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MATERIAL EXCLUSIVO

ano
césar portto
Sejam bem vindos ao teu ano novo!

Em primeiro lugar um adendo para o título do livro: é


fundamental que você tenha como destaque a palavra
“teu”. Tudo que vamos falar aqui, ainda que seja de uma
maneira genérica, deve ser interpretado para algo
personalizado, é algo teu. Você como ser irrepetível, ou
seja, não existe ninguém que é igual a você, mesmo que
você tenha um irmão gêmeo, ele não será igual a você.
Você é uma alma irrepetível que foi amada e é única.
Tem um passado irrepetível, tem um presente irrepetível
e terá um futuro irrepetível.

Então, bem vindo ao teu ano novo, aqui não será tratado
fórmulas para as pessoas, e a única coisa que é genérica
aqui é a forma do discurso. Todas as formas aqui devem
ser tomadas como algo personalizado para você, para o
íntimo da sua vida.

O TEU ANO NOVO 01


Falar do ano novo é falar do passado.

Imagine que você está na sua cama dormindo entre as


datas dos dias 31 e 01, e todas as pessoas independentes
se tem religião ou não, de uma forma tanto poética
quanto abstrata, recebem a visita de três anjos neste
momento da madrugada do dia 31 para o dia 01. Um é o
anjo da esperança, que é o ano que você deseja ter; o
outro é o anjo do futuro, que é o ano que você terá
independente do teu desejo; e o outro anjo, que é o
principal e que será o tema central da nossa discussão, é
o anjo do remorso, que é o anjo do passado. Não tem
como você agarrar na mão desses três anjos, que no
final das contas são um anjo só, se você não entende
como o passado funciona na psicologia humana, na tua
própria vida.

Então, começaremos exatamente pelo anjo do remorso,


que é tudo aquilo que foi negligenciado no seu ano, e
nos anos anteriores também. É tudo aquilo que você
sabe que fez e fez errado, e é tudo aquilo que ainda te
incomoda: culpa, as coisas que você sabe que deveria
ter feito e não

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ter feito e não fez, as coisas que tiram o seu sono.
Portanto, ao longo da nossa história, você perceberá
que os outros anjos só fazem sentido quando você
resolve esse anjo, o anjo do passado, o anjo do teu
ano passado.

O TEU ANO NOVO 03


A história que vou contar para vocês é de um
paciente que eu atendi em 2018 — obviamente, vou
preservar a identidade dele e vou chamá-lo de
Marcos — o Marcos em determinado ano da sua vida,
lá no passado, assassinou uma pessoa. Não estamos
aqui para fazer juízo moral do Marcos, minha função
como terapeuta é tratar aquela pessoa, e os motivos
pelo qual o Marcos matou essa pessoa podem ser
relativizados. O Marcos estava certo ou errado? Foi
em legítima defesa ou não? Por um momento,
suspenda o seu juízo de valor e atente-se na culpa
do Marcos, uma culpa de que ele poderia ter feito
outra coisa. Uma culpa de que independente do que
ele fez e

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ele fez e pelas causas que ele fez, foi gerada nele por
mais que ele tivesse defendendo uma criança,
defendendo uma mulher. O ato de tirar uma vida,
para uma pessoa que nunca espera fazer isso,
sempre vai trazer um elemento de culpa. O Marcos
teve o pior ano da vida dele — aqui você já começa
entender as coisas que o Marcos passou, ele entra
no que a gente vai chamar de remorso — ele
recebeu pela primeira vez na transição de um ano
para o outro a visita do anjo do ano passado, o anjo
do remorso.

Aqui eu quero que vocês entendam uma coisa: o que


é o remorso? O remorso é aquela habilidade que
nós temos de morder e morder de novo. Melhor
dizendo, de remoer, que significa remorder, que é
morder e morder de novo a mesma coisa, como se
você não conseguisse se alimentar de outro
alimento, morder outro alimento. Você fica
mordendo o mesmo alimento, fica mordendo a
mesma dor. Como a vida é volátil, rápida, é
movimento, perceba que as coisas que você acaba
de fazer

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de fazer já estão no passado, a próxima coisa já é
um futuro muito breve e isso é feito em questões de
segundos. Inclusive, isso que eu acabo de falar já
está no passado, e esse movimento é o que causa
esse paradoxo, essa confusão na nossa cabeça. O
fato de eu ficar mordendo algo que já está no
passado faz com que eu saia do movimento
natural da vida, que é o movimento dos novos
acontecimentos.

