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Metabolismo Dos Lipídeos e Colesterol
Metabolismo Dos Lipídeos e Colesterol
P: grupo fosfato.
Os nomes triviais dos ácidos graxos, em geral, derivam-se das fontes onde são encontrados em
abundância. Assim, ácido palmítico do óleo de palma, ácido oleico do óleo de oliva, linoleico e
linolênico do óleo de linhaça, etc. Os ácidos graxos mais comuns são os de 16 e 18 carbonos.
A numeração dos carbonos inicia-se no grupo carboxila e vai em direção à outra extremidade, onde está o
carbono metila. Na denominação por letras, o carbono 2 é o carbono alfa, e o carbono 3 é o carbono beta, e
assim por diante, até o carbono com o grupo metila, que é o carbono ômega, também denominado carbono n.
Para indicar a posição das duplas ligações na cadeia, pode-se utilizar o delta (Δ). A dupla ligação é representada
pelo símbolo Δ, seguido pelo número de carbono mais próximo da carboxila que participa da dupla ligação. Já
na classificação por letras, indica-se o número do carbono mais próximo do grupo metila, ou seja, do carbono n.
Exemplo do ácido linoleico, que tem 18 carbonos e duas insaturações: 18:2 Δ 9,12 ou 18:2 ⍵-6; 18:2 n-6.
As propriedades físicas dos ácidos graxos e dos lipídios deles derivados dependem da ocorrência ou
não de insaturações na cadeia de hidrocarboneto e do seu comprimento. As cadeias dos ácido
graxos saturados são flexíveis e distendidas, podendo associar-se extensamente umas com as
outras por meio de interações hidrofóbicas. Os ácidos graxos insaturados naturais têm, quase
sempre, duplas ligações com configuração geométrica cis, ou seja, os átomos de hidrogênio
dispõem-se do memso lado da dupla ligação. A dupla ligação cis produz uma dobra rígida na cadeia,
o que determina a formação de agregados menos compactos e, portanto, menos estáveis tanto maior
quanto maior for a cadeia. A intensidade da associação entre moléculas de ácidos graxos reflete-se
no valor do seu ponto de fusão, já que a passagem do estado sólido para o líquido envolve a ruptura
parcial de interações intermoleculares. A temperatura de fusão dos ácidos graxos diminui com o
número de insaturações e aumenta com o comprimento da cadeia. Assim, ácido esteárico (saturado)
e ácido oleico (uma insaturação), ambos com 18 carbonos, têm pontos de fusão muito diferentes:
69,6°C e 13,4°C, respectivamente. Já o ponto de fusão do ácido esteárico é maior do que o ponto de
fusão do ácido palmítico (63,1°C), que tem 2 carbonos a menos. A consistência dos ácidos graxos (e
de seus derivados) à temperatura ambiente é uma consequência das suas propriedades: ácidos
graxos saturados com mais de 14 carbonos são sólidos e, se possuírem pelo menos uma dupla
ligação, são líquidos. O grau de fluidez das membranas biológicas depende, então, do tipo de ácido
graxo presente nos seus lipídios estruturais. Os ácidos graxos são classificados em:
Os triacilgliceróis (ou triglicerídeos) são os lipídios mais abundantes. São constituídos por três
moléculas de ácidos graxos esterificadas a uma molécula de glicerol, ou seja, apresentam três
grupos acila ligados a glicerol.
Compostos monoacilgliceróis e diacilgliceróis são pouco encontrados nas células, existindo como
intermediários das vias de síntese e degradação de lipídios que contêm ácidos graxos e glicerol. Os
triglicerídeos são essencialmente apolares, pois as porções polares de seus precursores (hidroxilas
do glicerol e carboxilas dos ácidos graxos) desaparecem na formação das ligações éster. Assim, são
muito hidrofóbicos. As gorduras animais e os óleos vegetais são misturas de triglicerídeos, que
diferem na sua composição de ácidos graxos e, consequentemente, no seu ponto de fusão. As
gorduras animais são saturadas e portanto sólidas em temperatura ambiente; as gorduras vegetais
são insaturadas e, portanto, líquidas. Os óleos vegetais, através da hidrogenação, dão origem a
margarinas, pela redução das duplas ligações, tornando-se sólido. Os glicerofosfolipídios são
derivados do glicerol que contêm fosfato na sua estrutura. O mais simples é o ácido fosfatídico
(fosfatidato), composto por uma molécula de glicerol esterificada e dois ácidos graxos nos carbonos 1
e 2, e o ácido fosfórico no carbono 3. O fosfatidato participa da constituição de membranas celulares,
atua como intermediário da síntese de triacilgliceróis e de outros glicerofosfolipídios.
