APS – História Contemporânea: Até a nova ordem mundial
Análise sobre a Guerra Fria em relação à série Stranger Things, e o livro “A ERA DOS EXTREMOS” de Erick Hobsbawm.
O americanismo contra os “malvados”
A guerra fria foi um momento histórico marcado pela polarização do mundo entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), um combate político – ideológico iniciado no fim da década de 1940 até o ano de 1991, mas que nunca gerou conflito armado, entretanto, deixou o mundo em constante tenção pelo medo de uma possível guerra. Stranger Things é uma série que se passa na década de 1980. Exclusivamente na terceira temporada a um plano de fundo com a guerra fria. No contexto histórico da série os Russos são os vilões, reforçando a demonização por parte dos personagens americanos. Com a presença de soviéticos, um dos personagens principais chamado Dustin, possui falas como “Russos Malvados”, por ele ser uma criança mostra como o meio cultural foi alvo desse combate ideológico. A Cultura foi um meio forte para a polarização do anticomunismo, americanismo e capitalismo nos EUA, no cinema com histórias e personagens que influenciavam a ideia de vários inimigos e um sistema perfeito. Na última temporada a produção incluiu uma personagem com o nome Erica e sua frase marcante é “Não se escreve América sem Erica”. O orgulho dos americanos por fazer parte da maior economia do mundo era alimentado pelo governo com a evolução em todos os âmbitos, entretanto a oposição existia. Segundo Erick Hobsbawm em “A Era dos Extremos” o “Anticomunismo era genuína e visceralmente popular num país construído sobre o individualismo e a empresa privada, onde a própria população se definia com termos ideológicos como americanismo”, contextualizando com o orgulho em fazer parte da nação. “Mundo Invertido” existente na série é inexplorado pelos homens, ele é um sinônimo de perigo com potencial mortífero alto para os americanos, que lutam contra esse mal. Na trama, os soviéticos demonstram interesse em explorar esse lugar. O acesso para o mundo paralelo é por via de um portal, que foi fechado e lacrado pelos protagonistas anteriormente. Reunindo diversos cientistas e tecnologia avançada, os russos reabrem o local. Os protagonistas enfrentam os comunistas, destruindo a base secreta na cidade e tornando-se heróis, ações referentes ao americanismo, anticomunismo e corrida armamentista citados por Hobsbawm. Os dois lados buscavam estar à frente, ir a lugares inexploráveis era parte dos interesses, como exemplifica a ida do homem à lua. A corrida armamentista foi um dos aspectos mais fortes na guerra fria, aumentou absurdamente o número de armas no mundo, aliás, segundo Hobsbawm “Era o resultado natural de quarenta anos de competição constante entre grandes estados industriais para armar-se com vistas a uma guerra que podia estourar a qualquer momento”. Nesse período a força nuclear cresceu, países com capacidade de aniquilar a população mundial, consequentemente a tensão ficou maior, portanto, os conflitos eram controlados e sufocados, assim um mal seria evitado. No seriado a história se encerra com a vitória americana, espelhando a realidade. A Guerra Fria acabou em 1991 com o fim da URSS, o que seria mais viável a ser feito, pois os representantes dos EUA deveriam seguir com atitudes esperadas pela população, sem favorecer a união soviética. Segundo Hobsbawm “O fim da Guerra Fria provou não ser o fim de um conflito internacional, mas sim de uma era”. A guerra ideológica ampliou o desenvolvimento no mundo capitalista, principalmente no meio tecnológico, isso foi fundamental para a evolução da economia nos países desenvolvidos, até mesmo com reflexos no terceiro mundo, entretanto, a tensão mundial não fez bem, pois foram décadas no meio desse conflito que poderia explodir a qualquer momento, felizmente a queda da URSS causou fim de uma era amedrontada.