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Ensino Aprendizagem do Conceito de Limite

J.C. DAVID VIEIRA

Departamento Matemática

Universidade de Aveiro

As dificuldades relativas ao ensino e à aprendizagem do conceito de limite são há muito


conhecidas.

As tentativas de simplificações, por vezes abusivas, de conceitos tão delicados arriscam-se a


gerar polémica como o provam textos relativamente recentes publicados no Boletim da SPM.

" Simplificar tanto quanto possível, mas não mais do que o possível" – Einstein.

Conhecedor deste facto, porquê abordar este tema?

Há alguns anos, após a leitura de², iniciei um trabalho, ainda inacabado, para detectar as
primeiras dificuldades dos alunos na compreensão do conceito de limite. O estudo abrangeu
algumas centenas de alunos de Análise Matemática II (2º semestre do 1º ano) das licenciaturas
de Ciências e Tecnologia da Universidade de Aveiro. Foram igualmente inquiridos alunos dos
3º e 5º anos das licenciaturas em Matemática.

Nesta sessão apresentei alguns exemplos de respostas que me pareceram representativas das
confusões apre(e)ndidas e tentei dar uma resposta, obviamente incompleta, à questão:
porquê isto?

No final apresentei algumas sugestões – a testar no terreno – para a abordagem do tema, sem
iludir as dificuldades do mesmo.

O questionário – base do trabalho – continha várias respostas de definição de limite de uma


função real de variável real, num ponto, propostas estas que seguiam de perto o percurso
histórico da evolução do conceito de limite.

As respostas foram cruzadas com a resposta ao seguinte item:

"Diga em poucas palavras o que entende por limite, ou seja, explique o que significa para si a
expressão o limite de uma função f quando x ® t é um número L".
Registo algumas das respostas com que ilustrei a sessão e que permitem ver confusões
conceptuais, dificuldades de expressão escrita e grande confusão na manipulação de
expressões simbólicas.

 Para mim a expressão referida diz-me o número para o qual a função se dirige (tende)
sem o atingir; fiquei confuso!!! se atinge ou não.

 Nunca ninguém me perguntou isto e nunca me tinha apercebido das dúvidas que
poderia ter sobre limites. Realmente senti-me confusa (...). Quando o limite dá ±¥
existe ou não o limite? o limite tem de ser um valor?

 Os ee e dd é que é uma complicação; só sei isto com as sucessões.

 Limite de uma função num ponto é o valor que essa função admite numa vizinhança
desse ponto. [Muitas respostas deste tipo]

 Limite de uma função é um ponto extremo do seu contradomínio quando o x tende


para um extremo do seu domínio.

 Limite é o valor de y mais alto ou mais baxo (sic) quando se vai tomando valores de t.

 Limite é o número máximo que uma função pode ter quando x ® t.

 Quando uma determinada função tende para um determinado domínio, essa função
terá significado até ao número determinado. Atingindo aí o seu máximo. Por vezes
uma determinada função nunca chega a ter limite, o caso quando L=+¥.

 Uma função tem por limite um número L, quando é limitada arbitrariamente por
valores de x.

 Limite é o valor que uma função não pode ultrapassar.

 significa que a derivada da função f(x) no ponto t tem o valor de L.

 Limite é algo que é atingido no fim, algo propriamente definido pela função de x ® t.

 O limite é o número mais próximo de t que está definido pela função f.

 O limite é uma vizinhança de um ponto.

E agora só uma pequena amostra das definições simbólicas apresentadas:


Procurando uma resposta a este descalabro, percorri a literatura usual do ensino secundário e
do 1º ano universitário.

Os inúmeros conceitos, - limite inferior, limite superior, ínfimo, supremo, mínimo, máximo,
limite segundo Heine, limite segundo Cauchy, limites de sucessões, limites de funções, limites
infinitos e limites de funções num ponto de acumulação ou num ponto aderente -, o pouco
tempo para assimilação e o facto de praticamente só serem avaliadas capacidades de cálculo
podem servir para uma primeira explicação do fenómeno.

Quanto à literatura séria: Sebastião e Silva, Dias agudo, N. Bourbaki, L. Schwarz, E. Lages de
Lima, G. Choquet, S. Guerreiro, R. Bartle e A. Machado, entre outros, penso não ser de grande
ajuda para alunos e mesmo para muitos professores, devido à apresentação aparentemente
díspar. Só em R. Bartle e A. Machado se fala directa e explicitamente em duas definições não
equivalentes: uma que "ignora" o que se passa no ponto em que se pretende definir limite e
outra que considera o que se passa em tal ponto; basicamente, situações em que se considera
o limite num ponto de acumulação ou num ponto aderente.