O X representa o grupo fosfato variável ligado a um grupo polar; parte hidrofílica.
Os lipídios resultantes, portanto, diferem quanto aos substituintes do fosfatidato, dos quais derivam
seus nomes. Os esfingolipídios não contém glicerol e seu esqueleto é formado por um aminoálcool
contendo uma longa cadeia de de hidrocarbonetos, que mais frequentemente, é a esfingosina. O
grupo amino da esfingosina liga-se a um ácido graxo por uma ligação amídica, originando ceramida.
A ligação de uma polar ao carbono 1 da ceramida forma os esfingolipídios, que, de acordo com a
natureza da estrutura polar, podem ser classificados em três tipos: esfingomielinas, cerebrosídeos e
gangliosídeos. As esfingomielinas estão presentes nas bainhas de mielina dos axônios e sua porção
polar é uma fosforilcolina. Nos cerebrosídeos, a ceramida liga-se a um açúcar, que pode ser glicose
ou galactose. Os gangliosídeos são ainda mais complexos, por apresentarem uma região polar
composta por oligossacarídeos, às vezes ramificados, com a inclusão de açúcares aminados nas
extremidades. Os cerebrosídeos e os gangliosídeos são encontrados predominantemente no cérebro
e são glicolipídios. A região polar dos esfingolipídios é formada pelas cadeias carbônicas da
esfingosina e do ácido graxo e ela ligado.
Os esteroides apresentam um núcleo tetracíclico característico em sua estrutura. O composto-chave
desse grupo é o colesterol, que é o esteroide mais comum nas células animais e serve como
precursor à síntese de todos ou outros esteroides, que incluem hormônios esteroides (sexuais e do
córtex das glândulas supra-renais), sais biliares e vitamina D. O colesterol também tem função
estrutural importante nas membranas das células animais. Sua molécula tem um caráter fracamente
anfipático, porque o grupo hidroxila é polar e o restante da molécula - os anéis esteroídicos e a
cadeia lateral alifática - é apolar. O sistema de anéis compõe um plano rígido e o colesterol influencia
a fluidez das membranas celulares. O colesterol é transportado pelas lipoproteínas plasmáticas,
geralmente ligado a ácidos graxos insaturados como o ácido linoleico, formando ésteres de colesterol
- a ligação éster forma-se entre o grupo hidroxila do colesterol e a carboxila do ácido graxo; esta
também é a forma de armazenamento de colesterol dentro das células. Portanto, o colesterol
desempenha atividades essenciais. Nos vegetais, o colesterol tem níveis muito baixos; em óleos
vegetais, para fins dietéticos, é considerado igual a zero. O colesterol também contribui para a fluidez
das membranas celulares.
Os triacilgliceróis são a forma mais eficiente de armazenar energia. Como são compostos altamente
reduzidos, sua oxidação libera muito mais energia que a oxidação de quantidades equivalentes de
carboidratos ou proteínas. Nos vertebrados, os triglicerídeos são armazenados no tecido adiposo, de
localização visceral e subcutânea, que atua também como isolante térmico e como proteção contra
traumas mecânicos.
