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Introdução
Cada célula do seu corpo é delimitada por uma bolha minúscula de membrana. Essa membrana
tem a consistência semelhante ao... óleo de salada. O óleo de salada parece ser uma barreira
muito frágil para se colocar entre uma célula e o resto do mundo. Felizmente, a membrana
plasmática está muito adaptada para o seu trabalho, com a textura de óleo de salada.
Qual é exatamente a sua função? A membrana plasmática não define apenas as fronteiras da
célula, mas também permite que a célula interaja com seu ambiente de forma controlada. As
células devem ser capazes de excluir, absorver e excretar diferentes substâncias, cada uma em
quantidades específicas. Além disso, devem ser capazes de comunicar com outras células,
identificando-se e compartilhando informações.
Para executar essas funções, a membrana plasmática precisa de lipídios, que formam uma
barreira semipermeável entre a célula e o seu ambiente. Também precisa de proteínas, que
estão envolvidas no transporte através da membrana e na comunicação celular, e carbohidratos
(açúcares e cadeias de açúcar), que se ligam às proteínas e aos lipídios e ajudam as células a
reconhecerem-se umas às outras.
• Um fosfolipídio é um lipídio composto por glicerol, duas caudas de ácido gordo e uma
cabeça polar com um grupo de cadeias de fosfato. Membranas biológicas normalmente
envolvem duas camadas de fosfolipídios com suas caudas apontando para dentro, uma
estrutura chamada de camada dupla de fosfolipídio.
• O colesterol, outro lipídio composto por quatro anéis de carbono interligados, é
encontrado ao lado dos fosfolipídios no núcleo da membrana.
• As proteínas das membranas podem estender-se parcialmente pela membrana
plasmática, cruzar a membrana completamente ou ficar livremente anexadas às
superfícies de dentro ou de fora.
• Grupos de carbohidrato estão presentes apenas na superfície externa da membrana
plasmática e estão anexados a proteínas, formando glicoproteínas, ou a lipídios,
formando glicolipídios.
Fosfolipídios
Os fosfolipídios, dispostos em uma bicamada, compõem o tecido básico da membrana
plasmática. Eles são bem adequados a esta função, porque eles são anfifílicos, ou seja, eles têm
regiões hidrofílicas e hidrofóbicas.
Estrutura química de um fosfolipídio, mostrando a cabeça hidrofílica e as caudas hidrofóbicas.
Figura: OpenStax Biology.
A parte hidrofílica, ou com afinidade por água, de um fosfolipídeo é a sua cabeça, a qual possui
um grupo fosfato carregado negativamente, além de um pequeno grupo adicional (de diferentes
identidades, "R" no diagrama à esquerda), que também pode ser carregado ou polar. A cabeça
hidrofílica dos fosfolipídios numa membrana bicamada é voltada para parte externa, entrando
em contato com o fluido aquoso dentro e fora da célula. Como a água é uma molécula polar,
ela prontamente forma uma interação eletrostática (baseada em carga) com as cabeças dos
fosfolípidos.
A parte hidrofóbica, ou "que tem medo de água", de um fosfolipídio consiste em suas cadeias
longas e apolares de ácidos graxos. As cadeias de ácidos graxos podem facilmente interagir
com outras moléculas apolares, mas não muito bem com a água. Por causa disso, é mais
favorável energeticamente para os fosfolipídios colocarem as suas cadeias de ácido gordo na
parte interna da membrana, onde elas estão protegidas da água ao seu redor. A dupla camada
de fosfolipídios formada por essas interações produz uma boa barreira entre o interior e o
exterior da célula, porque água e outras substâncias carregadas ou polares não podem cruzar
facilmente o núcleo hidrofóbico da membrana.
A água pode, de facto, atravessar a membrana plasmática sem auxílio, mas somente em uma
taxa muito baixa. Os canais de proteínas chamados aquaporinas, que a célula pode abrir e fechar
conforme sua necessidade, são utilizados para o transporte rápido das moléculas de água
através da membrana plasmática.
Imagem de uma micela e um lipossoma.
Crédito da imagem: Imagem modificada do original por OpenStax Biology, original de
Mariana Ruiz Villareal.
Graças a sua natureza anfifílica, os fosfolipídios não são apenas adequados para formar uma
membrana de camada dupla. Na verdade, isso é algo que eles fazem espontaneamente nas
condições certas! Na água ou em soluções aquosas, os fosfolipídios tendem a organizar-se com
suas caudas hidrofóbicas voltadas umas para as outras e com suas cabeças hidrofílicas voltadas
para fora. Se os fosfolipídios tiverem caudas pequenas, eles podem formar uma micela (uma
pequena esfera de camada única), ao passo que se eles tiverem caudas grandes, eles podem
formar um liposoma (uma partícula oca com membrana de camada dupla.
Proteínas
As proteínas são o segundo maior componente das membranas plasmáticas. Há duas categorias
principais de proteínas da membrana: integrais e periféricas.
Carbohidratos (Glúcidos)
Os carbohidratos são o terceiro maior componente da membrana plasmática. Em geral, eles são
encontrados na superfície externa das células e estão associados às proteínas (formando as
glicoproteínas) ou aos lipídios (formando os glicolipídeos). Estas cadeias de carbohidratos
podem consistir em 2-60 unidades de monossacarídeo e podem ser simples ou ramificadas.
Juntamente às proteínas de membrana, esses carbohidratos formam marcadores celulares
distintos, um tipo de identidade molecular que permite que as células reconheçam umas as
outras. Esses marcadores são muito importantes para o sistema imune, permitindo que células
imunitárias diferenciem entre as células do organismo, as quais não devem ser atacadas, e
células ou tecidos estranhos, os quais devem ser atacados.
Fluidez da membrana
A estrutura das caudas de ácidos gordos dos fosfolipídios é fundamental na determinação das
propriedades da membrana, e em particular, em quão fluida ela é.
Ácidos graxos saturados não têm ligações duplas (são saturadas de hidrogénios), portanto são
relativamente retas. Por outro lado, ácidos gordos insaturados contêm uma ou mais ligações
duplas, resultando frequentemente numa curva ou dobra. As caudas de ácido gordo saturadas
e insaturadas comportam-se diferentemente de acordo com a temperatura:
• a temperaturas mais baixas, as caudas retas dos ácidos graxos podem-se “espremer”,
criando uma membrana densa e bastante rígida;
• fosfolipídeos com caudas insaturadas não podem unir-se tão firmemente devido às
estruturas encurvadas das suas caudas. Por isso, numa membrana contendo
fosfolipídeos insaturados vai ficar fluida a temperaturas mais baixas do que uma
membrana composta de fosfolipídeos saturados.
A maior parte das membranas celulares contém uma mistura de fosfolipídeos, alguns com duas
caudas saturadas (retas) e outros com uma cauda saturada e outra insaturada (dobrada). Muitos
organismos—peixes por exemplo— podem-se ajustar fisiologicamente a ambientes frios,
alterando a proporção de ácidos gordos insaturados nas suas membranas.
Além dos fosfolipídios, os animais têm um componente adicional da membrana que ajuda a
manter a fluidez: o colesterol, outro tipo de lipídio que está incorporado entre os fosfolipídios
da membrana e que ajuda a minimizar os efeitos da temperatura na fluidez.
A temperaturas baixas, o colesterol aumenta a sua fluidez evitando que os fosfolipídios fiquem
firmemente juntos, enquanto a altas temperaturas, ele reduz a fluidez. Desta forma, o colesterol
aumenta a amplitude das temperaturas em que uma membrana mantém uma fluidez funcional
e saudável.