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Capitulo I

CAPITULO I

Aspectos Gerais dos Processos com Membranas

1.1 - Introdução
A indústria química é, fundamentalmente, uma indústria de transformação e para se
chegar aos produtos finais, com as especificações desejadas, é necessário separar, concentrar
e purificar as espécies químicas presentes nas diferentes correntes resultantes dessas
transformações. Este, sem dúvida, tem sido um dos maiores desafios da indústria química,
desde seus primórdios.

A partir do início da década de 70, em adição aos processos clássicos de separação


como, destilação, filtração, absorção, troca iônica, centrifugação, extração por solvente,
cristalização e outros, surge uma nova classe de processos que utilizam membranas sintéticas
como barreira seletiva. As membranas sintéticas surgem como uma tentativa de se imitar as
membranas naturais, em particular quanto as suas características únicas de seletividade e
permeabilidade.

"De uma maneira geral, uma membrana é uma barreira que separa duas fases e
que restringe, total ou parcialmente, o transporte de uma ou várias espécies químicas
presentes nas fases".

O desenvolvimento dos processos de separação por membranas e suas aplicações industriais


podem ser considerados relativamente recentes, principalmente levando-se em conta que
fenômenos envolvendo membranas vêm sendo estudados há mais de um século. Na realidade,
o primeiro registro que se tem notícia, sobre um estudo relativo a fenômenos que ocorrem
com membranas, data de 1748 e se deve a um abade francês de nome Nollet. Em sua
experiência, Nollet emerge, em água pura, um copo cheio de um destilado de vinho
(considerado uma simples mistura de água e etanol ), vedado com uma bexiga (membrana) de
origem animal. Após um certo tempo ele observou que a bexiga se estufou, chegando mesmo
a romper, em alguns casos.

Esta experiência evidenciou, pela primeira vez, as características de semi


permeabilidade de uma membrana. A interpretação deste fenômeno, hoje, é relativamente
simples: a diferença de potencial químico da água entre os dois lados da membrana (bexiga
animal) determina um fluxo preferencial da água para dentro do copo. Como a bexiga é
elástica, no início ela se expande, mantendo a pressão dentro do copo constante e,
aproximadamente igual a pressão atmosférica. Numa etapa posterior sua elasticidade já é
menor e a pressão no interior do copo começa a aumentar, fazendo com que o potencial
químico da água aumente. Caso a membrana resista esta pressão sem se romper, o potencial
químico da água, no interior do copo, pode se igualar ao potencial químico da água do
recipiente externo ao copo, atingindo-se, assim, o equilíbrio termodinâmico. A fundamentação
teórica para esta explicação, no entanto, é bem mais recente.

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Embora processos com membranas, como diálise (D) e microfiltração (MF), já fossem
conhecidos e utilizados, em pequena escala, desde 1930, eles não evoluíram para uma escala
industrial mais sólida devido, principalmente, aos baixos fluxos permeados resultante das
elevadas espessuras das membranas disponíveis.

Os processos de separação com membranas (PSM) começaram, realmente, a deixar de


ser uma curiosidade científica e de laboratório no final da década de 50. Nesta época os
Estados Unidos decidiram investir em projetos de pesquisa que tinham por objetivo principal a
dessalinização de águas. Este projeto resultou em pelo menos duas descobertas importantes:
1) Reid e Breton (1953) relataram que membranas homogêneas de acetato de celulose,
quando utilizadas para nas condições de osmose inversa (OI), podiam apresentar retenção
salina elevada, e 2) Loeb e Sourirajan (1960-1962) aperfeiçoaram uma técnica para preparo da
membrana, mais tarde chamada técnica de inversão de fase por imersão-coagulação, que podia
aumentar muito o fluxo permeado de água, mantendo elevada a retenção de sais. A partir
destes fatos, o interesse sobre o assunto aumentou consideravelmente, pois a melhoria na
seletividade e a redução da resistência ao transporte das espécies permeantes representavam
alterações que poderiam tornar os processos com membranas, em geral, e não somente a
dessalinização de águas, mais competitivos do que os processos de separação tradicionais.

