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Figuras de Linguagem

Versificação

Galt Vestibulares
Professora Polyanne

Denotação e Conotação
1. Denotação: recurso expressivo em que o sentido da palavra corresponde
exatamente ao que se encontra nos dicionários.

2. Conotação: recurso expressivo que amplia o sentido da palavra tal como


aparece no dicionário, possibilitando diferentes interpretações - recurso
bastante utilizado na linguagem poética.
Estilística
Área de estudo que se dedica aos processos de manipulação da Linguagem, à
observação e análise da capacidade criativa, aos recursos expressivos da
linguagem que tornam o discurso mais rico em sentido.
- Estilística fônica: estudo da sonoridade das palavras.
- Estilística morfológica: estudo da formação das palavras.
- Estilística sintática: estudo da disposição dos elementos em um enunciado -
omissão, repetição ou mudança de ordem das palavras.
- Estilística semântica: estudo dos significados das palavras.
Figuras de Linguagem ou Figuras de Estilo
As figuras de linguagem são os principais RECURSOS estilísticos.

Principais ferramentas para a construção de uma linguagem em que há

ampliação do sentido da palavra quanto à sua subjetividade (conotação).

1. Figuras de Palavra.

2. Figuras de Pensamento.

3. Figuras de Construção.

4. Figuras Sonoras.
Figuras de Linguagem
Figuras de Pensamento
1. Antítese (palavras com sentidos opostos)
O amor e o ódio caminham lado a lado.
Viver e morrer são as coisas mais naturais do mundo.
A alegria e a tristeza fazem parte do meu trabalho.
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
O que o berço dá só a cova tira.

2. Eufemismo (suavização de uma ideia, de um fato)


O deputado faltou com a verdade [mentiu]
Era um rapaz de aparência duvidosa [feio]

3. Ironia (consiste em dizer o oposto do que se pretende falar)


Ela não sabe escrever mesmo… Tirou 1000 na redação!
Que bonito, hein! - Olhou a mãe para o filho, com olhar de desaprovação.

Figuras de Pensamento
4. Gradação (aumento ou diminuição de um elemento)
De repente o problema se tornou menos alarmante, ficou menor, um grão, um cisco, um quase nada.
Engatinhou, andou, correu, voou atrás de seus sonhos.

5. Hipérbole (exagero de ideias)


Eu nasci há 10 mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais.

6. Paradoxo (falta de nexo com a realidade, contradição entre os princípios que orientam o
pensamento humano, que vão contra as leis da natureza)
Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente.
(Vinicius de Moraes)

Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu. (Ariano Suassuna)
7. Personificação ou Prosopopeia (atribuição de características de seres animados a seres não humanos)

Hoje, ao abrir a janela, o sol sorriu para mim.


As casas espiam os homens


que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
(Carlos Drummond de Andrade)

8. Sinestesia (combinação e mistura de diferentes sensações, provenientes de diferentes sentidos - visão, tato, olfato,
paladar e audição)
Dirigiu-me um comentário duro e amargo.
O cheiro doce e verde do campo lembra a minha infância.

Antítese X Paradoxo
Já estou cheio de me sentir vazio.

Ironia X Sarcasmo
Frase contraditória que geralmente tem sentido de humor X Frase com tom malicioso e ríspido
“Estou procurando na minha agenda o dia em que pedi sua opinião sobre a minha vida.”

Figuras de Palavra

1. Comparação (confronto de pessoas ou coisas que destaca aspectos em comuns)

“Meu amor me ensinou a ser simples como um largo de igreja.” (Oswald de Andrade)
“Meu coração tombou na vida/tal qual uma estrela ferida/pela flecha de um caçador”. (Cecília Meireles)

2. Metáfora (alteração do significado próprio de uma palavra por meio de uma comparação entre seres ou
fatos)
“O pavão é um arco-íris de plumas” (Rubem Braga)
“Preste atenção, o mundo é um moinho/ Vai triturar teus sonhos” (Cartola)
Suas lágrimas eram um rio escorrendo por suas bochechas.

A comparação é caracterizada pela presença de conjunção ou locução conjuntiva comparativa, o que não
acontece com a metáfora, na qual a analogia é implícita.
Figuras de Palavra
3. Metonímia (substituição de um elemento por outro que o alude/evoca)

O Judas da classe [ = o traidor]


Adorava seu Picasso e lia Machado de Assis.
A solução para o país é a ascensão da Coroa. [ Coroa = governo monárquico]
A juventude acha que é onipotente. [a juventude = os jovens]
Figuras de Construção
1. Anáfora (repetição de uma ou mais palavras no início de versos ou frases)

"Eu não tinha este rosto de hoje,


assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,


tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?"

(Cecília Meireles)

Figuras de Construção
2. Anacoluto (isolamento de uma palavra ou expressão no início do enunciado, que faz com que esse termo perca a
sua função sintática - Por norma, as “quebras” nestas frases são feitas com o uso de vírgulas ou ponto
final/exclamação/interrogação)

“Meu pai, as leituras deixavam-no acordado a noite toda”.


