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LIPÍDEOS carbonos antes do último ocorre uma

insaturação, ω-3.
Conjunto bastante diverso de compostos
químicos, com característica comum de baixa Ácidos graxos saturados podem alinhar suas
solubilidade em água e alta solubilidade em cadeias firmemente, por ligações hidrofóbicas e
solventes apolares. forças de van de Waals. Formam estrutura
coesa, e tendem a ser sólidos a T ambiente.
Funções: Ácidos graxos insaturados quebram o eixo da
-estrutural, formando as membranas cadeia hidrocarbonada, e as interações
biológicas; hidrofóbicas ficam desestruturadas. Por isso,
-estoque energético, muito mais calóricos que são mais líquidos em T ambiente.
os carboidratos;
-sinalização intra e extracelular;
-vitaminas;
-isolantes térmicos, acumulados como proteção
contra ambientes com temperatura baixa.

Ácidos graxos
Ácidos orgânicos, de cadeia longa, são
hidrocarbonetos, e formam vários tipos de Ácidos graxos livres são sabões. Têm cauda
lipídeos. A maioria tem um número par de hidrofóbica e uma carboxila que é como uma
carbonos, entre 16 e 24C. Podem ser cabeça hidrofílica. Tendem a formar micelas,
saturados, com apenas ligações simples, ou com cabeças hidrofóbicas voltadas ao ambiente
insaturados, quando há dupla ligação entre aquoso, e as caudas hidrofóbicas para dentro.
carbonos, alterando o eixo das cadeias
hidrocarbonadas.

Podem ser representados através de dois


números, o primeiro indicando o número de
carbonos, e o segundo indicando se ocorreram
insaturações e o local.
14:0 → 14 carbonos e nenhuma insaturação
16:1 → 16 carbonos e uma insaturação
Podem ter até 4 insaturações. Têm nome da
IUPAC, mas recebem também nome comum.
Tabela 10-1 no final do documento.

Cada carbono da cadeia recebe uma letra do Triglicerídeos


alfabeto grego indicando sua posição, Ácidos graxos podem formar outros tipos de
começando como alfa a partir da hidroxila. O lipídeos, como os triglicerídeos ou
último carbono recebe o nome de ômega, pois triacilgliceróis. São as gorduras e óleos, a
é a última letra do alfabeto grego. principal forma de armazenamento energético.
Ômega 3 é, na verdade, ômega menos 3. Três
O glicerol tem três hidroxilas, e em cada glicolipídeos.
hidroxila é esterificado um ácido graxo. Pode
ser o mesmo ácido graxo, sendo um TAG
simples, ou diferentes em cada hidroxila, sendo
um TAG composto.

As gorduras são sólidas a temperatura Os fosfolipídeos têm, no glicerol, dois ácidos


ambiente, e os óleos são líquidos. Depende do graxos esterificados e na terceira hidroxila um
tamanho da cadeia hidrocarbonada, e se essa grupamento fosfato e outra molécula (álcool).
cadeia é saturada ou insaturada. Normalmente, Essa molécula pode ser serina, etanolamina,
óleos têm ácidos graxos insaturados, e as colina, glicerol, inositol.
gorduras têm ácidos graxos longos saturados.

Se não há nada ligado ao grupamento fosfato,


apenas um próton, é chamada ácido
fosfatídico. Se há algo ligado, a nomenclatura
depende disso:
etanomalina → fosfatidiletanolamina
serina → fosfatidilserina
A cardiolipina tem no grupamento fosfato um
A manteiga tem posição intermediária, com outro fosfolipídeo ligado.
mistura dos dois tipos.

Os TAG são forma de armazenamento,


segregados em gotículas lipídicas, sem água de
solvatação, portanto não aumentam a
osmolaridade do citosol. São inertes
quimicamente, mas podem sofrer oxidação, o
que causa gosto rançoso nos alimentos.
A insolubilidade implica necessidade de
emulsificação na digestão e requer sistema Os esfingolipídeos têm uma esfingosina, com
especializado de transporte. ligação de ácido graxo no grupamento amino
dessa esfingosina. Na hidroxila da esfingosina
Lipídeos de membrana se liga grupamento fosfato ou açúcares.
Ácidos graxos também fazem parte dos lipídeos Se não há nada ligado à hidroxila, é uma
de membrana. São os fosfolipídeos ou os ceramida. Com ligação de fosfocolina, forma a
esfingomielina. Com ligação de açúcar, forma As membranas biológicas têm composição
glicolipídeo neutro. lipídica diferente. A membrana plasmática é
Extremamente abundantes nas células neurais, rica em colesterol, enquanto a membrana
contribuindo com isolamento dos axônios. mitocondrial é pobre em colesterol.

