Você está na página 1de 7

ARTIGO DE REVISÃO

Rastreamento de câncer em mulheres com deficiência: uma


revisão integrativa

Cancer screening in women with disabilities: an integrative review


Renata Boer1, Thais de Oliveira Gozzo1
........................................................................................................................................................................

RESUMO
Para tentar reduzir a morbidade e mortalidade por câncer, têm sido utilizadas estratégias de
diagnóstico precoce e de rastreamento da doença. Para que as ações de rastreamento sejam
eficazes, devem ser disponibilizadas a toda população. Entretanto não é essa a realidade de
mulheres com deficiência. Objetivo: Identificar como tem sido realizado o rastreamento de câncer
em mulheres com deficiência. Método: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura com
buscas realizadas nas bases de dados Pubmed, LILACS e Web of Science. Resultados: Foram incluídos
25 artigos, e pode-se observar que mulheres com deficiência apresentaram barreiras para o acesso
aos serviços de saúde: escolaridade, renda, nível de incapacidade, estado civil, estar inserido em
sistema de saúde privado, idade, ter um cuidador, falta de adaptação dos serviços para pessoas com
deficiência e falta de conhecimento dos profissionais e das próprias mulheres. Como consequência
dessas barreias, as mulheres com deficiência apresentam menor probabilidade de realizarem os
exames de rastreamento. Conclusão: As mulheres com deficiência são menos propensas a
comporem os programas de rastreamento do câncer de mama e colo do útero, mesmo entre países
desenvolvidos.

Palavras-chave: Pessoas com Deficiência, Saúde da Mulher, Neoplasias/reabilitação,


Programas de Rastreamento

ABSTRACT
Seeking to reduce cancer morbidity and mortality, screening strategies have been used. For
screening actions to be effective, they must be available to the entire population. However, this
is not the reality of women with disabilities. Objective: To identify how cancer screening has
been performed in women with disabilities. Method: Integrative review with searches
performed in the Pubmed, LILACS and Web of Science databases. The PICO strategy was
adopted to elaborate the research question, the Mesh descriptors adjusted according to the
database. Results: 25 articles were included. Women with disabilities have barriers to access
the health services, among them: education, income, level of disability, marital status, not being
1Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo – EERP-USP
in private health care, age, having a caregiver, lack of adaptation of services for people with
disabilities and lack of knowledge of professionals and women themselves about the
Correspondência importance of screening. Because of these barriers, these women are less likely to have
Renata Boer
E-mail: renata.boer@usp.br screening tests. Conclusion: Women with any type of disability are less likely to be part of
breast and cervical cancer screening programs, even among developed countries.
Submetido: 05 Novembro 2019.
Aceito: 27 Março 2020.
Keywords: Disabled Persons, Women's Health, Neoplasms/rehabilitation, Mass Screening
Fonte de Financiamento
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – Brasil (CAPES)

Como Citar
Boer R, Gozzo TO. Rastreamento de câncer em
mulheres com deficiência: uma revisão
integrativa. Acta Fisiatr. 2019;26(3):157-163.

DOI: 10.11606/issn.2317-0190.v26i3a168026

©2019 by Acta Fisiátrica


Este trabalho está licenciado com uma licença
Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional

157
Acta Fisiatr. 2019;26(3):157-163 Boer R, Gozzo TO.
Rastreamento de câncer em mulheres com deficiência: uma revisão integrativa
......................................................................................................................................................................................................................................
INTRODUÇÃO Reactions e Index Chemicus). Foram utilizadas nas buscas as palavras-
chaves relacionadas com a temática e para a junção o operador
Ações de rastreamento e detecção precoce tem sido a estratégia booleano AND: disabled persons AND cancer screening.
da saúde pública para a redução da mortalidade e morbidade por Os critérios para inclusão das publicações foram: artigos
câncer. Entre os canceres que atingem a população feminina, os de disponibilizados na íntegra; publicados entre janeiro de 2000 e janeiro
colo de útero, de mama e de colón e reto apresentam exames de 2019; que abordassem o tema do rastreamento de câncer entre
adequados para a realização do rastreamento e políticas públicas mulheres com deficiência e estar publicado em português, inglês ou
definidas para sua aplicabilidade prática.1 espanhol. Foram excluídos: teses, cartas, editoriais, dissertações,
Para o rastreamento do câncer ser eficaz, este deve ser disponível resumos de eventos científicos, e outras revisões.
a toda população, com integração de qualquer pessoa, seja esta A busca resultou em 175 artigos, foram excluídos 12 artigos
considerada saudável ou com alguma deficiência/incapacidade.2 duplicados e 163 foram lidos os títulos e resumos. Após a seleção, 35
Mas essa não é a realidade de mulheres com deficiência, como artigos foram lidos na íntegra e resultando em uma amostra final de
apontou a revisão de literatura3 que analisou estudos pulicados de 25 artigos, localizados nas bases de dados PubMed e Web of Science.
1990 a 2005. Observaram que estas mulheres têm maior risco de Na base de dados LILACS não foi identificado artigos que atendessem
receberem o diagnóstico de câncer de mama tardiamente, pois eram aos critérios de inclusão do estudo (Figura 1). Todas as etapas foram
submetidas à mamografia com menor frequência em relação às feitas independentemente pelos autores e as discordâncias foram
mulheres sem deficiência. resolvidas em consenso por meio dos critérios de inclusão e exclusão.
Outra revisão sistemática,4 encontrou resultados de baixo rastreio O nível de evidência dos estudos foi classificado segundo Melnyk
quanto à realização de mamografia, exame clínico das mamas e de e Fineout-Overholt,9 conforme a classificação a seguir:
citologia oncótica por mulheres com deficiência. Os autores afirmam Nível I- evidência forte (revisão sistemática ou metanálise);
que, apesar de baixo, os resultados foram inconsistentes, justificado Nível II- evidência forte (ensaios clínicos randomizados
pelas diferentes definições de deficiência nos estudos analisados, controlados e bem delimitados);
além de heterogeneidade nas amostras e diferentes tipos de Nível III- evidência moderada (ensaios clínicos controlados sem
deficiências e graus de severidade, o que dificultam a comparação de randomização);
resultados. Nível IV- evidência moderada (estudos de casos-controle e
Também deve-se considerar o tipo de deficiência e o modo de estudos de coorte);
rastreamento. Por exemplo, mulheres com deficiência intelectual não Nível V- evidência fraca (estudos de revisão sistemáticos,
são alvos de ações educativas sobre câncer de mama e/ou de colo de descritivos e qualitativos);
útero; mulheres com deficiência motora podem apresentar Nível VI- evidência fraca (estudos descritivos ou qualitativos);
dificuldade em realizar o autoexame das mamas, em encontrar Nível VII- evidência fraca (opinião de autoridades e/ou relatórios
aparelhos de mamografia ou mesas ginecológicas acessíveis às suas de comitês de Especialistas).
condições.5,6 Para aplicar esta classificação, foi preciso identificar o
Observa-se que mulheres com deficiência não têm sido rastreadas delineamento de pesquisa de cada um dos artigos analisados, sendo
como a população sadia e apontam algumas barreiras para isso: que dos 25 incluídos, 12 apresentavam esta informação no texto. Para
escolaridade, renda, idade, emprego, transporte, uso de tabaco, nível 13 artigos a classificação foi realizada pelas pesquisadoras, a partir da
de atividade/incapacidade e local de residência.5 Além destes, leitura dos mesmos.
também devem ser considerados a capacidade intelectual, ansiedade,
depressão e apoio conjugal e/ou do cuidador.5
Identificação