“Na TV, os filmes que passam nela não são verossímeis.”

3. Elipse (ocultação de um termo no enunciado, que fica subentendido no contexto)

A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos.” (Carlos Drummond de Andrade) – omissão da conjunção “se”. [Se não
houvesse tantos desejos]
“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” – omissão do verbo "havia" [havia apenas quatro ou cinco convidados.”]
Figuras de Construção
4. Hipérbato (inversão da ordem direta da oração)

Fazia o automóvel um barulho estranho. [O automóvel fazia um barulho estranho]

5. Pleonasmo (repetição intencional e enfática)


Entre já para dentro!
“E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinicius de Moraes)
“E ali dançaram tanta dança” (Chico Buarque e Vinicius de Moraes)
Figuras de Construção
6. Polissíndeto (repetição de conjunções coordenativas, especialmente as aditivas)
“Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.” (Rubem Braga)
"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre."

7. Silepse (concordância não com a gramática, mas com o sentido - ideológica)


Gênero: Vossa excelência parece chateado.
Número: O grupo não gostou da bronca, reagiram imediatamente.
Pessoa: Os brasileiros somos lutadores.

8. Zeugma (ocultação de termos já citados anteriormente)


“Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela;
uma que se chamava Arabela,
outra que se chamou Carolina.”
(Cecília Meireles)

“O meu pai era paulista/Meu avô, pernambucano/O meu bisavô, mineiro/Meu tataravô, baiano.” (Chico Buarque)
Figuras de Construção
Anacoluto X Hipérbato

Anacoluto: HÁ perda da função sintática.


Hipérbato: NÃO HÁ perda da função sintática.

Esse filme, o público estava feliz e empolgado com o seu lançamento. [Anacoluto]
O público estava, com o lançamento desse filme, feliz e empolgado. [Hipérbato]

Elipse X Zeugma

Zeugma: figura de linguagem caraterizada pela omissão de um termo mencionado anteriormente no


enunciado.
Elipse: ocultação de um termo, não importando que ele já tenha sido expresso ou não na frase.
Figuras Sonoras
1. Aliteração (repetição de consoantes)
A brisa do Brasil beija a balança.” (Castro Alves)
“Pedro pedreiro penseiro esperando o trem que já vem, que já vem, que já vem…” (Chico Buarque).

2. Assonância (repetição de vogais)


Minha foz do Iguaçu/Pólo sul, meu azul/Luz do sentimento nu (Djavan) – repetição da vogal “u”.

3. Onomatopeia (imitação do som produzido por determinados seres).


Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Figuras Sonoras
4. Paranomásia (combinação e/ou o uso de palavras que apresentam semelhança fônica ou mórfica, mas
possuem sentidos diferentes)
“Com tais premissas, ele sem dúvida leva-nos às primícias.” (Padre Antônio Vieira)
“Exportar é o que importa.” (Delfim Netto)
“Sagres sagrou então a Descoberta/E partiu encoberto a descobrir.” (Miguel Torga)
Vícios
Vícios de
de Linguagem
Linguagem
Os vícios de linguagem são desvios não intencionais da norma-padrão da língua, gerando problemas de entendimento do
enunciado ou ruídos na comunicação.
Vícios
Vícios de
de Linguagem
Linguagem
Versificação
Vícios de Linguagem
Versificação:
- Conjunto de métodos e técnicas utilizados para compor versos.
- Elementos que concorrem para a composição dos poemas : metrificação, rima, ritmo entre outros.

1. Metrificação dos versos Regras para a metrificação:


Monossílabo - verso com uma sílaba
Dissílabo - verso com duas sílabas 1. Contagem até a última sílaba TÔNICA

Trissílabo - verso com três sílabas 2. Quando uma palavra terminada em vogal é seguida

Tetrassílabo - verso com quatro sílabas por outra iniciada em vogal, conta-se apenas uma

Pentassílabo - verso com cinco sílabas vírgula.

Hexassílabo - verso com seis sílabas 3. Vogal não forma sílaba poética sozinha.

Heptassílabo - verso com sete sílabas 4. A contagem é feita por verso e não por estrofes. Então,

Octossílabo - verso com oito sílabas a cada verso iniciado também se iniciará uma nova

Eneassílabo - verso com nove sílabas contagem.

Decassílabo - verso com dez sílabas 5. As pontuações são indiferentes, não as leve em

Hendecassílabo - verso com onze sílabas consideração.