Posteriormente, descobriu-se que o principal motivo para o sucesso das membranas


preparadas pela técnica desenvolvida por Loeb e Sourirajan era devido a sua morfologia
singular. Estas membranas apresentam poros gradualmente maiores em sua seção transversal.
A região superior, em torno de 2% da espessura global, é chamada de "pele" e não apresenta
poros ou possui poros muito pequenos (<0,05 µm), sendo a principal responsável pela
seletividade. A região abaixo da pele, chamada suporte ou substrato, apresenta poros
progressivamente maiores, tendo como função principal fornecer resistência mecânica à pele.
Membranas com esta morfologia são denominadas anisotrópicas ou assimétricas.

Um grande número de investigações têm ocorrido para entender, controlar e


caracterizar a estrutura dessas membranas. Em relação à estrutura da membrana, dois
enfoques têm sido adotados. No primeiro, a ênfase principal é alterar as condições de preparo
para obter as propriedades adequadas para a pele e substrato, enquanto que no segundo
enfoque a pele e o substrato poroso são obtidos em etapas distintas. O procedimento de
preparar a membranas em duas etapas foi sugerido nos trabalhos de Cadotte e Francis em
1966, como uma técnica alternativa ao uso exclusivo da técnica de inversão de fase. Neste
procedimento um filme homogêneo ultra fino (< 1µm) é depositado sobre uma membrana
microporosa. Estas membranas, que consistem de dois (ou mais) filmes laminados, são
chamadas "compostas" ("composite membranes"). Foi o desenvolvimento dessas membranas
compostas que permitiu a exploração comercial de processos com membranas para a
separação de misturas gasosas - permeação de gases (PG) e de misturas líquidas –
pervaporação (PV). A firma americana Monsanto, no inicio dos anos 80 e a alemã GFT (hoje
Sulzer Chemtech - Membrane Systems - Suiça) no final desta mesma década, foram as
pioneiras na aplicação industrial de membranas na separação de gases e de líquidos,
respectivamente.

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1.2 - Morfologia de Membranas, Força Motriz e Transporte


As membranas sintéticas comerciais, em sua grande maioria, são preparadas a partir de
materiais poliméricos com características químicas e físicas as mais variadas. Membranas de
materiais inorgânicos são produzidas há mais de 20 anos, mas só recentemente começam a
disputar o mercado com as membranas poliméricas. As membranas inorgânicas apresentam
uma vida útil maior mas são bem mais caras do que as poliméricas.

Em função das aplicações a que se destinam as membranas apresentam diferentes


estruturas. De um modo geral as membranas podem ser classificadas em duas grandes
categorias: densas e porosas. As características da superfície da membrana que esta em
contato com a solução problema é que vão definir tratar-se de uma membrana porosa ou
densa. A Figura 1.1, apresenta as morfologias mais comuns observadas em membranas
comerciais.

Tanto as membranas densas como as porosas podem ser isotrópicas ou anisotrópicas,


ou seja, podem ou não apresentar as mesmas características morfológicas ao longo de sua
espessura. As membranas anisotrópicas se caracterizam por uma região superior muito fina
(1m), mais fechada (com poros ou não), chamada de "pele", suportada em uma estrutura
porosa. Quando ambas as regiões são constituídas por um único material a membrana é do
tipo anisotrópica integral. Caso materiais diferentes sejam empregados no preparo de cada
região a membrana será do tipo anisotrópica composta.