Que eu passe a morder as coisas que


estão na minha frente e não as coisas
que estão nas minhas costas.

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O remorso é a mesma obra do desamparo, e por
quê? Porque o passado ele já não muda mais. O
passado é um fato congelado, as coisas que estão no
passado não foram ilusões, não são relativizadas,
elas são fatos concretos. Se o Marcos matou uma
pessoa, se você matou uma pessoa, essa frase por
mais pesada que seja é um fato congelado. Assim
dizendo, se você destratou alguém, negligenciou
alguma coisa, está se divorciando, ou se fez algo e
este algo está congelado no passado, já é um fato
acontecendo, e algo que acontece não desacontece.

Muito do que existe da dor das pessoas com o


passado é tentar brigar com a estrutura da
realidade, que é exatamente isso que eu estou
falando. Se algo não deixa de acontecer mais, não
adianta o que você faça, você não vai mudar aquilo
que já aconteceu. A grande dor das pessoas que
remoem um fato é essa, elas ficam o tempo inteiro
tentando fazer as pazes com o passado, tentando
talvez dar outro nome a coisa, relativizando aquilo
que aconteceu com a intenção de fugir de uma culpa
que é sua e que não é demais ninguém.

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As pessoas que recebem a visita do anjo do
remorso, do anjo do ano passado, são aquelas
pessoas que vão estar sempre remoendo algo que já
aconteceu e que não desacontece. É uma briga da
tua mentalidade contra a estrutura da realidade.
Mas acontece que a estrutura da realidade sempre
ganha, e qual é a prova disso? A dor, a culpa. A
estrutura da realidade arruma maneiras de te dar
uma resposta, a verdade sempre aparece, e porque
ela sempre aparece? Porque ela aparece através da
dor, e não tem um sujeito que não consiga perceber
a verdade, todo mundo consegue perceber a
verdade.

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Como é que alguém percebe a verdade, de qualquer
que seja o drama que você está passando? Através
da dor, pois é ela que revela a verdade. Portanto, as
dores que você está sentindo hoje, e que o Marcos
sentiu, parecem ser suas inimigas, mas não, são elas
que vão te libertar, e são elas que estão revelando a
verdade para você.

A grande questão é que você não sabe chamar a


verdade pelo nome, você não sabe confessar as
coisas: “Eu fiz realmente isso”, “Eu realmente
assassinei uma pessoa”, “Eu realmente traí alguém”,
“Eu realmente poderia ter trabalhado mais”, “Eu
realmente bati no meu filho”. E quando você não
chama as coisas pelo nome que tem, percebe que a
tua estrutura humana entende a realidade e você
não consegue abraçar ela, porque não consegue
chamá-la pelo nome. Você se nega a verdade, e
aquela dor que era apenas um sintoma da
verdade ela vai virando remorso. Aquela dor que
deveria estar te salvando, te ajudando a chamar as
coisas pelo nome e fazendo com que você confesse,
vai virando uma

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vai virando uma dor que te maltrata e que em pouco
tempo vai virar uma doença psicossomática.

Psique significa alma, a parte


somática é a parte do teu corpo.

Então, aqui você está percebendo a verdade e o fato


de ignorá-la, de não confessar e de não chamá-la
pelo nome, faz com que a tua alma se passe ao teu
corpo, e se tua alma está doendo, o teu corpo
também vai doer.

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Logo, você pode ter crises de ansiedade, insônia,
gastrite e inúmeras doenças psicossomáticas, que
terá como origem, o remorso. A lida com remorso
chamando a tua culpa pelo nome que ela tem é o
que vai fazer com que a tua alma comece a segurar
e, consequentemente, o teu corpo começa a segurar
também.

O ano passado é um ano congelado, ele já


aconteceu. Não procure ter desculpas, não procure
dar outros nomes para outras coisas que
aconteceram, revele. Por isso, eu proponho a vocês
o primeiro exercício que foi proposto ao Marcos.
Você agora vai pegar um caderno e uma caneta, ou
vai anotar aqui mesmo, chamando pelo nome
aquelas coisas que são remorsos para você e que
você ainda remói. Faça uma síntese do seu ano todo,
mesmo que seja difícil de lembrar de tudo que você
remoeu durante o ano, comece o exercício com as
memórias mais recentes.

