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Curso: Arquitectura IV
RESTAURO
Discentes:
- Alves Eduardo Gastone André
- Anguilucha Carlitos Dimas Jonasse
- Dinércio de Deus Goncalves
Desde a Idade Média até ao Renascimento, continuam-se a praticar apenas transformações sobre as obras do
passado, novas adaptações e reconstruções mais ou menos radicais.
O restauro está ao serviço da ideologia política e cultural, a qual valoriza essencialmente um momento circunscrito da
história do homem, a Idade Clássica. Restaurar significava reinterpretar-se o antigo com uma chave moderna, razão
pela qual uma tal operação não era atribuída a executantes especialistas mas antes aos artistas, os quais tinham plena
liberdade na execução deste trabalho. O princípio da renovação só se tornou obsoleto quando, muito mais tarde, um
dos conceitos básicos do restauro e da conservação passou a ser o do respeito absoluto pela obra de arte em si, pela
sua autenticidade, desde o ponto de vista histórico ao estético, e quando não foram mais admitidas intervenções que
pudessem alterar ou falsificar a obra original. Humanismo e Renascimento, ao se reclamarem herdeiros da
antiguidade, foram, no entanto, muito pouco respeitadores pelo passado; o amor pela antiguidade provocou vastas
destruições com a finalidade de serem isolados os pormenores mais significativos de um monumento.
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CONSERVAÇÃO, RESTAURO E REABILITAÇÃO
Objetivos de Estudo
Metodologia
O projecto a ser realizado é de natureza Aplicada e Exploratória e a estratégia de estudo adotada foi o Estudo
de Caso. O instrumento de coleta de dados consistiu na Pesquisa bibliográfica em Livros e Dissertações onde
procuramos obter respostas e diferentes pontos de vista e abordagens sobre o tema em causa.
Conservação – Restauro
A conservação-restauro deve ser definida como qualquer intervenção directa ou indirecta efetuada sobre um
objecto ou monumento, para salvaguardar a sua integridade física e garantir o respeito pelo seu significado cultural,
histórico, estético e artístico.
Património Cultural
Entende-se por património cultural todo aquele que sendo objecto, construção ou ambiente, a sociedade lhe atribua
um valor especial, estético, artístico, documental, ecológico, histórico, científico, social ou espiritual e que constitua
um património cultural essencial a transmitir às gerações futuras.
Diagnóstico
O diagnóstico compreende a identificação, a determinação da composição e avaliação das condições dos bens
culturais; a identificação, a natureza e extensão das alterações, a apreciação das causas da sua degradação e a
determinação do tipo e extensão do tratamento necessário, assim como o estudo das informações existentes
relacionadas.
Documentação
A documentação compõe-se de imagens e texto que retratem o historial de todos os processos efetuados e a
exposição do raciocínio que terá estado por trás deles. Fazem parte dessa documentação, os documentos e
relatórios de exame, a proposta de tratamento, o consentimento e observações do proprietário, os documentos e o
relatório ilustrativo do tratamento efetuado, assim como as recomendações para intervenções futuras.
Manutenção
A manutenção deve ser definida como intervenções rotineiras visando manter a integridade dos bens culturais.
Conservação preventiva
A conservação preventiva consiste na realização de intervenções indirectas visando o retardamento da degradação e
impedindo desgastes pela criação de condições optimizadas para a conservação dos bens culturais de forma que
essas medidas forem compatíveis com a sua utilização social. A conservação preventiva compreende também o
tratamento correto, transporte, utilização, acondicionamento em reserva e exposição. Pode também implicar
questões que tenham a ver com a produção de réplicas com intuito de preservar os originais.
Restauração
É naturalmente, o termo mais antigo e, por isso, o mais conhecido. Actualmente, caracteriza-se por representar a
intervenção que devolve a unidade potencial da obra, que preenche as lacunas, que recompõe a imagem.
Conservação / Consolidação
Caracteriza-se pela intervenção na matéria de que se constituem os edifícios para garantir-lhes integridade física -
estrutural ou estética. Os materiais envelhecem e apresentam patologias que aumentam, em variedade e
profundidade, devido aos níveis cada dia mais altos de poluição ambiental, além dos actos de vandalismo que vêm,
cada vez mais, sendo praticados contra os monumentos.
