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Eletrotécnica
Eletricidade
Alcantaro Corrêa
Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina
Eletricidade
Patrick de Souza Girelli
Florianópolis/SC
2010
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio
consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da língua portuguesa.
G524e
Girelli, Patrick de Souza
Eletricidade / Patrick de Souza Girelli. – Florianópolis : SENAI/SC,
2010. 69 p. : il. color ; 28 cm.
Inclui bibliografias.
CDU 537
SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Rodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SC
CEP: 88034-001
Fone: (48) 0800 48 12 12
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Prefácio
Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado.
Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conecta
das e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina.
É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos.
Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções
colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam
com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima
ções, tornando a aula mais interativa e atraente.
Sumário
Conteúdo Formativo
Carga horária da dedicação
Competências
Conhecimentos
▪ Eletrostática.
▪ Eletrodinâmica.
▪ Eletromagnetismo.
▪ Matemática aplicada.
▪ Grandezas elétricas.
▪ Instrumentos e técnicas de medição elétrica.
▪ Análise de circuitos CC e CA (circuitos monofásicos e trifásicos).
▪ Fator de potência.
Habilidades
Atitudes
ELETRICIDADE 9
de aprendizagem que construímos especialmente para
Apresentação você.
Boa viagem pelo mundo do conhecimento!
ELETRICID
Unidade de
estudo 1
Seções de estudo
Seção 1 – Histórico
Seção 2 – Processos de eletrização
Seção 3 – Carga elétrica elementar e Lei
de Coulomb
Seção 4 – Campo elétrico
Seção 5 – Potencial elétrico
Seção 6 – Capacitância e capacitores
Eletrostática
SEÇÃO 1
Histórico
pode verificar na figura a seguir.
A eletricidade é algo que sempre
despertou a curiosidade e o inte Tales de Mileto: foi o primeiro
resse das pessoas desde a Anti
DICA
matemático grego, nascido por
guidade, não é verdade? Entender O modelo atômico que nos per volta do ano 640 e falecido em
os diversos fenômenos que acon mite compreender a constituição 550 a.C. Tales foi incluído entre
da matéria foi concebido pelo fí os sete sábios da Antiguidade.
teciam naquela época se tornou Após estudar Astronomia e Ge
alvo de pesquisa de diversos es sico dinamarquês Niels Henrik ometria no Egito, Tales voltou
tudiosos e cientistas ao longo da David Bohr. De acordo com esse para Mileto e passado algum
história da humanidade. modelo, a matéria é constituída de tempo abandonou os negócios
e a vida pública para se dedicar
átomos e cada átomo por sua vez
As primeiras observações que se inteiramente às especulações
é constituído por três tipos funda filosóficas, às observações as
tem registro se reportam ao sábio
mentais de partículas: os prótons, tronômicas e às matemáticas.
grego Tales de Mileto. Fundou a mais antiga escola fi
os elétrons e os nêutrons.
Ele percebeu que um pedaço de losófica que se conhece – a Es
O átomo, que em grego significa cola Jônica (UNIVERSIDADE de
lã em atrito com uma substância
indivisível, é constituído essen Lisboa, 2009).
resinosa denominada âmbar, a
cialmente de duas partes: núcleo
substância adquiria a propriedade
e eletrosfera.
de atrair corpos leves, como fios Âmbar: em grego significa
de palha ou pequenas penas. eléktron, palavra que dá
Um dos experimentos mais co A eletrosfera corresponde à origem ao termo eletricidade.
nhecidos e lembrados por gran de região onde os elétrons
parte das pessoas se refere ao orbitam, em altíssima
fato idealizado por Benjamin velocidade, e o núcleo
Franklin, quando empinou uma corresponde à região onde se Benjamin Franklin: suas des
pipa de seda com ponta de metal, localizam os prótons e cobertas sobre a eletricidade
lhe trouxeram uma reputação
em meio a uma tempestade, com nêutrons. internacional. Além de ser elei
a finalidade de confirmar a sua te to membro da Royal Society,
oria sobre a natureza elétrica do Para esses elementos que ganhou a medalha Copley em
raio. constituem o átomo se 1753 e seu nome passou a de
signar uma medida de carga
convencionou que os prótons
Inúmeras teorias e modelos atô elétrica. Franklin identificou as
micos existiram para explicar têm carga elétrica positiva, os cargas positivas e negativas e
como a matéria que existe na elétrons carga elétrica negativa e demonstrou que os trovões são
os nêutrons, por sua vez, não têm um fenômeno de natureza elé
natureza é constituída, e a partir trica. Esse conhecimento ser viu
disso também poder explicar os carga elétrica. No estado natural, a de base para seu principal
fenômenos relacionados à eletri quantidade de prótons e elétrons invento, o para-raios. Ele criou
Tudo aquilo que você consegue segurar em suas mãos, assim como
este material neste momento, é constituído por elementos, denomi
nados átomos.
ELETRICIDADE 13
rotação, a imagem a ser fotoco piada. Sobre o cilindro,
portanto, são refletidas luz e sombras. Onde a luz
incide, as cargas do cilindro são eliminadas
(fotossensibilidade). No restante, ou seja, nas
sombras, as cargas permanecem;
ELETRICIDADE 15
No caso em que eletrizamos uma régua plástica por atrito com um tecido e a aproximamos de peque nos pedacinhos
de papel (inicial mente neutros), esses sendo repeli
papéis são inicialmente atraídos pela dos pela presença do indutor se movem
régua, que está eletrizada. Ao entrarem pelo condutor até a terra para se
em contato com a régua, os pe dacinhos neutralizarem. Após esse processo,
de papel também irão adquirir carga basta afastarmos o in
elétrica, cedida pela régua. Após alguns dutor do induzido, porém antes do
instantes, es ses pedacinhos de papel afastamento, é necessário que se desfaça
serão repelidos pela régua, estando ele a ligação do induzido à terra, caso
trizados agora por meio do pro cesso de contrário, ao afastar
eletrização por contato. mos o indutor, as cargas no indu zido
voltarão a se neutralizar. É importante
salientar que ao final do processo de
eletrização por indução, os
É importante salientar que ao final do
condutores adquirem cargas elétricas
processo de ele trização por contato, os
con dutores de mesma forma e mesmas de mesmo módulo (quantidade) e de
dimensões adqui rem cargas elétricas de sinal contrário.
mes mo módulo (quantidade) e de
mesmo sinal. Você já ouviu falar na Lei de Coulomb?
E sobre carga elétrica elementar? É e = – 1,6 . 10-19 C e → carga elétrica do
sobre esses assuntos que conversaremos
a seguir. Vamos em frente! elétron p = + 1,6 . 10-19 C p → carga elétrica
q=n.e
Sendo:
Exemplo
x y x+y -3 2
a . a = a 05 . 10 = 10 Determine a carga elétrica adquirida por um corpo que
após o processo de eletrização por atrito perdeu 5. 108 q1, q2 → cargas envolvidas, em Coulomb (C)
elétrons. d → distância entre as cargas, em metros (m)
K → constante eletrostática do meio (Nm2/C2)
Para o vácuo: K = K0 = 9 . 109 Nm2/C2
A intensidade da força elétrica da interação entre duas
q=n.e cargas punti formes é diretamente proporcio nal ao
q = 5.108 . 1,6.10-19
produto dos módulos das cargas e inversamente
q = 8.10-11 C
proporcio nal ao quadrado da distância que as separa.
Observamos nesse exemplo que o sinal da carga Ao representarmos em um grá fico a força de
elétrica no resultado é positivo, pois o corpo perdeu interação elétrica em função da distância que separa
elétrons e dessa forma ficou com maior número de duas cargas puntiformes, obte mos como resultado o
prótons, que possuem carga elétrica positiva. gráfico de uma hipérbole, como indicado a seguir.
Observe que ao duplicar mos a distância entre as
cargas, a força diminui quatro vezes.
Lei de Coulomb
Já vimos, pela Lei de Du Fay, que corpos eletrizados
com cargas de mes mo sinal se repelem e corpos
eletrizados com cargas de sinal diferente se atraem.
Quando esses corpos se repelem ou se atraem, Gráfico 1 - Força de Interação Elétrica em Função da distância
exercem entre si uma força. Fonte: SENAI (2004, p. 15).
