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Módulo II – Membrana plasmática

Eugenia Gallardo
Módulo III
Membrana plasmática

Descoberta da estrutura da membrana plasmática

1972 Singer e Nicolson

Modelo do mosaico fluído (estrutura


dinâmica)
Módulo III
Funções da membrana plasmática

Compartimentação

Barreira selectiva

Transporte de solutos

Resposta a estímulos externos

Interacção intercelular

Actividades bioquímicas

Conversão energética
Módulo III
Membrana plasmática

A membrana plasmática é permeável à água.

A membrana plasmática é muito pouco permeável a


sais, açúcares e aminoácidos.

Osmose – a água move-se através de uma membrana semi-


permeável, de uma solução pouco concentrada para uma muito
concentrada.

A movimentação de água ocorre até que as concentrações de


solutos e água seja igual em ambos os lados da membrana
Módulo III
Membrana plasmática
A membrana plasmática é constituída por uma bicamada
fosfolipídica.

Os fosfolípidos presentes nas células formam


espontaneamente as bicamadas de fosfolípidos.

As cadeias de hidrocarbonetos formam uma camada


hidrofóbica que possui entre 3-4 nm de expessura na maior
parte das biomembranas.

A camada bilipídica possui duas propriedades importantes:

-A parte hidrofóbica previne que os solutos hidrofílicos atravessem a membrana. No entanto


existem proteinas de membrana que medeiam o transporte de solutos específicos através desta
barreira impermeável.

- A segunda propriedade da bicamada é a sua estabilidade


Módulo III

Membrana plasmática

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Módulo III
Constituição da membrana plasmática
Existem três tipos de lípidos nas biomembranas:

Fosfoglicéridos Esfingolípidos

Esteróides
Módulo III
Constituição da membrana plasmática

Extremidade polar Todos estes lípidos são moléculas anfipáticas que


possuem uma cabeça polar (hidrofílica) e uma
Hidrofílica
cauda hidrofóbica.

As interacções hidrofóbicas e as interacções de


van der Waals provocam a associação das caudas
Extremidade não polar em bicamadas com as partes polares voltadas
para a água.
Hidrofóbica

Apesar de todos os lípidos da membrana apresentarem um carácter anfipático, eles diferem na sua
estrutura, abundância e funções na membrana.
Módulo III
Constituição da membrana plasmática

Os Fosfoglicéridos são os mais abundantes na


maior parte das membranas, são lípidos
derivados do 3-fosfato de glicerol.

A maior parte dos fosfoglicéridos são derivados do 3-fosfato de glicerol contendo duas
cadeias de ácidos gordos esterificadas (cauda hidrofóbica) e uma cabeça polar esterificada
com o fosfato do glicerol.

Os ácidos gordos que constituem estes lípidos podem variar no comprimento e no grau de
saturação (saturados ou insaturados).

A cabeça polar pode ser, por exemplo, constituída por fosfatidilcolina (PC),
fosfatidiletanolamina (PE), fosfatidilserina (PS) e fosfatidilinositol (PI).
Módulo III
Constituição da membrana plasmática
Os esfingolípidos são derivados da esfingosina ( a vermelho
na figura)

Existem vários ácidos gordos que se podem ligar à


esfingosina através de uma ligação amina.

Como exemplos de esfingolípidos temos:

- esfingomielina (SM) - tem fosfocolina como cabeça polar


-“glucosylcerebroside” (GlcCer) – tem a glucose ligado ao fosfato na cabeça polar

NOTA: Como a estrutura da esfingomielina é similar à dos fosfoglicéridos, estes dois lípidos podem formar
bicamadas.

Tal como os outros lípidos da membrana o colesterol, que faz


parte dos esteróides, é um lípido anfipático. O seu grupo
hidroxílo é equivalente à cabeça polar dos outros lípidos. Os 4
aneis e o pequena cadeia hidrocarbonada formam a cauda
hidrofóbica
Módulo III
Constituição da membrana plasmática

-A composição lipídica da membrana influencia as propriedades da membrana.


-Enquanto os fosfoglicéridos são sintetizados no retículo endoplasmático, os esfingolípidos são
sintetisados no Golgi.
- Uma elevada concentração de esfinfolípidos na membrana faz com que haja um aumento da estabilidade
da membrana.
Módulo III
Constituição da membrana plasmática

Os lípidos na membrana tem a capacidade de se difundir lateralmente, o que contribui para a fluidez
da membrana.

