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A GUERRA DO CONTESTADO E SEUS REFLEXOS PARA A TOMADA DE

DECISÕES NO CAMPO MILITAR E DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Eduardo Rizzatti Salomão*

RESUMO

Percebida por muitos pesquisadores como um evento de impacto regional, por ter ocorrido em
terras do Estado de Santa Catarina, no sul do Brasil, poucos observadores reconheceram que a
Guerra do Contestado (1912-1916) promoveu desdobramentos de repercussões mais amplas.
Dos esforços para a modernização do Exército brasileiro às políticas no campo militar, muitos
foram os assuntos onde a campanha do Contestado foi lembrada para a tomada de decisões. O
objetivo deste trabalho é discutir o papel da Guerra do Contestado na reorganização e
modernização do Exército no séc. XX e seus possíveis desdobramentos no campo das
relações internacionais relativas à área militar.

Palavras-chave: Contestado; Exército brasileiro; Defesa.

1 Introdução

No sul do Brasil, em terras que integram o estado de Santa Catarina, iniciou-se, em


outubro de 1912, um conflito de caráter local que se converteu em uma insurreição popular de
amplas repercussões. Conhecida como Guerra do Contestado, o conflito tomou dimensões
que envolveram interesses políticos regionais e nacionais, exigindo o emprego do Exército e
das Forças de Segurança do Paraná e de Santa Catarina numa mobilização militar que se
estendeu até 1916.
A Guerra do Contestado também ficou conhecida como Guerra dos Fanáticos
(CABRAL, 1937) ou Guerra de S. Sebastião (SALOMÃO, 2012), nomes que aludem as
crenças religiosas professadas por expressiva parcela dos integrantes do movimento. Se para
os militares combateu-se uma insurreição promovida por questões políticas permeadas por
problemas de ordem social, para a população em armas a revolta era justificada por forte

*
Doutor em História Social pela Universidade de Brasília (UnB). É membro do Corpo Permanente da Escola
Superior de Guerra (ESG). Contato: salomao.edu@gmail.com
conteúdo idealista e religioso. Para os rebeldes, a luta contra os desmandos dos coronéis-
fazendeiros e das autoridades respondia não somente ao sentimento de indignação diante das
injustiças sofridas, mas atendia ao chamado de profecias que anunciavam uma guerra cujo
resultado inauguraria um novo tempo, onde a justiça divina promoveria felicidade e paz.
Pensando o tema com enfoque pertinente à defesa, no sentido atual do termo, é
necessário reconhecer que, em termos estritamente militares, o Contestado não é facilmente
reconhecido como uma guerra. Sob o ponto de vista da sociologia histórica, tomando por
referência o estudo de Charles Tilly a respeito da origem e da ocorrência das guerras (TILLY,
1996, p. 127 e ss.), no Contestado não se observou um embate entre forças antagônicas
equivalentes tendo por propósito alcançar um determinado objetivo estratégico.
Pela sua natureza e manifestações, o Contestado pode ser mais bem compreendido
como um movimento sociorreligioso (SALOMÃO, 2012). O que, deve-se alertar, não exclui
reconhecer a ocorrência de manifestações políticas e sociais diversas, mas atribuir um caráter
ou expressão predominante ao movimento. Para os propósitos deste trabalho, será observado
que para os militares o ocorrido envolvia sufocar um movimento rebelde, ou seja, uma
insurreição. A campanha militar, dada as suas dimensões, ficou conhecida como “pequena
guerra” e como tal foi tratada pelo Exército (CARVALHO, 1915).
Este trabalho pretende discutir em que medida a guerra no Contestado repercutiu na
promoção da reforma e modernização do Exército brasileiro com reflexos para a condução
das políticas hoje nomeadas de defesa, abrangendo aspectos pertinentes as relações
internacionais na área militar.
A pesquisa em curso foi pautada pelo exame qualitativo das obras sobre o assunto,
baseando-se em revisão bibliográfica e levantamento de fontes documentais a cerca do
problema em estudo. No tocante ao estado da arte referente ao escopo deste artigo, dois
autores se destacam. A tese do historiador Rogério Rodrigues (2008) é um dos estudos mais
significativos a respeito da relação entre a Guerra do Contestado e a modernização do
Exército brasileiro. No que toca a história política da instituição militar, a referência é a obra
de Frank D. McCann Soldados da Pátria (2009). Também foram relevantes, no que se refere
ao pensamento e ação dos militares, as reflexões de José Murilo de Carvalho (2005). Para a
compreensão da evolução da instrução e educação militar, foi fundamental o livro Os
indesejáveis, de Fernando Silva Rodrigues (2010).
Com relação às fontes sobre a campanha militar, destacam-se as publicações de
Demerval Peixoto (1916), de Herculano T. de Assunção (1917), o relatório ao Ministério da
Guerra do general Setembrino de Carvalho (1915). Com o propósito de confrontar as
informações presentes nas obras dos autores supracitados, bem como subsidiar a discussão
proposta, foram de grande relevância a consulta a documentos do Congresso Nacional
brasileiro, do Ministério da Guerra, do Estado-Maior do Exército, jornais, revistas, obras e
documentos de época.

