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MÉDICO-CIRÚRGICA
MÉDICO-CIRÚRGICA
COIMBRA
Outubro, 2013
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor José Carlos Amado Martins pela sua incansável ajuda, pelo
incentivo inesgotável e excelente orientação. Um agradecimento muito especial pela
forma sábia e amiga como conduziu a orientação. Sem o seu empenho este
trabalho não teria sido realizado. A minha sincera gratidão.
Aos Srs. Enfermeiros Chefes que tão prontamente autorizaram a realização do estudo.
Aos colegas dos serviços que de forma tão generosa, disponibilizaram o seu precioso
tempo para participaram no estudo.
A todos os meus amigos, sem excepção, pela ajuda e pelo inestimável apoio e alegria
que souberam dar-me quando a desmotivação e o cansaço persistiam. As minhas
palavras não conseguem expressar a minha gratidão.
À minha família…………………………….
Foi neste contexto que surgiu o presente estudo, centrado na temática do cuidar da
Pessoa doente submetida a transfusão de componentes sanguíneos, tendo como
objectivos: analisar a percepção dos enfermeiros sobre os próprios conhecimentos
relativos aos componentes sanguíneos, pré, per e pós transfusão, sobre a aplicação
das recomendações constantes nos flyers e sobre os conhecimentos relativos às
complicações e efeitos adversos da transfusão; conhecer a opinião dos enfermeiros
sobre a importância da implementação de orientações e protocolos relativos aos
cuidados de enfermagem na administração de componentes sanguíneos e sobre a
importância de implementar programas de formação contínua, que permitam melhorar
a qualidade e a segurança transfusional.
It was in this context that the present study appeared, focused on the theme of taking
care of patients subjected to transfusion blood components, with the following
objectives: to analyze the perception of nurses about their knowledge concerning blood
components, pre, peri and post transfusion on implementation of the recommendations
contained in flyers and on the knowledge concerning the complications and adverse
effects of transfusion; to know the nurses' opinion on the importance of the
implementation of guidelines and protocols for nursing care in the administration of
blood components and the importance of implementing continuing education programs
in order to improve the quality and safety of blood transfusion .
Pg.
Quadro 1 – Compatibilidade entre grupos sanguíneos do sistema ABO………….. 23
Quadro 2 – Número de componentes transfundidos por serviço de 01/01/10 a
31/05/11…………………………………………………………………………………… 62
Quadro 3 – Distribuição dos enfermeiros, por serviço………………………………. 69
Quadro 4 – Distribuição da amostra segundo o género…………………………….. 70
Quadro 5 - Distribuição da amostra segundo o grupo etário……………………….. 70
Quadro 6 – Distribuição da amostra de acordo com o tempo de serviço…………. 70
Quadro 7 – Distribuição da amostra segundo a periodicidade com que se
realizam transfusões ……………………………………………………………………. 71
Quadro 8 – Distribuição da amostra de acordo com a obtenção de formação na
área da Medicina Transfusional para Enfermeiros……………………………........... 71
Quadro 9 – Distribuição da amostra de acordo com obtenção de formação na
área da Medicina Transfusional para enfermeiros e a frequência com que
realizam transfusões…………………………………………………………………...... 71
Quadro 10 - Distribuição da amostra de acordo com o nível de importância
atribuído a programas de formação sobre Medicina Transfusional para
enfermeiros……………………………………………………………………….……….. 72
Quadro 11 - Distribuição da amostra de acordo com o nível de importância
atribuído ao desenvolvimento de programas de formação sobre Medicina
Transfusional para enfermeiros e a frequência com que realizam transfusões…... 72
Quadro 12 - Distribuição da amostra quanto ao conhecimento da
Recomendação 18 (2004) do Conselho da Europa………………………………...... 73
Quadro 13 - Distribuição da amostra de acordo com o conhecimento da
Recomendação 18 (2004) e a frequência com que realizam transfusões no
serviço……………………………………………………………………………………... 73
Quadro 14 - Distribuição da amostra de acordo com o próprio nível de
conhecimentos sobre a intervenção do enfermeiro na administração de
componentes sanguíneos………………………………………………………………. 73
Quadro 15 - Distribuição da amostra de acordo com o próprio nível de
conhecimentos sobre a administração de componentes sanguíneos e a
frequência com que transfundem………………………………………………………. 74
Quadro 16 - Distribuição da amostra de acordo o conhecimento dos flyers……... 74
Quadro 17 - Distribuição da amostra de acordo o conhecimento dos flyers e a
frequência com que realizam transfusões…………………………………………….. 74
Quadro 18 - Distribuição da amostra de acordo com o nível de importância
atribuído à informação contida nos flyers……………………………………………… 75
Quadro 19 - Distribuição da amostra de acordo com o nível de importância
atribuído aos flyers e a frequência com que realizam transfusões no serviço…….. 75
Quadro 20 - Distribuição da amostra de acordo com a utilização dos flyers para
o esclarecimento de dúvidas……………………………………………………............ 75
Quadro 21 - Distribuição da amostra de acordo com a utilização dos flyers para
o esclarecimento de dúvidas e a frequência com que realizam transfusões……… 76
Quadro 22 – Distribuição da amostra de acordo com a contribuição dos flyers
para a melhoria dos conhecimentos sobre administração de componentes 76
sanguíneos………………………………………………………………………………...
Quadro 23 – Distribuição da amostra de acordo com a contribuição dos flyers
para a melhoria dos conhecimentos sobre administração de componentes
sanguíneos e a frequência com que realizam transfusões………………………….. 76
Quadro 24 - Distribuição da amostra de acordo com os recursos utilizados para
o esclarecimento de dúvidas relativas ao processo transfusional………………….. 77
Quadro 25 - Distribuição da amostra de acordo com os recursos utilizados para
o esclarecimento de dúvidas relativas ao processo transfusional e a frequência
com que realizam transfusões………………………………………………………….. 77
Quadro 26 - Distribuição da amostra de acordo com o procedimento de
identificação e colheita de sangue para testes pré-transfusionais………………….. 78
Quadro 27 – Distribuição da amostra de acordo com o modo de actuação na
identificação dos tubos de análises para realização de testes pré transfusionais e
o número de transfusões realizado…………………………………………………...... 78
Quadro 28 - Distribuição da amostra de acordo com o modo de actuação relativo
à identificação do doente/componente, antes de iniciarem a transfusão………….. 79
Quadro 29 - Distribuição da amostra de acordo com o modo de actuação na
identificação do doente/componente, antes de iniciarem a transfusão e o número
de transfusões realizadas……………………………………………………………….. 79
Quadro 30 - Distribuição da amostra de acordo com a forma de proceder relativa
à confirmação do tipo e volume do componente sanguíneo prescrito……………... 79
Quadro 31 - Distribuição da amostra de acordo com a confirmação do tipo e
volume do componente sanguíneo prescrito pré transfusão e com o número de
transfusões realizadas………………………………………………………………….... 80
Quadro 32 – Distribuição da amostra de acordo com a avaliação dos parâmetros
vitais pré transfusão………………………………………………………...................... 80
Quadro 33 – Distribuição da amostra de acordo com a avaliação dos parâmetros
vitais pré transfusão e o número de transfusões realizados…………...................... 81
Quadro 34 - Distribuição da amostra relativa aos ensinos pré-transfusão………... 81
Quadro 35 - Distribuição da amostra de acordo com os ensinos ao doente, pré-
transfusão e com o número de transfusões realizadas……………………………… 82
Quadro 36 - Distribuição da amostra relativa à certificação da prescrição de pré
medicação…………………………………………………………………………………. 82
Quadro 37 - Distribuição da amostra de acordo com a certificação da prescrição
de pré medicação e com o número de transfusões realizadas……………………... 83
Quadro 38 - Distribuição da amostra relativa à devolução dos componentes……. 83
Quadro 39 - Distribuição da amostra de acordo com a devolução dos
componentes ao SSMT e o número de transfusões efectuado…………………….. 83
Quadro 40 - Distribuição da amostra de acordo com a utilização do sistema
enviado com os componentes para a sua administração……………………………. 84
Quadro 41 - Distribuição da amostra de acordo com a utilização do sistema
enviado com os componentes para a sua administração e com o número de
transfusões efectuado……………………………………………………………………. 84
Quadro 42 - Distribuição da amostra de acordo com a manutenção da vigilância
do doente………………………………………………………………………………….. 85
Quadro 43 - Distribuição da amostra de acordo com a manutenção da vigilância
do doente e com a frequência com que realizam transfusões……………………… 85
Quadro 44 - Distribuição da amostra de acordo com o nível de informação sobre 85
o tempo recomendado para a administração de cada componente………………...