A Lei de Coulomb, verificada experimentalmente pelo
cientista fran cês Charles Augustin Coulomb, permite
expressar quantitativamente as forças de atração e Comumente no estudo de eletrici dade utilizamos
repulsão entre cargas elétricas por meio da equação: grandezas físicas que podem ser representadas por
números com ordem de grandeza muito elevada ou
muito reduzida. Dessa forma, para evitarmos a es
crita de um número muito grande ou muito pequeno,
F = K. q1 . q2 fazemos a uti lização da notação científica que, para
d2
determinados valores, pode ser substituída por
prefixos pré determinados pelo Sistema Inter nacional
de Unidades, como po demos verificar na tabela a
Sendo: seguir:
ELETRICIDADE 17
Tabela 1 - Prefixos do SI
Giga G
Prefixo SI Símbolo Fator multiplicador 109 =
Mega M Quilo k ▪ E → intensidade do
1000 000 000 106 = 1000 000 103 = campo elétrico em um ponto do espaço em volt/metro
1000 ou newton/coulomb (V/m ou N/C);
Mili m Micro μ Nano n ▪ F → força que age em uma carga de teste, positiva
10-3 = 0,001 10-6 = 0,000 001 por convenção, colocada no ponto em newton (N);
F 10.10 . 5.10
9.10 . 9 do a outras peso,
=
forças, como o
2
0,2 por exemplo, e dessa forma não
FN
= efeito nela. Porém campo elétrico e
11,25 observaremos que quanto linhas de
observamos nenhum mais próximos Direção do vetor
mantermos a ca
Vamos para a próxima seção? naleta da esfera, mais intensamen q
Acompanhe! te esta última será atraída.
Dessa forma podemos concluir força
que a força com que a esfera é Quando dispomos de apenas uma
SEÇÃO 4 atraída é devido à existência de carga elétrica pontual, o campo
Campo elétrico cargas elétricas na canaleta plásti elétrico originado por essa carga
ca, validando assim o conceito de é radial em torno dela, de forma
Observe novamente a Figura 3 – campo elétrico. que se a carga for positiva, o cam
Eletrização por atrito e atração Um campo elétrico, do ponto de po estará se afastando da carga
em eletroscópio de pêndulo. De vista matemático, é definido pela (divergente), e se a carga for ne
pois responda: como a esfera de relação entre a força que atua so gativa, o campo estará se aproxi
isopor é capaz de perceber que a bre uma carga de teste, que por mando da carga (convergente),
canaleta está eletrizada e, portan convenção é positiva, e o valor da conforme você pode verificar na
to, dessa forma ser atraída por carga, expressa pela equação: figura a seguir.
ela? Para responder a tal pergunta
re corremos ao conceito de
campo elétrico. E=F
DICA
Acessando o link a seguir
você poderá simular situ
ações que configuram vá
Equipotenciais em 3D
Fonte: Mundim (1999).
Figura 5 - Representação das Linhas de k . q1 . q2
Campo para um Par de Cargas Elétricas potenciais no plano e em 3D, bem
Pontuais como a animação das mesmas, de Você sabia?
acordo com a figura a seguir.
Já vimos que para calcularmos o <http://www.unb.br/iq/ O para-raios
campo elétrico dividimos o valor da kleber/EaD/Eletromagne
força de origem elétrica que surge tismo/LinhasDeForca/Li Visto que uma descarga atmos férica
sobre uma carga de prova. Se nhasDeForca.html> se processa, preferencial mente,
fizermos a substituição da for segundo o caminho mais curto
ça pela equação da Lei de Cou lomb, Vamos lá, acesse o site e amplie entre a nuvem e a terra, pontos
obteremos: ainda mais seus co nhecimentos! mais elevados em relação à
Figura 6 - Imagem de um Sistema com 3 superfície possuem maior pro
Cargas Elétricas animando as Superfí cies
(Nm2/C2).
E = F → E = d2 → E = k . q
q q1 d2 Para o vácuo: K = K0 = 9 . 109 Nm2/C2.
babilidade de receber a descarga. Assim, árvores,
torres, colinas e prédios, por exemplo, são locais mais
Sendo: sujeitos à queda de um raio. Por essa razão, não é
aconselhável se proteger debaixo de uma árvo
re durante uma tempestade. En tretanto, ficar em
▪ E → intensidade do campo elétrico em um ponto do campo aberto também é perigoso, pois o ponto mais
espaço em volt/metro ou newton/coulomb (V/m ou alto, no caso, é a própria pes soa. Um lugar bastante
N/C); seguro é no interior de um carro, que for ma uma
▪ q → carga de teste em coulomb (C); blindagem eletrostática. Uma construção de alvenaria,
por causa da ferragem, também pro tege.
▪ d → distância da carga ao ponto considerado em
metros (m); ▪ K → constante eletrostática do meio
ELETRICIDADE 19
O para-raios foi inventado por Benjamim Franklin e
se destina a proteger pessoas e edificações contra as
descargas atmosféricas. Constitui-se de uma ponta me SEÇÃO 5
tálica, que é colocada acima das construções que se Potencial elétrico
pretende pro teger, e um condutor metálico co necta
essa ponta a uma haste me tálica, que é solidamente
O potencial elétrico é uma gran deza escalar que está
aterrada (WOLSKI, 2007, p. 29).
associada ao campo elétrico, e que, portanto, é
também gerado por cargas elétri cas, podendo assumir
Preparado para dar um mergulho no nosso próximo valores po sitivos e negativos.
tema, poten cial elétrico? Vamos lá, lembre-se sempre
que estamos juntos nesta caminhada!
aplicada a um campo elétrico uniforme para a
determinação da diferença de potencial ao lon go de
uma linha de força.
V=K.q
d Exemplo
Determine o módulo e o sinal da carga que gera um
potencial de -300V a uma distância de 10 cm, no
vácuo. Determine também a intensidade de campo
Sendo: elétrico nesse ponto.
Diferença de potencial
E=K.q→E.d=K.q Como uma carga gera um potencial V1 em um ponto
d2 d distante d1, e um potencial V2 em um ponto distante
mas, , então existe entre esses dois pon
d2 tos uma diferença
V = K . q , assim → V = E . d de potencial V1 – V2. A diferença de potencial (ddp)
d entre dois corpos (ou dois pontos de um circuito
elétrico) é também chamada de tensão elétrica.
Exemplo
Calcule a diferença de potencial entre dois pontos situados, respectiva
mente, a 25 e 30 cm de uma carga puntiforme de 40 nC.
Você sabia?
Efeito Corona
ELETRICIDADE 21
Que tal agora pegarmos uma ca capacitores armazenar carga elétrica (acumu
rona rumo à capacitância e aos lar eletricidade, isto é, acumular
capacitores? Acompanhe! elétrons), com cargas negativas e
Segundo Batista ([200-?]), um ca
positivas no dielétrico, junto às
pacitor consiste de dois condu
placas. Acompanhando essa carga
tores separados por um isolante.
SEÇÃO 6 A principal característica de um
Ao ligar a fonte de tensão nos
terminais do capacitor, as placas,
Capacitância e capacitor é a sua capacidade de
inicialmente neutras, começam a
se carregar. Há um movimento ga de capacitor. O capacitor nes
dos elétrons da placa onde é li sas condições está com o mesmo
gado o terminal positivo (+) da potencial da fonte que o
fonte para a placa onde está liga carregou.
Como um farad é uma unidade
do o negativo (–) da fonte. Dessa Sendo:
extremamente grande, comumen
forma, uma placa ficará com car
te são usados os submúltiplos
gas positivas e a outra com cargas
dessa unidade, veja:
negativas. Se a fonte for retirada, C → capacitância em farads
o capacitor continuará carregado, (F); q → carga elétrica em
pois não há caminho para os elé coulomb (C); Tabela 3 - Submúltiplos da Unidade
trons retornarem. Farad
V → tensão em volts (V).
Unidade Submúltiplo Notação µF
10-6 F
Esse processo é chamado de car
está a energia que um um capacitor.
Farad nF 10-9 F pF 10-12 F
capacitor pode liberar.
Veja a seguir a figura de Capacitância
res relacionada com a capacidade
de armazenamento de cargas elé
tricas, cujo valor pode ser deter
minado pela equação:
Sendo:
Figura 7 - Capacitor
▪ C → capacitância em farads (F);
Fonte: Batista ([200-?], p. 107). C=q
V ▪ A → área de cada placa em me
tros cúbicos (m2);
Em um capacitor de placas pa ▪ d → distância entre as placas em
Ao submeter o capacitor a uma ralelas, a sua capacitância é dada metros (m);
d.d.p., suas placas, que inicialmen pela equação:
▪ ε → permissividade do dielétrico,
te estavam em equilíbrio eletrostá
) é, aproxima
tico, adquirem cargas elétricas de cujo valor no vácuo (ε0
sinais opostos, conforme a figura damente, 8,9 . 10-12 F/m.
C=ε.A
a seguir. d
Propriedade elétrica dos capacito
C = q → C = 12 . 10-6 → C = 6 . 10-9 F → C = 6 nF
C = є0 . A → C = 8,9 . 10-12 . 2 . 10-2 → C = 8,9 . 10-12 F → C
V 2000
= 8,9 pF d 2 . 10-2
Exemplo
Figura 9 - Capacitor de Cerâmica Fonte: Parizzi (2003, p. 59).
ELETRICIDADE 23
▪ Capacitor eletrolítico: dielétricos de papel
embebido em solução dielétrica isolante (evolução do
capacitor a óleo) são capacitores polarizados, ou seja,
não podem ser ligados de forma invertida. Sempre há
uma indicação da polaridade em seu corpo.