2 O Contestado no cenário nacional e internacional

A região que compreende os eventos relacionados à Guerra do Contestado abrange um


território de aproximadamente 25 mil quilômetros quadrados. À época da guerra, parcela
dessa área se encontrava em disputa judicial entre os estados do Paraná e Santa Catarina. A
chamada “questão de limites”, que nomeou a região, não teve relação direta e imediata com o
conflito ocorrido entre 1912 e 1916. Tal afirmação, por sua vez, não exclui reconhecer que
muitos dos desdobramentos relacionados aos eventos ocorridos durante a guerra tocaram
nessa questão. Sobre o assunto, Paulo P. Machado observou que o longo período de
indefinição a respeito da posse da região, entre os estados sulistas, terminou por marcar
significativamente a natureza da ocupação demográfica e o perfil sociopolítico da população
regional (MACHADO, 2004, p. 123).
Observando o cenário anterior a eclosão da guerra no Contestado, nota-se que de longa
data a região era objeto de preocupação. Nos anos 1890 a 1895, Argentina e Brasil
disputavam a posse da área. Herança proveniente do Tratado de Madri (1750) e da indefinição
de fronteiras, os portenhos reclamavam o domínio sob extensa faixa territorial onde hoje se
encontra, sobretudo, expressiva parcela do oeste catarinense. Essa disputa ficou conhecida
como Questão de Palmas ou das Missões, sendo encerrada, favoravelmente ao Brasil, após o
arbitramento pelo governo do Estados Unidos da América.
No decorrer dos eventos relacionados à Questão de Palmas, havia o temor, por parte
do Brasil, de que as pretensões platinas, caso vitoriosas, promovessem o estrangulado de parte
considerável do território nacional. Acreditava-se que esse estrangulamento poderia por em
risco a unidade nacional. Para os argentinos, as preocupações brasileiras eram mero pretexto
para não ceder território e pesavam contra o americanismo e o cultivo de boas relações entre
as nações sul americanas. No Brasil, além das preocupações mencionadas, o progressivo
rearmamento naval da Argentina e a possível hegemonia militar a ser alcançada no Rio da
Prata causavam desconforto (CERVO; BUENO, 2002, p. 168).
Encerrada a Questão de Palmas, com a vitória brasileira, restou a necessidade de se
estabelecer os limites entre as divisas dos estados do Paraná e Santa Catarina. No curso da
disputa, o Supremo Tribunal Federal (STF) proferiu decisão favorável aos catarinenses.
Inconformado, o governo paranaense recorreu protelando solução para a questão. No
transcurso desses eventos, o governo federal mirava desenvolver a região, atendendo aos
anseios de promover a expansão econômica e o povoamento regional – não sem considerar
questões estratégicas, de natureza militar. Com essa finalidade, acordou-se a construção da
Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande (EFSPRG).
Assinado o contrato para a construção da EFSPRG, o governo brasileiro, carente de
recursos, optou pela cessão à Brazil Railway Company dos direitos de exploração das terras
localizadas às margens da obra. A Brazil Railway pertencia ao grupo do empresário norte-
americano Percival Falquar, sendo a mesma responsável pela construção da Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré, entre outros investimentos efetuados no Brasil. Pelo acordo, a empresa
teria direitos de exploração sobre uma faixa de terras que correspondia a um domínio médio
de 9 quilômetros a contar da margem da ferrovia (MACHADO, 2004, p. 143). Executada a
construção, passou a operar na região a empresa Southern Brazil Lumber and Colonization
Company, do grupo Falquar, dando início a exploração madeireira e colonizadora, de forma
que o Contestado experimentou intensa transformação socioeconômica.
Diante do aquecimento econômico, as terras devolutas passaram a ser cobiçadas pelos
fazendeiros locais. As serrarias que passaram a operar mudaram a paisagem rural e
promoveram alterações nas relações de trabalho e convivência social até então
experimentadas. Dedicados ao trabalho rural como pequenos plantadores, na lida com o gado
e na coleta de erva-mate, ocupando terras de forma precária, não poucos posseiros se viram
expulsos em face das requisições dos fazendeiros, da Lumber e das empresas colonizadoras,
ficando desassistidos. O novo contexto social e econômico propiciou o paulatino rompimento
dos laços de compadrio e camaradagem outrora cultivados entre posseiros e donos de terras,
com consequências sentidas durante a guerra (MONTEIRO, 1974).
A concentração da propriedade fundiária nas mãos de lideranças políticas e das
empresas estrangeiras dava o tom das relações de poder na região. O coronelismo, na
expressão empregada por Victor Nunes Leal (1997), ditava as regras das eleições na esfera
municipal e estadual. Esse era o contexto social e político onde um movimento de inspiração
messiânica desafiou a ordem estabelecida, conclamando os caboclos a lutar contra
determinados coronéis-fazendeiros e os representantes das empresas estrangeiras.