Quadro 45 - Distribuição da amostra de acordo com o nível de informação sobre
o tempo recomendado para a administração dos componentes e o número de 86
transfusões efectuadas…………………………………………………………………..
Quadro 46 – Distribuição da amostra em relação ao próprio nível de
conhecimentos sobre as condições de conservação dos componentes…………... 86
Quadro 47 - Distribuição da amostra quanto ao próprio nível de conhecimentos
sobre as condições de conservação dos componentes, relativamente à
periodicidade com que realizam transfusões…………………………………………. 87
Quadro 48 - Distribuição da amostra sobre a avaliação dos parâmetros vitais 15
minutos após o início da transfusão e no final da mesma…………………………… 87
Quadro 49 - Distribuição da amostra sobre a avaliação dos parâmetros vitais 15
minutos após o início da transfusão e no final da mesma, relativamente ao
número de transfusões efectuadas…………………………………………………….. 88
Quadro 50 - Distribuição da amostra em relação ao próprio nível de
conhecimentos sobre os diferentes tipos de reacções adversas à transfusão……. 88
Quadro 51 – Distribuição da amostra quanto ao próprio nível de conhecimentos
sobre reacções adversas à transfusão, relativamente ao número de transfusões
realizado…………………………………………………………………………………… 89
Quadro 52 - Distribuição da amostra em relação ao próprio nível de
conhecimentos sobre os sinais e sintomas dos diferentes tipos de reacções
adversas…………………………………………………………………………………… 89
Quadro 53 - Distribuição da amostra em relação ao próprio nível de
conhecimentos sobre os sinais e sintomas dos diferentes tipos de reacções
adversas e o número de transfusões realizadas……………………………………… 90
Quadro 54 - Distribuição da amostra quanto ao próprio nível de conhecimentos
sobre como actuar nos diferentes tipos de reacções transfusionais……………….. 90
Quadro 55 – Distribuição da amostra em relação ao próprio nível de
conhecimentos sobre como actuar nos diferentes tipos de reacções
transfusionais e o número de transfusões realizadas………………………………... 91
Quadro 56 - Distribuição da amostra quanto à forma de actuação perante um
doente com reacção transfusional……………………………………………………… 91
Quadro 57 - Distribuição da amostra quanto à forma de actuação perante um
doente com reacção transfusional, relativamente ao número de transfusões
realizadas………………………………………………………………………………….. 92
SUMÁRIO
Pág.
INTRODUÇÃO ……...………………………………………………………………….. 17
CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ……………… 19
1 – O SANGUE …………………………………………………………………………. 21
1.1 – A DÁDIVA DE SANGUE E A OBTENÇÃO DE COMPONENTES
SANGUÍNEOS PARA TRANSFUSÃO ………………………………………………. 24
1.2 – A TRANSFUSÃO DE COMPONENTES SANGUÍNEOS E A SEGURANÇA
TRANSFUSIONAL …………………………………………………………………...… 27
1.3 – O SISTEMA NACIONAL DE HEMOVIGILÂNCIA ……………………………. 34
1.4 - REACÇÕES TRANSFUSIONAIS ………………………………………………. 38
1.4.1 – Reacções transfusionais agudas, de origem imunológica ………….…….. 38
1.4.2 - Reacções transfusionais agudas, de origem não imunológica ………....... 40
1.4.3 - Reacções transfusionais tardias, de origem imunológica …………………. 41
1.4.4 - Reacções transfusionais tardias, de origem não imunológica ……………. 42
1.5 – CUIDAR COM SEGURANÇA NA TRANSFUSÃO DE COMPONENTES
SANGUÍNEOS…………………………………………………………………………... 44
CAPÍTULO II – ESTUDO EMPÍRICO …..………………………. 57
2 – ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ……………………………………….. 59
2.1 - TIPO DE ESTUDO………………………………………………………………... 59
2.2 - O PROBLEMA, OS OBJECTIVOS E AS QUESTÕES DE
INVESTIGAÇÃO………………………………………………………………………… 60
2.3 - PARTICIPANTES NO ESTUDO………………………………………………… 61
2.4 – PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS DE COLHEITA DE DADOS …………… 63
2.5 - PROCEDIMENTOS FORMAIS E ÉTICOS…………………………………….. 65
CAPÍTULO III – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .. 67
3 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS …………………………………. 69
4 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ……………………………………………… 93
CONCLUSÂO …………………………………………………………………………... 113
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ……………………………………………….. 117
ANEXOS
ANEXO V – Questionário.
ANEXO VII - Autorizações dos Exmo(s). Sr(s). Directores dos Serviço de: Medicina
Intensiva, Hematologia, Cardiologia, Gastroenterologia, Neurologia e Psiquiatria.
17
A escolha de um estudo quantitativo descritivo exploratório teve como objecto de
estudo, “Cuidar com segurança na administração de componentes sanguíneos”, tendo
sido definidos os objectivos:
18
CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
19
20
1 – O SANGUE
O sangue é um órgão especializado que difere dos outros órgãos por existir em estado
líquido. É constituído por elementos celulares e por uma parte líquida, o plasma.
21
As plaquetas, de acordo com os mesmos autores, são pequenas células discóides
cuja produção é estimulada pela hormona trombopoietina. As células progenitoras das
plaquetas são designadas de megacariócitos produzindo, cada uma, cerca de 2000
plaquetas. Não há reservas de plaquetas na medula, pelo que 80% se encontra em
circulação e 20% na polpa vermelha do baço. As plaquetas não têm núcleo e
desempenham um papel fundamental na formação do tampão primário e na cascata
da coagulação.
O primeiro sistema sanguíneo a ser descoberto foi o sistema ABO, em 1900, pelo
cientista austríaco Karl Landsteiner que, ao fazer reagir amostras de sangue de
diversas pessoas, isolou os glóbulos vermelhos. Fez diferentes combinações entre
plasma e hemácias, tendo como resultado a presença de aglutinação dos glóbulos, em
alguns casos e a sua ausência, noutros. Descobriu que alguns tipos de sangue eram
incompatíveis e que a incompatibilidade se devia a uma reacção imunológica entre
substâncias dissolvidas no plasma (anticorpos) e substâncias presentes nos eritrócitos
(antigénios). Descreveu, assim, padrões de reactividade de três tipos de grupos: grupo
A, grupo B e grupo O. Posteriormente, em 1902, Decastello e Sturli identificaram um
22
quarto grupo sanguíneo: o grupo AB. Os antigénios do sistema ABO encontram-se
presentes não só na membrana dos eritrócitos, mas também em muitas outras células
do organismo, assim como na maioria dos seus fluidos. Temos assim características
específicas, que diferenciam cada grupo sanguíneo (Amaro,2005; Duran et al, 2007):
A A anti-B A e AB AeO
B B anti-A B e AB BeO
AB AeB Nenhum AB AB, A, B, O
O H anti-A e anti-B A,B,AB,O O
23
acordo com o estudo do Instituto Português do Sangue, estima-se que 83,45% da
população seja do grupo Rh positivo e 16,55% do grupo Rh negativo (Martins, Franco
e Fernandes, 2005; Duran et al, 2007).
A colheita de sangue total é efectuada para um sistema de sacos estéril que contêm
uma solução anticoagulante, para prevenir a coagulação do sangue e uma solução
conservante que permite a sua conservação durante o armazenamento.