Os lipídios anfipáticos, quando adicionados em um meio aquoso, tendem a agregar-se, organizando-
se espontaneamente em estruturas plurimoleculares. Estas estruturas maximizam as interações
hidrofóbicas entre as cadeias carbônicas, isolando-as da água, e deixando os grupos polares em
contato com o solvente, com o qual podem interagir. Tais arranjos moleculares constituem o estado
de menor energia livre para esses lipídios em água e resultam da presença de duas regiões com
solubilidade diferente na mesma molécula. O tipo de estrutura formada é determinado pela geometria
da molécula do lipídio anfipático. Lipídios com uma única cadeia carbônica, como sabões e
detergentes, devido à forma cônica e afilada de suas moléculas, constituem, preferencialmente,
micelas. Nesta estrutura esférica, as cadeias de hidrocarbonetos organizam-se no interior, isolando-
se da água, e os grupos polares posicionam-se na superfície externa, interagindo com o solvente. A
formação de micelas é uma etapa importante na digestão dos lipídios da dieta. A maioria dos
fosfolipídios e dos glicolipídios associam-se em uma camada dupla de moléculas, chamada
bicamada lipídica. Esta estrutura permite uma agregação mais estável das moléculas desses lipídios,
que têm forma cilíndrica devido à presença de duas cadeias apolares. As moléculas de lipídios
alinham-se lado a lado, compondo duas monocamadas; as cadeias carbônicas das monocamadas
agrupam-se frente à frente, de modo a criar um domínio hidrofóbico no meio da bicamada; os grupos
hidrofílicos ficam na superfície, interagindo com a água. Bicamadas lipídicas tendem a converterem-
se em estruturas fechadas, chamadas lipossomos, que são mais estáveis porque não apresentam
caudas hidrofóbicas expostas ao solvente, como acontece na periferia das bicamadas planas.
Lipossomos, são, portanto, vesículas esféricas sintéticas formadas por uma bicamada lipídica
contínua, que delimita uma cavidade interna preenchida por solvente.
ALIMENTOS QUE CONTÉM LIPÍDIOS:
Origem animal: carnes (principalmente gordurosas e bovina), queijos, leite, manteiga, peixe,
torresmo, ovo.
Origem vegetal: óleos (oliva, soja, milho, girassol), coco, abacate, cacau, linhaça, oleaginosas
(castanhas, nozes, amêndoas)
Exemplos de alimentos que podem aumentar nosso HDL e diminuir nosso LDL: óleos de milho, soja,
oliva, canola, açafrão, girassol, margarinas feitas com os óleos citados e azeitonas. Devemos evitar
alimentos como manteiga, gordura animal (banha), carnes gordurosas (com banha, pele ou couro),
frituras, gordura hidrogenada (margarinas), óleo de coco e leite integral.
A gordura trans é considerada o pior tipo de gordura para o organismo. Sua principal consequência é
aumentar o colesterol ruim e diminuir o bom, podendo causar risco de doenças cardiovasculares. É
encontrada em alimentos industrializados como biscoitos recheados, margarina, salgadinhos de
pacote, preparo para massa de bolo, dentre outros produtos ultraprocessados. Para a sua produção,
o óleo líquido é transformado em gordura sólida, conferindo, por um baixo custo, maior crocância,
sabor e prazo de validade aos produtos.
Além dos quilomícrons, que são lipoproteínas muito grandes, existem quatro principais tipos de
lipoproteínas, classificadas segundo suas densidades medidas pela ultracentrifugação: (1) as
lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), que contêm altas concentrações de triglicerídios e
concentrações moderadas de colesterol e fosfolipídios; (2) as lipoproteínas densidade intermediária
(IDL), que são VLDL das quais uma parte dos triglicerídios foi removida, então as concentrações de
colesterol e fosfolipídios estão aumentadas; (3) as lipoproteínas de baixa densidade (LDL), que são
derivadas de IDL, com a remoção de quase todos os triglicerídios, deixando uma concentração
especialmente alta de colesterol e um aumento moderado da concentração de fosfolipídios; e (4) as
lipoproteínas de alta densidade (HDL), que contêm uma alta concentração de proteína (cerca de
50%), mas concentrações muito menores de colesterol e de fosfolipídios. Quase todas as
lipoproteínas são formadas no fígado, que também é onde ocorre a maior parte da síntese do
colesterol plasmático, dos fosfolipídios e dos triglicerídios. Além disso, pequenas quantidades de
HDL são sintetizadas no epitélio intestinal durante a absorção de ácidos graxos no intestino. A
principal função das lipoproteínas é transportar seus componentes lipídicos no sangue. As VLDL
transportam os triglicerídios sintetizados no fígado principalmente para o tecido adiposo. As outras
lipoproteínas são especialmente importantes em diferentes estágios de transporte de fosfolipídios e
de colesterol do fígado para os tecidos periféricos ou da periferia de volta ao fígado.
