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Material de apoio

Relações ecológicas
As relações ecológicas são interações entre organismos de uma mesma
espécie (relações intraespecíficas) ou entre organismos de espécies diferentes
(relações interespecíficas) que afetam o sucesso reprodutivo, o crescimento e a
sobrevivência dos indivíduos envolvidos.
As relações intraespecíficas podem ser divididas em três tipos principais:
cooperação, competição e predação.
A cooperação ocorre quando dois ou mais indivíduos de uma mesma
espécie trabalham juntos em benefício mútuo. Um exemplo é o comportamento
de formigas que trabalham juntas para construir um formigueiro.
A competição ocorre quando indivíduos de uma mesma espécie disputam
recursos limitados, como comida, água ou espaço. Um exemplo é a competição
entre plantas por nutrientes e luz.
A predação ocorre quando um indivíduo de uma espécie se alimenta de
outro. Por exemplo, um leão que caça uma zebra.
As relações interespecíficas podem ser divididas em três tipos principais:
mutualismo, comensalismo e parasitismo.
O mutualismo é uma relação em que ambos os organismos envolvidos se
beneficiam. Um exemplo é a relação entre abelhas e flores, em que as abelhas
polinizam as flores e, em troca, recebem néctar.
O comensalismo ocorre quando um organismo se beneficia da presença
de outro, mas o segundo organismo não é afetado. Um exemplo é o
comportamento de pássaros que constroem ninhos em árvores, aproveitando-
se da proteção oferecida pela árvore.
O parasitismo é uma relação em que um organismo se beneficia às custas
do outro, que é prejudicado. Por exemplo, um carrapato que se alimenta de
sangue de um hospedeiro, causando-lhe irritações e doenças.
É importante ressaltar que essas relações não são excludentes, e muitas
vezes podem ocorrer simultaneamente em um mesmo ecossistema. Além disso,
a intensidade e o tipo de relação podem variar de acordo com a disponibilidade
de recursos e as características dos organismos envolvidos.

Saneamento básico e saúde pública


A falta de saneamento básico adequado é uma das principais causas de
diversas doenças no mundo todo. As doenças mais comuns relacionadas à falta
de saneamento são as parasitárias, que incluem a amebíase, e giardíase, a
ascaridíase e a esquistossomose, além de outras doenças infecciosas, como a
cólera, a hepatite A e a febre tifóide.
Essas doenças são transmitidas principalmente pela ingestão de água ou
alimentos contaminados com fezes humanas ou de animais, ou pela falta de
higiene pessoal, incluindo a lavagem das mãos e dos alimentos. Os sintomas
variam, mas incluem diarreia, dor abdominal, náusea, vômito, perda de peso,
fraqueza e, em casos graves, obstrução intestinal, perfuração e até mesmo a
morte.
A prevenção dessas doenças inclui medidas simples como o acesso à
água potável, o tratamento adequado de esgoto e a promoção da higiene
pessoal e alimentar. A desverminação regular de animais de estimação também
é importante para prevenir a disseminação de parasitas. A educação em saúde
e a conscientização da população sobre a importância do saneamento básico
são fundamentais para combater essas doenças.
A seguir, algumas doenças acometidas pela falta de saneamento básico.

Bicho geográfico
O bicho geográfico, também conhecido como larva migrans cutânea, é
uma doença de pele causada pela infecção por larvas de parasitas intestinais de
animais, como o Ancylostoma braziliense, Ancylostoma caninum e Uncinaria
stenocephala.
A infecção ocorre quando as larvas presentes nas fezes desses animais
infectados penetram na pele humana, geralmente através de contato direto com
solo ou areia contaminados. As larvas podem penetrar na pele quando esta se
encontra exposta, causando lesões que, em seguida, evoluem para coceira
intensa e erupções cutâneas em formato de linhas sinuosas, semelhantes a um
mapa geográfico.
Sintomas: Os sintomas do bicho geográfico incluem coceira intensa,
erupções cutâneas em formato de linhas sinuosas e vermelhas, e possíveis
infecções secundárias devido ao ato de coçar as lesões.
Diagnóstico: O diagnóstico do bicho geográfico é baseado na
apresentação clínica das lesões e no histórico de exposição a locais onde
animais infectados podem ter defecado. Em alguns casos, pode ser necessária
a realização de exames laboratoriais para confirmar a presença das larvas na
pele.
Tratamento: O tratamento do bicho geográfico consiste na remoção das
larvas da pele, que geralmente são retiradas com uma agulha fina, sob anestesia
local. Além disso, é importante manter a área limpa e evitar o ato de coçar as
lesões, que podem ser tratadas com pomadas tópicas ou medicamentos orais
para alívio da coceira. Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de
medicamentos antiparasitários, prescritos por um médico.
Prevenção: A prevenção do bicho geográfico envolve a adoção de
medidas de higiene pessoal, como lavar as mãos regularmente e evitar andar
descalço em áreas onde animais infectados podem ter defecado. Além disso, é
importante manter a limpeza de áreas públicas e manter os animais de
estimação vermifugados.
Conclusão: O bicho geográfico é uma doença de pele causada pela
infecção por larvas de parasitas intestinais de animais. A prevenção e o
tratamento adequado são fundamentais para controlar a doença e evitar sua
propagação. É importante buscar atendimento médico em caso de suspeita de
infecção parasitária e seguir as medidas de prevenção recomendadas.