3 Política, religiosidade e rebeldia

Em agosto de 1912, no distrito de Taquaruçu, então integrante do município de


Curitibanos, uma festa religiosa concentrou as atenções. A festa dedicada ao Bom Jesus era
evento integrante do calendário de festejos populares da região serrana catarinense,
juntamente com aqueles em louvor a S. Sebastião e ao Divino Espírito Santo. Essas festas
eram eventos concorridos, ocasiões em que os assuntos eram colocados em dia, não ficando
de fora a política local e queixas diversas. Naquela ocasião, a disputa política entre o
superintendente (prefeito) de Curitibanos, coronel Francisco de Albuquerque, e o tenente-
coronel Henriquinho de Almeida, estava em curso. Ambos eram oficiais da Guarda Nacional
e gozavam do prestígio conferido pela posse de terras e influência política.
Durante os festejos, se fez presente o curandeiro José Maria. Tratado pela alcunha de
monge, José Maria desfrutava da fama de bom rezador e vendedor de remédios para males
diversos. Convidado ao distrito de Taquaruçu pelos organizadores da festa do Bom Jesus e
por Henriquinho, sua presença chamou a atenção do superintendente. Ocorreu que encerrada a
festa, o curandeiro permaneceu no distrito, cercado de dezenas de pessoas. Entre essas
pessoas estavam criadores de gado, comerciantes, pequenos proprietários rurais e posseiros –
alguns dos quais eram partidários de Henriquinho. A situação alertou Albuquerque, que
possivelmente por temer se tratar de alguma artimanha do adversário político, não tardou a
telegrafar a Florianópolis requisitando medidas excepcionais contra o ajuntamento. Na
denúncia do coronel, constava a grave acusação de que a reunião em torno do monge era fruto
de um movimento pró-restauração da monarquia.

