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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA

AULA 03 -
ENVOLTÓRIOS
CELULARES

Neste módulo você aprenderá quais são as principais funções da


membrana plasmática, como ela está organizada e a sua composição
química, além de reconhecer as suas principais propriedades e sua
importância.
Ao final deste módulo, você deve:
Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá
 ela
como alcançou
Definir o seu
a função daestatuto
membranade cientificidade.
plasmática; Além disso, terá a oportunidade
de conhecer as três
 Identificar grandes da
a estrutura doutrinas
membranada psicologia, behaviorismo, psicanálise e
plasmática;
Gestalt, e as áreas de
 Reconhecer atuação do psicólogo.
a organização dos principais constituintes da membrana
plasmática.
 Compreender o conceito de psicologia
 Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia
 Conhecer as áreas de atuação do psicólogo.
1 COMPOSIÇÃO DA MEMBRANA PLASMÁTICA

As membranas plasmáticas possuem espessura de aproximadamente 7 a 10


µm e podem ser vistas apenas no microscópio eletrônico. É uma estrutura de três
camadas composta por duas camadas eletrodensas (escuras) e uma camada
eletrolúcida (brilhante) (Figura 1). Essa estrutura é chamada de unidade de membrana
(ALBERTS et al., 2017; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012).

Figura 01 - Estrutura da membrana plasmática

Fonte: bit.ly/3tb8wQX

Esse aspecto ao microscópio eletrônico é explicado pela organização molecular


das membranas, que estão organizadas em uma bicamada fluida de fosfolipídios
(fosfoglicerídeos e esfingolipídios). Os lipídios das membranas são moléculas longas,
com uma extremidade hidrofílica (polar e solúvel em água) e uma cadeia hidrofóbica
(apolar e insolúvel em água) — portanto, uma molécula anfipática (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2012).
As moléculas da dupla camada de lipídios estão dispostas com suas cadeias
hidrofóbicas direcionadas ao interior da membrana. Já as cadeias hidrofílicas (polares)
ficam direcionadas aos meios intracelular e extracelular, que são ambientes aquosos.
Lipídios

Os fosfolipídios e o colesterol são os lipídios mais frequentes nas membranas


plasmáticas, além deles, existem também os glicolipídios (lipídios associados a
carboidratos).
- Fosfolipídios: Estes são os lipídios de membrana mais comuns. Eles têm uma
cauda de ácido graxo ligada a uma "cabeça" de fosfato ligada a um álcool (hidrofílico)
por meio de uma molécula de glicerol. Destacam-se dentre os fosfolipídeos a
fosfatidilserina, a fosfatidiletanolamina, a fosfatidilcolina, o fosfatidilinositol e o
fosfatidilglicerol. A esfingomielina, comum nas células do tecido nervoso, é um
fosfolipídio no qual o glicerol é substituído por uma esfingosina (neste caso, o álcool
associado é a colina) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012).
- Colesterol: o colesterol é o segundo lípido mais abundante nas membranas,
constituindo aproximadamente 25% da membrana plasmática. É hidrofóbico, mas
contém grupos hidroxila polares que atraem para a superfície externa das bicamadas
entre os fosfolipídios adjacentes. Existe um núcleo esteroide entre o grupo hidroxila e
a cauda de hidrocarboneto, o que o torna relativamente inflexível. Assim, adicionar
colesterol à membrana perturba a sua viscosidade e reduz sua fluidez, tornando-a
mais forte e dura. Também está envolvido na sinalização celular.
- Glicolipídios: uma classe de lipídios pequena, mas fisiologicamente importante,
presente na monocamada externa. Consiste em uma cauda de ácido graxo conectada
por meio de uma esfingosina a uma cabeça de carboidrato hidrofílico. Os glicolipídios
criam assim o envelope de carboidratos da célula, que está envolvido nas interações
célula-célula, incluindo a apresentação de antigenicidade (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2012).

Proteínas

A atividade metabólica das membranas plasmáticas é dependente das


proteínas que participam da sua formação. Elas podem ser classificadas em dois
grandes grupos: as proteínas integrais (ou intrínsecas) e as proteínas periféricas (ou
extrínsecas). As primeiras estão firmemente aderidas à membrana plasmática,
compondo parte de ambas monocamadas lipídicas, e correspondem a cerca de 70%
das proteínas de membrana. Aquelas proteínas integrais que atravessam toda a
unidade de membrana, fazendo contato do meio extracelular com o citoplasma, são
chamadas de proteínas transmembranares, que podem atravessar a membrana uma
única vez (unipasso) ou várias vezes. Neste último caso, são chamadas de proteínas
transmembrana de passagem múltipla (ou multipasso). As proteínas periféricas, ao
contrário, se prendem às superfícies externas da membrana, compondo apenas uma
das monocamadas lipídicas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012).