Resultados semelhantes foram encontrados por Horner-Johnson Estudos identificados por meio da
busca de dados (n= 175)
et al.7 que também apontaram disparidade em relação à realização ou PubMed – 151
Estudos adicionais identificados
não da citologia oncótica, quando analisado os fatores Web of Science – 19
em outras fontes (n= 0)
LILACS - 5
socioeconômicos, demográficos e geográficos. Conforme citado
anteriormente o câncer de colo de útero, câncer de mama e câncer de
colón e reto, são passíveis de ações de prevenção e rastreamento e
Estudos duplicados excluídos (n= 12)
cada um deles apresentam especificidades para o seu emprego entre
Seleção

as mulheres.
Destaca-se que não há distinção entre mulheres com ou sem Estudos excluídos após
Estudos selecionados
deficiência nas recomendações brasileiras,1 apontando que aquelas (n= 163)
leitura de título e
resumos (n= 128)
com deficiência devem ser rastreadas nas mesmas condições da
Elegibilidade

população em geral.

Estudos na íntegra avaliados


OBJETIVO conforme critérios de Estudos na íntegra
elegibilidade (n= 35) excluídos (n= 10)

Esta revisão integrativa teve como objetivo identificar como tem


sido o acesso ao rastreamento de câncer para mulheres com
Inclusão

deficiência. Estudos incluídos na


revisão integrativa
(n = 25)
MÉTODO

Revisão integrativa da literatura que seguiu as diretrizes do Figura 1. Fluxograma de identificação, seleção e inclusão dos estudos,
protocolo PRISMA.8 adaptado do PRISMA statement8
A revisão foi realizada em fevereiro de 2019 nas bases de dados
pelo método online: MEDLINE/PubMed, (Medical Literature Analysis RESULTADOS
and Retrieval Sistem online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde), e a WEB OF SCIENCE que se refere a um A amostra final contou com 25 artigos, sendo 22 indexados na
conjunto de base de dados (Science Citation Index, Social Science base de dados PubMed e três na Web of Science. Todos foram
Citation Index, Arts and Humanities Citation Index, Current Chemical publicados na língua inglesa.

158
Acta Fisiatr. 2019;26(3):157-163 Boer R, Gozzo TO.
Rastreamento de câncer em mulheres com deficiência: uma revisão integrativa
......................................................................................................................................................................................................................................
O número de autores dos estudos variou de dois a 10, sendo que A amostra constou com estudos publicados entre os anos de 2004
41% deles com três autores. Considerando número de autores nas a 2018. Quanto nível de evidencia, dois apresentaram nível de
publicações, optou-se em caracterizar apenas o primeiro autor dos evidência II, vinte e um apresentaram nível de evidência IV e dois
estudos. Para quatro deles a autoria foi de profissional médico, dois apresentaram nível de evidência VI.
de profissional assistente social, e para dezenove artigos não foi Todos artigos selecionados foram internacionais, o que denota a
possível identificar a área de formação dos autores. falta de estudos brasileiros acerca desta importante temática. Os
Em relação à instituição sede onde os estudos foram artigos buscavam saber como era a realização e o acesso aos exames
desenvolvidos dezessete foram realizados em Universidades, seis em de rastreamento para mulheres com deficiência, quais as barreiras e
Institutos e dois em Centro de Controle e Prevenção. Todos os estudos o que interferia na utilização dos serviços de saúde que disponibilizam
utilizaram bancos de dados do país de origem. os exames. Dessa forma, para melhor identificar os resultados e como
Quanto ao país de origem do primeiro autor, quinze eram dos Estados tem sido o rastreamento entre essas mulheres, foram criadas
Unidos da América (EUA), seis de Taiwan, dois do Canadá, um da subcategorias (Quadro 1).
França e um do Chile.

Quadro 1. Caracterização dos estudos


Tipo /
estudo
Autoria Tipo de
Nível de Objetivo Resultados
/Ano deficiência
evidência