- A fluidez da membrana depende da composição lipídica, estrutura das caudas hidrofóbicas (as caudas
saturadas tem tendência a agregar) e da temperatura.

Quando uma bicamada lipídica altamente ordenada é


aquecida, há um aumento das movimentações
moleculares das caudas dos ácidos gordos, tal causa
um aumento da fluidez da membrana.

O colesterol é importante na manutenção da fluidez


das membranas, o que é essencial para o normal
crescimento e reprodução da célula
Módulo III
Mobilidade dos lípidos na membrana plasmática

As moléculas de lípido estão num estado fluído e têm


capacidade de se movimentar.

Mobilidade lateral - movimento rápido (10-6s)

Rotação - movimento rápido (10-9s)

Mobilidade transversal - movimento lento (10-5s) (movimento


mais restrito)

Flipase - movem fosfolipidos. Importantes para manter a


assimetria da membrana.
Módulo III
Constituição da membrana plasmática

Proteínas membranares

distribuição específica na membrana


orientação e localização específica e dependente do tipo celular
conferem propriedades específicas a cada face da membrana (assimetria membranar)
Módulo III
Constituição da membrana plasmática

- As proteínas integrais, proteínas transmembranares, são constituídas por 3 segmentos. Os domínios


citoplasmáticos têm superfícies hidrofílicas que interagem com soluções aquosas. O domínio que se
estende ao longo da membrana contém muitos aminoácidos hidrofóbicos.
Proteínas ancoradas à membrana – são proteínas que estão covalentemente ligadas à cadeia
hidrocarbonada. A cadeia polipeptídica não entra no interior da bicamada lipídica.
-As proteínas periféricas estão associadas às proteínas integrais ou às cabeças dos lípidos das
membranas através de ligações não covalentes.
Módulo III
Constituição da membrana plasmática
Tipos de movimentos apresentados pelas proteínas na membrana plasmática

A – arbitrário

B – imóvel

C – direccionado

D – imobilizado

E – arbitrário e restrito a uma área

As proteínas membranares movem-se mais lentamente na membrana plasmática do que em


bicamadas contendo apenas lípidos.

O movimento das proteínas é limitado por interacções com o citoesqueleto, outras proteínas e
materiais extracelulares.
Módulo III
Sistemas de transporte de moléculas e iões através de membranas

•A maquinaria de transporte membranar permite à célula acumular


substâncias necessárias ao seu metabolismo

• Cria gradientes iónicos

• Permite responder ao seu ambiente


Módulo III
Sistemas de transporte de moléculas e iões através de membranas

• Difusão simples – movimento espontâneo de


moléculas ou iões de acordo com um gradiente
químico ou de concentração.

• Difusão facilitada – transporte de água,


iões específicos ou pequenas moléculas
hidrofílicas (a favor do seu gradiente de
concentração ou de potencial eléctrico) assistido
por proteínas.

• Transporte activo – movimento contra um gradiente químico ou de


concentração, em que há gasto de energia.
Módulo III
Mecanismos de transporte através da membrana

Difusão simples

 gradiente de concentração

 permeabilidade da membrana a essa substância:


- passagem directa através da membrana
- poros
Difusão de iões através da membrana
Canais iónicos (proteínas integrais)

• Permitem o fluxo de iões entre células adjacentes sem atravessar o espaço


extracelular -”gap junctions”

• A deslocação dos iões ocorre do local de maior concentração para o de menor


concentração.

• A deslocação dos iões ocorre do maior para o menor estado energético

• bidireccionais (dependentes do gradiente electroquímico)

• selectivos para cada tipo de ião

• Permitem o fluxo de iões a alta velocidade através da membrana sem consumo


de energia. O fluxo é mediado por repulsão electrostática entre os iões

• Os canais iónicos podem ser artificialmente criados em membranas por


tratamento das células com pequenas proteínas hidrofóbicas designadas por
ionóforos.
Módulo III
Difusão de iões através da membrana

1. Canais dependentes da voltagem

Estado conformacional depende da carga iónica dos dois lados da membrana

2. Canais dependentes de ligandos

Estado conformacional depende da ligação de uma molécula especifica (ligando),


a qual não é geralmente o soluto que passa pelo canal
Módulo III
Difusão de iões através da membrana

Canais dependentes da voltagem


Dependem de alterações do potencial de membrana
São canais de abertura rápida
Módulo III
Difusão de iões através da membrana

Canais dependentes de ligandos


Receptor de acetilcolina - responsável pelo sinal eléctrico entre um nervo motor e uma fibra
muscular
Abertura por ligação reversível de um ligando.
Módulo III
Mecanismos de transporte através da membrana
Módulo III
As quatro classes de proteínas de transporte ATP-Bombas