O TEU ANO NOVO 11


Se tem algo hoje que está doendo em você, anote
chamando pelo nome que é isso, revele o que é que
está doendo. Esqueça aqui a confissão da tua culpa,
por hora, não confesse e nem destrinche o caso.
Você só vai dizer: “o que está doendo em mim é
exatamente isso aqui”. Faça uma confissão
completamente fidedigna, só para você e Deus. Ele já
sabe tudo que você vai escrever, não precisa
mostrar esse papel a ninguém. No caso do Marcos,
por exemplo, depois de muito tempo de terapia, em
um determinado dia sem julgar ele mesmo,
simplesmente escreveu o que estava machucando-o
naquele ano, e ele escreveu: “eu matei uma pessoa”.

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Você vai escrever o que te dói.

Exemplo: “Eu me separei”, “Eu traí”, “Eu roubei”, “Eu


negligenciei o meu trabalho”, “Eu fui invejoso”, etc…

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Escreva a dor que mais dói, e a partir disso você vai
começar a lembrar das dores passadas do teu ano.
Você vai lembrar no esforço imaginário chamando
pelo nome tudo que te dói, e ao fazer isso nós vamos
começar uma segunda etapa.

O TEU ANO NOVO 14


Com essa anotação na mão, você vai começar
destrinchar em cada caso a tua culpa, mesmo que
você diga: “César, isso me dói e não foi culpa minha”.
Esqueça a culpa que é do outro. Eis um dos motivos
do teu remorso te doer tanto: você tem uma mania
— que inclusive é uma mania brasileira — de ficar
preocupado com juízo de valor do outro, com a culpa
que o outro tem e qual é a culpa do que o outro fez.
É óbvio que a gente sabe que outras pessoas
também tem culpa, mas esse juízo moral e de valor
ele não pode ser julgado por você. Perceba que a
causa mesma da sua dor não são os teus
problemas em si, mas é justamente a
preocupação com a justiça do outro.

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Nesse momento você vai exorcizar qualquer
pensamento de justiça do outro. Exorcizar não no
sentido de falar sobre ele, mas de ignorar se o outro
é culpado ou não. Nós não vamos falar do outro
diante dessas coisas que doem em você, nós vamos
falar de você. Em cada dor dessa que você
elencou, você vai confessar a sua culpa. Antes era
só para dar o nome, agora você vai falar os porquês
e como aconteceu.

Em algumas poucas linhas você vai escrever, pode


exemplo, se você traiu, foi grosso com alguém,
roubou, foi preguiçoso ou se você negligenciou as
coisas que tinha que fazer. Comece a falar: “eu fiz
isso, porque fui assim”. Pode citar todos os
personagens da história, não há problema, você só
não vai fazer nenhum juízo de valor deles, só irá falar
de você e do seu protagonismo, seja as coisas que
você protagonizou mal — e você sabe que
protagonizou mal —, as brigas que você teve e as
causas pelas quais lutou.

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Agora é a hora destrinchar, de
chamar pelo nome, e desenvolver o
que era só uma frase.

Exemplo: “Fiz isso, por isso e por conta disso”, “Eu


tenho culpa disso, e disso, e aquilo também”, etc..

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Vai ser um processo doloroso, mas não esqueça do
que eu falei no início, a dor é a que vai te curar, o
sangue é o que te cura. Não é à toa que o Verbo
encarnado foi crucificado em muito sangue, foi
flagelado em muito sangue e Ele carrega uma cruz
nas costas com muito sangue. Ele precisou fazer
tudo isso para revelar a tua salvação. A dor
sempre revela a tua salvação.

Não tenha medo, chame pelo nome preocupado


apenas com o teu próprio juízo moral, preocupado
apenas com a tua própria culpa. Apenas escreva. O
Marcos começou a revelar a sua história e os seus
movimentos nesta etapa, e que independente da
causa trouxe culpa. Após feito essa anamnese, nós
vamos a uma terceira etapa.

O TEU ANO NOVO 20


É na terceira etapa que você finalmente se abraça
com o anjo do ano passado, com o anjo do remorso,
o anjo da dor que liberta. É nessa etapa que
finalmente você vai lembrar: “Eu fiz tudo isso e
realmente tenho culpa nessas coisas”. Mas, essas
coisas estão congeladas, existe uma
impossibilidade inata na estrutura da realidade, de
que eu não posso voltar e fazer de outra forma. O
Marcos não pode voltar para o momento em que ele
puxou o gatilho e deixar de puxar. Entenda que é
exatamente isso que vai te salvar.