Unidade de
estudo 2
Seções de estudo
Eletrodinâmica
SEÇÃO 1
Força eletromotriz
o equilíbrio dos potenciais. Para essas cargas é denominado força
Ao fazermos uma conexão elétri que esse fluxo de cargas se eletromotriz (fem).
ca entre dois corpos que apresen mantenha por meio de um con
tam uma diferença de potencial, dutor a reposição das cargas elé
ocorre naturalmente um fluxo de tricas que se deslocam de um Força eletromotriz é a
cargas, de modo que em um inter corpo para outro é necessária. O energia que promove o
valo muito curto de tempo ocorre mecanismo responsável por repor deslocamento de cargas no
interior da fon te, repondo as “AC/DC”;
cargas em seus terminais e
mantendo a dife rença de Conheça os dois modelos na figu
potencial constante por um ▪ saber os valores mínimo e má ra a seguir.
longo período (WOL SKI, ximo que poderão ter a medida a
2007, p. 39). ser feita, para definir a capacidade
do instrumento a ser utilizado,
ou seja, definir a sua escala de
leitura.
A unidade da fem também é o
volt (V), e o instrumento que
Outro detalhe a ser observado é
mede a fem e a ddp é o
a posição de uso do instrumen to,
voltímetro. Na escolha do que também é indicada por meio
voltímetro para re alizar uma de símbolos impressos: “ ” Figura 16 - Multímetro Analógico e
medição, é necessário: quando o instrumento for para Multímetro Digital
uso na posição vertical, ou “ ” Fonte: Minipa (2009).
quando o instrumento for para
▪ saber se a tensão a ser medida
uso na posição horizontal. E a corrente elétrica, o que é mes
é produzida por uma fonte de
mo? Vamos conhecer juntos!
corrente contínua (pilha, bate ria,
fonte retificadora eletrônica,
gerador) ou de corrente alternada É importante ressaltar que existe
(rede elétrica de residências, lojas, um instrumento chamado multí SEÇÃO 2
indústrias, etc.). Os voltímetros metro, que além de medir a ddp, Corrente elétrica
também é capaz de medir corren
adequados para medir tensões em
te elétrica, resistência elétrica, ca
corrente contínua têm gravado, A corrente elétrica nada mais é do
pacitância e outras mais, de acor
em local visível (normalmente que o movimento de forma or
do com o modelo.
próximo à escala), o símbolo denada de cargas elétricas em um
ou “DC”. Os voltímetros Existem, basicamente, dois tipos condutor ocorrido devido à exis
adequados para medir tensões de voltímetros: tência de uma ddp.
em corrente alternada têm gra Analógico - com ponteiro sobre Para se estabelecer essa ddp en tre
vado o símbolo ou “AC”. Os a escala dois pontos de um condutor, e
voltímetros que servem para Digital - os números aparecem fazer surgir a corrente elétrica,
medir tensões tanto em corren em um visor eletrônico. utiliza-se um gerador, como por
te alternada como em corrente exemplo, uma pilha ou bateria.
contínua têm gravado o símbolo
ELETRICIDADE 27
▪ Sentido real do movimento
de cargas: os elétrons são as
▪ Sentido convencional da
cargas que se movimentam, veja
corrente elétrica: sentido con
na figura a seguir.
vencionado do movimento de
cargas, ou seja, do ponto mais
positivo (pólo positivo) para o
ponto mais negativo (pólo negati
vo).
Exemplo
Vamos para a próxima seção? Determine a intensidade da cor
Acompanhe! rente elétrica em um condutor, sa
bendo que nele passam 300 µC de
carga em uma seção transversal, a
Intensidade da cada 200 µs.
corrente elétrica
A intensidade da corrente elétrica nos indica a
quantidade de car ga elétrica que atravessa a seção
transversal de um condutor a cada segundo, sendo
determinada pela equação:
Conheça a seguir a tabela de múl
tiplos e submúltiplos do ampère.
ELETRICIDADE 29
resistência elétrica pode ser calculada e sua unidade
SEÇÃO 3 de medida é o ohm, representada pela letra grega Ω
Resistência elétrica (lê-se ômega). Assim como outras grandezas,
também são muito utilizados os múltiplos e
Resistência elétrica é a dificuldade que os elétrons submúltiplos do ohm.
encontram para percorrer um circuito elétrico, ou
seja, é a oposição que um mate
Conheça na figura a seguir o sím bolo da resistência
rial apresenta ao fluxo de corren te elétrica. A
elétrica. quanto maior a área da seção transversal, menor será a
Sendo: sua resistência.
Pelo fato de cada material que existe na natureza ter
um átomo diferente dos demais materiais, é fácil
▪ R → resistência elétrica do condutor em ohm (Ω); compreender que cada um se comporta de maneira
▪ ρ → resistividade do material que constitui o condutor única em relação à passagem da corrente elétrica
(Ωm); ▪ l → comprimento do condutor em metros (m);
devido à sua estrutura atômica. Isso implica em
diferentes valores de resistência espe
▪ A → área da seção transversal do condutor em metros cífica para diferentes materiais, confira na tabela a
cúbicos (m2).
seguir.
DICA
Figura 21 - Resistor Metálico de um Chuveiro e Resistor de
Realize uma pesquisa para verificar como a resistência é
influenciada pela temperatura e como se calcula o valor Carbono Fonte: SENAI (2004, p. 56).
de uma resistência em uma dada temperatura. Faça os
registros de sua pesquisa em seu caderno.
ELETRICIDADE 31
Tabela 7 - Identificação de Resistores por Código de Cores ----------- ----------- x 10-1 ± 5% Prata ----------- ----------- x 10-2
± 10% Fonte: Saturnino ([200-?], P. 32).
Cor 1° algarismo 2° algarismo Fator
multiplicativo Tolerância DICA
Preto ----------- 0 x 1 ----------- Marron 1 1 x 101 ± 1% Realize uma pesquisa para verificar como é o princípio
Vermelho 2 2 x 102 ± 2% Laranja 3 3 x 103 ----------- de funcionamento dos re
Amarelo 4 4 x 10 ----------- Verde 5 5 x 10 ----------- Azul 6 ostatos e potenciômetros, e onde são utilizados, re
4 5
gistrando os seus resulta
6 x 106 ----------- violeta 7 7 ----------- ----------- Cinza 8 8 dos em seu caderno.
----------- ----------- Branco 9 9 ----------- ----------- Ouro
resistores
Os resistores entram na constitui ção da maioria dos
circuitos elé tricos, formando associações de
resistores. Por isso, é importante
Associação de
Para ler um resistor com cinco Exemplo
faixas: c. amarelo, violeta, dourado,
Um resistor com as cores prateado.
▪ 1ª faixa – algarismos abaixo: 1ª marrom – 1 R = 47. 10-1 Ω ± 10%R = 4,7
ignificativo; Ω ± 10%
2ª preto – 0
▪ 2ª faixa – algarismo que você conheça os tipos e as
3ª amarelo – 4 → 10 x 104 (ou
significativo; características elétricas dessas as
quatro zeros)
sociações, pois elas são a base de
▪ 3ª faixa – algarismo 4ª ouro – 5% qualquer atividade ligada à eletro
significativo;
R = 100 KΩ ± 5% ou R = eletrônica.
▪ 4ª faixa – número de zeros; 100000 Ω ± 5% Na associação de resistores é
▪ 5ª faixa – tolerância. preciso considerar duas coisas: os
Exemplo terminais e os nós. Os termi nais
Para ler um resistor com seis fai Identificar o valor de cada um dos são os pontos da associação
xas: resistores, cujas faixas coloridas conectados à fonte geradora. Os
na sequência são: nós são os pontos em que ocor re
▪ 1ª faixa – algarismo a interligação de dois ou mais
significativo; a. vermelho, vermelho, laranja, resistores.
▪ 2ª faixa – algarismo s dourado.
ignificativo; R = 22. 103 Ω ± 5% R = 22
kΩ ± 5% Associação em série
▪ 3ª faixa – algarismo
significativo; Neste tipo de associação os resis
b. marrom, cinza, verde.
tores são interligados de forma
▪ 4ª faixa – número de zeros; R = 18. 105 Ω ± 20% R = 1,8
que exista apenas um caminho
▪ 5ª faixa – tolerância; MΩ ± 20%
para a circulação da corrente elé
▪ 6ª faixa – temperatura. trica entre os terminais.
Figura 24 -
Resolução de Resistência equivalente em Série
Figura 23 - Circuito com quatro Lâmpa
se apagam. mesma em todos os resistores,
das associadas em Série e percorridas
pois eles estão ligados um após o
Características da associação em outro;
por uma mesma Corrente Elétrica
Fonte: SENAI (2004, p. 58). série:
Nota: se uma lâmpada queimar, todas ▪ a intensidade da corrente i é a iT = i1 = i2 = i3 ...
estão interligados de forma que igual à soma das correntes em
exista mais de um caminho para a cada resistor.
circulação da corrente elétrica
entre seus terminais.
▪ a tensão V na associação é iT = i1 + i2 + i3 ...
igual à soma das tensões em cada
resistor.
