreas de
fronteira e integrar o espaço amazônico ao restante do país.

Nesse panorama, surge a Funai (Fundação Nacional do Índio), que se manteve alinhada aos
aparelhos responsáveis por implementar essas políticas: Conselho de Segurança Nacional
(CSN), Plano de Integração Nacional (PIN), Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (INCRA) e Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Durante a
ditadura, a Funai tentou fazer com que os ”índios se integrassem à sociedade” em vez de
manterem sua cultura e modos de vida, que claramente estavam em desacordo com a formação
da identidade cultural brasileira objetivada pelo regime militar, pautada especificamente na
valorização do capitalismo. O Estatuto do Índio, que ainda está em vigor, foi aprovado em
1973 e reforçou essa ideia. Os militares queriam que os índios ficassem próximos a batalhões
de fronteira, aeroportos, colônias, postos indígenas e missões religiosas. Porém, eles também
queriam afastá-los de áreas importantes para o país. Para fazer isso, os militares controlavam
tudo o que acontecia nas comunidades indígenas, como saúde, educação, alimentação e
moradia. Eles também escolhiam líderes que concordavam com eles e limitavam o acesso de
pesquisadores, organizações de apoio e setores da Igreja às áreas indígenas.

Assim, a questão indígena no Brasil contemporâneo é intrínseca ao racismo estrutural,


construída e outorgada como legado aos povos autóctones no regime militar brasileiro. Para o
doutor em direito Silvio Luiz de Almeida, a modernidade instaurou um panorama no qual os
seres humanos passam a ser classificados por critérios raciais, e estes critérios –construídos na
perspectiva do opressor– são amalgamados às capacidades intelectuais, morais e psicológicas
das pessoas e servem para legitimar privilégios de quem detém o poder social, econômico e
político que como fora supracitado, foram totalmente extraviados dos indígenas. Ainda nesse
sentido, o autor ressalta que o racismo se sustenta na noção de meritocracia como princípio
ético ordenador da vida social.

2 - OBJETIVOS

2.1 Geral: Analisar o legado outorgado pela ditadura militar aos povos originários.
2.2 Específicos: 1.Identificar a antipolítica estatal ; 2. Contrapor a constitucionalização do
direito e a política assimilacionista; 3. Constatar não haver políticas públicas baseadas
na mudança desse cenário

3 – METODOLOGIA

A metodologia adotada na confecção deste resumo expandido é fulcrada essencialmente


numa revisão bibliográfica histórico documental. Para atigir os objetivos colimados, esse
método envolve a coleta de literatura sobre o tema a fim de extrair informações e entender o
fenômeno. Para tal, foram coletados artigos, relatórios, teses de doutorado e livros sobre as
populações amazônicas e a questão central do legado outorgado pela ditadura militar aos
povos tradicionais. Como critério de inclusão, optamos por artigos e documentos escritos
em língua portuguesa, em detrimento dos escritos em idioma estrangeiro, literatura cinzenta
e artigos repetidos. O estudo foi realizado com base em uma análise ampla do objeto de
pesquisa, considerando o contexto em que está inserido e as características da sociedade a
que pertence. As informações observadas foram utilizadas para a produção do
conhecimento e sistematização do tema abordado.
4-CRONOGRAMA

Mês/etapa Março Abril

Escolha do Objeto x

Levantamento bibliográfico x

Organização do roteiro/partes x

Redação do trabalho x

Revisão e redação final x

5 – CONCLUSÕES

Portanto, diante da análise de tais perspectivas, é de suma importância o


conhecimento do panorama que envolve as marcas que assolam os povos
indígenas. Outrossim, é fundamental notar a verossimilhança entre as outras
culturas e povos não dominantes que passaram a ser suprimidos por uma
hegemonia repressiva e autoritária, constituindo legado de amálgamas e
cicatrizes que perpetuam até os dias de hoje.
O vilipêndio e o flagelo desses povos geram consequências culturais e percas
identitárias irreversíveis para o contexto da nação brasileira como um todo, na
medida em que dissolve voluvelmente as características dos povos originários
formadores da identidade cultural da sociedade.
6 - REFERÊNCIAS

Bernaski, J., & Sochodolak, H. (2018). História da violência e sociedade brasileira.


Oficina Do Historiador, 11(1), 43–60.
CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO. A violência contra os povos indígenas
no Brasil. Relatório 2021. Brasília: CIMI, 2021.
CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO. A violência contra os povos indígenas no
Brasil. Relatório 2020. Brasília: CIMI, 2020

HARRIS, Marvin. Introdução à antropologia geral. São Paulo: Cia. Editora Nacional,
1979..
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2 Referências

Bernaski, J., & Sochodolak, H. (2018). História da violência e sociedade brasileira.


Oficina Do Historiador, 11(1), 43–60.
CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO. A violência contra os povos indígenas
no Brasil. Relatório 2021. Brasília: CIMI, 2021.
CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO. A violência contra os povos indígenas no
Brasil. Relatório 2020. Brasília: CIMI, 2020
HARRIS, Marvin. Introdução à antropologia geral. São Paulo: Cia. Editora Nacional,
1979..
SANTOS, Alex Mota. Cartografias dos povos e das terras indígenas em Rondônia. Tese
de doutorado. Universidade Federal do Paraná, 2014.

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