Além da dádiva de sangue total, os componentes sanguíneos podem ser obtidos por
aférese, que consiste na colheita selectiva de um ou mais componentes sanguíneos,
através de separadores celulares automáticos que efectuam a separação dos
componentes por centrifugação, de acordo com a diferença de densidade de cada
componente. O separador efectua a colheita do componente pretendido e reinfunde os
restantes (AABB, 2007).
26
1.2 – A TRANSFUSÃO DE COMPONENTES SANGUÍNEOS E A SEGURANÇA
TRANSFUSIONAL
Por esse facto, como qualquer outra decisão terapêutica, a decisão de transfundir,
deve basear-se numa análise prévia dos riscos, benefícios e alternativas terapêuticas
(AABB, 2007; EU, Optimal Blood Project, 2010).
Pelo facto de o sangue ser um produto biologicamente activo, a transfusão dos seus
componentes não é isenta de riscos, pelo que a segurança transfusional constitui uma
preocupação sistemática das autoridades e serviços de saúde assim como dos
profissionais envolvidos no processo.
Para melhorar a segurança nesta área, têm sido desenvolvidos numerosos esforços.
Ao nível da segurança do sangue, os avanços resultaram da definição de critérios
rigorosos de selecção dos dadores e dos avanços científicos das técnicas laboratoriais
que, actualmente dispõem de elevada capacidade para detectarem agentes
patogénicos potencialmente transmitidos por transfusão, como os recentes testes de
ácidos nucleicos (Fastman e Kaplan, 2011).
29
Sobre a possibilidade de transmissão por transfusão, do prião causador das
encefalopatias espongiformes transmissíveis, nomeadamente a doença de Creutzfeldt-
Jackob e a sua variante, o Instituto Português do Sangue declarou como obrigatória a
leucorredução dos componentes, através da Circular Normativa nº 009/CN-IPS/97 de
10 de Dezembro, e da Circular Normativa Nº 004/CN-IPS/98 de 19 de Março de 1998.
Esta medida contribuiu, significativamente, para o aumento da segurança
transfusional, não só pela prevenção da transmissão das encefalopatias
espongiformes como também por ter permitido uma diminuição drástica das reacções
febris não hemolíticas e da possibilidade de aloimunização por antigénios leucocitários
humanos nos doentes politransfundidos.
30
doente, para realização de testes pré-transfusionais e a administração dos
componentes.
31
resultando em taxas de mortalidade consideráveis, pelo que é uma área de actuação
que carece de melhoria.
32
identificação. Este sistema permite, ainda, identificar todos os intervenientes no
processo e registar a ocorrência de reacções adversas, permitindo obter a
rastreabilidade de todo o processo.
A implementação desta metodologia foi faseada, iniciando-se pelos serviços que mais
transfundiam, como sejam o Serviço de Medicina Intensiva e de Hematologia.
Posteriormente a sua implementação foi alargada a outros serviços encontrando-se,
actualmente, implementada em 16 serviços. Sendo reconhecida a eficácia deste
sistema, para a segurança transfusional, foi cancelado o alargamento da sua
implementação aos restantes serviços, por motivos institucionais.
33
Unido elabora, anualmente, um relatório que contém recomendações e pontos de
aprendizagem que incrementem a segurança no processo transfusional.
34
componente sanguíneo e do seu destino final (Decreto-Lei nº 267/2007, de 24 de
Julho).
Deve ser constituído por um conjunto de elementos essenciais dos quais fazem parte
a liderança (compromisso da gestão com a qualidade); os standards ou especificações
(instruções explícitas do que o produto é ou deve ser ou o processo deve atingir); a
documentação (instruções escritas para cada trabalho e registos que evidenciem que
o trabalho foi feito correctamente); o controlo das alterações dos procedimentos; a
avaliação ou auditorias; a formação dos profissionais e avaliação dos seus
conhecimentos e competências e a melhoria da qualidade, decorrente da
aprendizagem com os erros (EU, Optimal Blood Use Project, 2010).
Estas Comissões devem ser constituídas por médicos das especialidades que, com
maior frequência, prescrevem a administração de transfusões, como hematologistas,
36
anestesistas, cirurgiões e intensivistas e incluir enfermeiros do SSMT e do
departamento de investigação e auditoria.
Nos HUC, esta Comissão foi criada a 30/04/2010 e é constituída por médicos de
diferentes especialidades clínicas (Imunohemoterapia, Anestesia, Cirurgia e
Gastroenterologia), por duas enfermeiras (enfermeira chefe do serviço de Hematologia
e uma enfermeira especialista do serviço de Urgência) e por uma farmacêutica. Até ao
momento definiram e divulgaram as Guidelines para transfusão de Plasma Humano.
37
O Sistema Nacional de Hemovigilância, do qual fazem parte integrante os hospitais, é
coordenado pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação –IP, existindo um
sistema nacional de registo no site www.hemovigilancia.net/. Os serviços onde são
efectuadas transfusões têm a responsabilidade de notificar ao SSMT os eventos ou
reacções adversas graves ocorridas durante ou após a transfusão. Ao SSMT compete
notificar às autoridades competentes a ocorrência dos mesmos.
38
maioria é causada por erros no momento da sua administração, pela não confirmação
da identificação do receptor do componente.
A sintomatologia inicial deste tipo de reacção é a dor torácica e lombar, taquicardia,
dispneia, calafrios, febre, hemorragia e choque. Analiticamente ocorrerão alterações
como hemoglobinémia, hemoglobinúria, aumento da bilirrubina sérica, teste da
antiglobulina humana directo positivo e alterações das provas de coagulação. Em
doentes anestesiados o primeiro sinal pode ser a hipotensão, seguida dos secundários
à instalação de uma coagulação intravascular disseminada. A gravidade deste tipo de
reacção é proporcional ao volume do componente infundido (Ferreira et al, 2007;
AABB, 2007; SETS, 2010).
A reacção febril não hemolítica é a reacção transfusional que ocorre com maior
frequência, afectando cerca de 1 a 2% dos doentes transfundidos. É causada por
substâncias (citocinas) libertadas pelos leucócitos ou pelas plaquetas, durante o seu
período de armazenamento, ou por anticorpos anti-leucocitários presentes no plasma
do receptor. A leucorredução dos componentes veio permitir a diminuição deste tipo
de reacção, em cerca de 50% para a transfusão de EDSA e superior a 90%, para a
transfusão de plaquetas.
Manifesta-se por calafrios e por um aumento da temperatura corporal superior a 1ºC,
durante ou até duas horas após o final da transfusão. Contudo, esta sintomatologia
não é específica deste tipo de reacção, podendo ser o primeiro sinal de uma reacção
transfusional grave, como a contaminação bacteriana e a reacção hemolítica aguda
(Smeltzer, Bare, 2007; SETS, 2010; British Society for Haematology, 2012).
39
As reacções alérgicas moderadas e ligeiras afectam cerca de 1% dos doentes
transfundidos e manifestam-se por urticária, prurido e rubor, com início poucos
minutos depois de iniciada a transfusão. Habitualmente surgem na transfusão de
componentes que contêm maior volume de plasma, como os concentrados de
plaquetas e as unidades de plasma (Amaro, 2005; SETS, 2010).
A lesão pulmonar aguda associada à transfusão (TRALI) caracteriza-se pela
presença de edema pulmonar de causa não cardiogénica, verificando-se edema
pulmonar bilateral sem a presença de insuficiência cardíaca. Não havendo certeza
relativa à patogénese deste tipo de reacção, existe consenso sobre a possibilidade de
ser causada por uma reacção dos anticorpos do dador com os antigénios
correspondentes, presentes nos leucócitos do receptor. Na Europa estima-se que a
incidência deste tipo de reacção seja de 1/8000 transfusões. Contudo, é considerada
um tipo de reacção infra diagnosticada que se caracteriza por calafrios, febre, cianose,
hipotensão e insuficiência respiratória, após a transfusão de um volume do
componente que habitualmente não culmina em hipervolémia (AABB,2007;SETS,
2010).