RT = R1 . R2 . R3
RT = R1 + R2 + R3 ... Características da associação em R1+ R2+ R3
paralelo:
▪ a tensão V é a mesma em
Exemplo todos os resistores, pois estão
ligados aos mesmos terminais A Exemplo
Determine a resistência equiva
Fonte: Batista ([200-?], p. 48). e B;
Determine a resistência equiva
lente do circuito.
Associação em
paralelo VT = V1 = V2 = V3 ...
Uma associação de resistores é
denominada de paralela quan do
os resistores que a compõem ▪ a corrente i na associação é
Paralelo Fonte: Batista ([200-?], p. 49).
lente do circuito.
Figura 26 - Resolução de Resistência Equivalente em
ELETRICIDADE 33
Associação mista
É aquela na qual você encontra, ao mesmo tempo, Exemplo
resistores associados em série e em paralelo. A Determine a resistência equivalente do circuito a
determinação do resistor equivalente final é feita a
partir da substituição de cada uma das associações, em
série ou em paralelo, que compõem o circuito pela sua
respectiva resistência equiva
lente. Acompanhe a figura a seguir!
seguir:
Você sabe o que é necessário para ser um circuito É importante destacar que por meio do dispositivo de
elétrico? controle, o circuito poderá estar fechado ou aberto.
Para ser caracterizado como um circuito elétrico é Acompanhe no quadro a seguir os principais
necessário que o caminho para a corrente elétrica elementos dos circuitos elétricos e seus símbolos!
contenha no mínimo:
▪ uma fonte de força eletromo triz;
▪ R → resistência elétrica
Elementos Símbolos
do condutor em ohm (Ω);
Condutor
Cruzamento com Você também pode analisar e Lei de Ohm por meio
conexão de gráficos, veja a seguir um exemplo.
Cruzamento sem
conexão
Lâmpada
Resistor
Voltímetro
Fonte: SENAI (2001, p. 73).
Sendo:
Veja na imagem a seguir o exem estudo e a compreensão dos cir i
plo de um circuito simples simbo cuitos elétricos.
lizando três lâmpadas em série. Estudando a corrente elétrica que
circula nos resistores, Georg
Simom Ohm determinou experi Gráfico 4 - Representativo da Lei de
mentalmente a relação entre a di Ohm
ferença de potencial nos terminais Fonte: Parizzi (2003, p. 42).
de um resistor e a intensidade da
corrente nesse resistor.
A intensidade da corrente que Exemplo
passa por um resistor é direta Em uma lanterna, uma lâmpada
mente proporcional à diferença utiliza uma alimentação de 6 V e
Figura 29 - Circuito Simples com 3 de potencial entre os terminais tem 36 Ω de resistência. Qual é a
Lâmpadas em Série do resistor. A constante de pro corrente consumida pela lâmpada
Fonte: Batista ([200-?], p. 48). porcionalidade é a resistência do quando estiver ligada?
resistor.
Essa relação pode ser expressa
Lei de Ohm pela equação: i = V → i = 6 → i = 0,166 A
R 36
A Lei de Ohm é a lei básica da
eletricidade e eletrônica e seu co R=V
nhecimento é fundamental para o
ELETRICIDADE 35
Exemplo Fonte: Batista ([200-?], p. 48).
O motor de um carrinho de autorama atinge a rotação
máxima quando recebe 9 V da fonte de alimentação. Nessa Exemplo
situação a corrente do motor é de 230 mA. Qual é a
resistência do motor? Dado o circuito a seguir, determine a corrente total que
circula nele.
R = V → R = 9 → R = 39,1 Ω
i 0,23
Exemplo
Dado o circuito a seguir, determine a corrente total que
circula nele.
Figura 31 - Determinação de Corrente Total em Circuito
Fonte: Batista ([200-?], p. 49).
Potência elétrica
A maior parte dos equipamentos, dispositivos e máquinas
Figura 30 - Determinação de Corrente Total em Circuito
elétricas ne cessita que a potência seja especificada no
projeto ou na aquisição, por isso a potência elétrica é uma
grandeza muito importante na eletricidade. Mas o que é
potência elétrica? ▪ P → potência elétrica em joule por segun do (J/s);
Define-se potência elétrica ▪ W → energia transformada no equipa mento elétrico em
como sendo a grandeza que joules (J);
relaciona o trabalho elétrico ▪ Δt → intervalo de tempo em segundos (s).
realizado com o tempo ne
cessário para sua realização.
Enfim, potência elétrica é a
capacidade de realizar um A unidade joule/segundo é co
trabalho na unidade de tem
nhecida também como watt (W)
po, a partir da energia elétri
ca. e corresponde à potência quando
está sendo realizado um trabalho
de 1 joule em cada segundo. As
sim, se uma determinada máquina
A potência elétrica pode ser ex fizesse um trabalho de 30 joules
pressa pela equação: em 10 segundos, seria gasto na
razão de 3 joules por segundo,
e, portanto, a potência seria de 3
P=W watts.
Δt
Sendo:
Quando temos um aparelho sob uma tensão constante Conhecer a potência total instalada é muito útil para o
e consumindo uma corrente elétrica, podemos projeto da instala ção predial de urna residência, afinal,
calcular a potência elétrica desse apare lho por meio da as tomadas, os fios e os disjuntores deverão suportar
seguinte equação: as correntes drenadas pelos aparelhos. Veja na tabela a
seguir os dados de normalização de fios pela ABNT
NBR 6148.
P=V.i
RR
Tabela 9 - Capacidade de Condução do Condutor em Função da
Bitola Bitola do fio (mm2) Corrente máxima (A) 1,5 15
2,5 21 Equivalências importantes:
4,0 28
6,0 36
10 50 1 CV = 736 W
HP = 745,7 W
16 68
BTU = 0,293 W
25 89
35 111
50 134
Veja o disco apresentado na figura a seguir e observe
70 171
todas as variá veis da Lei de Ohm e da potência
90 205
elétrica. Vamos lá!
Fonte: Batista ([200-?], p. 73).
A partir da equação anterior e da Lei de Ohm
podemos deduzir outras duas equações que relacio
nam a potência com a resistência, tensão ou corrente
elétrica. Con fira!
P=V.ieV=R.i
substituindo obtemos:
P = (R . i). i → P = R . i2
Figura 32 - Disco com todas as Vari áveis da Lei de Ohm e da
ou
Potência Elétrica
P = V. V → P = V 2 Fonte: Vieira Júnior (2004, p. 31).
ELETRICIDADE 37
Exemplo → P = 8 . 102 tores têm uma característica parti
→ P = 800 W cular: seu funcionamento obedece
Uma lâmpada de lanterna de 6 V
a uma tensão previamente estabe
requer uma corrente de 0,5 A das
lecida. Assim, existem chuveiros
pilhas. Qual é a potência da lâm
Exemplo para 127 V ou 220 V; lâmpadas
pada?
para 6 V, 12 V, 127 V, 220 V e ou
Um isqueiro de automóvel fun
tras tensões; motores para 127 V,
ciona com 12 Vcc fornecidos pela
220 V, 380 V, 760 V e outras. Por
bateria. Sabendo que sua resistên
P = V . i → P = 6 . 0,5 → P = 3W isso, os aparelhos que apresentam
cia é de 30 Ω, calcule a potência
tais características devem sempre
dissipada.
ser ligados na tensão correta (no
minal), normalmente especificada
no seu corpo.
Exemplo P = V2 → P = 122 → P = 4,8
Um aquecedor elétrico tem uma W R 30
resistência de 8 Ω e solicita uma Quando tais aparelhos são ligados
corrente de 10 A. Qual é a sua po corretamente, a quantidade de ca
tência? lor, luz ou movimento produzida
é exatamente aquela para a qual
Potência nominal
foram projetados.
Certos aparelhos elétricos, tais
P = R . i2 como chuveiros, lâmpadas e mo
circuitos complexos e correntes a um nó deve ser igual à soma das
variadas, medir a intensidade de correntes que dele saem. Veja!
Por exemplo, uma lâmpada de
corrente requer conhecer as Leis
127V/100W, ligada corretamente
de Kirchhoff, conhecidas como
(em 127 V), produz 100 W entre
Lei das Malhas e Lei dos Nós.
luz e calor. Diz-se, nesse caso, que
Esse conhecimento, bem como
a lâmpada está dissipando a sua
sua compreensão, é indispensável
potência nominal.
para a manutenção e o desenvol
vimento de projetos de circuitos
eletroeletrônicos.
Portanto, potência nominal é
a potência para qual um apa
relho foi projetado. Um circuito é composto por
malhas, nós e ramos.
i1 = i2 + i3
i
1= 1 - 5
i
1= - 4 A
ELETRICIDADE 39
Multiplicando-se a equação (I) por 10, temos:
-3000I1 + 1000I2 = 60 (I)
100I1 - 1000I2 = - 9 (II)
onde: I1 = 51 → I1 = - 17,6mA
-2900
Então, chegou ao resultado correto? Sim! Isto é sinal de que você está
compreendendo bem o conteúdo estudado até este momento. Caso ain
da não tenha conseguido chegar ao resultado, retorne e faça novamente
a leitura desta unidade, com certeza essa ação só complementará ainda
mais seu processo de aprendizagem.