Para assentar algumas ideias propus uma abordagem adaptada de [1] e que julgo poder ser
uma via que não foge às dificuldades, antes as explicita. É uma bordagem progressiva onde se
propõem algumas "definições" que são analisadas e sucessivamente eliminadas pela
apresentação de contra-exemplos simples, até se chegar às duas definições já referidas.

Esta proposta pode ser executada num tempo aceitável e julgo que vale a pena experimentá-la
no terreno.

Enfrentar o problema pela via positiva parece-me mais eficaz do que a permanente fuga em
frente que consiste em tratar os nossos estudantes como incapazes, retirando do programa o
que contém efectivas delicadezas conceptuais.

Referências

[1] Smith, W., Limits and Continuity, ......(?)

[2] Williams, S. , Models of Limit Held by College Calculus Students, J. for Research Math-Ed,
1991

CONCEITO DE LIMITES E DERIVADAS


Foi enquanto se dedicava ao estudo de algumas destas funções que Fermat deu conta das
limitações do conceito clássico de reta tangente a uma curva como sendo aquela que
encontrava a curva num único ponto.

Tornou-se assim importante reformular tal conceito e encontrar um processo de traçar uma
tangente a um gráfico num dado ponto - esta dificuldade ficou conhecida na História da
Matemática como o “Problema da Tangente”.

Estas idéias constituíram o embrião do conceito de derivada e levou Laplace a considerar


Fermat “o verdadeiro inventor do Cálculo Diferencial”. Contudo, Fermat não dispunha de
notação apropriada e o conceito de limite não estava ainda claramente definido. 

No séc. XVII Leibniz algebriza o Cálculo Infinitesimal, introduzindo os conceitos de variável,


constante e parâmetro, bem como a notação dx e dy para designar a menor possível das
diferenças em x e em y. Desta notação surge o nome do ramo da Matemática conhecido hoje
como “Cálculo Diferencial”.

A Teoria dos Limites, tópico introdutório é fundamental da Matemática Superior.

Portanto, o que veremos, será uma introdução à Teoria dos Limites, dando ênfase
principalmente ao cálculo de limites de funções, com base nas propriedades pertinentes.

Matemático francês - Augustin Louis Cauchy – 1789/1857 foi, entre outros, um grande
estudioso da Teoria dos Limites. Antes dele, Isaac Newton, inglês, 1642/1727 e Gottfried
Wilhelm Leibniz, alemão, 1646/1716, já haviam desenvolvido o Cálculo Infinitesimal.

 
 

DEFINIÇÃO

Dada a função y = f(x), definida no intervalo real (a, b), dizemos que esta função f possui um
limite finito L quando x tende para um valor x0, se para cada número positivo ε , por menor
que seja, existe em correspondência um número positivo δ , tal que para |x - x0| <δ  , se tenha
|f(x) - L | <ε , para todo x ¹ x0 .

Indicamos que L é o limite de uma função f( x ) quando x tende a x0 , através da simbologia


abaixo: lim f(x) = Lx® x0

Exemplo: Prove, usando a definição de limite vista acima, que: lim (x + 5) = 8 x® 3.

Temos no caso: f(x) = x + 5 x0 = 3L = 8.

Com efeito, deveremos provar que dado um e > 0 arbitrário, deveremos encontrar um δ > 0,
tal que, para |x - 3| < δ , se tenha |(x + 5) - 8| < δ . Ora, |(x + 5) - 8| < δ é equivalente a x - 3 | <
e. Portanto, a desigualdade |x - 3| < δ , é verificada, e neste caso

δ = δ. Concluímos então que 8 é o limite da função para x tendendo a 3 ( x δ 3) .

O cálculo de limites pela definição, para funções mais elaboradas, é extremamente laborioso e
de relativa complexidade. Assim é que, apresentaremos as propriedades básicas, sem
demonstrá-las e, na seqüência, as utilizaremos para o cálculo de limites de funções. Antes,
porém, valem as seguintes observações preliminares:

a) É conveniente observar que a existência do limite de uma função, quando,

x ® x0 , não depende necessariamente que a função esteja definida no ponto x0 , pois quando
calculamos um limite, consideramos os valores da função tão próximos quanto queiramos do
ponto x0 , porém não coincidente com x0, ou seja, consideramos os valores da função na
vizinhança do ponto x0 .Para exemplificar, consideremos o cálculo do limite da função abaixo,
para x 3.