40
A sobrecarga circulatória pode ocorrer quando os componentes são transfundidos a
um débito superior a 2-4ml/kg/hora, principalmente em doentes idosos, doentes com
anemia crónica ou em doentes com as funções cardíaca ou renal, comprometidas.
Este tipo de reacção é manifestado por dispneia, taquipneia, tosse produtiva, aumento
da pressão venosa central, hipertensão e taquicardia (Amaro, 2005; EU, Optimal Blood
Use Project, 2010).
A hemólise não imune é causada por situações como a hemólise mecânica devida
a válvulas cardíacas ou circulação extracorpórea, a infusão de soluções hipertónicas,
a administração de certos fármacos, o aquecimento excessivo dos eritrócitos, a
contaminação bacteriana da unidade, a exposição das unidades de ESDA a
temperaturas inapropriadas entre outras. Não existem manifestações clínicas
associadas a este tipo de reacção, excepto se tiver origem na contaminação
bacteriana, cuja primeira manifestação é a hemoglobinúria e a presença de
hemoglobinémia, com posterior aumento da bilirrubina sérica (SETS, 2010).
41
produz hemólise dos eritrócitos transfundidos e raramente põe em risco a vida do
doente ou precisa de tratamento. As suas manifestações mais frequentes são a
febrícula, mal-estar geral e ligeira icterícia 3 a 7 dias após a transfusão. É,
habitualmente, diagnosticada, pela diminuição inexplicável dos valores da
hemoglobina, pela positividade do teste da antiglobulina directo e pelo aumento da
bilirrubina (Smeltzer, Bare, 2007; SETS, 2010).
42
1.4.4 - Reacções transfusionais tardias, de origem não imunológica
43
Deste modo, é fundamental que a actuação do enfermeiro, responsável pela
administração da transfusão e vigilância do doente, seja efectuada com base em
conhecimentos sólidos sobre os diferentes tipos de reacções e como intervir em cada
uma delas. A vigilância do doente, nomeadamente nos primeiros 15 minutos após o
início da transfusão é fundamental para que possa ser detectada, precocemente, uma
possível reacção adversa e intervir atempadamente, minimizando a ocorrência de
efeitos adversos graves que podem culminar na morte do doente.
44
capacitados, que garantam a segurança do procedimento e que previnam as possíveis
complicações e reacções transfusionais.
Das etapas da cadeia transfusional onde os enfermeiros têm uma intervenção directa,
exercendo um papel fundamental na segurança transfusional, destacam-se a colheita
de sangue para testes pré-transfusionais, a administração da transfusão e a vigilância
do doente (Torezan e Sousa, 2010).
Quanto à administração da transfusão, nunca deve ser iniciada sem que que seja
efectuada a prévia identificação do doente. A identificação incorrecta do doente é uma
causa importante de danos evitáveis, pelo que deve ser efectuada com base em
normas definidas e com o apoio de sistemas como o uso de pulseiras de identificação
e os sistemas electrónicos de registo de administração dos componentes, colocados à
cabeceira. A identificação positiva do doente deve focar aspectos como o nome, a
data de nascimento, o género e o número do processo, o número do sistema Nacional
de Saúde ou da Segurança Social.
46
As reacções transfusionais podem ser evitadas ou reduzidas pela adopção
de medidas de segurança antes e durante a transfusão.
47
Como anteriormente foi referido, a maioria dos eventos adversos associados à
transfusão têm origem no erro humano e, embora eliminar totalmente a possibilidade
de erro humano não seja possível, reduzir as oportunidades para que ocorram é um
objectivo alcançável. Por esse facto, é fundamental que todos os profissionais
envolvidos neste processo tenham conhecimentos e competências sólidos e
actualizados, nesta área de actuação. Assim sendo, ter procedimentos escritos,
adequados e disponíveis, que transmitam às equipas instruções adequadas e
consistentes sobre como proceder na transfusão de componentes sanguíneos, são
elementos fundamentais para o incremento da segurança transfusional (Ferreira et al,
2007).
48
empírica o que, de acordo com os Padrões de Qualidade dos Cuidados de
Enfermagem (2012) constitui uma base estrutural importante para a melhoria contínua
da qualidade do exercício profissional dos enfermeiros.
Sendo a Medicina Transfusional uma área onde os avanços técnicos e científicos são
permanentes, em 2008, 2010 e 2011, foram efectuadas revisões/actualizações dos
flyers, com a colaboração da médica responsável pelo sector transfusional. As duas
últimas revisões foram efectuadas com base nos requisitos definidos na legislação em
vigor, no relatório da Conferência de Consenso: Uso de Sangue e Derivados do
Hospital Geral de Santo António (2001), no Guia sobre Transfusão de Componentes
Sanguíneos e Derivados Plasmáticos, publicado pela Sociedade Espanhola de
Transfusão Sanguínea e Terapia Celular (2010) e no Manual para Uso Óptimo do
Sangue publicado, em 2010, pelo Conselho da Europa.
Um dos flyers efectuado foi relativo aos princípios gerais de actuação do enfermeiro no
cuidar de um doente submetido a transfusão sanguínea onde foram definidas as
normas de boas práticas, relativas à colheita de amostras de sangue para testes pré
transfusionais, os cuidados gerais pré, per e pós transfusão e ainda os cuidados de
enfermagem e caso de ocorrência de uma reacção transfusional (Anexo I):
Providenciar o acesso venoso, que deve permitir um bom débito. Se for necessário
cateterizar uma veia periférica utilizar, sempre que possível, um cateter 18 G.
50
Informar o doente que deverá comunicar de imediato ao Enfermeiro o aparecimento
de sinais e sintomas, como: calafrios; tremores; cefaleias; mal-estar; vómitos, rubor,
prurido, pápulas, dispneia e lombalgias.
Durante a transfusão:
Utilizar um sistema próprio com filtro de 200 para transfundir o componente. Este
permite a perfusão adequada do componente e a remoção de células agregadas,
microrganismos e coágulos.
Sempre que possível, não utilizar sacos de pressão para aumentar o débito da
transfusão, uma vez que pressões elevadas danificam as células sanguíneas. Em
caso de extrema necessidade não ultrapassar os 200 mmHg de pressão.
Após a transfusão:
51
Registar, no processo único do doente, a hora a que terminou a transfusão e a
ocorrência de qualquer incidente associado à administração dos componentes
sanguíneos.
Manter o doente sob vigilância durante cerca de uma hora de modo a despistar
precocemente, possíveis reacções tardias.
Monitorizar o doente.
Utilizar um sistema próprio com filtro de 200 para transfundir o componente. Este
permite a perfusão adequada dos eritrócitos e a remoção de células agregadas,
microrganismos e coágulos. Cada sistema permite a transfusão de duas unidades.
52
Aumentar o ritmo de perfusão para 30 a 60 gotas por minuto, ou adequá-lo à
situação clínica do doente, mediante prescrição médica.
Sempre que possível não utilizar sacos de pressão para aumentar o débito da
transfusão, uma vez que pressões elevadas danificam as células sanguíneas. Em
caso de necessidade não ultrapassar os 200 mmHg de pressão.
Transfusão de Plasma:
No momento da recepção das unidades de plasma, confirmar os dados de
identificação do doente e a prescrição clínica e validar a sua recepção no pedido de
transfusão.
Iniciar a transfusão logo que as unidades cheguem ao serviço requisitante, de modo
a garantir um aporte adequado dos factores lábeis da coagulação.
Se não for possível iniciar a transfusão, de imediato, devolver as unidades ao
SSMT.
53
As unidades de plasma devem ser administradas através de um sistema com filtro
de 200 .
A transfusão de plasma deve iniciar-se a um ritmo de 10 gotas/minuto, vigiando o
aparecimento de efeitos adversos. Posteriormente ajustar o ritmo de perfusão à
situação clínica do doente.
Num adulto sem disfunção cardiovascular uma unidade de plasma deve ser
transfundida durante 20 a 30 minutos, a um ritmo de 125 a 175 gotas por minuto.
A transfusão de uma unidade de plasma nunca deve ultrapassar as 2 horas, de
modo a preservar os factores de coagulação.