Objetivo 4: Descrever o processo de obtenção de energia por meio dos lipídeos (lipólise;
*beta-oxidação).
As moléculas de lipídios são consideradas a fonte primária de combustível do organismo, uma vez
que possuem elevado conteúdo de energia. Quando o corpo no estado de jejum necessita utilizar os
estoques de energia, as lipases degradam os triglicerídeos em glicerol e ácidos graxos livres por
meio de uma série de reações, denominada lipólise. O glicerol sintetizado a partir da lipólise entra na
via da glicólise, posteriormente formando piruvato e ATP. As longas cadeias de ácidos graxos são
mais difíceis de gerarem ATP. A maioria dos ácidos graxos precisa primeiramente ser transportada
do citosol para a matriz mitocondrial. Uma vez na matriz, os ácidos graxos são lentamente
desacoplados em suas unidades de carbono por vez, até o fim da cadeia, em um processo chamado
beta-oxidação. Na maioria das células, as unidades de 2 carbonos são convertidos em acetil-CoA,
cuja unidade acil com dois carbonos alimenta diretamente o ciclo do ácido cítrico. Uma vez que
muitas moléculas de acetil-CoA podem ser produzidas a partir de um único ácido graxo, os lipídios
contêm 9kcal de energia armazenada por grama, comparados com 4kcal das proteínas e dos
carboidratos. No estado de jejum, o tecido adiposo libera ácidos graxos livres e glicerol na corrente
sanguínea. O glicerol será captado pelo fígado, convertendo-se em glicose na via da gliconeogênese.
Os ácidos graxos serão captados por tecidos e utilizados para a produção de energia. No fígado, se
os ácidos graxos produzirem mais rapidamente grupamentos acetil-CoA do que o ciclo do ácido
cítrico pode metabolizar, o excesso de unidades acil será convertido em corpos cetônicos. Os corpos
cetônicos torna-se uma significativa fonte de energia para o cérebro em casos de jejum prolongado e
de glicose baixa. Os corpos cetônicos entram no sangue, criando um estado de cetose.
Para ser oxidado, o ácido graxo é convertido em uma forma ativada, neste caso, uma acil-CoA. Esta
etapa é catalisada pela acil-CoA sintetase, associada à membrana externa da mitocôndria.
A membrana interna da mitocôndria é impermeável a acil-CoA, mas os grupos acila podem ser
introduzidos na mitocôndria, quando ligados à carnitina. A ligação reversível do grupo acila à
carnitina é catalisada pela carnitina-acil transferase. Existem duas isoformas da enzima,
denominadas I e II, que se localizam nas faces externa e interna da membrana interna da
mitocôndria, respectivamente. O sistema de transporte de grupos acila consta de 4 etapas: na face
externa da membrana, a carnitina-acil transferase I transfere o grupo acila da coenzima A para a
carnitina; a acil-carnitina resultante é transportada através da membrana interna por uma translocase
específica; na face interna, a carnitina acil-transferase II doa o grupo acila da acil-carnitina para uma
coenzima A da matriz mitocondrial, liberando carnitina; a carnitina retorna ao citosol pela mesma
translocase. Deste modo, o grupo acila dos ácidos graxos atinge o interior da mitocôndria.