Dodecassílabo - verso com doze sílabas


Os versos que têm mais do que doze (12) sílabas poéticas são chamados de Bárbaros.
Exemplos:
1. Versos heptassílabos: 2. Versos dodecassílabos:
Às/ ve/zes/, ne/ssas/ noi/tes/ fri/as/ e e/ne/voa/das (12 sílabas poéticas)
“Naquela noite as estrelas
com uma luz purpurina 3. Versos bárbaros
parecia iluminar On/de o/ si/lên/cio/ nas/ce/ dos/ ruí/dos/ mo/nó/to/nos/ e/ man/sos (16
a mais escura campina sílabas poéticas)
transformando aquilo ali
numa miragem divina.” 4. Versos decassílabos e dodecassílabos:
E/ssa es/tra/nha/ vi/são/ de/ mu/lher/ cal/ma (10 sílabas poéticas)
Na/ que/ la/ noi/ te as/ es/ trelas =7 Sur/gin/do/ do/ va/zio/ dos/ meus/ o/lhos/ pa/ra/dos (12 sílabas poéticas)
com u/ ma/ luz/ pur/ pu/ rina = 7
pa/ re/ ci/ a i/ lu/ mi/ nar = 7 5. Versos eneassílabos:
a/ mais/ es/ cu/ ra/ cam/ pina = 7 Vem/ es/piar/ mi/nha i/mo/bi/li/da/de. (9 sílabas poéticas)
trans/ for/ man/ do a/ qui/ lo a/ li = 7
nu/ ma/ mi/ ra/ gem/ di/ vina = 7

2. Metrificação das estrofes


As estrofes são classificadas mediante o número de versos.

Assim, quanto às estrofes, temos:


Monóstico - estrofe com um verso
Dístico - estrofe com dois versos
Terceto - estrofe com três versos
Quadra ou Quarteto - estrofe com quatro versos Os versos livres ou versos irregulares:
Quintilha - estrofe com cinco versos esse tipo de verso não tem uma métrica
Sextilha - estrofe com seis versos pré-estabelecida.
Septilha - estrofe com sete versos
Oitava - estrofe com oito versos
Nona - estrofe com nove versos
Décima - estrofe com dez versos

Os sonetos são poemas que obedecem uma forma fixa, são compostos por quatorze versos (dois quartetos e dois
tercetos).
2. Rimas:
- Repetições de sons vocais ou consonantais (ou os dois combinados) que acontecem em intervalos regulares dentro de
um texto.

Versos brancos ou soltos: versos que não


apresentam rimas.

“Não quero ser Deus, nem Pai nem Mãe de Deus,


Não quero nem lírios nem mundos
Sou pobre e superficial como a Rua do Catete.
Quero a pequena e amada agitação,
A inquieta esquina, aves e ovos, pensões,
Os bondes e tinturarias, os postes,
Os transeuntes, o ônibus Laranjeiras,
Único no mundo que tem a honra de pisar na Rua do Catete.”
(Rubem Braga)
2. Rima
Classificação das Rimas
As rimas são classificadas mediante disposição, extensão, acentuação e vocabulário.

1. Disposição das Rimas


(ABAB) Cruzada ou Alternada (AABB) Emparelhada
A "Tu és um beijo materno! A "Ele deixava atrás tanta recordação!
B Tu és um riso infantil, A E o pesar, a saudade até no próprio chão,
A Sol entre as nuvesn de inverno, B Debaixo dos seus pés, parece que gemia,
B Rosa entre as flores de abril!" B Levantava-se o sol, vinha rompendo o dia,
(João de Deus) C E o bosque, a selva, o campo, a pradaria em flor
C Vestiam-se de luz, como um peito de amor."
(Alberto de Oliveira)
(ABBA) Interpolada ou Oposta
A "Amor é fogo que arde sem se ver; Internas: rimas que ocorrem no interior dos versos.
B É ferida que dói, e não se sente; "Como são cheirosas as primeiras rosas!"
B É um contentamento descontente; (Alphonsus de Guimaraens)
A É dor que desatina sem doer."
(Luís de Camões)
2. Extensão das Rimas
Consoante: rimas que ocorrem em palavras cuja similaridade sonora é total. Exemplos: carinho - sozinho;
celeste - veste.
Toante: rimas que ocorrem em palavras cuja similaridade sonora é parcial. Exemplos: trouxe - doce;
benfazejo - beijo.
Versos brancos ou soltos: versos que não
apresentam rimas. São os chamados versos
3. Acentuação das Rimas brancos ou soltos.

Esdrúxula: rimas que ocorrem entre palavras proparoxítonas. Exemplos: aromática - dalmática; anêmona -
trêmula.
Grave: rimas que ocorrem entre palavras paroxítonas. Exemplos: flores - dores; pranto - canto.
Aguda: rimas que ocorrem entre palavras oxítonas ou monossílabas. Exemplos: pomar - luar; tez - inglês

4. Vocabulário das Rimas


Pobre: rimas que ocorrem entre palavras da mesma classe gramatical. Exemplos: amor - desamor
(substantivos); cantar - amar (verbos).
Rica: rimas que ocorrem entre palavras com classes gramaticais diferentes. Exemplos: irradia (verbo) - dia
(substantivo); dúzia (numeral) - Lúcia (substantivo)
3. Ritmo:
- Efeito sonoro e estético causado pela repetição de unidades melódicas (de sílabas) dispostas em continuidade.
- As sílabas tônicas marcam os tempos fortes e as demais, os tempos fracos.
- As rimas podem ser uma ferramenta que auxilia na construção do ritmo, mas poemas compostos por versos brancos/soltos
também podem apresentar ritmo.
Canto IV do I-Juca-Pirama , de Gonçalves Dias

Wisława Szymborska

Obrigada!

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