Administração deve ser registada no “Quadro D” na “Via Serviço” e posteriormente
arquivada no processo clínico do doente.
Caso ocorra alguma reacção transfusional: suspender a transfusão, manter a via
permeável com soro fisiológico e contactar o Médico/Enfermeiro do SSMT (Extensão:
12525/12526).
54
Apesar da elaboração e divulgação dos flyers, os enfermeiros do SSMT continuam a
ser confrontados com pedidos de esclarecimentos de dúvidas, por parte dos
enfermeiros dos serviços que solicitam a transfusão, nomeadamente relativas à
conservação e cuidados na administração dos diferentes componentes.
A ocorrência de erros
Hemovigilância
55
Este curso teve o carácter de participação obrigatória, por parte dos formandos, tendo
frequentado a formação 122 enfermeiros.
56
CAPÍTULO II – ESTUDO EMPÍRICO
57
58
2 – ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO
59
2.2 - O PROBLEMA, OS OBJECTIVOS E AS QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO
Para que toda a informação obtida não se amontoe de uma forma difusa e irrelevante
é necessário a delimitação progressiva do foco do estudo e a formulação de questões
analíticas (Bogdan e Biklen, 1994).
Assim sendo, foi efectuada uma pesquisa sobre o número de transfusões efectuadas
por serviço, no período compreendido entre 01/01/10 e 31/05/11, utilizando a
61
aplicação informática “Sistema Integrado de Bancos de Sangue”, utilizada no serviço.
A pesquisa foi relativa aos diversos componentes transfundidos, nesse período,
nomeadamente: eritrócitos desleucocitados em solução aditiva (EDSA), pool de
plaquetas desleucocitadas (PPD), plaquetas de aférese desleucocitadas (PAD) e
plasma humano inactivado (PHI).
A investigação pode incidir sobre uma variedade de fenómenos pelo que, de acordo
com Fortin (2009), requer o acesso a diversos métodos de colheita de dados, sendo a
natureza do problema de investigação e a metodologia seleccionada que determinam
o tipo de método de colheita de dados a utilizar.
63
Quanto às desvantagens, temos as fracas taxas de resposta e as elevadas taxas de
dados em falta.
64
desenvolvimento de programas de formação contínua, relativos à Medicina
Transfusional, para Enfermeiros; sobre se tem conhecimento da Recomendação 18
(2004) do Conselho da Europa relativa à Formação dos Enfermeiros na área da
Medicina Transfusional) que determina que todos os enfermeiros devem receber treino
na administração de componentes sanguíneos; sobre como considera o seu próprio
nível de conhecimentos relativo à intervenção do Enfermeiro na administração de
componentes sanguíneos; sobre se tem conhecimento dos flyers (folhetos
informativos) relativos aos cuidados de enfermagem na administração de
componentes sanguíneos, elaborados por profissionais do Serviço de Sangue e
Medicina Transfusional e disponibilizados a todos os Senhores Enfermeiros Chefes
dos serviços, para divulgação na sua equipa de trabalho; sobre se Já utilizou a
informação contida nos flyers para esclarecer dúvidas relativas à administração dos
componentes sanguíneos e sobre se considera que a informação contida nos flyers
contribuiu para melhorar o seu nível de conhecimentos relativos à intervenção do
enfermeiro na administração de componentes sanguíneos.
Assim, a 14 de Junho de 2011, foi solicitada autorização, por escrito, ao Exmo. Sr.
Director do Serviço de Sangue e Medicina Transfusional dos Hospitais da
Universidade de Coimbra para a realização do estudo, tendo sido concedida a 15 de
Junho de 2011 (Anexo VI).
66
CAPÍTULO III - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
67
68
3 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
A categoria profissional foi excluída da apresentação dos resultados por ter havido
enfermeiros que responderam com base no diploma que anteriormente definia as
categorias profissionais da Carreira de Enfermagem e outros que responderam com
base no actual Decreto-Lei n.º 247/2009 de 22 de Setembro, que define o Regime
Legal da Carreira de Enfermagem.
69
Quadro 4 – Distribuição da amostra segundo o género.
Género N %
Masculino 14 12,7
Feminino 96 87,3
Total 110 100
Grupo etário N %
<30 31 28,2
30-35 34 30,9
35-40 20 18,2
40-45 13 11,8
45-50 8 7,3
50-55 2 1,8
>55 2 1,8
Total 110 100
Tempo de serviço N %
<5 10 9,1
5 -10 45 40,9
10 -15 20 18,2
15 - 20 25 22,7
20 - 25 7 6,4
> 25 3 2,7
Total 110 100
Sobre a periodicidade com que realizam transfusões nos serviços, a maioria dos
enfermeiros referiram efectuar transfusões diariamente (45,5%) ou semanalmente
(21,8%).
70
Quadro 7 - Distribuição da amostra segundo a periodicidade com que se realizam
transfusões.
Formação específica N %
Sim 70 63,6
Não 38 34,5
Não respondeu 2 1,8
Total 110 100,0
71
Sobre a importância do desenvolvimento de programas de formação contínua, sobre
Medicina Transfusional para enfermeiros, a maioria dos inquiridos referiu considerar
totalmente (45,5%) e muito importante (44,5%) a sua realização.
Nível de importância N %
Nada importante 0 0
Pouco importante 2 1,8
Importante 9 8,2
Muito importante 49 44,5
Totalmente importante 50 45,5
Total 110 100
Foram os enfermeiros dos serviços onde são realizadas transfusões, com maior
frequência que atribuíram maior nível de importância (55%) a esta questão.
N % N % N % N % N %
> Nº transf. 0 0 0 0 2 6,9 25 41,6 33 55 60
(SMI/Hemat.)
Nº médio transf. 0 0 2 6,9 5 17,2 14 48,3 8 27,6 29
(Gastro/Card.)
< Nº transf. 0 0 0 0 2 9,9 10 47,6 9 42,8 21
(Neur./Psiq.)
Total 0 0 2 1,8 9 8,2 49 44,5 50 45,5 110
72
Quadro 12 - Distribuição da amostra quanto ao conhecimento da Recomendação 18
(2004) do Conselho da Europa.
Foi nos serviços onde se realizam transfusões com maior frequência que os
enfermeiros mais referiram ter conhecimento desta Recomendação (48,3%).
Nível de conhecimentos N %
Nada adequado 1 0,9
Pouco adequado 5 4,5
Adequado 54 49,1
Muito adequado 40 36,4
Totalmente adequado 10 9,1
Total 110 100
Foram os enfermeiros dos serviços que mais transfundem que referiram deter um
maior nível de conhecimentos (13,4%) nesta área.
73
Quadro 15 - Distribuição da amostra de acordo com o próprio nível de conhecimentos
sobre a administração de componentes sanguíneos e a frequência com que
transfundem.
74
Questionados sobre se consideram importante, para a segurança transfusional, a
informação contida nos flyers, a maioria dos enfermeiros considera muito (50,7%) e
totalmente importante (33,3%).
Nível de importância N %
Nada importante 0 0
Pouco importante 0 0
Importante 12 16
Muito importante 38 50,7
Totalmente importante 25 33,3
Total 75 100
Foram os enfermeiros dos serviços que menos transfundem que atribuíram maior
importância (totalmente importante para 41,7% dos inquiridos) à informação contida
nos flyers.
75
Foram os enfermeiros dos serviços onde é realizado o maior número de transfusões
que mais utilizaram a informação contida nos flyers (87,8%).
A totalidade dos enfermeiros dos serviços que menos transfundem considerou que a
informação dos flyers contribuiu para melhorar o nível de conhecimentos relativos à
administração de componentes sanguíneos.
76
Questionados sobre onde recorrem quando têm dúvidas relativas à administração de
componentes sanguíneos, a maioria dos enfermeiros (39,1%) referiu que recorria aos
enfermeiros do SSMT. O segundo grupo mais representativo (27,3%) referiu recorrer
aos enfermeiros do SSMT e aos enfermeiros do próprio serviço, seguindo-se o grupo
dos que consideram recorrer apenas aos enfermeiros do próprio serviço (19,1%).