Fanatismo semelhante ao de Canudos acaba de explodir a margem de


Taquaruçu, a sete léguas da Vila. Inspira o movimento um individuo
de nome José Maria Agostinho, que se diz “monge, profeta, medico e
santo”. Vinda a Campos Novos, proclamou em Taquaruçu a
restauração da monarquia, tendo centenas de pessoas, que armadas, o
rodeiam. (BRASIL, 1914, p. 577).
Fosse qual fosse a real motivação por detrás da denúncia, o certo é que o telegrama
surtiu o efeito esperado. Rapidamente, a polícia catarinense foi posta no encalço de José
Maria. Não tendo alternativa, o curandeiro abandonou Taquaruçu e buscou refúgio em terras
onde se encontraria entre amigos, rumando com seu séquito para o distrito do Irani. Essa
localidade estava sob a jurisdição da cidade paranaense de Palmas e assim encravada no
território do Contestado. O contencioso judicial entre Paraná e Santa Catarina, somado ao
histórico de embates e choques armados entre os partidários desses estados, contribuiu para
acirrar os ânimos diante da suposta invasão. Acusado de operar sob o disfarce de servir a
causa catarinense, o Poder Executivo paranaense determinou a prisão do monge, remetendo
tropas estaduais para a região (QUEIROZ, 1981, p. 91; MACHADO, 2004, p. 183).
Com esse propósito, a polícia paranaense foi remetida para o Irani, sob as ordens do
coronel João Gualberto, capitão do Exército comissionado chefe da força. Tratativas visando
evitar o confronto foram frustradas pela disposição de Gualberto de não ceder em sua
intenção de conduzir José Maria preso; e igualmente pela determinação do monge em não se
render. No despertar do dia 22 de outubro de 1912, a força paranaense atacou o acampamento.
Num misto de precipitação e falta de sorte, a ação foi mal sucedida. O encontro foi violento,
resultando em uma carnificina. Soldados e adeptos do monge se enfrentaram em um combate
corpo a corpo, muitos perecendo a golpes de espada e facão. Entre os mortos, estavam
Gualberto e José Maria. O resultado acirrou os ânimos e provocou indignação em Curitiba, de
onde partiram acusações contra o governo catarinense. A situação, por fim, foi contida com a
presença de tropas federais na região (PEIXOTO, 1916, p. 134-135).
Após a morte de José Maria, seu séquito foi disperso. Entretanto, longe se estava do
ocorrido encerrar a questão. Ao longo dos meses, notícias de que o curandeiro profetizara o
ocorrido em Irani e de que ressuscitaria à frente de um Exército foram difundidas. Após o
confronto, um oficial colheu a informação de que a cova onde foi depositado o corpo do
monge fora coberta com umas poucas tábuas “para poder facilmente levantar-se quando
chegasse o momento da ressurreição.” (QUEIROZ, 1977, p. 104-105). O mascate Alfredo de
O. Lemos anotou em suas memórias profecias atribuídas a José Maria: “[...] no primeiro
combate, sei que morro, mas no dia em que completar um ano, me esperem aqui em
Taquaruçu, que eu venho com o grande exército de São Sebastião.” (LEMOS, s./d., p. 18).
Durante os anos de guerra no Contestado, as crenças religiosas, permeadas de queixas
contra os coronéis-fazendeiros e o governo federal, marcaram o discurso rebelde e se
revelaram o suporte ideológico de centenas de rebeldes esperançosos por dias de fartura e
felicidade. (SALOMÃO, 2012).
Passado um ano do combate do Irani, rumores do retorno do monge José Maria eram
ouvidos na região. Atendendo aos clamores, em dezembro de 1913, devotos se reuniram no
distrito de Taquaruçu. À frente do movimento estava Eusébio F. dos Santos, devoto que
apresentava as netas como capazes de se comunicar com o espírito do monge. Dia após dia, o
acampamento se fortalecia, convertendo-se num povoado de centenas de pessoas. Diante da
situação e de novos pedidos de interferência policial e militar, tropas foram enviadas para
Curitibanos. Antes de a ação militar ser deflagrada, ocorreram tentativas de pacificar os
ânimos, conclamando os devotos a dispersar o ajuntamento. Por fim, predominou a decisão de
empregar o Exército, a Força de Segurança catarinense e vaqueanos (civis armados) contra o
acampamento. Unidades militares se combinaram para atuar em conjunto, visando cercar
Taquaruçu e atacá-la (PEIXOTO, 1916, p. 144).
No decorrer do deslocamento para o ataque, alguns problemas foram evidenciados. As
informações sobre o terreno eram precárias, faltando cartas topográficas e croquis. O principal
meio seguro para percorrer a região era o emprego de guias ou mateiros, a respeito dos quais
os militares nutriam desconfiança. A comunicação entre as colunas de ataque era outro
problema grave. O principal meio era o mensageiro ou a comunicação visual. Prejudicada a
comunicação, não ocorriam trocas de informações entre as colunas e não era possível
assegurar que o momento combinado para o ataque ocorreria conforme planejado. Ademais,
os caminhos a serem percorridos eram sinuosos e, em dias de chuva, formavam atoleiros
(PEIXOTO, 1916, p. 144-145).
Diante das dificuldades, o ataque foi desencadeado com dois dias de atraso, em 31 de
dezembro. Os defensores de Taquaruçu combateram a tropa por meio de pequenos assaltos,
limitando suas ações a escaramuças ao longo dos caminhos. Acredita-se que não havia efetivo
e recursos do lado rebelde para fazer frente aos soldados. Porém, ou a sorte estava do lado dos
devotos do monge-profeta ou a capacidade de resistência dos acampados foi mal avaliada.
Sabe-se que as tropas encarregadas do ataque pelas faces norte e leste entraram em combate
antes da coluna sul, não conseguindo se organizar de forma a ocupar posições vantajosos e se
manter no terreno. A péssima comunicação entre as colunas contribuiu para o fracasso da
operação. Não muitas horas após o início do combate, diante da persistente resistência dos
acampados, a decisão foi pelo retraimento. O desastre da operação militar evidenciou diversas
debilidades, entre elas a provável pouca eficiência das lideranças militares perante seus
subordinados, uma vez que as tropas retraíram evidenciando desorganização, pois extraviando
cargueiros repletos de munições (PEIXOTO, 1916, p. 147).
Os jornais compararam a desastrosa ação militar com a primeira expedição militar
contra Canudos, ferindo o brio dos militares. A reação não tardou. De Florianópolis, o 54º
Batalhão de Caçadores, com apoio da força de segurança catarinense, foi enviado para agir
sobre Taquaruçu. Em 8 de fevereiro de 1914, o povoado foi novamente atacado, mas dessa
vez a tropa estava mais bem equipada, contando com expressivo apoio em artilharia pesada
(PEIXOTO, 1916, p. 150). O resultado foi o esperado. Taquaruçu foi arrasada após intenso
bombardeio, acrescido do despejo de centenas de tiros de metralhadora. Morreram dezenas de
pessoas, restando um espetáculo de casebres em chamas e corpos mutilados (PEIXOTO,
1916, p. 158-159).
Após a destruição de Taquaruçu, a expectativa daqueles que acreditavam que o
movimento havia se encerrado foi frustrada. De movimento localizado, ocorreu que os
sobreviventes e novos adeptos formaram outros acampamentos. Os novos grupos adotaram
organização e crenças inspiradas na devoção professada em Taquaruçu. A expansão do
movimento atraiu lideranças locais e bandoleiros armados de diversas procedências, entre eles
ex-combatentes da Revolução Federalista. Para Demerval Peixoto, oficial que integrou a força
militar encarregada de reprimir os devotos do monge, “O ataque de Taquaruçu foi
positivamente o facho que ateou a guerra no Contestado.” (PEIXOTO, 1916, p. 160).