Horner-Johnson, Estudo de O objetivo do estudo foi pesquisar as Físicas, audição, - Mulheres com deficiência em geral e aquelas que vivem na área rural apresentaram menor
Dobbertin, Iezzoni10 coorte diferenças na realização do visão ou intelectual probabilidade de estarem atualizadas com o exame citológico e mamografia
/ 2015 retrospectivo; rastreamento do câncer de mama e colo
Nível IV do útero em relação ao nível de
incapacidade e o local de vivência, rural
ou urbana, entre as mulheres nos
Estados Unidos da América
Bussière, Le Estudo O estudo teve como objetivo investigar Física, cognitiva, - Mulheres que vivem em instituição, aumento da idade, maior grau de incapacidade diminuíram a
Vaillant, Pelletier- transversal, a taxa e os determinantes que sensoriais e probabilidade de serem atualizadas nos exames de rastreamento
Fleury11 / 2015 retrospectivo; interferem na participação do mobilidade - Apenas 47,1% da amostra possuíam um exame citológico realizado há 3 anos
Nível VI rastreamento do câncer de colo do
útero entre as mulheres que vivem em
instituições para adultos com deficiência
na França
Yen, Kung, Tsai12 Estudo de Teve como objetivo explorar o uso da Mental - De 17.243 mulheres inclusas no estudo apenas 1515 mulheres realizaram mamografia durante 2007-
/ 2015 coorte mamografia no rastreamento do câncer 2008
retrospectivo; em mulheres Taiwaneses com - Status econômico elevado, maior nível de escolaridade, mulheres casadas e menor incapacidade
Nível IV deficiência mental e analisar os fatores corresponderam a maior taxa de realização do exame de mamografia
que afetaram esse uso
Guilcher, Lofters, Estudo de Abordar a ausência na literatura de Não especificada - Mulheres com deficiência apresentaram menores taxas de realização da mamografia em comparação
Glazier,Jaglal, Voth, coorte estudos que investigam o nível de com mulheres sem deficiência
Bayoumi13 retrospectivo; incapacidade e nível de morbidade em - As taxas de rastreamento foram menores para mulheres mais jovens, com baixa escolaridade, menor
/ 2014 Nível IV relação à realização da mamografia renda e para aquelas que eram viúvas, separadas ou divorciadas
Parish, Swaine, Ensaio clínico Determinar as taxas de realização de Intelectual - 55% das mulheres realizaram o teste de Papanicolau em 2008, 2009 ou 2010
Son, Luken14 randomizado; Papanicolau para mulheres com - Mulheres que viviam com cuidadoras eram menos propensas a realizar o exame
/ 2013 Nível II deficiência intelectual e os - Mulheres da área rural e mulheres que tinham um médico ginecologista tinham maior probabilidade de
determinantes que interferem no realizar o exame
rastreamento
Berman, Jo, Estudo Descrever as características iniciais de Auditiva - Conhecimento inadequado e incorreto sobre a mamografia e o câncer de mama foi identificado como
Cumberland, Booth, randomizado mulheres surdas recrutadas no estudo uma barreira para o rastreamento, levando-as a não ter o acompanhamento necessário
Britt, Stern15 controlado; para testar um programa com o objetivo - Mulheres com maior nível de escolaridade e mulheres brancas tinham maior taxa de realização do exame
/ 2013 Nível II de ser acessível a mulheres surdas com
diversos níveis de educação

Drew, Short16 Estudo Ampliar a compreensão e investigar a Física - Mulheres com deficiência foram menos propensas a realizar o exame de Papanicolau
/ 2010 transversal; relação entre deficiência e a realização - Mulheres mais jovens, sem convênio de saúde particular, com limitações de mobilidade e entre aquelas
Nível IV de Papanicolau por mulheres no Estados com limitações sensoriais, mentais, cognitivas ou sociais eram menos prováveis de terem realizado o
Unidos da América exame de Papanicolau
Chen, Chou, Tsay, Estudo de Explorar a relação entre nível de Física e mental - As mulheres com deficiência apresentaram menor probabilidade de serem submetidas a pelo menos um
Lee, Chou, Huang17 coorte incapacidade e recebimento de serviços teste de Papanicolau no período da pesquisa, tendo como barreira a estrutura e atitudes dos profissionais
/ 2009 de base preventivos e se a relação é modificada
populacional; pela disponibilidade do médico
Nível IV
Martin, Orlowski, Estudo Descrever as taxas de rastreamento do Deficiência médica - 45,4% das mulheres da pesquisa realizaram um rastreamento de câncer do colo do útero nos últimos 3
Ellison18 descritivo; câncer de colo do útero em mulheres diagnosticada anos
/ 2013 Nível VI com deficiências médicas que vivem em - As mulheres entre os 40 e os 69 anos de idade foram responsáveis por 77,4% das mulheres que foram
Ohio e explorar a relação de fatores rastreadas no prazo de 3 anos
sócio demográficos selecionados para a - A maioria das mulheres que foram triadas eram brancas (70,4%) e casadas (50,7%) ou solteiras (35,2%).
participação no rastreamento de câncer - 52,2% das mulheres viviam em um município metropolitano
do colo do útero
Sakellariou, Estudo Explorar a utilização de serviços Não especificada - Mulheres com deficiência passam menos por ambos os testes, em comparação com mulheres sem
Rotarou19 transversal; preventivos de rastreamento do câncer deficiência
/ 2017 Nível IV para mulheres com e sem deficiência no - Papanicolau: Mulheres mais velhas, maior nível de escolaridade, morar nas áreas rurais e ser casadas
Chile e explorar os fatores que apresentaram maiores chances de realizarem o exame. Uma renda maior e mulheres desempregadas
influenciam a utilização de tais serviços diminuiu a probabilidade de realizarem o exame
por mulheres com deficiência - Mamografia: Mulheres com planos de saúde particular, maior nível de escolaridade e maior idade foram
mais propensas a realizarem o exame. Mulheres inativas, mulheres que viviam em tipo de moradia
precária, e mulheres que não eram casadas eram menos propensas a fazer uma mamografia
Parish, Swaine, Estudo Comparar a realização de mamografia Intelectual - As mulheres afro-americanas foram menos propensas a receber mamografia do que as brancas
Son, Luken20 transversal; entre mulheres afro-americanas e - Ao controlar a idade, o arranjo de moradia, a localização urbana/rural e a gravidade da deficiência, as
/ 2013 Nível IV brancas com deficiência intelectual, que mulheres brancas foram mais propensas que as mulheres afro-americanas a receber o exame de
vivem em ambientes comunitários em mamografia
um estado do sudeste dos EUA
Armour, Thierry, Estudo Identificar disparidades no Não especificada - Mulheres com deficiência foram menos propensas a realizarem os exames de mamografia e Papanicolau
Wolf21 transversal; rastreamento do câncer de mama e do quando comparadas com mulheres sem deficiência
/ 2009 Nível IV colo do útero entre mulheres com
deficiência