Esclarecimento de dúvidas N %
Enfermeiro do próprio serviço 21 19,1
Enfermeiro do SSMT 43 39,1
Flyers 2 1,8
Enfermeiro do SSMT e enfermeiro do serviço 30 27,3
Enfermeiros do serviço e aos flyers 2 1,8
Enfermeiros do SSMT e aos flyers 1 0,9
Enfermeiros do SSMT, enfermeiros do serviço e flyers 9 8,2
Outros 2 1,8
Total 110 100,0
Foram os enfermeiros dos serviços que transfundem com maior frequência que mais
recorrem aos enfermeiros do SSMT (41,9%) para o esclarecimento de dúvidas
relativas ao processo transfusional.
77
Relativamente à colheita de sangue para realização de testes pré transfusionais,
questionados sobre se identificam os tubos junto do doente, depois de confirmarem a
sua identificação (identificação positiva) e imediatamente antes de fazerem a colheita,
a maioria dos enfermeiros (69) referiu que actuava sempre ou quase sempre (25,5%)
desta forma.
Identificação dos N %
tubos de análise
Sempre 69 62,7
Quase sempre 28 25,5
Por vezes 9 8,2
Raramente 2 1,8
Nunca 2 1,8
Total 110 100
A maioria dos enfermeiros que actuam sempre (66,7%) deste modo, na colheita de
sangue para realização dos testes pré-transfusionais pertence aos serviços onde é
realizado o maior número de transfusões.
Identificação do doente N %
Sempre 91 82,7
Quase sempre 14 12,7
Por vezes 2 1,8
Raramente 2 1,8
Nunca 1 0,9
Total 110 100
A maioria dos enfermeiros que actua sempre (52) deste modo, na identificação do
doente, antes de iniciar a transfusão, pertence aos serviços onde é realizado o maior
número de transfusões.
79
A maioria dos enfermeiros que antes de iniciar a transfusão verifica se o tipo e o
volume do componentes a administrar estão de acordo com a prescrição, pertence aos
serviços onde é realizado o maior número de transfusões (80%).
É nos serviços onde se realiza um número médio de transfusões que a totalidade dos
enfermeiros efectua sempre a avaliação dos parâmetros vitais, antes de iniciarem a
transfusão.
80
Quadro 33 – Distribuição da amostra de acordo com a avaliação dos parâmetros vitais
pré transfusão e o número de transfusões realizados.
81
Quadro 35 - Distribuição da amostra de acordo com os ensinos ao doente, pré-
transfusão e com o número de transfusões realizadas.
82
Quadro 37 - Distribuição da amostra de acordo com a certificação da prescrição de
pré medicação e com o número de transfusões realizadas.
83
Sobre se administram os componentes sanguíneos através do sistema com filtro
enviado pelo SSMT que acompanha cada componente, a grande maioria dos
enfermeiros (96,4%) referiu que administram sempre com o respectivo sistema.
84
Quadro 42 - Distribuição da amostra de acordo com a manutenção da vigilância do
doente.
Vigilância do doente N %
Sempre 83 75,5
Quase sempre 21 19,1
Por vezes 4 3,6
Raramente 2 1,8
Nunca 0 0
Total 110 100,0
São os enfermeiros dos serviços que mais transfundem que consideram ter maior
nível de informação sobre as condições de conservação dos diferentes componentes
sanguíneos (8,33% totalmente informado e 48,3% bem informado).
86
Quadro 47 - Distribuição da amostra quanto ao próprio nível de conhecimentos sobre
as condições de conservação dos componentes, relativamente à periodicidade com
que realizam transfusões.
87
Quadro 49 - Distribuição da amostra sobre a avaliação dos parâmetros vitais 15
minutos após o início da transfusão e no final da mesma, relativamente ao número de
transfusões efectuadas.
São os enfermeiros dos serviços que mais transfundem que consideram ter melhor
nível de conhecimentos (13,4% totalmente adequado e 43,3%, muito adequado)
acerca dos diferentes tipos de reacções adversas à transfusão.
88
Quadro 51 – Distribuição da amostra quanto ao próprio nível de conhecimentos sobre
reacções adversas à transfusão, relativamente ao número de transfusões realizado.
São os enfermeiros dos serviços que mais transfundem que consideram ter melhor
nível de conhecimentos (8,3% totalmente adequado e 40% muito adequado) sobre os
sinais e sintomas que caracterizam cada tipo de reacção transfusional.
89
Quadro 53 - Distribuição da amostra em relação ao próprio nível de conhecimentos
sobre os sinais e sintomas dos diferentes tipos de reacções adversas e o número de
transfusões realizadas.
São os enfermeiros dos serviços onde é realizado o maior número de transfusões que
consideram deter maior nível de conhecimentos sobre como actuar em caso de
ocorrerem reacções transfusionais (43,4% considera muito adequado e 13,4%
totalmente adequado).
90
Quadro 55 – Distribuição da amostra em relação ao próprio nível de conhecimentos
sobre como actuar nos diferentes tipos de reacções transfusionais e o número de
transfusões realizadas.
São os enfermeiros dos serviços que menos transfundem que com maior frequência
actuam sempre desta forma (85,7%), perante um doente com suspeita de reacção
transfusional.
91
Quadro 57 - Distribuição da amostra quanto à forma de actuação perante um doente
com reacção transfusional, relativamente ao número de transfusões realizadas.
92
4 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo destina-se à discussão detalhada dos resultados obtidos tendo por base
o referencial teórico que sustentou a concepção do estudo. Pretende-se evidenciar os
aspectos mais significativos, face aos objectivos propostos e às questões de
investigações formuladas. Contudo, não podemos deixar de considerar algumas
limitações do estudo, como sejam, o tipo de amostra. Não sendo possível abordar
todos os elementos da população e sendo o estudo de natureza exploratória, optámos
por um tipo de amostragem não probabilístico, conscientes de que não poderíamos
inferir os resultados para a população em geral.
Outra das limitações do estudo foi o facto de, na aplicação informática utilizada no
serviço (Sistema Integrado de Bancos de Sangue, da Glintt) apenas ser efectuado o
registo do serviço que solicitou a transfusão e não do local onde foi administrada. Por
esse facto, foram excluídos do estudo os serviços cirúrgicos, condicionando a
selecção dos serviços para o presente estudo.
São profissionais jovens, sendo o grupo etário mais representativo o dos enfermeiros
cuja idade se situava entre os [30-35[ anos (30,9%) seguindo-se o grupo dos
enfermeiros com idade inferior a 30 anos (28,2%).
93
Estas diferenças podem estar relacionadas com a realidade dos próprios serviços
onde foram colhidos os dados, assim como com a maior ou menor disponibilidade
para responder aos questionários nos diferentes grupos etários.
Também neste item, os resultados são coincidentes com os dados do Balanço Social
do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (2012) onde a maioria dos
enfermeiros tinha entre 5 e 9 anos de serviço (573), seguindo-se os enfermeiros cujo
tempo de serviço se situava entre os 25 e os 29 anos de serviço (543) e entre os 20 e
os 24 anos (525).
Este é um número também explicado pelo facto de mais de metade dos enfermeiros
que responderam ao questionário desempenharem funções num dos dois serviços do
hospital que mais transfundem.
Num outro estudo elaborado por Silva et al (2008), com o objectivo de aferir sobre o
conhecimento dos profissionais de enfermagem de unidades de terapia intensiva
sobre o processo transfusional concluiu que, para 51,9% dos inquiridos, a frequência
com que realizaram transfusões foi de 15 transfusões, num mês.
94
hospitais das ilhas Baleares, onde concluíram que a maioria dos enfermeiros (65,29%)
realizava transfusões uma vez por mês, ou menos.