Igreja de Saint-Sernin
CONSERVAÇÃO, RESTAURO E REABILITAÇÃO
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Criação vs. Restauração/conservação a dualidade da preservação
As Críticas Às Teorias De Restauro De Viollet-Le-Duc
No mesmo período de Viollet-le-Duc, quase em simultâneo, surgem outras tendências em Inglaterra, mais fatalistas e
com ideias opostas, protagonizadas por John Ruskin e William Morris. Retrato de
Restauro Empírico
Durante o período neoclássico, acentua-se o culto pelos monumentos, iniciando-se assim os primeiros restauros que
tendem a valorizar o monumento, não com a finalidade de uma sua melhor função, mas enquanto obra que detêm
um interesse como realização artística ou recordação histórica.
Maquete da Igreja Notre Dame antes do restauro Igreja Notre Dame depois do restauro
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Criação vs. Restauração/conservação a dualidade da preservação
Restauro Científico e Restauro Crítico
Entre estes dois conceitos contrários, elaborou-se uma teoria intermédia, sustentada por C. Boito e G. Giovannoni,
que propõe dar-se a maior importância às obras de manutenção e de consolidação. Maquete da Igreja Notre Dame
antes do restauro
Em 1883, Camilo Boito tinha já enunciado os princípios fundamentais do restauro no seu sentido moderno:
• Os monumentos valem não só para o estudo da arquitectura, mas como documentos da história dos povos e, por
isso, devem ser respeitados.
• Devem ser preferencialmente consolidados do que reparados, preferencialmente reparados do que restaurados,
evitando-se adições e renovações.
• As adições executadas em tempos diferentes devem ser consideradas como partes do monumento e mantidas.
Art.º 2.º - Para além de todas as obras indicadas no artigo anterior, devem ser a elas assimilados, para a garantia da
sua salvaguarda e restauro, os conjuntos de edifícios com interesse monumental, histórico ou ambiental, as colecções
artísticas e as sistematizações conservadas na sua disposição tradicional; os jardins e os parques que sejam
considerados de especial importância.
Art.º 3.º - Incluem-se da disciplina das presentes instruções, para além das obras definidas nos artigos 1.º e 2.º, as
próprias operações organizadas para garantia da salvaguarda e do restauro dos vestígios antigos respeitantes às
buscas terrestres e subaquáticas.
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CONSERVAÇÃO, RESTAURO E REABILITAÇÃO
Cartas de Restauro e Recuperação após a II Guerra Mundial
Carta de Veneza-1964
Art.º 1- A noção de monumento histórico compreende tanto a criação arquitetónica isolada como o ambiente
urbano ou paisagístico que constitua o testemunho de uma civilização em particular, de uma evolução significativa,
ou de um acontecimento histórico (esta noção aplica-se não só às grandes obras, mas também às obras modestas
que, com o tempo, adquiriram um significado cultural).
Art.º 2- A conservação e o restauro dos monumentos constituem uma disciplina que se vale de todas as ciências e
de todas as técnicas que possam contribuir para o estudo e para a salvaguarda do património monumental.
Art.º 3- A conservação e o restauro dos monumentos encaram a salvaguarda tanto da obra de arte como do
testemunho histórico.
Artigo 9º – A restauração é uma operação que deve ter carácter excepcional. Tem por objectivo conservar e revelar
os valores estéticos e históricos do monumento e fundamenta-se no respeito ao material original e aos documentos
autênticos. Termina onde começa a hipótese; no plano das reconstituições conjecturais, todo trabalho complementar
reconhecido como indispensável por razões estéticas ou técnicas destacar-se-á da composição arquitectónica e
deverá ostentar a marca do nosso tempo. A restauração será sempre precedida e acompanhada de um estudo
arqueológico e histórico do monumento.
CONSERVAÇÃO, RESTAURO E REABILITAÇÃO
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Cartas de Restauro e Recuperação após a II Guerra Mundial
Carta de Amesterdão
Carta de Amesterdão, ou Carta Europeia do Património Arquitectónico, adoptada pelo Comité dos Ministros do
Conselho da Europa, em 26 de Setembro de 1975, acrescenta a todos estes aspectos anteriormente enumerados, a
chamada conservação integrada. Este conceito traduz o trabalho dos técnicos de restauro, que em conjunto
procuram encontrar a função apropriada a cada caso, com o apoio dos meios jurídicos, administrativos, financeiros e
técnicos. A noção de património arquitetónicos não abrange somente os monumentos, mas também cidades antigas
e aldeias tradicionais.
I Carta de Cracóvia
O documento subscrito em junho de 1991, por diversos países, incluindo os países de Leste da nova Europa. A carta
sublinha a importância pelo respeito dos direitos humanos e das liberdades fundamentais como base para o
desenvolvimento da criatividade cultural, e ainda a necessidade de cooperação ao nível da formação técnico-
científica entre os Estados aderentes.
