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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU – FECLI


CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

FERNANDO PEREIRA DA SILVA JUNIOR

RESENHA DO DOCUMENTÁRIO “ESCOLARIZANDO O MUNDO: O


ÚLTIMO FARDO DO HOMEM BRANCO”

IGUATU – CEARÁ
2023
“Escolarizando o mundo: o último fardo do homem branco” é um documentário
que aborda a questão da educação e da escolarização em diferentes partes do mundo.
Nesse filme, é abordado as formas que a educação de diferentes países sofre com a
interferência de outros, principalmente ocidentais, mudando a sua forma de educar e
causando a perda de muitos costumes dos povos que ali vivem.
O documentário inicia mostrando a realidade de povos em comunidades rurais na
Índia, trazendo à tona o problema da ocidentalização da educação, ocasionando um êxodo
intendo dos jovens e crianças dessas comunidades, levando-os às cidades e afastando-os
de sua cultura e costumes. A crítica central diz respeito a desvalorização da educação
tradicional daquele local pelo ensino ocidental, o qual impõe uma ideia mais voltada ao
sucesso financeiro como única forma de obter sua subsistência.
O filme segue trazendo diferentes ideias e relatos sobre as mudanças na forma de
ensino do país. Vemos relatos de famílias que se dizem prejudicadas pelo afastamento de
seus filhos e netos, os quais migram às cidades para estudar em escolas. Essas famílias se
mostram preocupadas com essas mudanças, remendo que sua cultura se perca e seu povo
acabe por entrar em extinção.
Do outro lado, vemos a visão dos defensores dessa educação, que acreditam que
a educação ocidental, voltada ao mundo corporativo, industrial e globalizado, é uma
forma de levar “dignidade” àquele povo, os quais consideram de extrema pobreza e
miséria devido a sua forma de viver.
Educadores especialistas contrários a tais ideias, criticam fortemente esses
posicionamentos principalmente pela forma em que ela é imposta às pessoas, instaurando
ideias ocidentais em sua cultura.
Um grande impacto observado é a mudança na forma dos jovens pensarem em
suas vidas. Uma grande parte dos jovens relata a ideia de seguirem a vida fora do país
natal, uma carreira mais voltada às atividades industriais e comerciais. Em contrapartida,
uma outra parte, mais adulta, se sente frustrada e sente saudades de suas comunidades e
familiares.
Um ponto que chamou muito a atenção é o fato do abandono forçado de
praticamente todas as raízes culturais dos jovens pelas instituições de ensino, até mesmo
de suas línguas, sendo obrigados a aprenderem e usarem a língua inglesa dentro dos
limites da escola, sob rico de punição com multa em dinheiro.
Recentemente, reportagens mostraram que está crescendo o grupo de jovens
indianos que se formam em universidades e ficam desempregados por possuir mercado
para absorver esses profissionais. Isso é um reflexo dessa educação forçada, que acaba
contribuindo com vários problemas sociais e ambientais, como a favelização de
comunidades, pobreza extrema, violência, criminalidade, poluição, etc.
Fazendo um paralelo com o nosso país, tivemos, no período de colonização, o
ensino forçado pelos jesuítas aos indígenas de línguas, tradições e religião Europeias, que
resultou na catastrófica extinção de povos inteiros e escravização de nativos. A Europa
desde muito tempo difunde a ideia de ser um modelo de educação e cultua que deve ser
seguido em todo o mundo, desrespeitando todos os povos de outros países.
Dentro do contexto da Etnobiologia, temos uma relação fortemente ligada ao que
se propõe o documentário. Na visão dessa ciência, é preciso conhecer como o ser humano
se relaciona com a natureza, assim como povos antigos se relacionavam com ela,
investigando as diferentes culturas e auxiliando na sua manutenção. O documentário
expõe um problema muito sério e que vem ocorrendo a séculos, destruindo a identidade
cultural de diversos povos e contribuindo com suas extinções.
Uma atitude que deve ser tomada é a promoção da manutenção desses
conhecimentos de povos tradicionais, como os povos das comunidades indianas
mostradas, convergindo com um dos objetivos principais da Etnobiologia. Tais
conhecimentos estão tragicamente ameaçados pela globalização cultural e
ocidentalização do ensino em todo o mundo. Estão “estrangulando” a identidade desses
povos que perpetuam suas comunidades há séculos.
Concluindo, a Etnobiologia tem um papel fundamental na preservação das
tradições desses povos. É preciso a difusão de uma educação mais inclusiva e respeitando
todas as diferentes formas de ensino. O mundo já sofreu muito com a colonização
territorial de séculos passados e é preciso dar um basta nesse movimento de
uniformização dos povos pelos países ocidentais. Cada povo tem sua cultura, seus
costumes, sua forma de viver e liberdade para exercê-los como bem entender.

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