A acil-CoA presente na matriz mitocondrial é oxidada por uma via denominada beta-oxidação, porque
promove a oxidação do carbono beta do ácido graxo, ou ciclo de Lynen. Esta via consta de uma série
cíclica de 4 reações, ao final das quais a acil-CoA é encurtada de dois carbonos, que são liberados
sob a forma de acetil-CoA, com produção de FADH2 e NADH. As quatro reações são:
1. Oxidação da acil-CoA a uma enoil-CoA (acil-CoA beta-insaturada) de configuração trans, à
custa da conversão de FAD a FADH2, a única reação irreversível da via - enzima acil-CoA
desidrogenase.
2. Hidratação da dupla ligação, produzindo o isômero L de uma beta-hidroxiacil-CoA - enzima
enoil-CoA hidratase.
3. Oxidação do grupo hidroxila a carbonila, resultando uma beta-cetoacil-CoA e NADH - enzima
beta-hidroxiacil-CoA desidrogenase.
4. Cisão da beta-cetoacil-CoA por reação com uma molécula de CoA, com formação de acetil-
CoA e uma acil-CoA com dois carbonos a menos; esta acil refaz o ciclo várias vezes, até ser
totalmente convertida em acetil-CoA - enzima tiolase.
A oxidação do ácido palmítico (16 carbonos), produz 129 ATP. Dos 131 ATP produzidos, 2 devem
ser descontados, pois são consumidos na ativação do ácido graxo. Os ácidos graxos com número
ímpar de carbonos são uma fração minoritária dos ácidos graxos e também são oxidados pela beta-
oxidação. Porém, na última volta do ciclo de Lynen inicia-se com uma acil-CoA de 5 carbonos e
produz uma molécula de acetil-CoA e uma de propionil-CoA, em vez de duas de acetil-CoA. A
propionil-CoA é convertida a succinil-CoA, um intermediário do ciclo de Krebs.
Assim, após a degradação inicial dos ácidos graxos em acetil-CoA, sua quebra final é exatamente a
mesma do que a da acetil-CoA formada a partir do ácido pirúvico durante o metabolismo da glicose.
Os átomos extras de hidrogênio também são oxidados pelo mesmo sistema quimiosmótico oxidativo
das mitocôndrias, que é utilizado na oxidação dos carboidratos, liberando grandes quantidades de
trifosfato de adenosina (ATP).
Objetivo 5: Descrever o processo de síntese de ácidos graxos (lipogênese; *via das pentoses).
SÍNTESE DE LIPÍDIOS: quando o colesterol não é ingerido, ele é sintetizado pelo fígado. Mesmo
pessoas veganas possuem quantidades substanciais de colesterol nas células. O corpo pode
produzir colesterol a partir da acetil-CoA em uma série de reações de cadeia. Quando o anel da
estrutura do colesterol é formado, este é facilmente utilizado pelas células para a síntese de
hormônios e outras substâncias esteroides. Outras gorduras são necessárias para a estrutura e o
funcionamento das células, como os fosfolipídios, que também são sintetizados a partir de outras
fontes que não são lipídios, durante o estado alimentado. As enzimas contidas no retículo
endoplasmático liso e no citosol de células são responsáveis pela maior parte da síntese endógena
de lipídios. No retículo endoplasmático liso que ocorrem os estágios da fosforilação que convertem
triacilgliceróis em fosfolipídios. O excesso na ingestão de glicose e de proteína leva à síntese de
triacilgliceróis. O glicerol pode ser sintetizado a partir da glicose ou de intermediários da glicólise. Os
ácidos graxos são sintetizados a partir de agrupamentos acetil-CoA quando a enzima citosólica ácido
graxo sintase une os grupamentos acil de 2-carbonos em cadeias de carbono mais longas. Esse
processo também requer hidrogênios e elétrons de alta energia do NADPH. A combinação de glicerol
com ácidos graxos para formar triacilgliceróis ocorre no REL. É possível armazenar muito kg de
gordura no tecido adiposo. Portanto, a síntese de gordura fornece um meio pelo qual o excesso de
energia obtida pela ingestão de carboidratos (e proteínas) pode ser armazenado para uso posterior.