MORFOLOGIA DE MEMBRANAS SINTÉTICAS

Membranas Isotrópicas (simétricas)


porosa porosa densa

Membranas Anisotrópicas (assimétrica)


densa (integral) porosa densa (composta)

Figura 1.1 - Representação esquemática da seção transversal dos diferentes tipos


de morfologia de membranas sintéticas

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Dois tipos de parâmetros são normalmente empregados para se caracterizar


membranas: parâmetros de natureza morfológica e parâmetros relativos as suas propriedades
de transporte. No caso de membranas porosas características como a distribuição de tamanho
de poros, porosidade superficial e espessura representam parâmetros morfológicos relevantes.
Para membranas densas, as características físico-químicas envolvendo o polímero utilizado e
os substâncias a serem separadas, bem como a espessura do filme polimérico, são parâmetros
importantes. No caso de membranas compostas as características do suporte poroso também
devem ser incluídas. Independente da tipo de membrana, propriedades de transporte como
permeabilidade a gases e líquidos bem como a sua capacidade seletiva são utilizadas como
parâmetros característicos dos processos.

Para que ocorra o transporte de uma espécie através de uma membrana é necessário a
existência de uma força motriz agindo sobre a mesma. Os processos comerciais de separação
com membrana utilizam como força motriz o gradiente de potencial químico e/ou o gradiente
de potencial elétrico. Como os processos com membranas são, em sua grande maioria,
atérmicos, o gradiente de potencial químico pode ser expresso, apenas, em termos do
gradiente de pressão e de concentração (ou pressão parcial). Em função da morfologia da
membrana e do tipo de força motriz empregada o transporte das diferentes espécies através da
membrana pode ocorrer tanto pelo mecanismo de convecção como pelo mecanismo de
difusão. A morfologia da membrana define, também, os princípios em que se baseiam a sua
capacidade seletiva (ver esquema da Figura 1.2 ).

Figura 1.2 - Processos de separação por membranas: força motriz e transporte


em membranas densas e porosas

Em processos que utilizam membranas porosas a capacidade seletividade esta


diretamente associada à relação entre o tamanho das espécies presentes e o tamanho dos poros
da membrana. Este é o caso de processos como a microfiltração (MF), ultrafiltração (UF),

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nanofiltração (NF) e diálise (D). Além disso, as espécies presentes devem ser, na medida do
possível, inertes em relação ao material que constitui a membrana. Para membranas porosas,
em função do tipo de força motriz aplicada, o transporte das espécies através da membrana
pode ser tanto convectivo como difusivo. No caso da ultrafiltração e microfiltração e
nanofiltração, para os quais a força motriz é o gradiente de pressão através da membrana, o
fluxo permeado é fundamentalmente convectivo. Já no caso da diálise, a força motriz é o
gradiente de concentração das espécies através da membrana e o fluxo permeado é de
natureza difusiva. Neste caso as espécies se difundem, no meio em que se encontram, através
dos poros da membrana.

No caso de processos que empregam membranas densas, compostas ou não, a


capacidade seletiva depende da afinidade das diferentes espécies com o material da membrana
(etapa de natureza termodinâmica) e da difusão das mesmas através do filme polimérica (etapa
de natureza cinética), como é o caso da osmose inversa (OI), pervaporação (PV) e permeação
de gases (PG). O fluxo permeado é sempre de natureza difusiva, independente to tipo de força
motriz aplicada, uma vez que a membrana não apresenta poros próximo à superfície que se
encontra em contato com a solução a ser processada.

A Figura 1.3 apresenta um esquema ilustrando das relações entre força motriz e
morfologia com o tipo de transporte esperado e os principais fatores que irão determinar a
seletividade do processo.

FORÇA MOTRIZ

+
MORFOFOGIA

Anisotrópica Isotrópica Anisotrópica

Porosa Densa Pele Densa

Fluxo Viscoso e/ou


Fluxo Difusivo Fluxo Difusivo

MF Fator PV
Dimensão dos Interação c/ pol. PG
UF Preponderante
NF
Penetrantes Coef. Dif. OI
na Seletividade
D

Figura 1.3 - Relação Esquemática entre Força Motriz, Morfologia e Seletividade

A Eletrodiálise (ED), diferentemente dos processos acima mencionados, utiliza como


força motriz um gradiente de potencial elétrico. Por este motivo só pode ser utilizada nos
casos em que pelo menos uma das espécies apresente carga elétrica. Nos equipamentos de
eletrodiálise membranas com cargas positivas são posicionadas alternadamente com

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membranas carregadas negativamente. O transporte das espécies iônicas ocorre pelo


mecanismo de difusão e a seletividade se deve ao princípio da exclusão de Donan.