Continua

159
Acta Fisiatr. 2019;26(3):157-163 Boer R, Gozzo TO.
Rastreamento de câncer em mulheres com deficiência: uma revisão integrativa
......................................................................................................................................................................................................................................
Continuação
Clark, Rogers, Wen, Estudo de Comparar as experiências do Física e mental - A mulher com deficiência era menos provável de estar com o cronograma em dia do que a mulher sem
Wilcox, McCarthy- coorte; rastreamento de câncer de mama em deficiência (54,8% - 71,0%, respectivamente)
Barnett, Panarace, Nível IV mulheres com deficiência e sem - Maior nível de escolaridade foi associado a uma maior taxa de realização em mulheres sem deficiência
et al.22 deficiência não casadas e determinar - Mulheres com deficiência eram mais propensas a voltarem à mesma instituição que realizam exames
/ 2009 como estas experiências influenciam a gratuitos por serem menos propensas a terem convênio de saúde particular
adesão na repetição do exame
Iezzoni, Kurtz, Rao23 Estudo Explorar as tendências entre 1998 e Física, sensorial - Em todos os tipos de deficiência, as taxas de exames de Papanicolau diminuíram significativamente entre
/ 2016 transversal; 2010 nas taxas de Papanicolau para 1998 e 2010 para mulheres com incapacidade motora
Nível IV mulheres com e sem incapacidades - As mulheres com incapacidade de movimento mais grave, com quaisquer dificuldades de ações básicas,
crônicas limitações de atividades complexas, dificuldade emocional, autocuidado ou limitações sociais tiveram
menor probabilidade de receber um teste de Papanicolau
Cooper, Yoshida24 Estudo Explorar a prevalência e o tempo de Física - A prevalência de um exame de Papanicolau para esta amostra (N = 1080) é de 90,2% (n = 975), com 42%
/ 2007 transversal; rastreamento do câncer de colo de (n = 400) dos que relataram o exame de Papanicolau no último ano e 75% (n = 708) nos últimos 3 anos. A
Nível IV útero em mulheres Canadenses que prevalência de um exame pélvico (n = 1044) foi semelhante em 90,5% (n = 944) e 43,8% (n = 394) do teste
vivem com deficiências físicas e tentar no último ano e 73% (n = 659) nos últimos 3 anos
determinar algumas das barreiras que - Mulheres solteiras e que nunca tiveram parceiros ou foram casadas eram menos propensas de já terem
essas mulheres enfrentam ao realizar realizado um exame de Papanicolau ou exame pélvico
exames de rastreamento do câncer
Diab, Johston25 Estudo Avaliar a relação entre o nível de Não especificada - Mamografia: Mulheres com deficiência foram menos propensas a realizarem a mamografia. E a
/ 2004 transversal; incapacidade e o recebimento de incapacidade severa foi associada com menor recebimento de uma mamografia
Nível IV determinados serviços de rastreamento - Papanicolau: Em 2000, as mulheres sem limitação de atividade relataram o exame de Papanicolau com
mais frequência. Idade, etnia e tempo desde o último checkup foram associados com menor recebimento
de exames de Papanicolau, enquanto etnia negra e hispânica, maior escolaridade e maior renda foram
associadas com maior probabilidade de receber o teste
Liu, Clark26 Estudo Avaliar como o rastreamento do câncer Não especificada - Mulheres com deficiência eram menos propensas a terem um exame de Papanicolau recente e de rotina
/ 2008 transversal; de mama e do colo de útero difere pelo - Mulheres com deficiência eram mais propensas a estar fora do cronograma para ambos os exames de
Nível IV nível de incapacidade entre mulheres câncer em comparação com mulheres sem deficiência
solteiras e como a decisão de um
indivíduo de continuar buscando
atendimento é influenciada pela
qualidade do atendimento
Courtney-Long, Estudo Aumentar a compreensão da associação Não especificada - As mulheres com deficiência, independentemente da idade, sempre referiram uma prevalência menor
Armour, transversal; entre o uso de mamografia e a de realização da mamografia
Frammartino, Nível IV incapacidade - Mulheres com deficiência brancas, casadas anteriormente, sistema de saúde privado, concluintes do
Miller27 ensino médio ou cursando alguma faculdade e geralmente ou às vezes recebendo apoio emocional
/ 2011 tiveram menores taxas na realização do exame
Froehlich-Grobe, Estudo Investigar se clientes do Programa de Dificuldade auditiva, - Não foram detectadas diferenças significativas entre mulheres com e sem deficiência no uso dos serviços
Shropshire, transversal; Controle do Câncer de Montana com e dificuldade de visão, de triagem do Programa de Controle do Câncer de Montana por terem um exame clínico das mamas, uma
Zimmerman, Van Nível IV sem deficiência diferem em uso dos dificuldade mamografia ou um exame de Papanicolau
Brunt, Betts28 serviços de rastreamento do câncer cognitiva,
/ 2016 dificuldade
ambulatorial,
dificuldade de
autocuidado e
dificuldade de vida
independente
Yen, Kung, Tsai29 Estudo Explorar o uso de Papanicolau em Mental - 5339 mulheres de 48.333 (amostra total) com deficiência mental realizaram exames de Papanicolaou
/ 2014 transversal; mulheres Taiwanesas com deficiência durante 2007-2008, correspondendo a uma taxa de rastreio de 11,05%
Nível IV mental e analisar os fatores que afetam - O uso de triagem de Papanicolaou diminuiu com o aumento da idade e gravidade da incapacidade e ser
o uso do exame solteira
- O uso de triagem de Papanicolaou aumentou com o aumento do salário mensal e maior nível educacional