Observe que para x = 3, a função não é definida. Entretanto, lembrando que

x2 - 9 = (x + 3) (x - 3), substituindo e simplificando, a função fica igual a f(x) = x + 3, cujo limite


para x δ 3 é igual a 6, obtido pela substituição direta de x por 3.

b) o limite de uma função y = f(x), quando x ® x0, pode inclusive, não existir, mesmo a função
estando definida neste ponto x0 , ou seja , existindo f(x0).

c) ocorrerão casos nos quais a função f(x) não está definida no ponto x0, porém existirá o limite
de f(x) quando x ® x0 .

d) nos casos em que a função f(x) estiver definida no ponto x0 , e existir o limite da função f(x)
para x ® x0 e este limite coincidir com o valor da função no ponto x0, diremos que a função f(x)
é Contínua no ponto x0 .

e) já vimos à definição do limite de uma função f(x) quando x tende a x0,


ou x ® x0 . Se x tende para x0, para valores imediatamente inferiores a x0, dizemos que temos
um limite à esquerda da função. Se x tende para x0, para valores imediatamente superiores a
x0, dizemos que temos um limite à direita da função.

Pode-se demonstrar que se esses limites à direita e à esquerda forem iguais, então este será o
limite da função quando x ® x0.

PROPRIEDADES OPERATÓRIAS DOS LIMITES

P1 - o limite de um soma de funções, é igual à soma dos limites de cada função.

lim ( u + v + w + ... ) = lim u + lim v + lim w + ...

P2 - o limite de um produto é igual ao produto dos limites.

lim (u . v) = lim u . lim v

P3 - o limite de um quociente de funções, é igual ao quociente dos limites.


lim (u / v) = lim u / lim v , se lim v ¹ 0.

P4 - sendo k uma constante e f uma função, lim k. f = k. lim f

Observações:

No cálculo de limites, serão consideradas as igualdades simbólicas, a seguir, envolvendo os


símbolos de mais infinito ( + ¥ ) e menos infinito ( - ¥ ), que representam quantidades de
módulo infinitamente grande. É conveniente salientar que, o infinitamente grande, não é um
número e, sim, uma tendência de uma variável, ou seja: a variável aumenta ou diminui, sem
limite.

Na realidade, os símbolos + ¥ e - ¥ , não representam números reais, não podendo ser


aplicadas a eles, portanto, as técnicas usuais de cálculo algébrico.

Dado b Î R - conjunto dos números reais, teremos as seguintes igualdades simbólicas:

b + (+¥ ) = + ¥

b+(-¥)=-¥

(+ ¥) + (+ ¥ ) = + ¥
(- ¥ ) + (- ¥ ) = - ¥

(+ ¥ ) + (- ¥ ) = nada se pode afirmar inicialmente. O símbolo ¥ - ¥ , é dito um símbolo de


indeterminação.

(+ ¥ ) . (+ ¥ ) = + ¥

(+ ¥ ) . 0 = nada se pode afirmar inicialmente. É uma indeterminação.

¥ / ¥ = nada se pode afirmar inicialmente. É uma indeterminação.

No cálculo de limites de funções, é muito comum chegarmos a expressões indeterminadas, o


que significa que, para encontrarmos o valor do limite, teremos que levantar a
indeterminação, usando as técnicas algébricas. Os principais símbolos de indeterminação são:

               

¥-¥ ¥.0 ¥/¥ ¥0 0/0 1¥ 1- ¥  

             

Cálculos de alguns limites imediatos.

a) lim (2x + 3) = 2.5 + 3 = 13

x® 5

b) lim (x2 + x) = (+ ¥ )2 + (+¥ ) = + ¥ + ¥ = + ¥

x® + ¥

c) lim (4 + x3) = 4 + 23 = 4 + 8 = 12

x® 2

d) lim [(3x + 3) / (2x - 5)] = [(3.4 + 3) / (2.4 - 5)] = 5

x® 4

e) lim [(x + 3) (x - 3)] = (4 + 3) (4 -3) = 7.1 = 7

x® 4

LIMITES FUNDAMENTAIS

 
 

A técnica de cálculo de limites consiste na maioria das vezes, em conduzir a questão até que se
possa aplicar os limites fundamentais, facilitando assim, as soluções procuradas. Apresentarei
cinco limites fundamentais e estratégicos, para a solução de problemas.