Síntese de lipídios a partir de carboidratos: o primeiro passo na síntese de triacilgliceróis é a
conversão dos carboidratos em acetil-CoA. Essa conversão ocorre durante a degradação normal da
glicose pelo sistema glicolítico. Essa degradação ocorre por um processo de duas etapas, usando a
malonil-CoA e o NADPH como os intermediários desse processo.
A porção de glicerol dos triglicerídeos é fornecida por alfa-glicerofosfato, que é outro produto
derivado do esquema glicolítico da degradação da glicose. Quando a insulina não está presente em
quantidades necessárias, as gorduras são mal sintetizadas, pois quando a insulina não está
disponível, a glicose não entra nos adipócitos nem nas células hepáticas de forma satisfatória; assim,
apenas pequena quantidade de acetil-CoA e NADPH podem ser derivadas da glicose. A ausência de
glicose nas células adiposas também reduz muito a disponibilidade de alfa-glicerofosfato, o que
também dificulta a síntese de triglicerídeos pelos tecidos. Como o alfa-glicerofosfato é um produto
importante do metabolismo da glicose, a disponibilidade de grandes quantidades de glicose, inibe,
automaticamente, o uso de ácidos graxos como fonte de energia. Quando os carboidratos estão em
excesso, os ácidos graxos são sintetizados mais rapidamente do que são degradados, pois grande
quantidade de acetil-CoA é produzida. A carboxilação da acetil-CoA em malonil-CoA é regulada pela
enzima acetil-CoA carboxilase, cuja atividade é acelerada na presença de intermediários do ciclo do
ácido cítrico. Por isso que um excesso de carboidratos aumenta as reservas de gordura.
Síntese de triglicerídeos a partir de proteínas: muitos aminoácidos podem ser convertidos em
acetil-CoA, que pode então ser sintetizada em triglicerídeos.
Formação dos fosfolipídios: são sintetizados essencialmente em todas as células do corpo, mas
principalmente nas células hepáticas. Quando os triglicerídeos são depositados no fígado, a
formação de fosfolipídios aumenta. Os principais tipos de fosfolipídios no corpo são as lecitinas, as
cefalinas, e a esfingomielina. Os fosfolipídios são um importante constituinte das lipoproteínas;
participam do processo de coagulação sanguínea; estão presentes na bainha de mielina no sistema
nervoso; e participam da constituição de membranas celulares.
Formação do colesterol: o colesterol endógeno que circula nas lipoproteínas do plasma é formado
essencialmente pelo fígado, mas as outras células do corpo também produzem colesterol, pois
estruturas das membranas de todas células são parcialmente compostas por essa substância. O anel
do colesterol é sintetizado inteiramente a partir de diversas moléculas de acetil-CoA. Esse núcleo
pode ser modificado por várias cadeias laterais, para formar colesterol, ácido cólico, que é a base
dos ácidos biliares, muitos hormônios esteroides importantes. Quando o colesterol é ingerido, a sua
concentração crescente inibe a enzima mais importante para a síntese endógena de colesterol, a 3-
hidróxi-3-metilglutaril CoA redutase (HMG-CoA redutase).
PASSOS: a primeira etapa da síntese de ácidos graxos é o transporte de acetil-CoA para o citosol.
O substrato inicial é a acetil-CoA e o produto final é o ácido palmítico.
A síntese ocorre no citosol, onde a acetil-CoA, formada na mitocôndria a partir do piruvato, pelo
complexo piruvato desidrogenase. Carboidratos e proteínas, precursores dos ácidos graxos, são
degradados em acetil-CoA e oxaloacetato, que sofrem condensação, formando citrato, por ação da
primeira enzima do ciclo de Krebs, a citrato sintase. No caso de a carga energética da célula estar
alta, o citrato não pode oxidado pelo ciclo de Krebs em virtude da inibição da isocitrato
desidrogenase.
Ele é transportado para o citosol pela tricarboxilato translocase, onde é cindido em oxaloacetato e
acetil-CoA, à custa de ATP, numa reação catalisada pela citrato liase.