Um outro estudo realizado por Hijji, Oweis e Dabbour (2012), com o objectivo de
investigar os níveis de conhecimento dos enfermeiros hospitalares sobre a transfusão
de sangue, revelou que nos seis meses que antecederam o estudo, a maioria dos
enfermeiros (89%) procedeu à administração de componentes sanguíneos com uma
frequência que oscilou de 1 a 4 vezes a mais de 12 vezes.
Para além das características da nossa amostra, atrás referidas, podem ser elementos
relevantes, as diferenças entre o tipo de hospital ou as unidades de internamento onde
foram colhidos os dados nos diferentes estudos.
95
ainda, que a formação adequada dos enfermeiros é um factor determinante para
garantir a segurança, eficácia e qualidade da transfusão.
96
tiveram formação teórica e prática sobre esta medida terapêutica e frequentaram
cursos de aperfeiçoamento. A mesma percentagem considerou-se informada sobre o
processo transfusional.
Contrariamente, no estudo de Hijji, Oweis e Dabbour (2012), a maioria (92,4%) dos
enfermeiros referiu que nunca tinham frequentado nenhuma formação específica em
transfusão de sangue e em que apenas 33% dos inquiridos revelou a percepção da
necessidade de formação nesta área de actuação.
Ainda neste âmbito, o estudo realizado por Jimenez-Marco (2011) revelou que 97,52%
dos enfermeiros referiram que necessitavam de mais formação e prática sobre
transfusão sanguínea. Quanto aos conhecimentos nesta área, 49,31% dos
participantes consideraram que eram bons, mas 49,59% consideraram-nos
deficitários.
Como já referido, este projecto decorreu durante o mês de Junho de 2011, tendo sido
formados 122 enfermeiros. Os enfermeiros que frequentaram a formação ficaram com
a responsabilidade de replicarem, até Novembro do mesmo ano, a formação aos
restantes elementos das suas equipas.
Contudo, não deixa de ser preocupante o facto de, sendo o sangue um produto
biologicamente activo, com potencial para causar danos, ainda haver uma
percentagem significativa (34,5%) de enfermeiros que procedem à sua administração
sem nunca terem frequentado formação específica sobre esta área de actuação.
97
Podemos concluir que, no geral, os enfermeiros revelaram falta de informação sobre
as Directivas dos Estados Membros da União Europeia relativas à terapêutica
transfusional, definidas com o objectivo das suas práticas serem exercidas com base
em conhecimentos sólidos que permitam potencializar a segurança transfusional.
Também a maioria dos enfermeiros considerou que a informação dos flyers é muito
(50,7%) e totalmente importante (33,3%) para a segurança transfusional e foram os
enfermeiros dos serviços que menos transfundem que atribuíram maior nível de
importância a essa informação (41,7%).
A quase totalidade dos enfermeiros (96%) considerou que os flyers contribuíram para
melhorar o nível de conhecimentos relativos à administração de componentes
sanguíneos e foi nos serviços que menos transfundem que isso foi referido pela
totalidade dos participantes.
Pelos resultados obtidos parece-nos poder concluir que esta estratégia de formação
se revelou muito positiva para a maioria dos enfermeiros, uma vez que permitiu
melhorar o nível de conhecimentos sobre a transfusão de componentes sanguíneos.
99
pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação. Nas duas inspecções foram
realizadas visitas a serviços, com o objectivo de verificarem o modo de actuação no
processo transfusional. Entre outras questões, foi perguntado aos enfermeiros se
tinham conhecimento dos flyers, havendo evidência desse facto e de que os mesmos
se encontravam disponíveis para consulta.
Por esse facto, foi integrado, no Plano de Formação em Serviço, do SSMT, o curso “A
Pessoa doente submetida a transfusão de componentes sanguíneos”, de presença
obrigatória para todos os enfermeiros da equipa, com o objectivo de consolidar
conhecimentos e competências e de uniformizar procedimentos, nesta área tão
específica do cuidar.
Sobre esta questão, além de se encontrar descrito nos flyers, o modo de proceder à
identificação do doente e dos respectivos tubos de análise, foram, também definidos e
100
publicados, no Boletim de Direcção n.º 75 de 22 de Dezembro dos HUC-EPE (2009),
os requisitos que deverão ser cumpridos na identificação das amostras de sangue
para realização de testes pré transfusionais e que são relativos ao local de
identificação dos mesmos, que deve ser efectuada junto do doente, à identificação do
doente, à data da colheita e à identificação do enfermeiro que efectuou a colheita,
através do registo do número mecanográfico nos tubos.
Ainda sobre esta questão, o British Committee for Standards in Haematology (2012),
recomenda a impressão de etiquetas de identificação do doente, de modo minimizar a
ocorrência de erro humano, nesta fase do processo. Considera, também, que é
imperativo a identificação positiva do doente, em cada fase do processo transfusional
e que esta deve ser efectuada questionando o doente sobre o seu nome e data de
nascimento. Em doentes incapazes de se identificar, como crianças e doentes
confusos ou inconscientes, a confirmação da sua identificação deve ser efectuada com
um familiar ou pessoa de referência e com os dados da pulseira de identificação (caso
exista) e do processo único.
Neste âmbito, o estudo elaborado por Hijji et al.,em 2010, com o objectivo de conhecer
as práticas de enfermagem na transfusão de sangue, revelou que os resultados
obtidos sobre as práticas de enfermagem foram baixos e que, dos défices
encontrados, a maioria ocorreu na identificação do doente.
Num outro estudo realizado por Hijji, Oweis e Dabbour (2012), com o objectivo de
investigar os níveis de conhecimento dos enfermeiros hospitalares sobre a transfusão
de sangue, a maioria dos enfermeiros demonstrou não ter a percepção da importância
do correcto procedimento na colheita de amostras para testes pré-transfusionais.
Contudo, não podemos relevar o facto de haver enfermeiros que não cumprem
sempre estes requisitos, fundamentais para a segurança transfusional. A não
identificação dos tubos de análise, à cabeceira, potencializa a ocorrência de erros
101
evitáveis, na cadeia transfusional e a ocorrência de reacções adversas graves, como a
reacção hemolítica por incompatibilidade ABO.
Já o estudo elaborado por Hijji et al.,em 2010, revelou que os resultados obtidos,
sobre as práticas de enfermagem foram baixos e que, dos défices encontrados, a
maioria ocorreu na identificação do doente, no registo dos sinais vitais e nos métodos
utilizados para o aquecimento do sangue.
Num outro estudo realizado por Jimenez-Marco (2011) 52,62% dos enfermeiros
afirmaram que a identificação do doente, à cabeceira, era sempre verificada por dois
profissionais enquanto para 21,76% dos inquiridos, este requisito era sempre
efectuado por uma enfermeira. Surpreendentemente, esta prática (verificação por uma
ou duas pessoas) era extremamente variável dentro do mesmo hospital.
Num outro estudo, elaborado por Torezan e Souza (2009), os resultados revelaram
que, quanto aos ensinos ao doente pré-transfusão, relativos às reacções
transfusionais, a maioria dos inquiridos (43%) referiu que apenas o efectuam, às
vezes.
Verificamos, assim, que sendo os ensinos ao doente, sobre os sinais e sintomas das
reacções transfusionais, uma intervenção de enfermagem imprescindível para o seu
diagnóstico precoce, ainda é uma intervenção desvalorizada por alguns profissionais.
Este resultado pode ser justificado pelo facto do maior número de transfusões ser
realizado no serviço de Hematologia, como referenciado no Quadro 2, onde a maioria
dos doentes se encontram imunodeprimidos, necessitando desta medida terapêutica
para prevenir a ocorrência de reacções adversas.
Apesar de ser efectuada uma rigorosa gestão de stocks dos componentes, pelo
médico de serviço, o número de unidades colhidas é inferior ao número de transfusões
solicitadas. Por esse facto o serviço recorre, frequentemente, ao Instituto Português do
Sangue e da transplantação para manter os stocks, em níveis de segurança, de modo
a não comprometer as necessidades dos doentes, nesta medida terapêutica.
Por outro lado, é fundamental que o enfermeiro cumpra as orientações definidas nos
flyers, relativas ao momento da administração dos componentes sanguíneos e à sua
devolução, caso não possam ser administrados, garantindo, assim, a transfusão de
componentes de qualidade, evitando a inutilização dos mesmos.