4 Campanha militar e intervenção federal

Na fase pós-Taquaruçu, um dos primeiros acampamentos rebeldes atacados foi o de


Caraguatá. Valendo-se do conhecimento do terreno, os acampados resistiram surpreendendo
os atacantes, como a empregar táticas de guerrilha. Causando expressivas baixas ao Exército,
os devotos de José Maria forçaram o recuo dos militares (PEIXOTO, 1916, p. 180).
Diante das inúmeras adesões de moradores locais ao movimento (alguns chegaram a
abandonar terras e plantação), acampamentos se converteram rapidamente em verdadeiras
cidadelas, com centenas de casas, contando com igreja e comércio, outros já denunciavam
serem vilarejos ampliados, como S. Sebastião, no vale do rio Timbozinho, que reunia
aproximadamente 500 casas e 2 mil moradores (QUEIROZ, 1981, p. 153).
Não tardou para ser atribuído aos rebeldes assassinatos, ataques a vilas, serrarias,
cartórios e fazendas, incluindo ações contra as estações e trilhos da ferrovia. Nesse contexto,
bandoleiros não ligados ao movimento também aproveitaram a ocasião para cometer crimes
diversos: assassinatos, roubos, estupros, distribuição de dinheiro falso, abigeato. Apreensivos
com a situação, o Executivo e o Ministério da Guerra adotaram medidas mais amplas para
combater a insurreição. Com essa finalidade, foi organizada uma expedição sob o comando do
general Carlos de Mesquita.
Veterano de Canudos, o general Mesquita se empenhou em reforçar as tropas
disponíveis, chegando a reunir cerca de 1.500 homens (PEIXOTO, 1916, p. 186). Dos
problemas enfrentados pelo general, comunicou a Inspetoria Militar em Curitiba (atual 5ª
Região Militar) a falta de diversas provisões, como a insuficiência de fardamentos,
medicamentos e munições (PEIXOTO, 1916, p. 212-213). As dificuldades enfrentadas,
segundo Mesquita, incluíam desentendimentos com o comandante da Inspetoria, general
Abreu. O general se queixou, por exemplo, que dos 70 contos de réis liberados pelo Ministro
da Guerra, 30 foram retidos por ordem de Abreu para gastos na Inspetoria (MESQUITA apud
PEIXOTO, 1916, p. 201).
Passando a ação, as tropas de Mesquita enfrentaram vários reveses. Numa iniciativa de
sucesso, os militares atacaram o acampamento rebelde de S. Antônio. Segundo Vinhas de
Queiroz, esse acampamento era, na verdade, uma guarda de S. Sebastião; ou seja, um alvo de
menor relevância (QUEIROZ, 1981, p. 158). Travado combate, em maio de 1914, a ação foi
bem sucedida e recebida por Mesquita com jubilo. Mas desse episódio resultou mais do que
satisfação: comunicando o sucesso ao comandante da Inspetoria Militar, Mesquita avaliou que
a missão recebida estava cumprida e solicitou autorização para encerrar as operações e se
retirar. O pedido foi aceito e no Contestado restaram algumas unidades de prontidão.
(PEIXOTO, 1916, p. 210-211).
Não muitos meses após essa surpreendente decisão, um dos grupos rebeldes atacou a
serraria da Lumber no distrito de S. João. Depredação, assassinatos e humilhação a moradores
locais marcaram a ação, que ocorreu sob as ordem do bandoleiro Venuto Baiano. Em resposta
ao ataque, a unidade militar sediada em União da Vitória enviou soldados para S. João, sob o
comando do capitão João Teixeira de Mattos Costa, um dos poucos militares partidários da
negociação. Ao caírem numa emboscada, pouco puderam fazer para superar o ardil, tombando
mortos diversos militares, entre eles Mattos Costa. (PEIXOTO, 1916, p. 223).
O quadro novamente se complicava e o Ministro da Guerra, general Vespasiano Silva,
foi instado a agir com maior determinação. Em 8 de setembro de 1914, o ministro nomeou o
general Fernando Setembrino de Carvalho para a chefia da Inspetoria Militar em Curitiba,
concomitante ao comando das forças em operações no Contestado. O duplo comando visava
dar os poderes e a flexibilidade necessários ao general Setembrino, num esforço para atender
a natureza do cargo de interventor no Contestado. (Cópia fac-similar do Aviso do Ministério