Terceiro importante constituinte das O mesmo ocorre com a parte interna e externa
membranas é o colesterol. Tem porção da bicamada da membrana plasmática. No
hidrocarbonada e hidrofóbica, presente no eritrócito, fosfatidilserina e fosfatidilinositol são
ambiente hidrofóbico da membrana, mas pela voltados ao interior, ao lado citoplasmático da
presença de uma hidroxila consegue interagir bicamada.
com o ambiente aquoso.

Membranas biológicas
Os lipídeos de membrana têm duas caudas
hidrofóbicas e uma cabeça polar. Tendem a
formar bicamadas lipídicas. Os ácidos graxos
tendem a formar micelas, pela sua geometria, e
os fosfolipídeo têm formato mais cilíndrico e
Modelo do mosaico fluido, com a bicamada
tendem a formar bicamadas e vesículas.
lipídica contendo proteínas integrais e
periféricas de membrana, glicolipídeos e
glicoproteínas, esses dois últimos voltados ao
exterior das células.
Os grupos sanguíneos são determinados por
esfingolipídeos com diferentes carboidratos.
A glicoforina é uma proteína integral de
membrana abundante na membrana
plasmática de eritrócitos. Na porção
transmembrana, tem aminoácidos hidrofóbicos
que interagem com a porção hidrofóbica da Proteínas periféricas podem estar presas a
membrana. No interior da célula, a cadeia tem molécula por uma âncora de GPI – glicosil
aminoácido carregados, e no lado externo a fosfatidil inositol.
cadeia é rica em aminoácidos para ligação de
carboidratos. Nas membranas biológicas há domínios, onde
certos tipos de proteínas e lipídeos estão
concentrados. Por exemplo, nos rafts há
acúmulo maior de colesterol e proteínas ligadas
por âncoras de GPI.

A porção transmembrana da proteína pode ser


α-hélices ou folhas-β, com aminoácido
hidrofóbicos. Para proteínas periféricas, porção
da proteína tem aminoácidos hidrofóbicos para
interagir com a membrana. As proteínas
periféricas têm ligação mas fraca com a
bicamada, geralmente no lado interno.
O movimento de uma proteína na membrana
não é aleatório, mas restrito a regiões da
membrana.

Algumas proteínas se ligam transitoriamente à


membrana plasmática. Se ligam a um ácido
graxo, pode ser palmitoladas (ligação a ácido
palmítico) e miristoladas (ligação a ácido Membrana biológica apresenta permeabilidade
mirístico). ou impermeabilidade. A membrana é
impermeável a íons, enquanto glicose e jejum, baixas concentrações. GLUT2 no
aminoácidos passam com certa facilidade pela pâncreas e fígado, tem baixa afinidade pela
membrana. glicose. O GLUT4 é transportador dos músculos,
tecido adiposo e coração, sua presença na
membrana depende de insulina. O GLUT5 é
transportador de frutose, no intestino.

Para um soluto atravessar a membrana, é


necessário remover a camada de solvatação do
soluto. Isso é uma barreira energética para o
fluxo. Há transportadores que interagem com o
soluto e removem a camada de solvatação,
diminuindo a energia necessária para o
transporte.
Esteroides
A velocidade de transporte depende da Estrutura clássica de núcleo esteroide, com 4
concentração extracelular de soluto. Há uma anéis, 3 deles de 6 carbonos e um de 5
velocidade máxima, e a concentração de soluto carbonos. São anfipáticas, ou seja, região
que determina metade dessa Vmáx define a hidrofóbica e cabeça apolar. São sintetizados a
afinidade do transportador pelo soluto. partir de uma molécula de 5 carbonos, o
isopreno.

Transportadores de glicose trabalham por


movimento alternado. Ora o sítio catalítico se
abre ora ao exterior, ora para o interior,
permitindo a passagem de glicose.

Além de papel estrutural, têm vária atividades


biológicas, como vitaminas, cofatores,
carreadores de elétrons, sinalizadores e
hormônios.
GLUT1 e GLUT3 têm alfa afinidade pela glicose,
estão no cérebro, capta glicose mesmo em A partir da forma ativa do isopreno, outras
moléculas são sintetizadas, inclusive o
colesterol. A partir dos isoprenos, de 5C, podem ser
sintetizadas vitaminas, como a E e a K, a
ubiquinona, transportador de elétrons na
mitocôndria, e o dolicol, transportador de
açúcares.

O colesterol tem núcleo esterol, totalmente Hidrólise do fosfatidilinositol


hidrofóbico, e hidroxila que define cabeça A partir dessa hidrólise, as células são capazes
polar capaz de interagir com o ambiente de produzir mensageiros intracelulares. Sinal
aquoso. A partir do 7-dehidrocolesterol é externo se liga a receptores, causando a
sintetizada a vitamina D, colecalciferol, por hidrólise do fosfatidilinositol por fosfolipases.
uma reação fotoquímica na pele. A partir dessa Na hidrólise pela fosfolipase C, são liberados
vitamina D, é sintetizado o calcitriol, hormônio, um diacilglicerol, ou seja, um glicerol contendo
que controle a deposição de cálcio e fosfato dois ácidos graxos, e um inositol trifosfato.
nos ossos.