Conforme comentado anteriormente, os processos de separação por membranas


podem ser caracterizados em função de dois parâmetros: a) o fluxo permeado, que representa
a taxa (volumétrica, mássica ou molar) de permeação por unidade de área da membrana; b) a
capacidade seletiva da membrana, a qual, dependendo to tipo de processo em questão, pode
ser definida de diferentes formas. Para processos cuja força motriz é o gradiente de pressão a
capacidade seletiva da membrana, em relação a uma dada espécie, é medida através do
Coeficiente de Rejeição (R), definido por uma relação entre a concentração da espécie na
alimentação e sua concentração no permeado (ver Figura 1.4). Assim, quando R=0 a
concentração da espécie em questão, no permeado, é igual a sua concentração na alimentação,
ou seja a membrana não apresenta nenhuma capacidade seletiva para esta espécie. Por outro
lado, R=1 significa que a espécie em questão não esta presente no permeado, ou seja, a
membrana foi capaz de rejeita-la completamente. No caso de processos que utilizam
membranas densas, como a permeação de gases e a pervaporação, a capacidade seletiva da
membrana é medida através do fator de seletividade () ou através do fator de enriquecimento
(). O fator de seletividade, no caso de misturas binárias, é definido através do cociente entre
a relação da composição dos componentes no permeado e sua relação na corrente de
alimentação (ver Figura 1.4) . Já o fator de enriquecimento é definido é definido pela relação
entre a concentração no permeado e a concentração na alimentação da espécie mais permeável

PROCESSO MEDIDA DE SELETIVIDADE

MF, UF, NF e OI
Coeficiente de Rejeição
Alimentação Concentrado

C0 Cp
R = 1-
C0
CP Permeado

Fator de Separação
PV e PG
Concentrado YA YB
Alimentação
A / B 
XA XB
XA , XB
Fator de Enriquecimento

YA , YB Permeado
β A  YA X A

Figura 1.4 – Medidas de seletividade em processos com membranas

A Quadro 1.1 apresenta os processos comerciais de separação por membranas, suas


principais características, a força motriz, em cada caso, e exemplos típicos de aplicação.

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Quadro 1.1 - Processos de Separação por Membranas Comerciais.

PROCESSO FORÇA MATERIAL MATERIAL QUE APLICAÇÕES


MOTRIZ PERMEIA
RETIDO
 Esterilização Bacteriana
MICROFILTRAÇÃO (MF) P Material em Suspensão, Água e sólidos dissolvidos  Clarificação de Vinhos e Cervejas
( 0,5 - 2 atm ) Bactérias  Concentração de Células
PM› 500.000 ( 0,01µm )  Oxigenação de Sangue
 Fracionamento e concentração de
ULTRAFILTRAÇÃO (UF) P Colóides, Água ( Solvente) Proteínas
( 1-7 atm ) Macromoléculas Sais  Recuperação de pigmentos
PM › 5000 solúveis de baixo PM  Recuperação de óleos
Moléculas de peso  Purificação de enzimas
NANOFILTRAÇÃO (NF) P molecular médio Água, sais e moléculas de  Bioreatores a membrana
( 5-25 atm ) 500< PM< 2000 baixo peso molecular
P Todo material solúvel ou  Dessalinização de águas
OSMOSE INVERSA (OI) ( 15-80 atm ) em suspensão Água (Solvente)  Concentração de suco de frutas
 Desmineralização de águas