Ancilostomíase
A ancilostomíase, também conhecida como amarelão ou ancilostomose,
é uma doença parasitária causada pelos vermes nematoides (helmintos)
Ancylostoma duodenale e Necator americanus. A doença é comum em regiões
tropicais e subtropicais, onde as condições sanitárias são precárias e a higiene
pessoal é inadequada. A infecção ocorre por meio da penetração das larvas do
parasita pela pele ou pela ingestão de alimentos ou água contaminados com
fezes humanas infectadas.
Sintomas: Os sintomas da ancilostomíase podem incluir coceira na pele
no local de penetração da larva, febre, dor de cabeça, náusea, perda de apetite,
dor abdominal, diarreia, anemia (que pode causar fraqueza, fadiga e falta de ar),
e edema (inchaço) nas pernas e pés.
Diagnóstico: O diagnóstico da ancilostomíase é feito por meio de exames
laboratoriais de fezes, que podem identificar a presença de ovos do parasita.
Além disso, exames de sangue podem ser realizados para avaliar a presença de
anemia e outras alterações relacionadas à infecção.
Tratamento: O tratamento da ancilostomíase é feito com medicamentos
antiparasitários, como o albendazol, mebendazol e pirantel. A dose e a duração
do tratamento podem variar de acordo com a gravidade da infecção e outros
fatores individuais do paciente. Além do tratamento medicamentoso, é
importante manter uma boa higiene pessoal e sanitária, evitando a ingestão de
água ou alimentos contaminados com fezes humanas.
Prevenção: A prevenção da ancilostomia envolve medidas de
saneamento básico, como o tratamento adequado de esgoto e o fornecimento
de água potável. Além disso, é importante manter a higiene pessoal, lavar as
mãos regularmente e evitar andar descalço em áreas onde o solo pode estar
contaminado com as fezes do parasita.
Conclusão: A ancilostomíase é uma doença parasitária que pode causar
uma série de sintomas e complicações graves, como anemia. A prevenção e o
tratamento adequado são fundamentais para controlar a doença e evitar sua
propagação. É importante buscar atendimento médico em caso de suspeita de
infecção parasitária e seguir as medidas de prevenção recomendadas.
Amebíase
A amebíase, também conhecida como disenteria amebiana, é uma
doença parasitária causada pela infecção do protozoário Entamoeba histolytica.
A doença é comum em países em desenvolvimento, especialmente em áreas
com falta de saneamento básico adequado.
A transmissão da amebíase ocorre principalmente por via fecal-oral, ou
seja, por meio da ingestão de alimentos e água contaminados com as fezes de
pessoas infectadas. A doença também pode ser transmitida pelo contato direto
com fezes contaminadas, principalmente em condições precárias de higiene.
Os sintomas da amebíase variam de leves a graves e incluem dor
abdominal, diarreia, cólicas, febre, náusea, vômito e perda de peso. Em casos
mais graves, pode ocorrer ulceração intestinal e perfuração, resultando em
complicações como peritonite, abscessos hepáticos e pulmonares, além de risco
de morte.
O diagnóstico da amebíase é feito por meio de exames laboratoriais de
fezes, que detectam a presença do parasita. É importante ressaltar que nem
sempre os sintomas da amebíase estão presentes, o que torna o diagnóstico
ainda mais difícil.
O tratamento da amebíase inclui o uso de medicamentos antiparasitários,
que devem ser prescritos por um médico. Em casos graves, pode ser necessário
o tratamento hospitalar para a administração de medicamentos intravenosos.
Para prevenir a amebíase, é importante manter uma boa higiene pessoal,
especialmente na lavagem das mãos e alimentos, e evitar o consumo de água e
alimentos contaminados. Além disso, é essencial investir em saneamento básico
adequado, incluindo tratamento de esgoto e água potável.