da Guerra nº 695, de 8 de set. 1914 apud CARVALHO, 1916).
Setembrino obteve recursos mais amplos. Batalhões e regimentos foram deslocados de
estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo para atender a
solicitação da ampliação dos efetivos em campanha. Segundo Peixoto, reuniram-se no
Contestado 16 batalhões de infantaria, 11 regimentos de cavalaria, oito baterias de artilharia
de montanha, unidades de engenharia, transporte e saúde, além das tropas estaduais (Forças
de Segurança) e civis em armas nominados de “vaqueanos”. (PEIXOTO, 1916, p. 258-259).
A campanha começava sob o signo das dificuldades. Havia carência de efetivos,
equipamento, armas, uniformes, munições, medicamentos. O estado geral da tropa não era dos
melhores, o que contribuía para prejudicar o ânimo dos recém chegados. (PEIXOTO, 1916, p.
260). Denúncias de abusos e crimes cometidos por militares e vaqueanos também eram um
problema a ser administrado, tanto no tocante a disciplina quanto naquilo que afetava a
imagem da campanha militar perante o público. O desempenho dos militares e da
administração eram outros assuntos a ocupar Setembrino. Empregando regulamentos
traduzidos de manuais alemães e franceses, buscou-se aprimorar a instrução e a administração
militar (PEDROSA, 1969, p. 167).
A campanha do Contestado foi um campo de testes, pois, se não serviu efetivamente
para aprimorar o desempenho da instrução e administração militares, permitiu evidenciar
debilidades e indicar em quais aspectos medidas urgentes eram necessárias. E como campo de
testes, facultou a aplicação de novos recursos e tecnologias. Setembrino deu mostras de que
tinha consciência dessa oportunidade, cabendo ao seu comando inaugurar o emprego da
aviação em operações de guerra no Brasil. A questão havia sido protelada no Exército e a
Grande Guerra europeia indicava que a modernização militar deveria incluir o emprego de
aeroplanos. Desapontando os militares, o experimento aplicado no Contestado não logrou o
êxito esperado, apesar de todo o investimento e entusiasmo com que foi posto em prática.
Para o fim do experimento, contribuiu o acidente aéreo que vitimou o tenente aviador Ricardo
Kirk. (CARVALHO, 1915, 178).
No tocante a planejamento adotado para vencer os rebeldes, citando Carl Von
Clausewitz, Setembrino de Carvalho adotou o estabelecimento de um cerco a região
conflagrada para então promover o enfrentamento em combate (CARVALHO, 1916, p. 18).
A fase inicial do plano de Setembrino envolvia cercar as rotas de abastecimento e estrangular
a mobilidade dos rebeldes. Para isso, as tropas foram distribuídas em quatro colunas
correspondentes, grosso modo, aos quatro pontos cardeais. (CARVALHO, 1915, p. 43-44).
Outra medida adotada foi ofertar anistia e terras aos que se rendessem. Primeiramente,
os comunicados distribuídos atraíram pessoas esfomeadas e doentes. Posteriormente, diversos
rebeldes depuseram armas e algumas lideranças foram cooptadas pelo Exército. Após essa
fase, não tardou para o sucesso ser alcançado. Os ataques passaram a ser efetuados com maior
eficiência, enfraquecendo o movimento. Marcando a virada em favor das tropas, em fevereiro
de 1915, os militares incendiaram aproximadamente 1.200 casas e mataram dezenas de
pessoas na jornada que, por fim, resultou atingir a cidadela de Santa Maria. Considerada o
principal bastião dos rebeldes, Santa Maria foi destruída em abril de 1915 (MIRANDA, 1987,
p. 83; POTYGUARA, 1914).
Após a destruição de Santa Maria, o conflito não se encerrou. Enfrentando a escassez
de recursos e praticamente cercados, as rendições dos poucos focos de resistência viriam a
seguir. A vindita também. Tropas permaneceram em operação na região para atuar contra os
devotos de José Maria, algumas sendo posteriormente acusadas de crimes bárbaros.
Politicamente, a missão de Setembrino lograra êxito, possibilitando ao governo federal
arbitrar as divisão das terras do Contestado entre Paraná e Santa Catarina (consumada em
outubro de 1916).