DIÁLISE (D) C Moléculas de Ions e orgânicos de baixo  Hemodiálise - Rim Artificial


PM 5000 peso molecular  Recuperação de NaOH
Macromoléculas  Concentração de soluções salinas
ELETRODIÁLISE (ED) V e Compostos não iônicos Ions  Purificação de águas
 Recuperação de hidrogênio
PERMEAÇÃO DE GASES (PG) PC Gás menos permeável Gás mais permeável  Separação CO2/CH4
 Fracionamento do Ar

PERVAPORAÇÃO (PV) Pressão de Líquido menos Permeável Líquido mais permeável  Desidratação de álcoois
vapor  Eliminação de VOC da água

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1.3 - Processos de Separação por Membranas versus Processos


Clássicos de Separação
Uma análise das características de cada processo com membrana, apresentados no
Quadro1.1, permite inferir quais os processos clássicos de separação que podem competir
com esta nova tecnologia. A Figura 1.5 apresenta a faixa de atuação dos diferentes processos
com membranas bem como de alguns processos clássico de separação, em função do tamanho
das espécies a serem separadas. Na prática, hoje, processos híbridos, envolvendo processos
clássicos e processos de separação por membranas, cada qual atuando na faixa em que é mais
eficiente, têm se mostrado mais eficientes do que cada uma das tecnologias isoladamente.

FAIXAS DE APLICAÇÃO DOS PROCESSOS COM MEMBRANAS

Micron (m)
-4 -3 -2 -1 2 3
10 10 10 10 1 10 10 10

Microfiltração Filtração
Ultrafiltração
Nanofiltração
Osmose Inversa

Diálise Cromat. Gel


Eletrodiálise
Troca Iônica Eletroforese
Distilação
Pervaporação
Cristalização
Sep. de Gases
Extração
Ultracentrífuga Centrífuga

1 0 2 3 4 5 6 7
10 10 10 10 10 10 10
Angstron ( A )
- Processos de Separação por Membranas
- Outros Processos de Separação

Figura 1.5 - Quadro Comparativo entre Processos Clássicos de Separação e os


Processos com Membranas, em Função das Dimensões das Espécies a serem
Separadas.

1.4 - Aplicações dos Processos de PSM


Os processos de separação por membranas têm sido utilizados nos mais diferentes
setores de atividade como na indústria química, com a quebra de azeótropos de misturas de
solventes orgânicos , até na área médica, com a hemodiálise e a dosagem controlada de
remédios, passando pela biotecnologia, indústria alimentícia e farmacêutica e tratamentos de
águas industriais e municipais. No Quadro 1.2 são apresentados exemplos de aplicação de
processos com membranas em algumas das áreas acima mencionadas.

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Quadro 1.2 - Exemplos de Aplicação de Processos com Membranas

ÁREA APLICAÇÕES

 Quebra do azeótropo benzeno/hexano


 Recuperação de H2 - Síntese da Amônia
QUÍMICA  Fracionamento CO2/CH4
 Fracionamento do ar: obtenção de gás inerte e de corrente
rica e oxigênio.

 Separação de substâncias termolábeis


 Desidratação de etanol
BIOTECNOLOGIA
E  Purificação de enzimas
FARMACÊUTICA  Fracionamento de proteínas
 Esterilização de meios de fermentação
 Bioreatores a membranas

 Concentração de leite
 Concentração do soro de queijo
ALIMENTÍCIA
E  Concentração de sucos de fruta
BEBIDAS  Clarificação de vinhos e cervejas
 Desalcoolização de vinhos e cervejas

 Dessalinização de águas
 Eliminação de traços de orgânicos
TRATAMENTO
DE  Tratamento de esgotos municipais
ÁGUAS  Desmineralização de águas p/ caldeiras
 Água ultra pura p/ indústria eletrônica