Unidade de
estudo 3
Seções de estudo
Magnetismo e Eletromagnetismo
SEÇÃO 1
Princípios do
magnetismo
As primeiras observações sobre
os efeitos
magnéticos
foram fei
tas na Ásia
Menor, onde
foram
encontradas algumas pedras que
tinham a propriedade de atrair
pedaços de ferro. Essas pedras
foram chamadas de magnetita e
hoje sabemos que são constituí das de óxido de Diferentes Corpos Fonte: Parizzi (2003, p. 70).
ferro (Fe3O4).
Figura 38 - Orientação dos Ímãs Elementares em
elementares de um metal, proces maior influência. Acompanhe!
so esse que se chama imantação.
A magnetita, por ser en
No entanto, nem todos os metais
contrada na natureza já em
forma de ímã, é classificada podem ser imantados. Confira
como um ímã natural. alguns exemplos na imagem a se
guir.
Chama-se magnetismo a pro
priedade pela qual um ímã exerce
A maioria dos ímãs utilizados sua influência. Não é ainda com
hoje é produzida artificialmente pletamente conhecida a natureza Figura 39 - Polos Magnéticos de um
por meio de processos industriais. das forças magnéticas de atração Ímã Fonte: SENAI (2004, p. 74).
Os ímãs artificiais podem ser tem e repulsão, embora conheçamos Para facilitar a representação de
porários ou permanentes, sendo as leis que orientam suas ações e um campo magnético, utilizamos
que os temporários são feitos de como utilizá-las. o conceito de linha de força. Ge
ferro doce, enquanto os perma Experimentalmente podemos ob ralmente as linhas de força de um
nentes são feitos de ligas de aço servar que as propriedades de um campo magnético são definidas
(geralmente contendo níquel ou ímã se manifestam mais acentu da seguinte forma:
cobalto). adamente em seus extremos. A
partir disso, os extremos do ímã
Um ímã é composto de ímãs ele passaram a ser chamados de polos
são trajetórias percorridas
mentares que podem ser os áto magnéticos. Os polos são o norte
por uma massa magnética hi
mos ou moléculas que compõem e o sul. potética norte, concentrada
o mesmo. Assim, para obter um Podemos dizer que polos são as em um ponto material, móvel
ímã basta orientarmos os ímãs duas regiões onde o ímã exerce no campo.
ELETRICIDADE 43
Por isso, diz-se que as linhas de A Terra deve ser considerada
força saem do polo norte e vão como um grande ímã. Veja na
para o polo sul, como você pôde imagem a seguir, o campo magné
observar na imagem anterior. tico circundando-a. As polarida
des geográficas e magnéticas es
Intensidade do campo
Espalhando-se limalhas de ferro
tão indicadas. Vale ressaltar que o magnético
no campo magnético de um ímã,
nota-se de maneira bem clara que eixo magnético não coincide com É preciso observar que o campo
elas se dispõem segundo linhas o eixo geográfico. magnético não se manifesta so
bem definidas, que são as linhas No polo norte geográfico fica si mente em um plano: ele é uma
de força do campo magnético. tuado o polo sul magnético e no região do espaço. Supondo-se, no
Veja! polo sul geográfico fica situado o interior do campo de um ímã uma
polo norte magnético. Confira! superfície de 1cm2, o número de
linhas de força que passam através
Outra propriedade importan dessa superfície permite avaliar a
te dos ímãs é que polos de intensidade do campo magnético
mesmo nome se repelem, ao
passo que polos de nomes
contrários se atraem.
Figura 40 - Disposição das Limalhas de Ferro no Campo pelo seu centro de gravi
Magnético de um Ímã Fonte: Batista ([200-?], p. 70). (H), uma grandeza expressa em oersted (Oe).
DICA
A bússola nada mais é que
um pequeno ímã suspenso
DICA
O número total de linhas de força de um ímã é
A intensidade do campo magnético não é igual em
chamado fluxo de in
todos os seus pontos, pois à medida que as linhas de
força se afastam do ímã, elas se tornam escassas.
dade, e é empregada para ímã. você os divida, eles sempre terão
orientar os viajantes. Figura 41 - O Planeta Terra como um dois polos.
Imenso Ímã dução magnética, cujo símbolo é
Fonte: Batista ([200-?], p. 70). Φ (fi - letra grega) e é medido em
Se for aproximado um ímã de weber (Wb). Outra unidade possí
uma bússola, nota-se que o polo vel para expressar o fluxo de indu
Se você partir um ímã ao meio,
norte da bússola é repelido pelo ção magnética é o maxwell (Mx).
obterá dois novos ímãs com dois
polo norte do ímã. O mesmo A relação entre as unidades weber
polos cada um. Da mesma for ma,
aconte e maxwell se dá por:
dividindo ao meio cada um dos
ce com os polos sul do ímã e da
novos ímãs você obterá mais
bússola. Entretanto, o polo norte
ímãs, porém com dois polos. Por
do ímã atrai o polo sul da bússo
tanto, é impossível separar os po 1Wb = 108 Mx
la, enquanto que o polo norte da
los de um ímã, pois por mais que
bússola é atraído pelo polo sul do
B = μ0 . i
2π . r
ELETRICIDADE 45
Exemplo percorre o condutor em am
père (A);
Um fio de cobre reto e extenso é
percorrido por uma corrente
▪ r → distância do centro de
um condutor ao ponto que se
elétrica de intensidade i = 1,5 A. deseja calcular a intensida
Sabe-se que µ0 = 4π . 10-7 T.m/A, de do campo magnético em
calcule a intensidade do vetor metros (m);.
campo magnético originado num → constante de perme
ponto com distância r = 0,25 m ▪ μ0
do fio. abilidade magnética do meio
(T . m).
A
Para o vácuo, μ0=4π . 10-7
Figura 45 - Representação das Linhas
B = 4π . 10 -7 . 1,5 → T . m.
de Campo Magnético no Centro de A
2π . 0,25
Espira Circular
B = 1,2 . 10-6 T
Fonte: SENAI (2004, p. 78).
Exemplo
Campo magnético no A intensidade de campo magné Uma corrente elétrica de intensi
tico no centro da espira pode ser dade i = 8,0 A percorre uma es
centro de uma espira determinada pela equação: piral circular de raio r = 2,5 πcm.
Para determinação do sentido do Determine a intensidade do vetor
campo magnético no centro da B = μ0 . i campo magnético no centro da
espira, continue utilizando a regra 2.r espira, sabendo que µ0 = 4π . 10-7
da mão direita, com o polegar in T . m.
dicando a direção da corrente e o A
movimento dos dedos indicando Sendo:
o sentido das linhas de campo.
B = 4π . 10-7 . 8,0
2 . 2,5π . 10-2
▪ B → intensidade do campo
→ B = 6,4 . 10-5 T
magnético em tesla (T);
▪ i → corrente elétrica que Campo magnético no
centro de um solenóide Campo Magnético no Interior de um
▪ i → corrente elétrica que per
Solenóide
Os campos criados em cada con corre o condutor em ampère
Fonte: Parizzi (2003, p. 72). (A);
dutor que forma o solenóide se
somam e o resultado final é um A intensidade de campo magné ▪ l → comprimento do solenói
campo magnético idêntico ao de tico no centro do solenóide pode de em metros (m);
um ímã permanente em forma de ser determinada pela equação: ▪ N → número de espiras do
barra, como você pode observar solenóide;
na figura a seguir.
→ constante de permeabili
B = µ0 . N . i ▪ μ0
1 dade magnética do meio (T. m).
A Para o vácuo, μ0 = 4π . 10-7 T .
m. A
Sendo:
Eletroímãs
Ao enrolar um condutor em for sentando polaridade conforme
ma de espiras, constitui-se uma ilustra a figura a seguir.
bobina, onde o campo magnético
resultante é a soma do campo em
cada condutor. Portanto, a inten
sidade campo magnético em uma
bobina depende diretamente da
corrente e do número de espiras.
Se você desejar aumentar ainda
mais as propriedades magnéticas,
deverá introduzir, no solenóide,
um núcleo de ferro, com isso terá
construído um eletroímã, apre
nado tempo, usa-se um eletroímã, to, onde estava conectado o gal
que só possui propriedades mag vanômetro.
néticas quando a corrente passa Quando ligamos a chave, a cor
através dele. rente não atinge seu valor de re
gime instantaneamente, levando
E por falar em propriedades mag certo tempo para que isso ocorra.
néticas, você já ouviu falar em in O mesmo acontece quando desli
dução eletromagnética? Esse é o gamos. Por isso é que o fluxo nes
nosso próximo assunto. Vamos ses instantes é variável.
em frente! Dessa forma, se um condutor for
submetido a um campo magné
tico variável, entre os seus extre
SEÇÃO 3 mos aparecerá uma diferença de
potencial que é conhecida como
Figura 47 - Eletroímã com Núcleo de Indução fem induzida. O fenômeno em
Seção quadrada eletromagnética questão é denominado indução
Fonte: Batista ([200-?], p. 73).
eletromagnética.
formas: Depois que Oersted demonstrou
▪ ímãs temporários; em 1820 que a corrente elétrica
Poderia ser produzida uma fem
afetava a agulha de uma bússola,
▪ reatores; e induzida num condutor se o mes
Faraday manifestou sua convicção
▪ transformadores. mo fosse aproximado ou afastado
de um ímã (dentro de seu campo
magnético). O mesmo efeito seria
Nas chaves magnéticas, desejan Com isso ele concluiu que o fluxo
magnético variável era o respon obtido se o condutor fosse manti
do-se produzir atração magnética do em repouso e o ímã se aproxi
de certas peças de aço que acio sável pelo aparecimento da força
nam os contatos durante determi eletromotriz (fem) no enrolamen masse dele ou se afastasse.