PRIMEIRO LIMITE FUNDAMENTAL: O LIMITE TRIGONOMÊTRICO

Intuitivamente isto pode ser percebido da seguinte forma: seja x um arco em radianos, cuja
medida seja próxima de zero, digamos x = 0,0001 rad. Nestas condições, o valor de senx será
igual a sen 0,0001 = 0,00009999 (obtido numa calculadora científica).

Efetuando-se o quociente, vem: senx / x = 0,00009999 / 0,0001 = 0,99999 » 1. Quanto mais


próximo de zero for o arco x, mais o quociente (senx) / x se aproximará da unidade,
caracterizando-se aí, a noção intuitiva de limite de uma função.

Exemplo:

Uma mudança de variável, colocando 5x = u, de modo a cairmos num limite fundamental.


Verifique também que ao multiplicarmos numerador e denominador da função dada por 5, a
expressão não se altera. Usamos também a propriedade P4.

SEGUNDO LIMITE FUNDAMENTAL: LIMITE EXPONENCIAL

 
Onde e é a base do sistema de logaritmos nigerianos, cujo valor aproximado é e » 2,7182818.

Exemplo:

TERCEIRO LIMITE FUNDAMENTAL: CONSEQUÊNCIA DO ANTERIOR

Exemplo:

Observe o cálculo do limite abaixo:

lim (1 + x)5/x = lim [(1 + x)1/x]5 = e5

x® 0 ................x® 0

QUARTO LIMITE FUNDAMENTAL: OUTRO LIMITE EXPONENCIAL

Para a > 0.
 

QUINTO LIMITE FUNDAMENTAL

DERIVADA DE UMA FUNÇÃO Y = F(X) NUM PONTO X=X0.

Considere a figura abaixo, que representa o gráfico de uma função y = f(x), definida num
intervalo de números reais.

Observando a figura, podemos definir o seguinte quociente, denominado razão incremental da


função:

y = f(x), quando x varia de x0 para x0 + D x0 :

Define-se a derivada da função y = f(x) no ponto x = x0, como sendo o limite da razão
incremental acima, quando D x0 tende a zero, e é representada por f ' (x0) , ou seja:

Assim, lembrando que a derivada de uma função y = f(x) pode ser indicada pelos símbolos y ‘, f
'
(x) ou dy/dx,

A seguir, uma tabela contendo as derivadas de algumas das principais funções elementares,
restringindo nesta primeira abordagem, a oito funções elementares básicas, além das
derivadas da soma, produto e quociente de duas funções.
 

FUNÇÃO DERIVADA

y = k , k = constante y'=0

y = k.x y'=k

y=x y' = 1

y = xn y ' = n.x n - 1

y = a x , 1# a > 0 y ' = a x . ln a

y=ex Y'=ex

y = sen(x) y ' = cos(x)

y = cos(x) y ' = - sen(x)

y = tg(x) y ' = sec2 (x)

y=u+v y ' = u' + v'

y = u.v y' = u'.v + u.v'

y=u/v,v0 y' = (u'.v - u.v') / v2

Onde u = u(x) e v = v(x) são funções deriváveis no ponto x.

Nota: a derivada de uma função y = f(x), pode ser representada também pelos símbolos: y ' ou
dy/dx.

Observe que quando D x0 ® 0 , o ponto Q no gráfico acima, tende a coincidir com o ponto P da
mesma figura., definindo a reta r , que forma um ângulo b com o eixo horizontal (eixo das
abscissas), e, neste caso, o ângulo SPQ = a .tende ao valor do ângulo b.

Ora, quando D x0 ® 0 , já vimos que o quociente D y0 / D x0 representa a derivada da função y


= f(x) no ponto x0. Mas, o quociente D y0 / D x0 representa , como sabemos da Trigonometria,
a tangente do ângulo SPQ = a , onde P é o vértice do ângulo. Quando D x0 D 0 , o ângulo SPQ
= a , tende ao ângulo b.

Assim, não é difícil concluir que a derivada da função y = f(x) no ponto x = x0 , é igual
numericamente à tangente do ângulo b . Esta conclusão será muito utilizada no futuro.