 Separação água/óleo
 Recuperação de índigo - Têxtil
TRATAMENTO
DE DESPEJOS  Recuperação de PVA - Têxtil
INDUSTRIAIS  Recuperação de ions metálicos - Couro
 Recuperação de proteínas - Laticínio
 Tratamento águas - Papel e Celulose

 Rim artificial - Hemodiálise


 Pulmão artificial - Oxigenadores
MEDICINA  Ar enriquecido em oxigênio
 Esterilização de soluções injetáveis
 Dosagem controlada de remédios

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1.5 - Algumas Vantagem dos PSM


Os processos de separação por membranas, (PSM), atingiram o status de processos
comerciais devido a uma série de vantagens inerentes a esta tecnologia. Algumas dessas
vantagens são comentadas a seguir:

Economia de Energia - Os processos de separação por membranas, em sua grande maioria,


promovem a separação sem que ocorra mudança de fase. Neste sentido são processos
energeticamente favoráveis. Esta é uma das razões pela qual seu desenvolvimento coincide
com a crise energética dos anos 70, devido ao grande aumento do preço do petróleo.

Seletividade - A seletividade é outra característica importante dos processos com membranas.


Em algumas aplicações estes processos se apresentam como a única alternativa técnica de
separação. No entanto, como já mencionado anteriormente, na maioria dos casos, processos
híbridos, envolvendo processos clássicos e processos com membranas, cada qual atuando
onde é mais eficiente, tem se mostrado como a opção mais econômica e eficiente de
separação.

Separação de Compostos Termolábeis - Como, via de regra, os processos com membranas


são operados a temperatura ambiente eles podem ser aplicados no fracionamento de misturas
envolvendo substancias termo sensíveis. Por este motivo eles tem sido largamente empregados
no indústria farmacêutica e de alimentos e, mais recentemente, como uma alternativa de
"down steam processes" em biotecnologia.

Simplicidade de Operação e “Scale Up” - Ao contrário da maioria dos processos de separação,


os processos com membranas apresentam, ainda, a vantagem de serem extremamente simples
do ponto de vista operacional e em termos de "scale up". Os sistemas são modulares e os
dados para o dimensionamento de uma planta podem ser obtidos a partir de equipamentos
pilotos operando com módulos de membrana de mesma dimensão daqueles utilizados
industrialmente. Além disso, o operação dos equipamentos com membranas é simples e não
intensiva em mão de obra.

1.6 – O Mercado Mundial dos PSM


Do final dos anos 60, quando Loeb e Sourirajan demonstraram, pela primeira vez, a
viabilidade econômica de processos como a dessalinização de águas por osmose inversa, até
os dias de hoje, o mercado de separação por membranas passou de US$ 2 milhões/ano para
cerca de US$ 6 bilhões/ano. A Figura 1.5 apresenta a evolução, entre 1989 e 1997, do
mercado dos principais processos de separação com membranas.

Pelos dados da Figura 1.5 verifica-se que a diálise representa quase a metade do
mercado de membranas. A hemodiálise ( rim artificial ) é a grande responsável pela dimensão
deste mercado. O número de doentes renais, a espera de transplante, é muito grande, em todo
mundo. Além disso, para evitar problemas de contaminação, em particular nos dias de hoje, os
módulos de membrana para hemodiálise devem ser utilizadas apenas uma vez, ou por algumas
vezes, mas com um mesmo paciente. O segundo grande mercado fica com a microfiltração. A

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aplicação neste caso é, fundamentalmente, a esterilização de águas e do ar. Observa-se,


também, que o mercado para permeação de gases e pervaporação ainda é pequeno. Estes
processos ainda se encontram em desenvolvimento, embora já tenham alcançado o status
industrial.

5
Bilhões 4
US$
3

0
91 92 93 94 95 96 97

Diálise Microfiltração Ultrafiltração Osmose Inversa


Eletrodiálise Separação de Gases Pervaporação

Figura 1.6 - Evolução do Mercado Mundial de Membranas por tipo de


Processo.

(Ref.) !!!!!!!

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