Objectivos e Métodos
✓ O património arquitectónico, urbano e paisagístico, assim como os seus objetos individuais, é o resultado de uma
identificação associada aos diversos momentos históricos e aos vários contextos socioculturais. O nosso objectivo é a
conservação deste património.
✓ A manutenção e a reparação são partes fundamentais do processo de conservação do património. Estas
operações devem ser organizadas através da investigação sistemática, de inspecções, de controlos, de
monitorizações e de ensaios. A possível degradação deve ser prevista e descrita assim como submetida a medidas de
prevenção adequadas. CONSERVAÇÃO, RESTAURO E REABILITAÇÃO
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Cartas de Restauro e Recuperação após a II Guerra Mundial
II Carta de Cracóvia
Definições:
A comissão de redacção da Carta de Cracóvia usou os seguintes conceitos fundamentais na maneira como se
exprimiu.
✓ Património: O património cultural é o complexo de obras humanas nas quais uma comunidade reconhece os seus
valores particulares e específicos, e nos quais se identifica. A identificação e a definição das obras como património é
também um processo de escolha de valores.
✓ Monumento: O monumento é uma obra singular do património cultural, reconhecida como portadora de valores e
constituindo um suporte para a memória.
Esta reconhece nele os aspectos relevantes respeitantes ao fazer e ao pensar do homem, localizáveis no curso da
história e ainda adquiríveis por nós.
Reorganização viária
Respeita à análise e à revisão das ligações viárias e dos fluxos de tráfego que
atropelam a estrutura, com o principal objectivo de lhes reduzir os aspectos
patológicos e de reconduzir a utilização do centro histórico a funções compatíveis com
a estrutura do passado.
- O reboco apresenta-se bem conservado, mas algumas partes (mais ou menos amplas) estão ausentes. A presença
de lacunas (localizadas frequentemente na base da construção, por patologias consequentes da humidade
ascendente) não justifica (seja em termos culturais, seja em termos económicos) nem a substituição sistemática de
todo o revestimento nem a pintura das fachadas exteriores.
Neste caso deve-se proceder à reparação das partes em falta, pelo emprego de argamassas cromaticamente
controladas ou pela utilização de técnicas de tipo pictórico de recuperação em pinturas.
- Os elementos em pedra apresentam-se, geralmente, bem conservados mas com pequenas lacunas. Continuando
correctas as recomendações para o caso anterior, devem-se distinguir as seguintes situações:
a) A lacuna consiste na forte degradação de poucos elementos em pedra de cantaria isentos de decorações, mas
com funções construtivas precisas. Neste caso, procedendo-se por modelação ou por substituição de alguns
elementos não se altera, geralmente, a forma da obra;
O património cultural é preservado não pelos valores, funções ou significados atribuídos no passado, mas sim pelo
simbolismo que representa no presente e que representará para as futuras gerações” (Fernandes 2008: 17).
“ Não existe nenhum método universal para a conservação e restauro do património cultural imóvel (monumentos,
conjunto e sitio).Cada categoria do património imóvel tem os seus problemas humanos, geológicos e ambientais que
mudam com o tempo. Existem princípios gerais de conservação e restauro que podem ser aplicados aos bens imóveis
do património cultural, em Moçambique, apesar dos constrangimentos e desafios que se colocam na sua preservação
“(Macamo 2014:23).
Para promover o património cultural, é fundamental estabelecer os valores que o mesmo encerra, também as
estratégias de protecção e conservação podem mudar de acordo com o contexto e os valores associados ao bem
patrimonial (Fonseca & Dória 2007-2008:03). Tomemos como exemplo os CFM. Este imóvel possui os seguintes
valores: social, histórico, económico, arquitectónico e artístico, em que os mesmos valores não são estáticos.
• “Preservação – para manter o imóvel na condição em que se encontra, tentando ao mesmo tempo, travar ou
retardar a sua deterioração;
• Manutenção – para a protecção contínua do imóvel, do seu conteúdo e contexto;
• Conservação – para manter ou recuperar as condições originais de um imóvel, garantindo a integridade dos
objectos ou estruturas que dele fazem parte;
• Reabilitação – para modificar um imóvel de modo a corresponder à uma utilização compatível;
• Restauro – para reproduzir a condição de uma estrutura previamente conhecida do imóvel, adicionando materiais
antigos ou novos;
• Reconstrução – para tornar o imóvel, tanto quanto possível, semelhante à aparência original conhecida, distinguindo
a introdução no mesmo imóvel de materiais novos ou antigos;
• Reparação – para repor, quando necessário ou periodicamente, as condições de construção e de uso do imóvel de
modo a garantir a integridade e durabilidade das operações de que foi alvo”. (Resolução nr. 12/2010).
