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Acadêmicos:
Este estudo tem como objetivo apresentar uma análise sobre os principais motivos da Guerra do
Contestado e suas consequências. A guerra do contestado foi um conflito da população sertaneja
contra as autoridades municipais e estaduais de Santa Catarina e Paraná. Aconteceu entre 1912 e 1914.
Foi considerada uma guerra entre pobres e ricos. Esse conflito teve origens complexas e envolveu uma
série de fatores sociais, econômicos, políticos e culturais. Dentre os principais motivos estão a
concentração fundiária e o impacto da construção da estrada de ferro São Paulo – Rio Grande. A
construção dessa ferrovia implicou grande deslocamento da população sertaneja, caboclos e pequenos
agricultores de um território que era terra pública, mas que foi apropriado pela Companhia Ferroviária.
A exploração de madeira na área envolvida, desencadeou conflitos, pois muitos camponeses tiveram
suas terras usurpadas, levando ao surgimento de movimentos de resistência. A partir das informações
obtidas por meio de pesquisa, foi realizada uma reflexão sobre os motivos da guerra e as dificuldades
da época. Com base nestas reflexões, podemos afirmar ter sido um momento emblemático da
constituição do capitalismo no Brasil, de um lado os coronéis e oficiais do governo impondo
violentamente a construção da ferrovia para dar suporte ao crescimento do país, de outro, os sertanejos
que eram desapropriados das terras que utilizavam para sua sobrevivência.
1. INTRODUÇÃO
O que levou a acontecer a Guerra do contestado e o que esse conflito causou ontem e
hoje? Desenvolvemos com essa pergunta, uma pesquisa sobre o que era vivenciado na
primeira década do século XX, nos estados de Santa Catarina e Paraná. Analisando os fatos
acerca da construção da estrada de ferro e a maneira como foi imposta, expondo os maus
tratos envolvendo os oficiais do governo para com o povo que morava próximo as terras
desapropriadas.
A guerra do Contestado é ainda hoje um conflito pouco trabalhado no imaginário
brasileiro. Entre 1912 e 1914, em meio as matas de Araucária que permeiam os estados de
Santa Catarina e Paraná desenvolveu-se esse conflito armado que se estima que tenha custado
cerca de vinte mil vidas. Todos os historiadores parecem concordar que as causas do conflito
são diversas e complexas, mas concordam também que um dos pivôs centrais, foi a questão da
disputa agrária entre o governo, latifundiários e posseiros sertanejos.
Outro ponto que chama atenção é o caráter religioso, até messiânico, que alude o
conflito; lideranças religiosas emergiram e espalharam mensagens de resistência muito
semelhantes ao Guerra de Canudos. A construção de uma ferrovia na região catalisou as
tensões locais já citadas e aumentou as tensões ao acrescentar na região milhares de
trabalhadores acompanhados de suas famílias e militares, aumentando da exploração do local.
Com esse panorama formado, buscamos esclarecer as causas do conflito e quais as suas
consequências, não só na época como ainda hoje.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3. METODOLOGIA
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
operações, fica evidente que o que muitos consideram uma epopeia no Sul do país ainda
ocupa pouco espaço no cânone nacional.
5. CONCLUSÃO
Numa visão mais global, é importante compreender a Guerra do Contestado sob a ótica
dos eventos históricos que marcaram o Brasil e o mundo nas primeiras décadas do século XX.
A Primeira Guerra Mundial, que iniciou em 1914, acendeu um estopim no cenário
internacional, gerando mudanças geopolíticas e econômicas significativas. No Brasil, a
Proclamação da República em 1889 trouxe uma série de mudanças estruturais de caráter
social, evidenciando desigualdades e tensionando as relações entre as classes mais e menos
favorecidas da sociedade.
Durante a elaboração da pesquisa, o que se destacou foi a assimetria entre a proporção
do conflito, a força das ideias divulgadas e sua representatividade na historiografia nacional.
O simbolismo assumido durante a revolta também demonstra o tamanho do impacto da
chegada do Capitalismo em uma região rural praticamente isolada. O imenso número de
baixas e a amplitude do território envolvido também mereceram destaque. Nesse enredo, a
região do Contestado tornou-se um palco de resistência às forças do progresso e do
capitalismo, representadas pela expansão das ferrovias e pela crescente demanda por recursos
naturais, como a erva-mate. A reação dos caboclos e posseiros, embora localizada
geograficamente, refletia um fenômeno mais amplo de enfrentamento às mudanças impostas
pela modernização em diversas partes do Brasil. Além disso, a década de 1920 testemunhou a
emergência de movimentos sociais e a busca por novas formas de representação política. O
tenso cenário mundial, caracterizado por pós-guerra e mudanças ideológicas, refletiu nas
batalhas e resistências dos sertanejos do Contestado, que desafiaram não apenas as forças
governamentais, mas também os modelos socioeconômicos da época.
Dessa forma, ao analisarmos a Guerra do Contestado, somos conduzidos a nos
incluirmos nesses eventos históricos mais amplos, entendendo não apenas como um conflito
regional, mas como parte de um cenário complexo de mudanças e desafios que atravessaram
as primeiras décadas do século XX. A complexidade dessas causas e o impacto que ainda hoje
é percebido, inclusive no imaginário popular da região demonstram que a Guerra do
Contestado, embora quase desconhecida em outras regiões do país se faz presente na região,
indicando que há muito material disponível para futuras pesquisas do tema em diferentes
abordagens, como a tradição de José Maria, que não se restringiu ao período da guerra e
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mesmo após a sua morte seus ideais ainda são relevantes. Prova disso é que mesmo após a
guerra e a “pacificação” sertanejos levaram sua luta em Mafra no ano 1921, Concórdia
em1922, Soledade em 1935 e Timbó Grande em 1942. Ainda hoje entre as comunidades
caboclas e quilombolas fala-se no conhecimento popular pregado pelo Monge e suas noções
anticapitalistas e de proteção ecológica.
REFERÊNCIAS
AURAS, Marli. Poder Oligárquico Catarinense: da guerra dos fanáticos à opção pelos
pequenos. Tese (Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
1991.
MACHADO, Paulo Pinheiro. Um estudo sobre as origens sociais e a formação política das
lideranças sertanejas do Contestado, 1912-1916. Campinas, SP: Unicamp, Tese de
Doutorado em História, 2001.
Senado Notícias. Há 100 anos, o fim da sangrenta Guerra do Contestado. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/07/01/ha-100-anos-o-fim-da-sangrenta-
guerra-do-contestado. Acesso em: 23 de julho de 2023.