5 O ideal modernizador e a defesa da pátria

De 1906 a 1912, grupos de oficiais brasileiros foram enviados à Alemanha com o


propósito de aprender sobre a instrução militar aplicada pelo Exército daquele país. Quando
Ministro da Guerra, o general Hermes da Fonseca viajou à Europa, em 1908, e assistiu as
manobras do Exército alemão. As boas impressões convenceram Hermes a decidir pela
contratação de uma missão militar germânica para efetuar a modernização do Exército
brasileiro. Por fim, esse intento não se concretizou. Uma missão tomando por modelo o
Exército francês também era desejada por alguns militares. O resultado da Grande Guerra,
além de questões diplomáticas, definiu a escolha dos franceses. Contratada em 1919, a Missão
Militar Francesa teve início em 1920, perdurando até 1940.
Entre os militares enviados à Europa, muitos se converteram em defensores de uma
reforma militar inspirada na Força germânica. Eram os “jovens turcos”, assim chamados em
alusão ao movimento revolucionário liderado por Mustafa Kemal, fundador da República
Turca. Muitos dos “turcos” brasileiros defendiam que além de uma reforma militar, o país
necessitava de profundas mudanças sociais e políticas (CAPELLA, 1988, p. 163; ver também:
MURILO DE CARVALHO, 2005, p. 27, 38 e ss).
Em outubro de 1913, foi lançada a revista A Defesa Nacional, inspirada na revista
alemã Militaer Wochenblatt. Além de focar em assuntos militares, como instrução e tática,
não raro a revista publicava fortes criticas a respeito da condução de assuntos militares e
políticos. Justamente ao completar um ano de lançamento da revista, o editorial de 10 de
outubro de 1914 foi dedicado a Guerra do Contestado. Os “turcos” estavam naturalmente
atentos aos desdobramentos do conflito. O editorial enfatizou a necessidade da união do
Exército em torno do objetivo comum de vencer a insurreição. Nele, incluiu-se a afirmativa
de que o Brasil necessitava de colaboração na obra do seu engrandecimento, conclamando
que os oficiais se esforçassem “para a obra de reorganização militar do Exército e para a
educação cívica e militar da Nação.” (A Defesa Nacional, 1914, p. 2 – grifo meu).
No tocante a defesa da pátria, as preocupações se voltavam para a fronteira sul. A
preocupação recaia, particularmente, sobre as relações Brasil-Argentina. O histórico militar
brasileiro, envolto com conflitos armados no Cone Sul, ressaltou a relevância em aprimorar o
desempenho do Exército. A conclusão da ferrovia ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul
veio a atender a demanda de meios de transporte mais eficientes para as tropas. A disputa pelo
oeste do Contestado (a questão de Palmas) foi encerras havia poucos anos. Após um período
relativamente curto de entendimentos com a República platina, novas desconfianças foram
instigadas diante de uma possível aliança entre Brasil e Chile (BURNS, 1997, p. 391). Por sua
vez, no decorrer dos anos 1920, o sonho argentino de alcançar a condição de potência
econômica e militar despertou preocupações no Brasil (BEIRED, 2001).
A defesa da pátria deveria contar com um Exército à altura da missão de fazer frente
às ameaças externas. Desafortunadamente, foi no combate aos nacionais que se evidenciaram
inúmeras debilidades e muitos atores políticos se convenceram da necessidade de se contratar
uma missão militar estrangeira. Urgia aplicar a lei do serviço militar, adotar instrução e
regulamentos compatíveis com as necessidades de um Exército que se desejava moderno.