O TEU ANO NOVO 21


Se tudo que eu faço fica congelado no passado, isso
quer dizer que, a minha próxima ação também vai
ficar congelada no passado, então é melhor eu
congelar algo que preste. Portanto, se cabe o
perdão em cada caso que você analisou, vá e peça
perdão.

O perdão nada mais é do que eu delegar a alguém


o poder divino. Por isso, eu costumo falar várias
vezes que quem perdoa é Deus. Nós não temos
capacidade de perdoar ninguém. Quando a gente diz
que perdoa uma pessoa, aquilo é um simulacro de
Deus, nós estamos emulando o poder de Deus.
Quando você fala “eu te perdoou”, você de fato não
perdoou e é aí que mora a atitude nobre. Mesmo
sem eu ter perdoado no coração, eu estou
perdoando nas palavras, eu estou me esforçando
para imitar a Deus. A grande nobreza do perdão
está na imitação a Deus, e não no ato do perdão
em si.

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Perceba que quando você pede perdão a alguém
você está pegando esse poder que só Deus pode dar
e entregando na mão da outra pessoa, você está
pegando esse poder, entregando na mão do outro e
dizendo: “Eu estou te dando um poder que só Deus
tem, me perdoa!”. Deste modo, se cabe o perdão na
tua história, peça o perdão e saiba que tudo pode vir
do lado de lá. Você pode não ser perdoado, pode
ouvir uma lição de moral, mais uma vez não te
interessa o julgamento do outro, o valor e o juízo
moral do outro, o que interessa é o que você faz
para emitir essa ação.

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Então, só interessa o perdão, e se depois dessa
anamnese você souber se cabe ou não, peça o
perdão e entregue o poder divino na mão da pessoa
e diga: “Me perdoe, eu errei”.

Perceba que, essa próxima ação do perdão está


congelada também, nós não podemos apagar os
nossos pecados, mas também não podemos apagar
as nossas benevolências. Se eu sei que minha
próxima ação vai ficar congelada, é muito melhor
que ela seja uma ação em direção ao céu e não
em direção ao inferno, porque as ações do inferno
já moram no remorso do ano passado.

E se por uma impossibilidade não te cabe pedir o


perdão, pelo fato daquela pessoa viver muito longe
de você, ter morrido, ou pelo fato de ser realmente
uma impossibilidade de não caber o perdão, entenda
que o passado está congelado e você não pode
mudar. Mas a sua próxima ação também vai se
congelar, sendo assim, é melhor que você congele
uma ação benevolente

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uma ação benevolente e seja incapaz de cometer a
mesma coisa que cometeu anteriormente.

A excelência dos justos está muito mais em


perceber a sua culpa e pedir perdão, do que
em pensar que você nunca mais vai errar.

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Sem você perceber, nós já passamos para os outros
dois anjos. O fato de eu estar aqui entendendo que o
passado está congelado e que eu quero congelar um
ação de bem, de verdade e de bondade na minha
próxima ação, já estava incorporando aquele que é o
anjo da esperança, não o anjo do ano que vem. O
ano que vem vai acontecer como Deus quer, mas
existe um ano que você deseja que aconteça, e é
sobre esse ano que a gente está falando. Você não
pode desapegar da esperança, o fato de eu congelar
algo que é benevolente, verdadeiro e belo na minha
próxima ação é mesmo a esperança.

O TEU ANO NOVO 26


Você não pode desapegar da esperança.

O fato de eu congelar algo que é benevolente,


verdadeiro e belo na minha próxima ação é mesmo a
esperança. A esperança de que eu não estou
perdido, eu não fui completamente corrompido,
consigo resistir, ele não me tomou por inteiro, e
portanto, eu vou congelar uma nova ação.

É nesse momento que você abraça também o anjo


da esperança. E como seria o anjo do ano que vem
que não é nem o anjo do remorso, que já está
congelado, e nem é exatamente o anjo da
esperança? Eu sei que eu não controlo tudo, eu não
devo me preocupar nunca com o juízo alheio e com
as coisas que pertencem a Deus. Por isso mesmo, eu
não controlo tudo, eu só controlo o que está no meu
pequeno mundo interior.