Kung, Tsai, Chiou30 Estudo Explorar os fatores determinantes Não especificada - A maioria das mulheres com deficiência não usou mamografia para o rastreamento do câncer de mama
/ 2012 transversal; relacionados ao uso de mamografia nos dois anos anteriores, durante o período de 2007-2008
Nível IV. entre mulheres com deficiência - A probabilidade de uso de mamografia aumentou com o níveis de renda, de educação superior, grupo
mais jovem, e aquelas com mais experiência no uso de outros serviços preventivos, como exames de
Papanicolaou
- Com relação à comorbidade e à gravidade da incapacidade, as mulheres em tais situações mostraram
uma diminuição da probabilidade de uso da mamografia
Huang, Tsai, Kung31 Estudo de Investigar a realização do exame Não especificada - A taxa de uso do Papanicolau entre mulheres com deficiência foi de 7,71%, o que é significativamente
/ 2012 coorte Papanicolau entre as mulheres com menor do que a taxa de uso de 28,8% de mulheres com 30 anos ou mais em 2008
retrospectivo; deficiência em Taiwan e os fatores que - A taxa de uso do Papanicolau diminuiu à medida que a idade da participante aumentou
Nível IV influenciam - Mulheres com maior nível de escolaridade, casadas e nível de deficiência leve tiveram taxas mais altas
da realização do exame
Fang, Yen, Hu, Lin, Estudo Explorar a utilização e as barreiras para a Deficiência visual - A taxa de mulheres com deficiência visual que sempre fazem o exame de Papanicolaou foi de 66,5% e as
Loh32 transversal; realização do Papanicolau por mulheres que fizeram nos últimos 3 anos é de 44,3% em Taiwan
/ 2016 Nível IV com deficiência visual em Taiwan - Ao serem perguntadas o motivo de não realizarem o exame as porcentagens maiores foram: 22,3% “por
sentirem ser muito nova”, 21,4% porque “não tem experiência sexual” e 12,6% por “se sentirem saudáveis
e não precisam fazer”
- O estado civil, o desemprego, a gravidade da incapacidade, a experiência ginecológica, atitudes de
médicos e enfermeiros, por não explicarem o procedimento e não darem nenhuma informação antes do
exame, foram fatores significativamente associados a não realização do exame
Nandam, Gaebler- Estudo Determinar a prevalência de Paralisia cerebral - Foram incluídas 118 mulheres no estudo. 109 fizeram mamografia ou ultrassom no passado e 9 nunca
Spira, Byrne, transversal mamografia, investigar a adesão às fizeram qualquer exame; 77 (65,3%) mulheres fizeram mamografia nos últimos 2 anos e 13 (11%)
Wolfman, Reis, prospectivo; diretrizes de rastreamento em mulheres realizaram ultrassom
Hung, Nível IV com paralisia cerebral e identificar quais - As adaptações necessárias que as mulheres não encontraram ao realizar o exame:
et al.33 necessidades de acomodação são mais 59,1% máquina de mamografia acessível;
/ 2018 comumente satisfeitas ou não atendidas 7,1% rampas, elevadores e portas largas;
no momento do exame 57,1% acomodações para dificuldade com posicionamento de braços ou ombros;
17,5% estacionamento acessível;
31,6% assistência para vestir-se;
40,6% assistência na transferência
Wilkinson, Lauer, Estudo Determinar as características associadas Deficiência - Todas as categorias que refletem maior necessidade de suporte, como necessidade de posicionamento
Freund, Rosen34 transversal; à mamografia relacionadas a domínios intelectual especial, falta de cooperação durante os exames, maior necessidade de assistência diária, foram
/ 2011 Nível IV do modelo ecológico e fazer associadas a menores chances de mamografia
recomendações preliminares, com base - História de câncer de mama na família foi positivamente associada a realização de mamografia.
nesses achados, para intervenções que Capacidade de comunicação também foi positivamente associada à realização da mamografia
melhorem o rastreamento e a prevenção
do câncer de mama em mulheres com
deficiência intelectual

DISCUSSÃO apresentam menor probabilidade de realizarem os exames de


rastreamento do câncer de mama e do câncer de colo de útero.Vale
Por meio da análise dos estudos incluídos nesta revisão destacar que, no Brasil, 45,6 milhões de pessoas (23,9% da população)
integrativa, pode-se observar que mulheres com deficiência se declararam com alguma deficiência, segundo o Censo Demográfico