ELETRICIDADE 47
Os três casos citados apresen tam um ponto em
comum: para o condutor, está sempre haven do uma
variação de fluxo. Essa é a condição para que se
produza uma fem induzida. A justificativa do sinal negativo é explicada pela Lei de
Lenz que você verá mais adiante.
Um fluxo variável no tempo pode ser obtido de três
Lei de Faraday formas, confira!
Toda vez que um condutor esti ver sujeito a uma
▪ Condutor imerso em um fluxo variável (por
variação de flu xo, nele se estabelecerá uma fem
exemplo, o fluxo produzido por uma CA).
induzida enquanto o fluxo estiver variando. Figura 49 - Condutor Fixo Imerso em um Campo Magnético
Essa fem é diretamente propor cional à taxa de Variável Fonte: SENAI (2004, p. 88).
variação do fluxo no tempo e pode ser determinada
pela equação:
▪ Movimento relativo entre um fluxo constante e um
condutor.
ε = - ΔФ
Δt
Sendo:
Sendo:
Figura 51 - Variação de Fluxo Magné tico e Surgimento de
Corrente Elétrica Induzida
ε → fem induzida em volt (V);
Fonte: Parizzi (2003, p. 76).
B → intensidade do campo magnético em tesla (T);
v → velocidade do condutor, perpendicular ao campo
em metros por segundo (m/s);
Observe na imagem anterior que a corrente elétrica l → comprimento do condutor em metros (m).
induzida gera um campo magnético que se opõe à
ELETRICIDADE 49
pequenos campos magnéticos Fonte: SENAI (2004, p. 84).
Um ímã elementar nada mais produzidos pela movimentação
é do que um átomo de um dos elétrons em suas órbitas e Consideremos um material ferro
determinado material que pelos SPINS se combinam para magnético inicialmente desmag
exibe as características de um produzir um determinado campo netizado que constitui o núcleo
ímã. Todo átomo que se com de um solenóide. Enquanto não
resultante são os dipolos caracte
porta dessa forma é chamado
rísticos de um material ferromag houver corrente elétrica no sole
de dipolo magnético.
nético. Poderá também acontecer nóide, os campos magnéticos H,
que a combinação desses campos gerado pela corrente, e B, indu
em um átomo resulte num cam zido no material ferromagnético,
As propriedades magnéticas dos po nulo. Se assim o for, o material são nulos. Quando injetamos uma
dipolos são devidas a três causas, será dito diamagnético. corrente i, cria-se um campo H e
acompanhe. esse campo, orientando alguns
dos domínios do material, faz
▪ A primeira é devido à circu Veja na imagem a seguir um cam
com que apareça um campo B.
lação dos elétrons em torno do po resultante diferente de zero
Conforme vamos aumentando H,
átomo (análogo a uma espiral (material ferromagnético).
B vai aumentado até que todos os
percorrida por corrente). domínios sejam orientados, quan
▪ A segunda é devido ao spin do do o material estará então satura
elétron (SPIN é o movimento de do (ponto Pi).
rotação do elétron em torno de
seu próprio eixo).
▪ A terceira é devido ao SPIN
do núcleo. No entanto, as duas Figura 53 - Campo Resultante Diferen
últimas contribuições são despre te de Zero em um Material Ferromag
zíveis se comparadas à primeira. nético (Esquerda) e Campo Resultante
Nulo em um Material Diamagnético
Desse modo, os átomos em que (Direita)
chamado de indução residual (Br). saturar novamente.
Essa indução residual se deve ao Trazendo o campo H a zero nova
fato de que depois de cessado o mente, teremos então um valor de
efeito de H, alguns domínios per indução residual -Br.
manecem orientados. Novamente é necessário aplicar
um campo em sentido contrário
(agora positivo) para levar Br até
Para eliminar a indução resi zero. Aumentando H, o material
dual, é necessário aplicar um chega de novo ao ponto de satu
campo em sentido contrário ração P1, completando o chamado
P1, P2 = pontos de saturação (invertendo o sentido da cor
ciclo de Histerese.
Br, -Br = indução residual ou rente). A esse valor de campo
remanescente necessário para eliminar a in Os fenômenos da histerese mag
Hc, -Hc = campo coercitivo
dução residual chamamos de nética devem ser interpretados
campo coercitivo. como consequência da inércia e
dos atritos a que os domínios es
Figura 54 - Curva de Imantação de uma
tão sujeitos. Isso justifica o fato
Substância Ferromagnética
Estamos agora novamente com de um núcleo submetido a diver
Fonte: SENAI (2004, p. 85).
A partir daí, se começarmos a di B=0, mas às custas de um campo sos ciclos da histerese sofrer um
aquecimento.
minuir o campo H (diminuindo o -Hc. Se continuarmos a aumen tar
valor da corrente), a indução Tal aquecimento representa para
o campo H (negativamente), a um equipamento uma perda de
também irá diminuir. No entan to, indução aumentará, porém em
quando H chega a zero, exis tirá energia, que depende, por sua vez,
sentido contrário, até o material da metalurgia do material de que
ainda certo valor de indução
ELETRICIDADE 51
Unidade de
estudo 4
Seções de estudo
SEÇÃO 1
Corrente alternada
A tensão alternada muda cons
tantemente de polaridade. Isso
provoca nos circuitos um fluxo de
corrente ora em um sentido, ora
em outro. Acompanhe!
funciona um gerador elementar variação de fluxo magnético no de 90º da Espira em Relação às Linhas
que consiste de uma espira dis interior da espira, fazendo surgir de Força do Campo
posta de tal forma que pode ser uma fem induzida, como Fonte: SENAI (2004, p. 92).
girada em um campo magnético representado na imagem a seguir.
estacionário. Ao se girar a espira até a posi ção
de 135º, diminuirá o fluxo de
Assim, o condutor da espira corta
campo magnético, diminuindo
as linhas do campo eletromagnéti
também a fem induzida. Quando
co, produzindo a força eletromo
a espira chegar à posição de 180º,
triz (ou fem).
ela estará novamente paralela às
Gráfico 5 - Fem Induzida para a Posição linhas de força do campo e, por
Veja na imagem a seguir o exem de 45° da Espira em Relação às Linhas tanto, não haverá fluxo algum de
plo de uma representação esque de Força do Campo campo magnético atravessando
mática de um gerador. Fonte: SENAI (2004, p. 92). por ela, logo a fem induzida será
Funcionamento do Perceba que conforme a espira nula. Veja as imagens a seguir.
gerador gira, aumentando o seu ângulo
ELETRICIDADE 53
a mesma que de 0º a 180º, porém como seu sentido é
inver tido, assumirá valores negativos, como você pode
observar na imagem a seguir.
f=1
T
Frequência e período
Exemplo
Gráfico 10 - Valores Pico a Pico da Vamos continuar nossa aventura?
Para um valor de pico de 14,14 V,
Ca Fonte: Batista ([200-?], p.67). Pegue carona na próxima seção e
a tensão eficaz será de quanto?
embarque nos temas indutância,
Essas medições e, consequente capacitância e impedância. Vamos
mente, a visualização da forma de em frente!
onda da tensão CA são feitas com Vef = VP = 14,14 = 10V
um instrumento de medição de
ELETRICIDADE 55
um ciclo.
SEÇÃO 2
Representando graficamente essa
Indutância, variação, obtêm-se uma onda para
capacitância e a corrente e outra para a tensão. A diferença em graus entre os
instantes em que ocorrem os va
impedância lores máximos da corrente e da
tensão é chamada ângulo de fase
DICA (φ - fi, letra grega). Quando a cor
Defasagem entre Os valores máximos da cor rente e a tensão estão defasadas,
rente e da tensão durante pode ocorrer que a corrente esteja
corrente e tensão um ciclo podem ou não coin adiantada ou atrasada em relação
Sabe-se que a corrente alternada e cidir. Quando coincidem, à tensão, como você pode obser
diz-se que ambas estão em
a tensão variam em ambos os sen var nos gráficos a seguir.
fase, se não coincidem, es
tidos, durante um determinado tão defasadas.
intervalo de tempo, descrevendo
si mesmo ou em outro condutor,
uma força eletromotriz induzida.