Figura 03 - Estrutura proteica presente na membrana plasmática

Fonte: bit.ly/2H1WBi2

A passagem de substâncias através da membrana celular não ocorre sempre


da mesma forma e depende do tipo de substância (permeabilidade seletiva). Em
alguns casos as substâncias podem atravessar a membrana sem a intervenção
específica de moléculas transportadoras — transporte não mediado (osmose e
difusão simples) —, enquanto em outros casos são as proteínas membranares que
facilitam esse transporte — transporte mediado (transporte ativo e difusão facilitada).
O termo geral ‘proteínas de transporte’ engloba três categorias principais de
proteínas: canais (agem como poros nas membranas e sua especificidade é
determinada primeiramente pelas propriedades biofísicas no canal - Figura 3),
carregadoras (ligam na molécula a ser transportada em um lado da membrana e
depois a liberam do outro lado - Figura 3) e bombas (relacionadas ao transporte ativo
primário, usam energia diretamente, usualmente da hidrólise do trifosfato de
adenosina [ATP], para bombear os solutos contra o seu gradiente ou potencial
eletroquímico). Essas proteínas exibem especificidade para solutos por elas
transportados. Embora uma determinada proteína de transporte seja em geral
altamente específica para os tipos de substâncias que transporta, sua especificidade
normalmente não é absoluta (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012).
Existem três tipos de proteínas transportadoras (transporte secundário):
simporte, antiporte e uniporte. Nas proteínas do tipo simporte, as duas substâncias se
movem na mesma direção através da membrana. Nas do tipo antiporte, ocorre o
movimento de um soluto a favor do gradiente de prótons, impulsionando o transporte
ativo de outro soluto na direção oposta do gradiente (transporte acoplado). Nas
proteínas do tipo uniporte, apenas um soluto é transportado e ocorre a favor do
gradiente eletroquímico.
No transporte por meio de proteínas simporte e antiporte, o íon ou soluto
transportado simultaneamente com os prótons move-se contra seu gradiente de
potencial eletroquímico, de modo que se trata de transporte ativo. Nesses casos, a
energia que governa esse transporte é proporcionada pela força-motriz de prótons,
em vez de diretamente pela hidrólise de ATP. O transporte realizado por proteínas
uniporte é mediado pelos canais e certos transportadores a favor do gradiente de
potencial elétrico.

2 ESTRUTURA DA MEMBRANA PLASMÁTICA

Apesar de morfologicamente parecidas e com a mesma organização molecular


básica, as unidades de membrana não são iguais, nem na morfologia nem nas
funções. Assim, as membranas plasmáticas variam muito na composição química e
nas propriedades biológicas. A proporção entre os tipos de lipídios varia de acordo
com o tecido e o tipo celular, assim como a distribuição dos lipídios em cada camada
é assimétrica (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012).
Isso significa dizer que as moléculas que compõem a bicamada têm natureza
lipídica, mas que diferem entre si, na sua estrutura e propriedade química (mais polar
ou menos polar, com cadeias cíclicas ou lineares, com cadeias de ácidos graxos
maiores ou menores, por exemplo). Além disso, o tipo e a proporção de cada
fosfolipídio/colesterol em cada monocamada lipídica da membrana são variáveis.

Figura 04 - Estrutura mosaico fluido – membrana plamática

Fonte: bit.ly/3UmgvGK

Na organização da membrana, as proteínas periféricas estão concentradas na


sua face citoplasmática, na qual podem ligar-se a componentes do citoesqueleto,
definindo, inclusive, o formato da célula. Já as proteínas integrais estão presentes no
lado externo da membrana e estão muito relacionadas aos fenômenos de sinalização
celular. Parte dessas proteínas são glicoproteínas, cujos resíduos glicídicos são
adicionados aos glicolipídios e à outras moléculas da face externa da membrana,
constituindo o glicocálice (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012).

Glicocálice

A superfície externa da membrana plasmática apresenta uma região rica em


carboidratos ligados a proteínas ou a lipídios, denominada glicocálice. O glicocálice é
uma “extensão” da própria membrana — não é uma camada separada. Ele é
composto por moléculas produzidas e secretadas pela própria célula e é constituído
pelos glicídios ancorados à monocamada externa da membrana, pelas glicoproteínas
integrais da membrana e por proteoglicanos secretados e adsorvidos à membrana -
Figura 4) (ALBERTS et al., 2017; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012).
Figura 05 - Imagem microscopia mostrando Glicocálice

Fonte: bit.ly/3UmgvGK

O glicocálice protege a célula e facilita várias interações entre células, por


exemplo, o reconhecimento de substâncias por parte da célula (Figura 05). Ele é
funcionalmente muito importante para a célula e sua composição não é estática —
varia conforme a atividade funcional da célula num determinado momento, assim
como varia de uma célula para outra e, na mesma célula, varia de acordo com a região
da membrana (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012).
A fibronectina é uma importante e abundante glicoproteína secretada pela
célula e que passa a fazer parte do glicocálice e que tem a função de unir umas células
às outras e à matriz extracelular. É ela quem faz contato entre o citoesqueleto celular
(presente no citoplasma) e às proteínas da matriz dos tecidos, dentre elas o colágeno
(ALBERTS et al., 2017; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012).

Mosaico fluido

Você pode observar na figura 04 que a membrana plasmática não é uma


estrutura estática, os lipídios se movem ao longo da monocamada ou mesmo entre
camadas, num movimento denominado flip-flop, e essa movimentação ao longo da
monocamada ou entre as camadas proporciona fluidez à membrana. Esse conceito
de fluidez da membrana está relacionado não apenas à movimentação dos lipídios,
está relacionado a aspectos dinâmicos da célula — o transporte de moléculas entre
os meios intra e extracelular (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012).
Esse dinamismo da membrana plasmática se dá também porque em meio à
bicamada lipídica são encontradas proteínas que têm inúmeras funções celulares,
dentre elas a de facilitar e/ou transportar íons ou outras moléculas polares específicas.
Essas proteínas associadas à membrana também têm mobilidade ao longo das
monocamadas. Esse aspecto heterogêneo e fluido da membrana plasmática dá nome
ao modelo descrito por Sanger e Nicholson, em 1972, e atualmente aceito: modelo
mosaico fluido (Figura 9) (ALBERTS et al., 2017; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012).

3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERTS, B.; BRAY, D.; JOHNSON, A. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2017.

JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de


Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2012.

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