160
Acta Fisiatr. 2019;26(3):157-163 Boer R, Gozzo TO.
Rastreamento de câncer em mulheres com deficiência: uma revisão integrativa
......................................................................................................................................................................................................................................
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sendo que a exames e a falta de procura as colocam como não estando dentro do
deficiência pode atingir qualquer pessoa, em qualquer idade, raça ou cronograma dos programas de rastreamento.41
sexo, algumas nascem com a deficiência e outras adquirem ao Carvalho44 em seu estudo também relatou que as mulheres com
decorrer da vida. deficiência não recebem um atendimento satisfatório quanto a saúde
Associado a isso, foi estimado pelo Instituto Nacional de Câncer sexual e reprodutiva. Referem ainda que, as consultas ginecológicas,
(INCA), que o Brasil terá 600 mil casos novos de câncer entre os anos devem ser disponíveis a todas as mulheres, pois faz parte da
de 2018 e 2019. Entre as mulheres o que será mais frequente é o assistência à saúde, devendo o profissional ter um olhar integral e
câncer de mama e em terceiro lugar o câncer de colo de útero.35 permitir que a mulher tome decisões acerca de sua saúde.
Frente a esta realidade, pode-se observar que entre os estudos As mulheres com deficiência nem sempre moram sozinhas,
analisados, nenhum era resultado de pesquisa realizada no Brasil. E algumas possuem cuidadores. Independente destes, serem homens
que apesar de o país ter programas de rastreamento para o câncer, ou mulheres, podem ser considerados uma barreira de acesso, pois
que incluem toda a população, ainda apresenta altas taxas de podem não possuir conhecimento suficiente sobre a necessidade e
incidência e de mortalidade pela doença. realização dos exames de rastreamento e não os valorizar.45 Por
A fim de aumentar a detecção precoce do câncer, o rastreamento, estarem tão perto dessas mulheres, os cuidadores são peças
juntamente com o diagnóstico precoce são considerados estratégias primordiais para atuar positiva ou negativamente no comportamento
para a prevenção e controle do câncer. Sendo o primeiro o exame de saúde de seus pacientes, porém precisam ser foco de ações de
realizado em pessoas saudáveis que tem como propósito selecionar educação em saúde, para que passem a valorizar a realização destes
exames alterados e incertos para serem investigados, e o segundo, exames.46
que tem o propósito de diagnosticar a pessoa o mais cedo possível Em estudo47 realizado com mulheres com deficiência, observou-se
através dos sintomas e/ou sinais apresentados pelo mesmo. que os profissionais de saúde também são uma barreira no acesso
Essas estratégias são passíveis de realização na Atenção Básica, dessas mulheres ao exame de rastreamento para o câncer de colo de
pois seu modelo de atenção é voltado para a promoção, prevenção e útero. Dados semelhantes foram observados em estudo47 que avaliou
recuperação da saúde, consequentemente ajudando na redução da 175 mulheres com deficiência com o objetivo de testar uma
morbidade e mortalidade pelo câncer.35,36,37 intervenção para promover o rastreamento do câncer de mama e colo
Segundo Wender,38 os EUA oferecem uma qualidade de de útero.
atendimento extremamente baixa na atenção primária, e as pessoas Embora o objetivo fosse para rastreamentos de tipos diferentes
estão lutando para ter um acesso adequado no cuidado à saúde. de câncer, os autores referiram que muitas vezes os profissionais
Quando há uma base estável na atenção primária a taxa de dizem às mulheres que não há indicação da realização do exame de
mortalidade diminuiu, e com programas de rastreamento Papanicolau, simplesmente baseados no fato de apresentarem algum
competentes a detecção precoce do câncer de mama e colo do útero tipo de deficiência. Entretanto, vale destacar que um sexto das
aumentam e consequentemente a descoberta do câncer em estágio mulheres estudadas tinha filhos, indicando que, pelo menos em algum
tardio diminui e a população se sente mais satisfeita com o momento da vida, foram sexualmente ativas, justificando a
atendimento.39,40 necessidade de rastreamento do câncer de colo de útero.47
Visto que, toda a população tem direito ao acesso a exames de As mulheres com deficiência normalmente apresentam
rastreamento do câncer e as diretrizes não apontam nenhuma conhecimento insuficiente sobre os exames de rastreamento,
distinção para mulheres com deficiência, os artigos selecionados mostrando que precisam de atenção no cuidado em saúde
demostraram que mesmo assim essas mulheres manifestaram direcionado para este assunto. Dado que justifica ações de educação
barreiras para o acesso do rastreamento. em saúde visando a conscientização destas mulheres para a
Estas barreira estão relacionadas a: problemas com a estrutura importância e a necessidade do rastreamento das neoplasias, o que
física do local que fornece os exames,10,22,24,33 atitudes inconvenientes também pode favorecer para que participem ativamente de seus
dos profissionais,10,26,32 falta de conhecimento dos profissionais e das cuidados de saúde.41,47
mulheres,11 falta de conhecimento apenas das mulheres,16 Pode se observar que, como o Brasil, outros países não
desconforto ao realizarem os exames,11,26 barreiras relacionadas a consideram nenhum tipo de deficiência apresentada pelas mulheres,
deficiência24 e dificuldade de transporte.26 como um diferencial para as normas e diretrizes do rastreamento ou
Além das barreiras citadas, essas mulheres apresentam outras se referem a exames ou materiais alternativos para a realização dos
variáveis que diminuem o acesso aos exames Papanicolaou e a mesmos.
mamografia, como viver na área rural,10 viver em instituição,11 ser Dos artigos analisados nesta revisão nenhum falava sobre o
mais velha,11,29,30,31 maior nível de incapacidade,11,17,23,25,29,30,31,32 rastreamento do câncer de colón e reto. Essa é a terceira neoplasia
menor renda,12,13,19,25,29,30 menor nível de mais usualmente diagnosticada, está na quarta posição de morte por
escolaridade,12,13,15,19,25,29,30,31 ser solteira,12,13,18,19,14,29,31 ter um câncer mundialmente e em segundo lugar na América do Norte e
cuidador14 e não ter sistema de saúde privado.16,22 Desse modo Europa Ocidental como morte por câncer.48,49 No Brasil estima-se
podemos dizer que os fatores socioeconômicos são diretamente 18.980 casos novos de câncer de colón e reto entre as mulheres nos
inerentes a baixa porcentagem de realização dos exames de anos 2018 e 2019.35
rastreamento do câncer. De acordo com uma publicação da Prefeitura de São Paulo,50 a
As mulheres com deficiência apresentam baixos percentuais de implementação do rastreamento do câncer de colón e reto é uma
realização de exames preventivos ginecológicos devido as barreiras conduta complexa, pois circunda de diversos pontos, como o baixo
que impedem de terem um atendimento adequado, como atitudes, conhecimento dos profissionais sobre a importância do rastreamento,
estrutura, condição financeira e falta de informação.41,42 em especial aqueles da Atenção Primária à Saúde e a rejeição dos
Quando procuram um serviço de saúde para realizarem consultas métodos utilizados, como a colonoscopia.
ginecológicas não encontram equipamentos adaptados para melhor Mesmo os países apresentando programas de rastreamento para
posicionamento durante o exame e também uma estrutura física dos tal, os resultados demostram uma lacuna na saúde acerca desse
locais que ajudem no momento da consulta, como falta de elevadores, assunto, por apresentar uma alta taxa de incidência.
salas pequenas, equipamentos inadequados e despreparo dos
profissionais do serviço de saúde, desde o agendamento até o CONCLUSÃO
atendimento pelo profissional da saúde.43 Ainda demostra que
condições econômicas e baixo nível de escolaridade diminuem o Podemos concluir que no contexto nacional, não foram
acesso, que ambos por falta de conhecimento sobre a importância dos encontrados estudos nesta revisão, que abordassem esta relevante