Sabe-se que só existe tensão in
duzida num corpo quando o mes
mo está submetido a um campo
magnético variável. Nesse caso, a
indutância de um corpo é uma Figura 59 - Formas de
propriedade que só se manifesta Indutores Fonte: SENAI (2004,
quando a corrente que passa pelo p.104).
corpo varia de valor no tempo.
A corrente alternada, passando Quando o corpo induz em si mes
através de um resistor, estará em mo uma força eletromotriz, o fe
fase com a tensão, isto é, o ângulo nômeno é chamado autoindução
A unidade de medida da indu
da fase é nulo (φ = 0º). A esse tância é o henry (H). e se diz que o corpo apresenta au
fato se dá o nome de efeito A indutância de uma bobina de toindutância denominada força
resistivo ou ôhmico puro. pende de diversos fatores: eletromotriz de autoindução.
Outro caso de indutância é co
▪ material, seção transversal, nhecido como indução-mútua.
Passa-se por um indutor – devido formato e tipo do núcleo; Quando dois condutores (bobi
ao fenômeno de autoindução da
▪ número de espiras; nas) são colocados um próximo
bobina –, a corrente estará atrasa
do outro (sem ligação entre si),
da em relação à tensão de ângulo ▪ espaçamento entre as espiras;
há o aparecimento de uma tensão
de 90º (φ = 90º ). Tem-se, então, ▪ tipo e seção transversal do induzida num deles quando a cor
um efeito indutivo. Num capaci condutor. rente que passa pelo outro é vari
tor, a corrente se adianta da ten
ável. Esse é o princípio de funcio
são de 90º. O efeito é capacitivo.
Como as bobinas apresentam in namento do transformador.
dutância, elas também são chama
Indutância das de indutores. Estes podem
O símbolo do indutor (L) está
ter as mais diversas formas e po
É a propriedade que tem um cor representado na figura a seguir,
dem inclusive ser parecidos com
po condutor de fazer aparecer, em confira!
um transformador.
Associação em série e
em paralelo de indutores
Na associação em série de indu
Figura 61 - Associação em Série de
tores, a indutância total é igual à
Indutores
henry (H); em ohms (Ω);
Figura 62 - Associação em Paralelo de
Indutores ▪ ∆i → variação da corrente ▪ ƒ → frequência da corren
em ampères (A); te alternada em hertz (Hz);
Fonte: Batista ([200-?], p. 106).
▪ ∆t → tempo decorrido du ▪ L → indutância do indutor
rante a variação da corrente em henry (H).
A associação paralela pode ser em segundos (s).
usada como forma de obter indu
Reatância indutiva
tâncias menores ou como forma
de dividir uma corrente entre di Em CA, como os valores de ten Exemplo
versos indutores. são e corrente estão em constante
modificação, o efeito da indutân Em um circuito, qual é a reatância
cia se manifesta permanentemen de um indutor de 600mH aplica
Tensão induzida no te. Esse fenômeno de oposição do a uma rede de CA de 220 V,
indutor permanente à circulação de uma 60 Hz?
corrente variável é denominado
A tensão induzida no indutor
pode ser determinada pela equa de reatância indutiva.
ção: XL = 2 π . f . L →
A reatância indutiva pode ser de XL = 2 π . 60 . 0,6 →
XL = 226,2 Ω
terminada pela equação:
ε = L . Δi
Δt
X L= 2 π . f . L Exemplo
Determine a corrente que circula
Sendo: em uma bobina de 400 mH, quan
Sendo: do ligada a uma fonte de 380 V,
cuja frequência é de 60 Hz.
▪ → fem induzida em volt
(V);
▪ L → indutor dado em ▪ XL → reatância indutiva
ELETRICIDADE 57
reatância capacitiva pode ser de
XL = 2 π . ƒ . L → i=V→
terminada pela equação:
XL = 2 π . 60 . 0,4 → XC
XL = 150,8 Ω i = 120 →
165,7
i=V→ Xc = 1 i = 0,72 A
XL 2π . ƒ . C
i = 380 →
150,8
Impedância
i = 2,52 A Sendo:
lmpedância é a combinação de
XC → reatância capacitiva duas oposições:
em ohms (Ω);
Reatância capacitiva ▪ resistência ôhmica (pura); ▪
ƒ → frequência da cor reatância capacitiva ou indu tiva,
Quando um capacitor é alimen rente alternada em hertz ou ainda a soma vetorial da
tado com tensão CA, a corrente (Hz); reatância capacitiva e indutiva.
que circula por esse capacitor será
limitada pela reatância capacita C → capacitância do ca
va (Xc). Em resumo, têm-se:
XC = 1 →
Sendo assim, a reatância capaci 2π . f . C ▪ resistência, como sendo a opo
tiva é a grandeza que se opõe à XC = 1 → sição total à corrente contínua; ▪
passagem de corrente CA por um 2π . 60 . 16.10-6 impedância, como sendo a
capacitor, e é medida em ohms. A XC = 165,7 Ω oposição total à corrente alter
nada. resistivas-capacitivas, a resistên cia ou
total do circuito será a soma Z2 = R2 + XC2
A existência de componente re quadrática da resistência pura (R)
ativos, que defasam correntes ou com as reatâncias indutivas (XL)
tensões, torna necessário o uso de ou capacitivas (XC).
Para o cálculo da impedância de
formas particulares para o cálculo um circuito, não se pode simples
da impedância de cada tipo de cir Esse somatório quadrático é de mente somar valores de resistên
cuito em CA. Confira a seguir os nominado de impedância, repre cia com reatâncias, pois tais valo
tipos de impedância. sentada pela letra Z e expressa em res não estão em fase.
ohms (Ω), podendo ser determi
De acordo com o tipo de circuito,
Tabela 10 - Tipos de nada pela equação:
são usadas equações distintas para
Impedância Tipo de
os circuitos: em série e em parale
Em circuitos alimentados por CA, lo. Acompanhe!
com cargas resistivas-indutivas ou Z2 = R2 + XL2
Corrente de
Exemplo Capacitivo Reatância autoindução e quadrática
Calcule a corrente absorvida por um Variação constante de polaridade da tensão da
capacitor de 16 µF quando li gado a uma rede
fonte de 120 V, 60 Hz.
Resistivo Resistência R Ohm Ω R = V I
Resistor e indutor
(circuito RL – série)
Z = XL . R
Ѵ XL2 + R2
Figura 63 - Circuito Rl em
bém podem ocorrer três situações
distintas:
Resistor indutor e capacitor
▪ resistor e indutor;
(circuito RLC – paralelo)
▪ resistor e capacitor; ou
▪ resistor, indutor e capacitor
simultaneamente.
Resistor e indutor
(circuito RL – paralelo)
Ѵ XC2 + R2 Z =
Z=1
Figura 64 - Circuito RC em
Série Fonte: SENAI (2004, p.
RL
( )( )
1 2+ 1 - 1 2
109).
R XL XC
Resistor, indutor e capacitor
(circuito RLC – série) Z = XL . R Figura 68 - Circuito RC em
Paralelo Fonte: SENAI (2004, p.
Ѵ XL2 + R2
110).
Figura 66 - Circuito Rl em
Paralelo Fonte: SENAI (2004, p.
110).
Diagrama fasorial
Resistor e capacitor
(circuito RC – paralelo) Outra forma muito importante
de se analisar a impedância em
circuitos é por meio do diagrama
fasorial, seja ele constituído pelos
fasores que representam a tensão
ou a corrente nos elementos que
constituem o circuito.
Ѵ(XL - XC)2+R2 Z = Analise a seguir como fica a repre
sentação do diagrama fasorial de
um circuito RL em série:
Figura 65 - Circuito RlC em
Série Fonte: SENAI (2004, p. Z = XC . R
109). Ѵ XC2 + R2
Figura 67 - Circuito RC em
Paralelo Fonte: SENAI (2004, p.
Circuitos em paralelo 110).
Nos circuitos em paralelo, tam
ELETRICIDADE 59
Fonte: Batista ([200-?], p. 122).
Observe no diagrama anterior que a corrente i do
circuito está adiantada em relação à corrente iC no
capacitor, mas está atrasada em relação à corrente iR
no resis
tor. Observe também que a ten são no
gerador está em fase com a corrente no resistor e que
o ângu
lo φ representa a defasagem entre a corrente no
Figura 69 - Diagrama Fasorial Circuito RL em Série resistor e a corrente no circuito.
Fonte: Batista ([200-?], p. 116).
Ao analisar um circuito RLC e construir o diagrama
Como você pôde observar, no indutor a corrente está fasorial (imagem a seguir) para o circuito, deve-se
atrasada em 90º com relação à tensão (VL). Como a observar que a tensão no resistor está em fase com a
corrente na resistência está em fase com a tensão VR, cor
ambas são representadas no mesmo eixo. A tensão do rente. Já a tensão no indutor está adiantada de 90º em
gerador é obtida por meio de uma soma vetorial entre relação à corrente, e a tensão no capacitor está
VR e VL, facilmente resolvida aplicando o teorema de atrasada de 90º em relação à corrente.