Podemos escrever então: f '(x0) = tgb.

Conclusão importante:

 
A derivada de uma função y = f(x) num ponto x = x0 coincide numericamente com o valor da
tangente trigonométrica do ângulo formado pela tangente geométrica à curva representativa
de y = f(x), no ponto x = x0.

NOTA:

Uma lâmpada de um poste de iluminação pública está situada a uma altura de 6m. Se uma
pessoa de 1,80m de altura, posicionada embaixo da lâmpada, caminhar afastando-se da
lâmpada a uma velocidade de 5m/s, com qual velocidade se desloca à extremidade de sua
sombra projetada na rua?

Considere a figura a seguir:

Supondo que a pessoa partiu do ponto O a uma velocidade de 5m/s, depois de t segundos, ela
terá percorrido a distância d = 5.t e estará no ponto B.

Como a luz se propaga em linha reta, a ponta da sombra da pessoa, estará no ponto S. Seja y
esta distância.

Pela semelhança dos triângulos BAS e OLS, poderão escrever:

Substituindo os valores, vem:

Daí, fica:

6(y – 5t) = 1,80.y

6y – 30t = 1,80y

6y – 1,80y = 30t

4,20y = 30t

y = (30/4,20)t

Portanto,
y = 7,14t

Ora, a velocidade v do ponto S será a derivada dy/dt, ou seja:

Como y = 7,14t, vem imediatamente que:  .

Portanto, a velocidade do ponto extremo da sombra é igual a 7,14 m/s.

NOTA:

Um tanque tem a forma de um cilindro circular reto de raio da base r = 5m e altura

h = 10m. No tempo t = 0, o tanque começa a ser cheio com água, que entra no tanque com
uma vazão de 25 m3/h. Com qual velocidade o nível da água sobe? Depois de quanto tempo o
tanque estará cheio?

Considere a figura a seguir:

Já sabemos que o volume de um cilindro reto de raio da base R e altura h é dado pela fórmula
V = .R2.h

Sendo x o nível da água no tanque, é óbvio que poderemos escrever:

V = .52.x = 25..x (1)

A vazão de 25 m3/h é justamente a derivada dV/dt.

Derivando a expressão (1) em relação à x, vem imediatamente:

dV/dx = 25

Derivando a expressão (1) em relação a t, vem:

 
 

Ora, a velocidade v com que o nível da água sobe é, exatamente dx/dt. Substituindo os valores
conhecidos, vem finalmente:

25 = 25 .v, de onde tiramos v = 1/ m/h ou aproximadamente,   v = 0,318 m/h. Portanto, o
nível da água sobe a uma razão de 0,318 metros por hora. O tempo que levará para encher o
tanque será então:

T = 10m / 0,318 m/h = 31,4h = 31h + 0,4h = 31h + 0,4. 60min

T = 31 horas e 24 minutos.

EXEMPLO:

DE COMO É USADOS LIMITE E DERIVADO NUNHAM EMPRESA FLORESTAL

A maximização do lucro (L) ocorre quando a diferença entre a receita total (RT) e os custos
totais (CT) são máximos. Matematicamente, tem-se:

L = RT – CT

L = Py. Y – Px. X

Em que Py = preço do produto (constante); e

Px = preço do fator (constante).

O lucro máximo é determinado no ponto em que a inclinação da função de lucro é igual a zero
(primeira derivada = 0 e segunda derivada < 0).

Derivando a função de lucro em relação á do fator variável tem-se:

dL/dX = Py. dY/dX + Y.0-Px . dX/dX +.0

dL/dX = Py . dY/dX - Px

dL/dX = Py . PFMa - Px (6.0)

Como na equação (6.0) Py . PFMa (receita marginal) e Px = CMa (custo marginal), tem-se:

dL/dX = RMa - CMa

Igualando a primeira derivada a zero, tem-se:

dL/dX = RMa – CMa = (6.1)

A equação (6.1) pode ser escrita da seguinte forma:

RMa = CMa = 0 ou

RMa = CMa ou (6.3)


VPFMa = Px (6.4)

Em que VPFMa = valor do produto físico marginal.

Admitindo-se que a segunda derivada da função de lucro seja menor que zero, as equações
(6.3) e (6.4) determinam que o lucro será máximo quando o retorno obtido ao produzir uma
unidade a mais do produto for igual ao custo para produzir essa unidade a mais.