161
Acta Fisiatr. 2019;26(3):157-163 Boer R, Gozzo TO.
Rastreamento de câncer em mulheres com deficiência: uma revisão integrativa
......................................................................................................................................................................................................................................
temática. Enquanto que artigos internacionais valorizam bancos de 13. Guilcher SJ, Lofters A, Glazier RH, Jaglal SB, Voth J, Bayoumi AM.
dados populacionais e desenvolvem poucos estudos diretamente com Level of disability, multi-morbidity and breast cancer screening:
as mulheres com deficiência, cuidadores e/ou profissionais da saúde. does severity matter? Prev Med. 2014;67:193-8. DOI:
Conclui-se que, frente aos resultados dos estudos analisados, as http://dx.doi.org/10.1016/j.ypmed.2014.07.025
mulheres com deficiência são menos propensas a comporem os 14. Parish SL, Swaine JG, Son E, Luken K. Determinants of cervical
programas de rastreamento do câncer de mama e colo do útero, cancer screening among women with intellectual disabilities:
mesmo entre países desenvolvidos. evidence from medical records. Public Health Rep.
2013;128(6):519-26. DOI:
AGRADECIMENTOS http://dx.doi.org/10.1177/003335491312800611
15. Berman BA, Jo AM, Cumberland WG, Booth H, Wolfson AA, Stern
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de C, et al. D/deaf Breast Cancer Survivors: Their Experiences and
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Knowledge. J Health Care Poor Underserved. 2017;28(3):1165-
Código de Financiamento 001. 1190. DOI: http://dx.doi.org/10.1353/hpu.2017.0104
16. Drew JA, Short SE. Disability and Pap smear receipt among U.S.
REFERÊNCIAS Women, 2000 and 2005. Perspect Sex Reprod Health.
2010;42(4):258-66. DOI: http://dx.doi.org/10.1363/4225810
1. Brasil. Ministério da Saúde. Rastreamento. Brasília (DF): Ministério 17. Chen LS, Chou YJ, Tsay JH, Lee CH, Chou P, Huang N. Variation in
da Saúde; 2010. [Série A. Normas e Manuais Técnicos Cadernos de the cervical cancer screening compliance among women with
Atenção Primária, n. 29]. disability. J Med Screen. 2009;16(2):85-90. DOI:
2. Cobigo V, Ouellette-Kuntz H, Balogh R, Leung F, Lin E, Lunsky Y. Are http://dx.doi.org/10.1258/jms.2009.008061
cervical and breast cancer screening programmes equitable? The 18. Martin S, Orlowski M, Ellison SA. Sociodemographic predictors of
case of women with intellectual and developmental disabilities. J cervical cancer screening in women with a medical disability. Soc
Intellect Disabil Res. 2013;57(5):478-88. DOI: Work Public Health. 2013;28(6):583-90. DOI:
http://dx.doi.org/10.1111/jir.12035 http://dx.doi.org/10.1080/19371918.2013.774253
3. Wisdom JP, McGee MG, Horner-Johnson W, Michael YL, Adams E, 19. Sakellariou D, Rotarou ES. Utilisation of cancer screening services
Berlin M. Health disparities between women with and without by disabled women in Chile. PLoS One. 2017;12(5):e0176270. DOI:
disabilities: a review of the research. Soc Work Public Health. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0176270
2010;25(3):368-86. DOI: 20. Parish SL, Swaine JG, Son E, Luken K. Receipt of mammography
http://dx.doi.org/10.1080/19371910903240969 among women with intellectual disabilities: medical record data
4. Andresen EM, Peterson-Besse JJ, Krahn GL, Walsh ES, Horner- indicate substantial disparities for African American women.
Johnson W, Iezzoni LI. Pap, mammography, and clinical breast Disabil Health J. 2013;6(1):36-42. DOI:
examination screening among women with disabilities: a http://dx.doi.org/10.1016/j.dhjo.2012.08.004
systematic review. Womens Health Issues. 2013;23(4):e205–e214. 21. Armour BS, Thierry JM, Wolf LA. State-level differences in breast
DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.whi.2013.04.002 and cervical cancer screening by disability status: United States,
5. Merten JW, Pomeranz JL, King JL, Moorhouse M, Wynn RD. 2008. Womens Health Issues. 2009;19(6):406-14. DOI:
Barriers to cancer screening for people with disabilities: a http://dx.doi.org/10.1016/j.whi.2009.08.006
literature review. Disabil Health J. 2015;8(1):9-16. DOI: 22. Clark MA, Rogers ML, Wen X, Wilcox V, McCarthy-Barnett K,
http://dx.doi.org/10.1016/j.dhjo.2014.06.004 Panarace J, et al. Repeat mammography screening among
6. Verger P, Aulagnier M, Souville M, Ravaud JF, Lussault PY, Garnier unmarried women with and without a disability. Womens Health
JP, et al. Women with disabilities: general practitioners and breast Issues. 2009;19(6):415-24. DOI:
cancer screening. Am J Prev Med. 2005;28(2):215-20. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.whi.2009.08.001
http://dx.doi.org/10.1016/j.amepre.2004.10.010 23. Iezzoni LI, Kurtz SG, Rao SR. Trends in Pap Testing Over Time for
7. Horner-Johnson W, Dobbertin K, Andresen EM, Iezzoni LI. Breast Women With and Without Chronic Disability. Am J Prev Med.
and cervical cancer screening disparities associated with disability 2016;50(2):210-9. DOI:
severity. Womens Health Issues. 2014;24(1):e147-53. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.amepre.2015.06.031
http://dx.doi.org/10.1016/j.whi.2013.10.009 24. Cooper NS, Yoshida KK. Cancer screening behaviors among
8. Moher D, Dulberg CS, Wells GA. Statistical power, sample size, and Canadian women living with physical disabilities. Arch Phys Med
their reporting in randomized controlled trials. JAMA. Rehabil. 2007;88(5):597-603. DOI:
1994;272(2):122-4. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.apmr.2007.02.014
https://doi.org/10.1001/jama.1994.03520020048013 25. Diab ME, Johnston MV. Relationships between level of disability
9. Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Evidence-based practice in and receipt of preventive health services. Arch Phys Med Rehabil.
nursing & healthcare. A guide to best practice. Philadelphia: 2004;85(5):749-57. DOI:
Lippincot Williams & Wilkins: 2005. http://dx.doi.org/10.1016/j.apmr.2003.06.028
10. Horner-Johnson W, Dobbertin K, Iezzoni LI. Disparities in receipt of 26. Liu SY, Clark MA. Breast and cervical cancer screening
breast and cervical cancer screening for rural women age 18 to 64 practices among disabled women aged 40-75: does quality of the
with disabilities. Womens Health Issues. 2015;25(3):246-53. DOI: experience matter? J Womens Health (Larchmt). 2008;17(8):1321-
http://dx.doi.org/10.1016/j.whi.2015.02.004 9. DOI: http://dx.doi.org/10.1089/jwh.2007.0591
11. Bussière C, Le Vaillant M, Pelletier-Fleury N. Screening for cervical 27. Courtney-Long E, Armour B, Frammartino B, Miller J. Factors
cancer: What are the determinants among adults with disabilities associated with self-reported mammography use for women with
living in institutions? Findings from a National Survey in France. and women without a disability. J Womens Health (Larchmt).
Health Policy. 2015;119(6):794-801. DOI: 2011;20(9):1279-86. DOI:
http://dx.doi.org/10.1016/j.healthpol.2015.02.004 http://dx.doi.org/10.1089/jwh.2010.2609
12. Yen SM, Kung PT, Tsai WC. Mammography usage with relevant 28. Froehlich-Grobe K, Shropshire WC, Zimmerman H, Van Brunt J,
factors among women with mental disabilities in Taiwan: a Betts A. Reach of the Montana Cancer Control Program to Women
nationwide population-based study. Res Dev Disabil. 2015;37:182- with Disabilities. J Community Health. 2016;41(3):650-7. DOI:
8. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.ridd.2014.10.052 http://dx.doi.org/10.1007/s10900-015-0141-y