Pitágoras.
Nesse diagrama é possível observar que a tensão no Figura 70 - Circuito RlC em Série Fonte: Batista ([200-?], p. 123).
gerador está atra sada em relação à tensão no
capacitor, mas está adiantada em relação à tensão no Pode-se observar que a tensão no indutor VL está
resistor. Também é possível observar que a tensão no defasada de 180º em relação à tensão no capacitor
gerador está em fase com a corrente no circuito e que VC. Para obter a tensão resultante da soma das três
o ângulo φ representa a defasagem entre a tensão no tensões, primei
gerador e a tensão no resistor. ramente, deve-se somar vetorial mente VL com VC,
cujo resultado será simplesmente a subtração VL – VC,
já que estão defasados de 180º.
A seguir observe o diagrama fasorial de um circuito
RC em paralelo:
Exemplo
Um circuito RC série, composto de uma capacitância
Gráfico 14 - Diagrama Fasorial Circuito RlC em Série de 20 µF e uma resistência de 70 Ω, é submetido a
Fonte: Batista ([200-?], p. 124). uma tensão de 100 V na frequência de 60 Hz.
Determine a corrente, as quedas de tensão, o ângulo
de fase e construa o diagrama fasorial.
,
Uma vez realizada a subtração vetorial de VL – VC
pode-se de
terminar a tensão do gerador VG realizando
a soma vetorial do re sultado anterior com a tensão no
resistor VR. Novamente, o ângulo φ representará a
diferença de fase entre a tensão no gerador e a ten
são no resistor.
1 1
Exemplo X X X 132,6
Calcule a corrente, as quedas de tensão e o
ππ
ângulo de fase em um 2. .60.20.10
= → = → = Ω C C -6 C 2. .f.L
22
2 C2
Ω e L = 0,4 H. A V i 100
i i 0,67A
tensão da fonte
=→=→=
Z frequência de
é igual a 120 V, na 149,9
RRR
60 Hz. Em seguida, construa tam bém o
V X .i V 132,6.0,67 V 88,8 V
diagrama fasorial. = − → = − → = − CCCC
V R.i V 70.0,67 V 46,9 V
=→=→=
X C 132,6
sen sen
ϕϕϕϕ=−→=−→=−→=−
R = → = → = Ω LLL
149,9
arcsen 0,8846 62,2º
X 2. .f.L X 2. .60.0,4 X 150,8 π π
2222
=→=→=
V R.i V 100.0,66 V 66 V R R R
V X .i V 150,8.0,66 V 99,5V
= → = → = LLLL
150,8 56,5º
tan tan arctan1,508
X L
=→=→=→=ϕϕϕϕ
R Diagrama Fasorial
Fonte: Wolski (2007, p. 142).
100 Gráfico 16 -
ELETRICIDADE 61
Exemplo ▪ perdas por correntes de Foucault – são
Um circuito RLC série é composto de uma resistência originadas pelas correntes parasitas induzidas.
de 250 Ω, uma reatância indutiva de 300 Ω e uma Tornam-se mais significativas nos circuitos
reatância capacitiva igual a 150 Ω ligadas a uma fonte magnéticos de maior porte e nos condutores de maior
CA de 220 V. Determine a corrente, as quedas de seção.
tensão, o ângulo de fase e construa o diagrama fasorial.
2
222
=+→=+→=Ω
Z R (X - X ) Z 250 (300 -150) Z 291,5 L C Quando se fala em instalações
V 220 elétricas em CA, deve-se saber
i i
=→=→=
Z i 0,75A
291,5
V X .i V 150.0,75 V 112,5V C C C C
=→=→=
que todos os equipamentos que possuem um
V R.i V 250.0,75 V 187,5V R R R
circuito magnético (motores, trafo, etc.) absorvem
=→=→=
dois tipos de energia: a ativa e a reativa:
V X .i V 300.0,75 V 225V C L L L
=−→=−→=−
R 250
cos
ϕϕϕϕ=→=→=→=
Z efetivamente produz efetivo, é indispensável cada uma dessas
cos trabalho. Exemplo: a para produzir o fluxo potências corres ponde
arc cos 0,8576 30,9º rotação do eixo do magnético necessário a uma corrente, também
291,5 motor; ao funcionamento dos denominada ativa e
▪ potência reativa – é motores, reativa. Essas duas
aque la que, apesar de transformadores, etc.; ▪ correntes se somam
▪ potência ativa não possuir trabalho potência aparente – vetorialmente para
(efetiva) – é aquela que formar uma
Gráfico 17 - Diagrama Fasorial perdas por histerese – são provocadas pela
Fonte: Wolski (2007, p. 144). imantação remanescen te do ferro, manifestando-se
em todos os circuitos magnéticos subme tidos a
campos alternados: trafos, motores, reatores, etc.;
SEÇÃO 3 potência aparente. Esta, embora chamada aparente, é
bastante real, percorrendo os diversos condutores do
Potência em corrente alternada circuito, pro vocando seu aquecimento, e, portanto,
gerando perdas por efeito joule.
Na maioria das instalações elétricas ocorrem perdas
nos circuitos elétri cos, e as principais são:
As equações que permitem de terminar as potências
podem ser obtidas a partir do diagrama faso rial de
▪ perdas por efeito joule – são provocadas pela tensões e corrente de um circuito RLC série,
passagem de cor rente elétrica por meio de formando as sim o chamado diagrama de po
condutores, ocasionando seu aquecimento. Aparecem tências. O diagrama de potências costuma ser
em todos os componentes do circuito: representado em for ma de triângulo, obtendo-se
transformadores, condutores, motores, lâmpadas, etc. assim o chamado triângulo de potên cias, como
Estas perdas são, sem dúvida, as mais significativas, você pode observar na imagem a seguir.
variando com o quadrado da corrente elétrica; ▪
P (potência ativa) → W;
Q (potência reativa) → VAr; S (potência aparente) → VA. Figura 73 - Triângulo de Potências
Fonte: Wolski (2007, p. 153).
ELETRICIDADE 63
P = V x I x cosφ (W)
Q = V x I x senφ (VAr)
instalações in dustriais com fator de potência inferior a
0,92 (Portaria n°. 1.569-93 do DNAEE), cobrando,
inclusive, multas daquelas indústrias cujas instalações
Outra forma de se determinar o fator potência é possuam um fator de potência abaixo de 0,92.
fazendo a razão entre a potência ativa (P) e a po
tência aparente (S):
Finalizando
O estudo desta unidade curricular de eletricidade teve como objetivo desenvolver
conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para fornecer a você condições básicas para a
sua evolução no restante do curso. As informações estudadas neste material didático ofereceram
subsídios para que você possa ter conhecimentos mínimos necessários com relação à
eletricidade, porém isso não representa o todo.
Certamente a realização de atividades experimentais, práticas laboratoriais e pesquisas contri
buirão muito para um aprofundamento e melhor construção do conhecimento. A você, caro
aluno, caberá distinguir os diferentes recursos das tecnologias disponíveis e buscar novas
alternativas, não estando preso ao que os materiais didáticos e livros podem lhe oferecer.
Estamos convictos de que o processo de ensino-aprendizagem ocorre, em grande parte, pela sua
dedicação e pela qualidade das informações que estão à sua disposição.
Por isso, tendo apenas como referência este material didático, você deve se sentir livre para ob
servar, exercitar e questionar os temas abordados, buscando sempre que necessário as
orientações do seu professor, que é quem estará ao seu lado para auxiliá-lo em sua caminhada
nesta unidade curricular.
Abraços, Patrick
ELETRICIDADE 67
Referências
▪ BATISTA, Rogério Silva. Eletricidade Básica. Belo Horizonte: Centro de Formação Pro
fissional SENAI João Moreira Salles, [200?]. 151 p.
▪ CARVALHO, Geraldo Camargo de. FONSECA, Martha Reis Marques da. Partículas do
átomo. 2009. Disponível em: <http://www.escolainterativa.com.br/canais/18_vestibular/
estude/quimi/tem/img/atomo1.gif>. Acesso em 11 out. 2009
▪ PARANÁ, Djalma Nunes da Silva. Física: eletricidade. 6. ed. São Paulo: Ática, 1998. 431 p.
▪ PARIZZI, Jocemar Biasi. Eletrônica Básica. 2. ed. Santa Maria, RS: Centro de Educação
Profissional SENAI Roberto Barbosa Ribas, 2003. 101 p.
▪ RAMALHO JR, Francisco et. al. Os fundamentos da física. 8. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Moderna, 2003. 468 p.
▪ SATURNINO, Luis Fabiano. Princípios de eletricidade. [S. l.]: Centro de Formação Pro
fissional SENAI Fidélis Reis, [200?]. 102 p.
▪ VIEIRA JÚNIOR, Magno Estevam. Eletricidade Básica. Ouro Branco, MG: Unidade
Operacional do SENAI MG Ouro Branco, 2004. 56 p.
ELETRICIDADE 69