105
Quadro 58 - Tabela de preços das unidades terapêuticas de sangue a cobrar pelo
IPS.
Resultados opostos foram obtidos no estudo de Hijji, Oweis e Dabbour (2012), onde
64% dos enfermeiros utilizaram um sistema incorrecto, para administração dos
componentes, havendo mesmo 10% dos inquiridos que afirmaram não terem
conhecimentos sobre este item.
106
Sobre esta questão, a maioria dos enfermeiros referiu manter sempre (75,5%) ou
quase sempre (19,1%) os doentes sob vigilância. Foram os enfermeiros dos serviços
onde é realizado um número médio de transfusões que com maior frequência realizam
este procedimento (82,8%). Contrariamente são os enfermeiros dos serviços que mais
transfundem que o efectuam com menor frequência (sempre:70%; quase sempre:
23,3%). Estes resultados podem, também, ser justificados pelo facto de no serviço de
Medicina Intensiva os doentes apresentarem monitorização contínua dos parâmetros
vitais.
A maioria dos enfermeiros referiu que avalia sempre (51,8%) e quase sempre (26,4%),
os parâmetros vitais, nos momentos recomendados. Nesta questão foram os
enfermeiros dos serviços onde se realiza um número intermédio de transfusões que
referiram efectuar este procedimento com maior frequência (86,2%). Contrariamente,
os enfermeiros dos serviços que mais transfundem formam os que menos referiram
executar este procedimento (28,3%) o que talvez possa ser justificado pelo facto de,
nomeadamente no SMI, os doentes se encontrarem monitorizados.
107
nomeadamente relativos ao tempo máximo de perfusão, a grande maioria respostas
(88,9%) foram adequadas.
108
confirmando-se a temperatura a que os componentes estiverem sujeitos desde que
saíram do SSMT até à sua devolução, caso não sejam administrados. Dado o número
insuficiente de dispositivos disponíveis (5), são utilizados no envio de componentes
para serviços fora do edifício central do hospital, nomeadamente para o bloco
operatório dos serviços periféricos. Estes componentes são, com alguma frequência,
devolvidos ao SSMT e, atendendo a que são serviços distantes do edifício central do
hospital, o que dificulta a sua devolução imediata, é fundamental que se efectue um
controlo rigoroso da sua temperatura o que, entre outros critérios, determinará a sua
devolução, ou não, aos stocks.
109
Ainda no âmbito das reacções transfusionais foi colocada uma questão relativa ao
próprio nível de conhecimentos sobre como actuar nos diferentes tipos de reacções
transfusionais. A maioria dos inquiridos consideraram que o seu nível de
conhecimentos era adequado (50,9%) e muito adequado (36,4%). Também nesta
questão foram os enfermeiros dos serviços que mais transfundem que referiram maior
nível de conhecimentos (totalmente adequado: 13,4%; muito adequado: 43,4%).
Sobre esta questão, além da informação disponível nos flyers, foi publicado no Boletim
de Direcção, dos HUC-EPE, Nº 75, de 22 de Dezembro (2009), os procedimentos de
enfermagem a adoptar perante o aparecimento de sinais ou sintomas sugestivos de
reacção transfusional. Esta informação encontra-se, ainda reforçada, no documento de
registo de administração dos componentes sanguíneos, que acompanha cada
componente o qual, além de referenciar os principais sinais e sintomas de reacções
transfusionais, define como actuar, na sua presença.
Claro que devemos levar em conta que o que avaliámos foi a percepção do próprio
conhecimento e não o conhecimento propriamente dito, sabendo nós que pode haver
aqui uma distância a considerar.
110
Por último, a questão sobre se em caso de reacção transfusional suspendem a
transfusão, mantém o acesso venoso com soro fisiológico, se confirmam a
identificação do doente/unidade e se comunicam a ocorrência ao médico/enfermeiro
do SSMT, a maioria dos enfermeiros referiu actuar sempre (74,5%) deste modo.
Foram os enfermeiros dos serviços que menos transfundem que mais referiram ter
sempre (85,7%) esta forma de actuação.
Assim sendo, não deixa de ser preocupante ainda haver enfermeiros que só actuam,
de cordo com as recomendações, por vezes (4,5%) ou mesmo raramente (5,5%).
111
112
CONCLUSÃO
Apesar dos avanços científicos, que conferem um elevado nível de segurança a todo o
processo, a possibilidade de ocorrência de erros humanos subsiste, nomeadamente
em procedimentos simples, mas cruciais para a segurança transfusional, como a não
confirmação da identificação do doente, à cabeceira, imediatamente antes da colheita
de amostras para testes pré-transfusionais e antes de se iniciar a sua transfusão.
114
estratégias que permitam evidenciar que os flyers foram disponibilizados a todos os
enfermeiros dos serviços.
Por outro lado, actualmente os HUC, EPE integram o Centro Hospitalar e Universitário
de Coimbra, EPE, do qual fazem parte outras instituições hospitalares. Tendo ocorrido
a unificação dos serviços de Sangue e Medicina Transfusional, cuja Direcção ficou
sediada no polo dos HUC, é fundamental a actualização dos flyers e a sua
disponibilização a todos os enfermeiros dos serviços que integram o Centro Hospitalar
e Universitário de Coimbra, EPE, de modo a uniformizar as práticas dos enfermeiros
na transfusão de componentes sanguíneos.
115
116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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uma introdução à teoria e métodos. Porto: Porto Editora, 1994. 336 p. ISBN 972-0-
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Guía sobre la transfusión de componentes sanguíneos y derivados plasmáticos.
6ª ed. Barcelona, 2010. 125 p.
123
ANEXOS
Anexo I – Flyer “Princípios Gerais de Actuação do Enfermeiro perante o Doente
submetido a Transfusão Sanguínea”.
Anexo II – Flyer “Administração de eritrócitos desleucocitados em solução aditiva”.
Anexo III – Flyer “Administração de plasma”.
ANEXO IV – Flyer “Administração de pools de plaquetas desleucocitadas ou plaquetas
de aférese desleucocitadas”.
Anexo V - Questionário
CUIDAR COM SEGURANÇA NA ADMINISTRAÇÃO DE COMPONENTES SANGUÍNEOS
Chamo-me Maria Clara de Matos Pina, sou enfermeira especialista em Enfermagem Médico-
Cirúrgica e exerço funções no Serviço de Sangue e Medicina Transfusional dos Hospitais da
Universidade de Coimbra, EPE.
Encontro-me a frequentar o Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica, na Escola Superior
de Enfermagem de Coimbra. Neste âmbito, pretende realizar um estudo subordinado ao tema
“Cuidar com segurança na administração de componentes sanguíneos” orientado pelo Sr.
Professor Doutor José Carlos Amado Martins.
Para tal necessito da sua colaboração, através da resposta a este questionário que se
destina, apenas, a identificar necessidades formativas e não a avaliar os conhecimentos dos
enfermeiros.
É totalmente livre de não responder ao questionário e de o entregar em branco.
Saliento o carácter anónimo e voluntário da sua participação e sublinho que os dados
contidos neste questionário são confidenciais e não serão usados para outro fim que não seja o
estudo em causa, pelo que solicito que faculte o seu consentimento.
Agradeço, antecipadamente, garantindo, pessoalmente, o anonimato das informações
prestadas.
MUITÍSSIMO OBRIGADO
Anexo VI – Autorização do Exmo. Sr. Director do Serviço de Sangue e Medicina
Transfusional.
Anexo VII - Autorizações dos Exmo(s). Sr(s). Directores dos Serviço de: Medicina
Intensiva, Hematologia, Gastroenterologia, Cardiologia, Neurologia e Psiquiatria.
Anexo VIII – Autorização do Conselho de Administração dos HUC-EPE, com o
parecer favorável da Comissão de Ética.
Anexo IX - Parecer da Comissão de Ética da Unidade de Investigação em Ciências da
Saúde da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.