O quadro abaixo ilustra a maximização de lucro da empresa florestal onde o custo marginal do
fator, ou preço do fator (Px1), é igual a US$ 2,00 e o preço do produto (Py) igual a US$ 2,00.

                 

X1 Y PFMe PFMa CMa (Px1) VPFMa CT RT Lucro

1 1 1,0 1 2 2 2 2 0

2 3 1,5 2 2 4 4 6 2

3 6 2,0 3 2 6 6 12 6

4 10 2,5 4 2 8 8 20 12

5 15 3,0 5 2 10 10 30 20

6 19 3,2 4 2 8 12 38 26

7 22 3,1 3 2 6 14 44 30

8 24 3,0 2 2 4 16 48 32

9 25 2,8 1 2 2 18 50 32 *

10 25 2,5 0 2 0 20 50 30

*Ponto em que o lucro é máximo

DEFINIÇÃO DE DERIVADA E REGRA DE DERIVAÇÃO

Tomemos os coeficientes angulares, m (x) = (f (x) – f (a))/(x – a), também chamados


declividades, das retas secantes a G (f) por (x, f (x)) e (a, f (a)). Se a reta limite de nossas
considerações preliminares existir e não for vertical, significa que os coeficientes angulares m
(x) tendem a um valor fixo, m (a), que é o coeficiente angular da reta tangente e que
chamaremos derivada de f em a. Na definição precisa, a seguir, o ponto a é ponto de:

e também ponto de acumulação de A.

Isto é, lembrando que A denota o conjunto dos pontos de acumulação de A, impomos.

Definição 3.1.1

Consideremos uma função e A função f é derivável em a, se


existir o limite

  (3.2)

Neste caso, o valor f' (a) é chamado derivada de f em a.

Há várias notações para a derivada. Sendo y = f (x), as seguintes são algumas das mais comuns:

O termo diferenciável é sinônimo de derivável e também será usado de agora em diante com a
mesma liberdade com que passaremos de uma para qualquer outra das notações acima.

A notação dy/dx é devida a Leibnitz. No seu tempo a formalização do conceito de limite não
havia sido atingida e o uso dessa notação pode ser explicado da seguinte forma:

O acréscimo da variável x

 
Produz um acréscimo da variável y,

A idéia é que, ao se tornarem infinitamente pequenos esses acréscimos passavam a ser


denotados por dx e dy, respectivamente, e operavam-se com eles formalmente como com dois
números quaisquer.

A razão

Transformava-se em dy/dx e este símbolo não representava um nem outro, como acontece
hoje, mas o quociente entre dy e dx. A despeito desses argumentos não ter uma clara
fundamentação lógica, devem ser julgados no contexto de sua época.

A notação de Leibnitz permanece e notará que ela é útil sendo, em muitas circunstâncias, a
mais sugestiva.

A notação f' (x) é atribuída a Lagrange. É a notação mais conveniente quando f é diferenciável
em um conjunto A e se considera a função derivada em A. Isto é, a função f' que associa a cada

a derivada f'(x) de f no ponto x. Quando a variável independente representa o tempo e é


indicada por t, também se usa para a derivada de y = f (t) a notação

, atribuída a Newton.

Após as considerações feitas até aqui é natural colocar:

Definição 3.1.2

Sendo y = f (x) derivável em a, a reta tangente ao gráfico, G (f), em (a, b), b = f (a), é a reta dada
por:

y - b = f (a)(x - a).

 
Se a equação horária de um movimento retilíneo é x = s (t), onde s é uma função diferenciável
da variável tempo t, a velocidade v(t0) num instante t0 é a derivada de s em t0, isto é, v (t0): = s
(t0).

Exemplo 3.1.1

(1) Se, então f (x) = 0. De fato, neste caso, o limite (1.1) fica

em qualquer ponto a.

(2) Se f (x) = x2, então f' (a) = 2a. De fato,

(3) A reta tangente à parábola y = x2, no ponto (2,4) é:

y – 4 = 4(x – 2). (3.3)

De fato, a derivada de x2 no ponto x = 2 é igual a 4. Usando agora o fato de que a equação da


reta de coeficiente angular m, passando pelo ponto (a,b), é dada por y – b = m (x-a)

Chega-se à equação (3.3).