A partir do colesterol, são sintetizados os


hormônios sexuais, que atuam a partir de
receptores específicos, que levam a mudança
na expressão gênica e no metabolismo. Um hormônio se liga em seu receptor, ativando
a proteína G, que ativa uma fosfolipase C de
membrana, que hidrolisa o fosfatidilinositol. O
diacilglicerol fica na membrana, e pode ativar
proteína cinase C, que medeia as reações
metabólicas do hormônio. O inositol trifosfato
abre canais de Ca++ intracelulares.
dos músculos lisos do pulmão.
AINEs (anti-inflamatórios não esteroidais)
inibem a síntese de prostaglandinas e
tromboxanas.

Transporte de lipídeos e lipoproteínas


Lipoproteínas são carreadores de lipídeos no
corpo. São aglomerados de lipídeos junto com
apolipoproteínas. Há vários tipos de
lipoproteínas, os quilomícrons, sintetizados no
intestino, e as VLDL, LDL, IDL e HDL, de origem
do fígado.
Quilomícron tem TAG e ésteres de colesterol
em seu interior. Os ésteres de colesterol são
totalmente hidrofóbicos, têm um ácido graxo
ligado a sua hidroxila. No exterior, há
monocamada de fosfolipídeos e colesterol livre.
Há apolipoproteína Apo-B48.

Eicosanoides
Grupo de moléculas sinalizadoras, são
derivados do ácido araquidônico, um ácido
graxo insaturado com 20C. Família de
compostos envolvidos na inflamação, febre,
funções reprodutivas, dor.

Na LDL, em seu interior há TAG e ésteres de


Fosfolipídeo de membrana contendo ácido colesterol, e uma monocamada lipídica em
araquidônico. Em resposta a estímulo, torno. Faz parte da LDL a apolipoproteína Apo-
fosfolipase A2 hidrolisa e libera esse ácido B100.
araquidônico, a partir do qual são sintetizadas
substâncias como as prostaglandinas, A partir do colesterol, são sintetizados os
tromboxanas e leucotrienos. ácidos biliares, que são uma molécula de
As prostaglandinas estão envolvidas na dor, colesterol com introdução de hidroxilas e
contração uterina e ciclo circadiano. As compostos carregados. O sal biliar tem regiões
tromboxanas agem na formação de coágulo hidrofóbicas e outras hidrofílicas, permitindo
sanguíneo. Leucotrienos agem na contração
emulsificação de gotículas de gordura. A sendo absorvido pelo fígado. O fígado produz
emulsificação permite maior contato dos colesterol e lipídeos, distribuindo-os aos
lipídeos com as enzimas digestivas. tecidos periféricos lançando VLDL na corrente
sanguínea. Conforme sofrem ação da
lipoproteína lipase, diminuem de tamanho e se
transformam em IDL. IDL diminuem mais de
tamanho, e se concentram mais em colesterol,
formando as LDL. As LDL deveriam retornar ao
fígado mas, se ele já tem muito colesterol, ele
não sintetiza receptores para essas
lipoproteínas, e elas ficam circulando no
Gorduras da dieta são emulsificadas no sangue.
intestino, e lipases degradam os TAG, liberando
os ácidos graxos. Células do intestino absorvem
os AGL ou monoacilgliceróis, e ressintetizam
TAG que, junto com as apolipoproteínas,
formam quilomícrons, lançados no sistema
linfático.
Quilomícrons, ao passar pelos capilares,
encontram lipoproteína lipase, liberando
ácidos graxos.

Problema de saúde pública → 30% das mortes


associadas a níveis altos de LDL, pela
aterosclerose.

HDL têm função de remover o excesso de


colesterol dos tecidos extra-hepáticos e levar
esse excesso ao fígado.
O plasma do sangue, após refeição, fica turvo, Corpo humano não tem via metabólica para
por estar rico em quilomícrons e lipoproteínas. degradar colesterol. A única forma de
eliminação é a transformação de colesterol em
sais biliares, que têm altíssima reabsorção.
Assim, o colesterol se acumula.
Existem lipoproteína boas e lipoproteínas ruins,
não colesterol bom ou ruim.

LDL se depositam nas paredes das artérias e


sofrem oxidação. LDL oxidadas são
reconhecidas pelos macrófagos, que fagocitam
essas LDL, mas não consegue degradá-las. Esse
macrófago se transforma em uma célula
espumosa, levando a apoptose e deposição da
célula morta na artéria. Pode levar a oclusão da
Conforme o quilomícron perde tamanho, se artéria, causando infarto do tecido irrigado,
transforma em quilomícron remanescente, causando morte de células.
Felipe Piccoli Rostirolla

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