O oxaloacetato é reduzido a malato pela malato desidrogenase citosólica, uma isoenzima da malato
desidrogenase mitocondrial. O malato é substrato da enzima málica em uma reação que produz
piruvato e NADPH.
A síntese dos ácidos graxos é catalisada por um sistema enzimático denominado sintase de ácidos
graxos. Faz parte desse sistema uma proteína não-enzimática designada proteína carregadora de
acila ou ACP, à qual está sempre ligada a cadeia do ácido graxo em crescimento. O ACP tem como
grupo prostético a fosfopanteteína. A longa cadeia de fosfopanteteína do ACP transporta o substrato
entre os diferentes centros ativos componentes da síntese.
A síntese inicia-se com a transferência do grupo acetila da acetil-CoA para o ACP, catalisada pela
enzima acetil-CoA-ACP transacilase; em seguida, a acetila é transferida para o grupo SH de um
resíduo de cisteína de outra enzima da sintase, a beta-cetoacil-ACP sintase. O ACP, agora livre,
pode receber o grupo malonila da malonil-CoA, formando malonil-ACP,por ação da malonil-CoA-ACP
transacilase. Depois, ocorre uma condensação dos grupos acetila e malonila, catalisada pela beta-
cetoacil-ACP sintase ou enzima de condensação, originando um beta-cetoacil-ACP de 4 carbonos,
com liberação de CO2. O beta-cetoacil-ACP de 4 carbonos formado sofre redução, desidratação e
nova redução, catalisadas, respectivamente, por beta-cetoacil-ACP redutase, beta-hidroxiacil-ACP
desidratase e enoil-ACP redutase. As duas redutases usam NADPH como doador de elétrons.
Assim, termina o primeiro ciclo da síntese de ácidos graxos, com a formação de buriti-ACP.
Para prosseguir o alongamento da cadeia, o grupo buritila é transferido para o grupo SH da beta-
cetoacil-ACP sintase, liberando o ACP, que pode, então, receber outro grupo malonila. A repetição
do ciclo por mais seis voltas, perfazendo um total de sete voltas, leva à formação de palmitoil-ACP,
que é reconhecido pela tioesterase: a ligação tioéster do substrato é hidrolisada, liberando o ácido
palmítico, o produto mais usual da sintase de ácidos graxos. A síntese do ácido palmítico (16 C), no
total, requer: 1 acetil-CoA, 7 malonil-CoA, 7 ATP consumidos na formação de 7 malonil-CoA a partir
de 7 acetil-CoA e 14 NADPH. O NADPH tem duas origens: a reação catalisada pela enzima málica e
das reações da via das pentoses fosfato.
TRIACILGLICERÓIS
Síntese do colesterol: inicia-se com a condensação de duas moléculas de acetil-CoA, produzindo
acetoacetil-CoA; esta condensa-se com outra molécula de acetil-CoA, produzindo 3-hidroxi-
3metilglutaril-CoA (HMG-CoA). As enzimas que catalisam estas reações são, respectivamente,
tiolase e hidroximetilglutaril-CoA sintase (HMG-CoA sintase), ambas citosólicas. A HMG-CoA é a
seguir reduzida a mevalonato, à custa de 2 NADPH, numa reação catalisada pela HMG-CoA
redutase. O mevalonato (C6) sofre duas fosforilações, que consomem 3 ATP, e uma descarboxilação,
originando a unidade isoprenóide, o isopentenil-pirofosfato (C5). Um total de 6 moléculas de
isopentenil-pirofosfato são consumidas para formar esqualeno, o último intermediário linear da via. A
síntese do esqualeno processa-se por reações de isomerização, condensação, redução por NADPH
e eliminação de pirofosfato. A etapa final consiste na ciclização do esqualeno, que envolve reações
complexas. São mais de 20 reações, incluindo consumo de O2 e NADPH, remoção de grupos metila
e migração de duplas ligações, que levam à produção de colesterol. A síntese de colesterol, portanto,
é uma reação redutiva, que ocorre com grande consumo de energia, gastando 18 ATP e dezenas de
NADPH para cada molécula produzida.