162
Acta Fisiatr. 2019;26(3):157-163 Boer R, Gozzo TO.
Rastreamento de câncer em mulheres com deficiência: uma revisão integrativa
......................................................................................................................................................................................................................................
29. Yen SM, Kung PT, Tsai WC. Sociodemographic characteristics and 41. Carvalho CFS, Brito RS, Medeiros SM. Análise contextual do
health-related factors affecting the use of Pap smear screening atendimento ginecológico da mulher com deficiência física. Rev
among women with mental disabilities in Taiwan. Res Dev Disabil. Gaúcha Enferm. 2014; 35(4):114-117. DOI:
2015;36C:491-497. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2014.04.45335
http://dx.doi.org/10.1016/j.ridd.2014.10.040 42. Castro SS, Cieza A, Cesar CLG. Persons with disabilities, cancer
30. Kung PT, Tsai WC, Chiou SJ. The assessment of the likelihood of screening and related factors. Ciênc Saúde Coletiva.
mammography usage with relevant factors among women with 2013;18(12):3705-3714. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-
disabilities. Res Dev Disabil. 2012;33(1):136-43. DOI: 81232013001200026
http://dx.doi.org/10.1016/j.ridd.2011.08.032 43. Nicolau SM, Schraiber LB, Ayres JRCM. Mulheres com deficiência e
31. Huang KH, Tsai WC, Kung PT. The use of Pap smear and its sua dupla vulnerabilidade: contribuições para a construção da
influencing factors among women with disabilities in Taiwan. Res integralidade em saúde. Ciênc Saúde Coletiva. 2013;18(3):863-
Dev Disabil. 2012;33(2):307-14. DOI: 872. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232013000300032
http://dx.doi.org/10.1016/j.ridd.2011.09.016 44. Carvalho RAO. Análise do perfil epidemiológico e sobrevida de
32. Fang WH, Yen CF, Hu J, Lin JD, Loh CH. The utilization and barriers pacientes com câncer colorretal em um hospital universitário de
of Pap smear among women with visual impairment. Int J Equity 2000 a 2010 [Dissertação]. Ribeirão Preto: Universidade de São
Health. 2016;15(65):1-9. DOI: https://doi.org/10.1186/s12939- Paulo; 2014. DOI: http://dx.doi.org/10.11606/D.22.2014.tde-
016-0354-4 19022015-162305
33. Nandam N, Gaebler-Spira D, Byrne R, Wolfman J, Reis JP, Hung CW, 45. Willis DS, Kilbride L, Horsburgh D, Kennedy CM. Paid- and family-
et al. Breast cancer screening in women with cerebral palsy: Could carers’ views on supporting women with intellectual disability
care delivery be improved? Disabil Health J. 2018;11(3):435-441. through breast screening. Eur J Cancer Care. 2015; 24(4):473-482.
DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.dhjo.2018.02.002 DOI: https://doi.org/10.1111/ecc.12245
34. Wilkinson JE, Lauer E, Freund KM, Rosen AK. Determinants of 46. Wyatt D, Talbot P. What knowledge and attitudes do paid carers
mammography in women with intellectual disabilities. J Am Board of people with a learning disability have about cancer? Eur J
Fam Med. 2011;24(6):693-703. DOI: Cancer Care. 2013; 22(3):300-7. DOI:
http://dx.doi.org/10.3122/jabfm.2011.06.110095 https://doi.org/10.1111/ecc.12029
35. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. 47. Parish SL, Rose RA, Luken K, Swaine JG, O’Hare L. cancer screening
Estimativa 2018: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: knowledge changes: results from a randomized control trial of
INCA; 2018. women with developmental disabilities. Res Soc Work Pract.
36. Brasil. Ministério da Saúde. ABC do câncer: abordagens básicas 2012;22(1):43-53. DOI:
para o controle do câncer. 3 ed. Rio de Janeiro: Inca; 2017. https://doi.org/10.1177/1049731511415550
37. Salimena AMO, Oliveira MTL, Paiva ACPC, Melo MCSC. Mulheres 48. International Agency for Research on Cancer. Latest global cancer
portadoras de câncer de colo de útero: percepção da assistência data: Cancer burden rises to 18.1 million new cases and 9.6 million
de enfermagem. Rev Enferm Centro O Min. 2014; 4(1): 909-920. cancer deaths in 2018 [text on the Internet]. Lyon: IARC [cited
DOI: http://dx.doi.org/10.19175/recom.v0i0.401 2018 Sep 12]. Available from: https://www.iarc.fr/featured-
38. Wender RC. Preserving primary care: the front line in the war news/latest-global-cancer-data-cancer-burden-rises-to-18-1-
against cancer. CA Cancer J Clin. 2007;57(1):4-5. DOI: million-new-cases-and-9-6-million-cancer-deaths-in-2018/
http://dx.doi.org/10.3322/canjclin.57.1.4 49. Assis RVBF. Rastreamento e vigilância do câncer colorretal:
39. Starfield B, Shi L, Macinko J. Contribution of primary care to health guidelines mundiais. GED Gastroenterol Endosc Dig.
systems and health. Milbank Q. 2005;83(3):457-502. DOI: 2011:30(2):62-74.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1468-0009.2005.00409. 50. São Paulo. Secretaria Municipal da Saúde. Boletim CEInfo Análise
40. Bleyer A, Welch HG. Effect of three decades of screening nº 06, Novembro/2012. São Paulo: SMS/CEInfo; 2012.
mammography on breast-cancer incidence. N Engl J Med.
2012;367(21):1998-2005. DOI:
http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa1206809

163

Você também pode gostar