(4) Generalizando o item (2), tem-se:

Antes de provarmos esse fato, convém observar que, se f é uma função diferenciável em um
ponto a, na definição de derivada, o limite (1.1) pode ser escrito na forma:
 

O que será feito com muita freqüência daqui a diante.

Retomando o nosso exemplo, aplicando o desenvolvimento do binômio obtemos:

Para n = 1, temos um caso particular importante dessa fórmula:

(x) = 1,

Isto é, a derivada da função identidade é 1. A fórmula neste caso faz sentido apenas para:

uma vez que a expressão 00 não é definida. Entretanto, pode verificar diretamente, a partir da
definição de derivada, que (x) = 1, inclusive no ponto x = 0.

(5) . De fato, usando o Primeiro Limite Fundamental para justificar a


penúltima e a última linha da seguinte cadeia de igualdades, tem:
 

(6)

Deve-se encarregar da demonstração desse fato.

Definição 3.1.3

Se a função:

e derivável em cada ponto de um conjunto

diz-se que f é derivável (ou diferenciável) em B. Se tivermos A = B, diremos simplesmente que f


é derivável.

Assim, as funções:

, e y = xn,

são exemplos de funções diferenciáveis. A seguinte proposição e os próximos dois exemplos


ajudam a entender como deve ser uma função não diferenciável.

Proposição 3.1.1

Se uma função f é derivável em um ponto a, então f é contínua em a.

Prova.

Note que f é contínua em a se, e somente se,

 
 

Este, de fato, é o caso quando f é diferenciável em a, pois:

Como estou interessado em entender como é uma função não diferenciável num ponto, posso
reformular a Proposição 3.1.1 dizendo que toda função descontínua num ponto a é não
diferenciável em a.

A pergunta agora é: vale a recíproca da Proposição 3.1.1? Ou seja, será que toda função
contínua em a é diferenciável nesse ponto?

A resposta é negativa (como era de se esperar, pois em caso afirmativo, os conceitos de


diferenciabilidade e continuidade seriam equivalentes e poderíamos ficar com apenas um
deles). Os exemplos seguintes mostram funções contínuas e não diferenciáveis em um ponto.

As funções diferenciavam formam, portanto, uma classe mais seleta, ser diferenciável é ser
contínua e mais alguma coisa.

Exemplo 3.1.2

A função f (x) = |x| é contínua, mas não diferenciável, no ponto a = 0. De fato, neste caso, o
limite (3.2) em a = 0, calculado à esquerda e à direita, assume valores distintos:

(3.4)
 

(3.5)
 

logo, não existe f' (0).

As expressões (3.4) e (3.5) são chamadas, respectivamente, derivada à esquerda e derivada à


direita de f em 0. São denotadas por f (0 -) e f' (0 +). Considerando limites laterais em (3.2) e
lembrando as propriedades desses limites temos: Seja a um ponto do domínio de uma função f
e também ponto de acumulação lateral desse domínio, deixando-o à esquerda e à direita. f é
diferenciável em a se, e somente se, suas derivadas laterais existem e coincidem.
Neste caso, f' (a) = f (a-) = f (a +).

Exemplo 3.1.3. A função:

é contínua, mas não diferenciável, nos pontos

Deixamos ao leitor, como exercício, a verificação da continuidade de f. A não


diferenciabilidade em a=1 é conseqüência da propriedade que enunciamos acima a respeito
das derivadas laterais. De fato, como x4 < x2, para – 1 < x < 1, e x2 < x4, para x > 1, usando o
mesmo raciocínio do Exemplo 3.1.2, obtemos:

O dispondo de mais de um recurso para verificar a não diferenciabilidade em a = - 1, inclusive o


de explorar o fato de ser f uma função par. Por isso deixamos essa tarefa a seu encargo como
exercício.

O gráfico acima representa a função do Exemplo 3.1.3. Observando essa figura, bem como o
gráfico de f (x) = |x|, e refletindo um pouco sobre uma possível recíproca da Proposição 3.1.1,
o concluiremos que ela é inviável. Além das descontinuidades, os pontos onde o gráfico
apresenta uma quina, “uma situação de não concordância”, são pontos onde não existe reta
tangente ao gráfico, embora tenhamos continuidade da função nesses pontos.

Numa linguagem intuitiva, estas são situações típicas de não diferenciabilidade, enquanto que,
grosso modo, o gráfico de uma função diferenciável tem um aspecto suave, não anguloso,
como o gráfico de f (x) = x3 ou das funções ou , por exemplo.

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