Bombas classe P Bombas de protões Bombas de protões Superfamília ABC


classe V classe F
Módulo III
As quatro classes de proteínas de transporte ATP-bombas

Bombas classe P

-Membranas de plantas, fungos e bactérias (bombeiam H+)


- Membranas de alguns eucariotas (bombas Na+/K+)
- Membranas do estômago de mamíferos (bombas H+/K+)
- Membrana de todas as células de Eucariotas (Bomba Ca2+)
-Membranas do retículo sarcoplásmico nas células do músculo (Bomba
Ca2+)

Bombas de protões classe V

Membranas de vacúolos de plantas e fungos


Membranas de lisossomas e endossomas de células animais
- Membranas de células do rim
Módulo III
As quatro classes de proteínas de transporte ATP-bombas

Bombas de protões classe F

Membranas de bactérias

Membrana interna do mitocôndrio

- Membrana tilacóide do cloroplasto

Superfamília ABC

Membranas de bactérias (envolvidas no transporte de aminoácidos,


glícidos e peptidos)

Membranas de mamíferos (envolvidas no transporte de


fosfolípidos, de fármacos liposolúveis pequenas, colesterol e
outras moléculas pequenas)
Módulo III
Modelo da Na+/K+ ATPase na membrana citoplasmática

Saída de Na+ para o meio extracelular e entrada de K+ para o citosol


Modelo da Ca2+ ATPase na membrana Retículo Sarcoplásmico das células do músculo
esquelético
Sistemas de transporte de moléculas e iões através de membranas

 No vacúolo acumulam-se açúcares, pigmentos, cristais e muitos outros compostos.


Módulo III

Efeito do bombeamento de protões pelas bombas classe V no gradiente de concentração de H+ e no


potencial eléctrico através da membrana
Módulo III
Bombas de protões classe F

ATP sintetase
Não é possível apresentar esta

Módulo III
imagem de momento.

Modelo de transporte da MDR1 e outras proteínas pertencentes à


superfamília ABC

A glicoproteína‐P é uma proteína expressa na superfície celular. Codificada pelo gene MDR1, possui peso molecular de 170 KDa e está
relacionada com a resistência a múltiplas drogas (MDR) utilizadas para o tratamento de alguns tipos de tumores. A gpP funciona como uma
bomba de efluxo ATP‐dependente, ou seja, promove ativamente a saída da substância (antineoplásicos) do interior da célula.
Módulo III

Loperamida
…está indicada para o uso em medicina veterinária no tratamento de diarreia crónica e aguda não
específica e síndrome do cólon irritável em 0,04‐0,2 mg/kg oral BID ou TID …

Em cães observa‐se que o medicamento produz algum efeito sedativo.

A administração de loperamida a gatos é controversa pois pode ser observada hiperexcitabilidade.

…a sobredosagem por ingestão resulta num aparecimento rápido de sinais clínicos ligeiros, sendo raros os
casos graves ou fatais…
Módulo III

…em cães da raça Collie ou descendentes da mesma, existe predisposição genética para a ocorrência de
reacções adversas a determinadas substâncias, mesmo quando administradas em doses recomendadas para
outras raças da espécie canina. Esta sensibilidade deriva de uma mutação no gene MDR1, responsável pela
codificação da produção da glicoproteína‐P, que impede a difusão de determinadas substâncias através da
barreira hematoencefálica.

Assim, a existência da mutação permite que substâncias como a loperamida, ivermectina e vincristina, entre
outras, entrem mais facilmente no SNC, o que leva a manifestações de toxicidade neste sistema…

Em cães da raça Collie, os efeitos podem surgir em 30 minutos, mas em média verificam‐se 6 horas após uma
só exposição aguda. A sintomatologia pode persistir por 4‐24 horas e consiste mais frequentemente em vómito,
hipersiália, obstipação, dor abdominal, constrição ou ausência de reação pupilar, vocalização, andar em círculos,
pressionar a cabeça, descoordenação e ataxia (por vezes apenas nos membros posteriores).

Em casos mais graves pode ocorrer depressão, diarreia sanguinolenta, hipotermia, bradicardia, bradipneia,
cianose, sonolência, coma e colapso.
Módulo III
Transporte de glucose do lúmen intestinal para o sangue
Módulo III
O envolvimento das proteínas de transporte na acidez do estômago
Módulo III
Resumo dos mecanismos

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