O TEU ANO NOVO 27


Eis aqui o abraço no anjo do ano que vem, que é o
anjo que você aceita as cruzes que Deus te dar. É o
anjo que você não questiona o sofrimento que
Deus permitiu que você passasse. “Eu desejaria
que fosse de outra maneira”, ninguém se importa
com o seu desejo, o que a gente se importa é com a
estrutura da realidade.

Perceba que no momento em que Deus fala e que


perguntam o nome dEle, Ele diz: “Eu sou Aquele
que é!”. Deus não é nenhum adjetivo, porque todos
os adjetivos estão dentro de Deus.

O TEU ANO NOVO 28


A estrutura da realidade é aquela que é.

Ela é aquela que acontece com você e é só ela que


você tem. É uma graça que Deus te deu
independente do sofrimento.

O ano que vem é o ano em que, após ter abraçado o


anjo do remorso do ano passado, eu entendi que
aquilo estar congelado. Após ter abraçado o anjo da
esperança, que é aquele que não me permite ser
mal, que eu resisto ao mal, que eu me faço ocupado,
peço perdão, e que mudo as minhas ações, traz
finalmente o anjo do que é do ano que vem, que é
um anjo que eu não posso escolher. São as coisas
que eu não controlo, que é a minha maneira de
entrar, de abraçar, dormir com esse anjo e de dizer:
“Eu não controlo o mundo todo. Eu controlo muito
pouco”.

O TEU ANO NOVO 29


”Eu não controlo as ações da minha mãe”, “Eu não
controlo as ações da minha esposa”, “Eu não controlo
as ações do meu trabalho”, “Eu não sei as coisas que
vão acontecer comigo. Mas estou pronto para
abraçar a cruz que Deus vai deixar em mim, porque
Ele me ama, e se Ele é Aquele que é, Ele vai me dar
uma cruz que eu preciso carregar”.

Ele não está te dando uma cruz apenas por que você
aguenta, mas sim a cruz que você precisa carregar.

O TEU ANO NOVO 30


Esse é o anjo principal, o mais poderoso dos três
anjos. Só que esses anjos, eles não são separáveis
um dos outros, por exemplo: quando falamos da
Santíssima Trindade — do Pai, do Filho e do Espírito
Santo —, estamos falando da mesma pessoa, da
mesma substância. O anjo do remorso do ano
passado, o anjo da esperança que é o teu desejo
de resistir ao mal e o anjo do ano que vem, que é a
cruz que Deus vai te dar e você vai aceitar, são a
mesma coisa, é um único anjo. E qual é o nome
desse anjo? Aquele que é. Essa é a tua realidade,
esse é o teu passado, essa é a tua esperança de
resistir ao mal, e esse é você de braços abertos
pronto para receber a próxima cruz que Deus vai te
dar.

O TEU ANO NOVO 31


Portanto, ao fim do dia 31 e no nascimento do dia 01
esteja você, de braços abertos, e com a consciência
plena de que você terá uma cruz em cada dia. Às
vezes essas cruzes se parecem com a do dia
anterior, às vezes parece que se trata do mesmo
assunto, mas é uma cruz por dia.

No momento em que você acordar, se abrace com


esses três anjos. De tempos em tempos faça o que o
Marcos fez. De tempos em tempos assuma que você
matou alguém. De tempos em tempos assuma que
você matou o bem que existe dentro de você de
alguma forma. Coloque isso no papel. Assuma sua
culpa, chame pelo nome e troque a ação.

A cada dia uma nova cruz.

Ao acordar não se surpreenda se no dia anterior


você conseguiu carregar aquela cruz até o calvário, e
que você foi crucificado amando aquela cruz, e que
deu tudo certo.

O TEU ANO NOVO 32


Não se surpreenda se depois que isso tudo
acontecer, você ressuscitar no novo dia e já ter
uma nova cruz. Não se vitimize. Não se entristeça.
Alegra-te! Ele sabe que essa é a cruz que você
precisa para que Ele te ame. Ele sabe que essa é a
cruz que você precisa para provar que tu é o filho
dEle, para que seja digno das promessas que Ele fez.
Não desanima, alegra-te! Braços abertos para a
cruz do amanhã. Essa é uma cruz de amor, o único
amor possível. Feliz 2022!

CESARPORTTO

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