Presentemente, ela funciona na Casa de Ferro, imóvel do património cultural edificado protegido por lei. Esta direcção
orienta-se em conformidade com as linhas constitucionais e leis especificas vigentes na República de Moçambique,
bem como pela observância da Política Cultural de Moçambique e Estratégia da sua Implementação, tendo a Cultura
como factor de identidade e de desenvolvimento sustentável (MC/DNPC 2013).
A DNPC tem a missão de coordenar a actividade ligadas à identificação, inventariação, registo, preservação e
valorização dos bens culturais materiais do património cultural moçambicano, como componente da identidade
nacional. São funções da Direcção Nacional do Património Cultural:
b)Propor o quadro legislativo para a protecção do património cultural, bem como as normas para o funcionamento
dos serviços e instituições da área;
c)Propor os regulamentos e outras normas de aplicação da Lei de Protecção do Património Cultural, incluindo a
classificação dos bens do património cultural e a organização e actualização do seu inventário;
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Restauro em Moçambique
d)Proceder ao licenciamento de actividades de pesquisa arqueológica e de intervenção em bens do Património
Edificado;
e)Coordenar a implementação da política museológica, criar um sistema de museus e alargar o número dos museus
para todo pais;
f)Definir as normas de conservação e restauro de monumentos, regulamentar o processo de declaração de novos
monumentos e manter actualizado o inventário de monumentos, conjuntos e sítios do património cultural;
g)Propor modelos de gestão do património cultural imóvel e coordenar acções atinentes a criação de monumentos
comemorativos ou memoriais que reflictam a nova realidade do pais;
h)Promover acções para o enriquecimento, valorização e conservação do fundo bibliográfico de Moçambique,
incluindo a elaboração de normas que assegurem a realização do depósito legal;
i)Incentivar a edição de obras referentes ao património cultural;
j)Promover e incentivar a criação de arquivos especializados, na área do património cultural, de documentação escrita,
sonora, visual e audiovisual, e regulamentar o seu funcionamento;
k)Promover a educação dos cidadãos na protecção e valorização dos bens do património cultural e estimular a sua
utilização para fins educativos e turísticos;
l)Promover o conhecimento e valorização do património cultural, enquanto elemento da identidade cultural
moçambicana” (Ministério da Cultura, 2013).
• BELLINI, Amedeo. Tecniche della conservazione. Milano: Franco Angeli, 2003. BERGEON LANGLE, Segolène. Cesare Brandi et la France: l’Institut
Central de Restauration de Rome et le Louvre. In: BASILE, Giuseppe (Org.). Cesare Brandi oggi. Prime ricognizioni. Saonara: Il Prato, 2008. p. 170-182.
• BOIRET, Yves. Restauration et utilisation. Les Monuments historiques de France, Paris, numéro hors-série, p. 63-72, 1977.
• BOITO, Camillo. Questioni pratiche delle belle arti. Restauri, concorsi, legislazione, professione, insegnamento. Milano: Hoepli, 1893. _____. Os
restauradores. Cotia: Ateliê, 2002.
• CESCHI, Carlo. Teoria e storia del restauro. Roma, Bulzoni Editori, 1970.
• UNHA, Claudia dos Reis. Restauração: diálogos entre teoria e prática no brasil nas experiências do Iphan. Tese de Doutorado, São Paulo, FAU-USP,
2010.
• DEZZI BARDESCHI, Marco. Restauro: punto e da capo. Milano: Franco Angeli, 1991.
• FACCIOLI, Raffaele, Relazione dei lavori dell’Ufficio Regionale dell’Emilia Romagna, dall’anno 1892 al 1897, Bologna, Zanichelli, 1898, p. V. FARAH, Ana
Paula.
• Restauro Arquitetônico: a formação do arquiteto no Brasil para preservação do patrimônio edificado - O caso das Escolas do Estado de São Paulo.
Tese de Doutorado, São Paulo, FAU-USP, 2010, pp.76-84.
• FONSECA, Maria Cecilia Londres. O patrimônio em processo. Trajetória da Politica Federal de Preservação no Brasil. Rio de Janeiro, Ed UFRJ, 2005, pp.
142-155.
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FIM
OBRIGADO PELA ATENÇÃO DISPENSADA!