6 Considerações finais

No curso da Guerra europeia e dos eventos no Contestado, medidas para a reforma do


Exército foram tomadas. Em fevereiro de 1915, era determinado que o Exército fosse
reorganizado, redefinindo a composição administrativa, efetivos e unidades. (Sobre o assunto,
ver decretos: BRASIL, 1915). Os efeitos práticos de tais medidas demoraram a ser
percebidos, mas demonstra que a questão era objeto de atenção no Ministério da Guerra.
No decorrer da campanha do Contestado, o Exército fora testado em combate e muitas
deficiências foram expostas. No relatório entregue pelo general Setembrino de Carvalho ao
Ministro da Guerra, há longa exposição sobre as experiências extraídas do conflito. O general
efetuou observações sobre problemas diversos, incluindo munições, armamento, fardamento,
arreios, serviços de transporte e saúde, entre outros, compilando dados para proveito futuro.
Das conclusões do relatório, o interventor deu ênfase a duas observações. A primeira era
política e envolvia conciliar os governos estaduais, dando solução imediata à questão de
limites. Essa observação/recomendação foi atendida pelo acordo assinado em 20 de outubro
de 1916. A segunda recaiu sobre o Exército: “Em que pese aos seus últimos progressos, a
campanha do Contestado veio mostrar que precisamos de organização real e realmente
praticada” (CARVALHO, 1915, p. 180 – grifo meu).
A organização do Exército envolvia o necessário recrutamento de novos integrantes e
a formação de uma reserva. Observando as forças armadas dos países latino-americanos, em
particular no tocante a adoção do serviço militar obrigatório, ficava evidente que o Brasil
estava atrasado. A lei do serviço militar por sorteio, adotada no Brasil em 1908, não saiu do
papel por longo tempo. Argentina, Chile, Peru, Equador e Bolívia haviam adotado o serviço
militar obrigatório antes de 1908 (ROUQUIÉ, 1984). Afora isso, países como Chile e
Argentina estavam à frente no tocante a reforma e modernização militar. Não faltavam
motivos para os militares brasileiros se preocuparem. Deve-se observar que as preocupações
com a Argentina estavam em pauta nos anos 1920. Sob o ponto de vista brasileiro, como
discute Rogério Rodrigues, o contexto da Guerra Mundial foi pretexto para que os oficiais
alertassem a classe política e a sociedade para os perigos de um conflito armado
(RODRIGUES, 2008, p. 48).
Frank McCann, ao discutir os desdobramentos da campanha do Contestado, observou
que “O Contestado continuou a ser, por vários anos, um importante elemento da memória
institucional do Exército.” (MCCANN, 2009, p. 212). Na campanha, informados dos
acontecimentos que resultaram na guerra, os militares puderam testemunhar tanto as
dificuldades do Exército quanto as consequências de políticas prejudiciais aos interesses
gerais da população. Entre os militares que lutaram no Contestado, alguns integraram o grupo
dos “jovens turcos” e o movimento tenentista. Estudar em que aspectos o Contestado agiu na
formação da mentalidade e opção política dos militares pode ser revelador sob diversos
pontos de vista. Por exemplo, em que medida o Contestado teria impactado na percepção de
oficiais e graduados sobre a realidade social brasileira, para além de preocupações
estritamente profissionais?
Sobre o significado da guerra no Contestado para o país, é relevante observar que
foram empregados de 7.000 a 7.500 soldados. Considerando que, segundo Peixoto, o
orçamento federal fixava para 1915 um total de 18.000 alistados (PEIXOTO, 1916, p. 636),
algo em torno de 40% do efetivo previsto para o Exército atuou na campanha. O percentual
estimado é impreciso e carece de ser corroborado por outras fontes, mas dá uma noção do
impacto desse conflito para o Exército e para a sociedade.
Nos anos seguintes, medidas administrativas e práticas seriam adotadas com o
propósito de modernizar a instituição. As mais notadas foram a Missão Militar Indígena
(1919-1922), aplicada na Escola Militar do Realengo por oficiais brasileiros, e, envolvendo as
relações internacionais, a Missão Militar Francesa (1920-1940). Para Fernando S. Rodrigues,
a Missão Indígena agiu como que a abrir espaço para a intervenção francesa nos assuntos
militares brasileiros (SILVA RODRIGUES, 2010, p. 103), dando início a todo um processo
de transformação na condução da instrução militar nacional. Os resultados da Primeira Guerra
pesaram nessas decisões. O histórico do Contestado foi um fator que igualmente pesou na
balança decisória, uma vez que evidenciou que as medidas de modernização, a muito
requeridas, eram de fato urgentes, pelas razões expostas neste trabalho e cuja pesquisa merece
ser aprofundada.
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