Ascaridíase
A ascaridíase, também conhecida como lombriga ou ascaridíase, é uma
doença parasitária causada pela infecção pelo Ascaris lumbricoides, um
nematódeo intestinal que afeta principalmente crianças em países em
desenvolvimento, especialmente em áreas com falta de saneamento básico
adequado.
A transmissão da ascaridíase ocorre por meio da ingestão de ovos do
parasita presentes em alimentos ou água contaminados com fezes humanas. Os
ovos eclodem no intestino delgado e as larvas invadem a parede intestinal,
atingindo o fígado e os pulmões, onde se desenvolvem em larvas maduras. As
larvas são então engolidas novamente e se desenvolvem em vermes adultos no
intestino delgado.
Os sintomas da ascaridíase incluem dor abdominal, náusea, vômito,
diarreia, perda de peso e fraqueza. Em casos graves, pode ocorrer obstrução
intestinal e perfuração, resultando em complicações como peritonite e sepse.
O diagnóstico da ascaridíase é feito por meio de exames laboratoriais de
fezes, que detectam a presença de ovos do parasita. É importante ressaltar que
nem sempre os sintomas da ascaridíase estão presentes, o que torna o
diagnóstico ainda mais difícil.
O tratamento da ascaridíase inclui o uso de medicamentos
antiparasitários, que devem ser prescritos por um médico. Em casos graves,
pode ser necessário o tratamento hospitalar para a administração de
medicamentos intravenosos.
Para prevenir a ascaridíase, é importante manter uma boa higiene
pessoal, especialmente na lavagem das mãos e alimentos, e evitar o consumo
de água e alimentos contaminados. Além disso, é essencial investir em
saneamento básico adequado, incluindo tratamento de esgoto e água potável. A
desverminação regular de animais de estimação também pode ajudar a prevenir
a disseminação da doença.

● Proposta de atividade
Com base nas informações apresentadas, forme grupos de até 4 pessoas e
analise o caso proposto. Discuta entre seus colegas as informações
apresentadas e responda conforme o solicitado.

● Estudo de caso

Caso - Jeca Tatu

José era um caboclo que vivia no campo na maior pobreza. Sua rotina baseava-
se em ficar o dia inteiro sem fazer tarefa alguma, fumando seu cigarro de palha,
bebendo sua pinga e observando o dia passar. Sua roupa parecia um trapo e
andava o tempo todo descalço. Possuía algumas pequenas plantações que
garantiam seu próprio sustento. Havia também próximo a sua casa um rio,
para onde o “esgoto” ia sem tratamento adequado. As pessoas tinham
uma péssima imagem de José, bêbado e preguiçoso. Quando
perguntavam por que ele vivia desse jeito, respondia: - Não vale a pena fazer
coisa alguma! Bebo para esquecer as amarguras da vida. Um dia um médico
passou em frente à casa e espantou- se com tanta miséria. Percebendo
que o caboclo estava amarelado e muito magro, resolveu examiná- lo. José disse
a ele que sentia: fraqueza; diarreia; dor abdominal; perda do apetite e cansaço,
além da pele e olhos amarelados. (Texto adaptado “Jeca Tatu” – Monteiro
Lobato).

Com base no caso acima, descubra a provável doença do José, o


tipo de relação ecológica (explicando o conceito e detalhando se é
positiva/negativa/interespecífica e intraespecífica), forma de infecção, possíveis
tratamentos, acrescente informações que achar interessante.

REFERÊNCIAS
CAPRA, F. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas
vivos. São Paulo: Cultrix, 2006.
NEVES, D. P. Doenças Parasitárias: Diagnóstico e Tratamento. 1. ed. São
Paulo: Atheneu, 2000.
ELIAS, M. A.; RICO, V. Ensino de biologia a partir da metodologia de estudo de caso.
Revista Thema, v. 17, n. 2 p. 392-406, 2020.

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