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Tomografia Ultrassônica
Inspection of Internal Grouting in Post-tensioned Concrete Duct by Ultrasonic Tomography
Lucas Lopes Vitali (1); Lourenço Panosso Perlin (2); Roberto Caldas de Andrade Pinto (3)
Resumo
A homogeneidade do concreto é de fundamental importância para garantir a funcionalidade e a segurança
das peças estruturais. Portanto, técnicas não destrutivas para a detecção de falhas internas de
concretagem, fissuras e trincas vêm sendo amplamente estudadas e aplicadas na Engenharia Civil devido
ao fato de não causarem danos à estrutura. Dentre elas, destaca-se o método ultrassônico, que mede o
tempo de propagação do pulso ultrassônico entre dois pontos. Contudo, esse método não revela a
localização exata da não homogeneidade, apenas a detecta. É neste contexto que a tomografia ultrassônica
aparece, pois ela possibilita o mapeamento de toda a seção interna do objeto em estudo a partir de
múltiplas projeções do mesmo, revelando posições de não homogeneidades. O presente artigo efetua uma
análise da utilização da tomografia ultrassônica para identificação do correto preenchimento com nata de
cimento da bainha de protensão emuma peça de concreto. Seus resultados demonstram a capacidade da
tomografia ultrassônica em avaliar o correto preenchimento da bainha de protensão, fator necessário para a
durabilidade das estruturas protendidas.
Palavra-Chave: concreto, ensaios não destrutivos, ultrassom, tomografia, bainha de protensão.
Abstract
The concrete homogeneity is fundamental to guarantee the functionality and safety of structural elements. As
no damage is caused in the structure, the non-destructive techniques for internal flaws and cracking
detection have been widely studied and applied in civil engineering. Among these techniques, the ultrasonic
method stands out, which measures the propagation time of the ultrasonic pulse between two points.
However, this method does not reveal the exact location of the internal flaws, it only detects it. Inside this
context, the tomography appears, because it allows the mapping of the entire internal section of an object
from multiple projections of the same. This paper performs a ultrasonic tomography analysis to identify fails
in the filling of post-tensioned duct. The results evidence the capability of ultrasonic tomography in correct
filling evaluating of such ducts, a necessary factor for structure durability.
Keywords: concrete, nondestructive test, ultrasonic, tomography, prestressing cables.
A proteção dos cabos também deve ser garantida, pois, além do risco da corrosão
eletrolítica, a armadura ativa mostra-se mais sensível a corrosão devido à formação de
fissuras transversais causada pela alta tensão de tração à que é submetida (stress-
corrosion).
Diferente da área médica, a qual dispõe dos raios X como medida física para gerar os
tomogramas, na Engenharia Civil, em espacial para o concreto, utiliza-se a Velocidade do
Pulso Ultrassônico (VPU), obtida através do END ultrassônico convencional.
Figura 1 – Configuração para leituras de ultrassom – (a) direta – (b) semidireta – (c) indireta
Fonte: Naik, Malhotra e Popovics (2004)
𝐿 𝐿
𝑉= ∴ 𝑇= (Equação1)
𝑇 𝑉
Figura 2 – Representação das leituras ultrassônicas – (a) leitura – (b) leitura com elementos discretizados –
(c) várias leituras com elementos discretizados
Fonte: Perlin (2011)
onde:
𝑝𝑗 : vagarosidade da onda no elemento 𝑗.
𝑇 = ∑ 𝑝𝑗 ∗ 𝑑𝐿𝑗 (Equação 4)
j=1
Cada nova leitura 𝑖 efetuada cria uma nova equação. Quando forem efetuadas todas as
leituras (𝑚), obtém-se a Equação 5, representada pela Figura 6-c.
𝑛
𝑇𝑖 = ∑ 𝑝𝑗 ∗ 𝑑𝐿𝑖,𝑗 (𝑖 = 1, … , 𝑚) (Equação 5)
j=1
A equação acima pode ser transformada para a forma matricial, conforme a Equação 6.
𝑇𝑚 = D𝑚,𝑛 ∗ 𝑃𝑛 (Equação 6)
onde:
𝑚: número total de leituras realizadas;
𝑛: número total de elementos discretizados;
𝐷: matriz com m linhas e n colunas que armazena as distâncias percorridas pelas ondas
ultrassônicas nos elementos j, quando realizado nas leituras i;
𝑃: vetor com n linhas que armazena as vagarosidades dos diferentes elementos
discretizados j;
𝑇: vetor com m linhas que armazena os tempos de todas as leituras i.
onde:
𝑘: é número da iteração atual;
𝑚: é o número de equações do sistema;
𝑛: é o número de incógnitas do sistema;
𝑥𝑛 (𝑘) : armazena os valores do passo iterativo atual 𝑘;
𝑥𝑛 (𝑘−1) : armazena os valores do passo iterativo anterior 𝑘 − 1;
𝑊𝑚,𝑛: matriz construída por:
𝑎𝑖𝑗
𝑤𝑖𝑗 = 𝑚 ;
𝑁𝑗 ∗ ∑𝑘=1(𝑎𝑖𝑘 )2
Depois de utilizado o processo iterativo de Cimmino otimizado (Equação 7), o meio, que
inicialmente foi considerado homogêneo, passa a ser heterogêneo, pois diferentes valores
de velocidades serão encontrados para cada elemento no intuito de resolver o sistema de
equações. Com isso, a propagação dos pulsos ultrassônicos não será mais retilínea,
conforme assumido no início do item 2.1 (Figura 2-a).
(a) (b)
Figura 3 – Método da Teoria de Rede – (a) exemplo de modelo de elementos, pontos e conexões – (b)
caminhos mais rápidos entre o Emissor e todos os outros pontos
Fonte: adaptado de Moser (1991)
Construída essa malha, têm-se inúmeras combinações de caminhos que podem ser
percorridos para ir de um ponto a outro. Utilizando o Algoritmo de Dijkstra (DIJKSTRA,
1959), identificam-se os caminhos mais rápidos para sair do emissor e chegar a todos os
pontos, como mostra o exemplo da Figura 3-b.
A grande vantagem da Teoria da Rede é o fato do método ser aplicado para qualquer
configuração de pontos e conexões, ou seja, este se adapta às necessidades do
problema. Outra vantagem, é que o método sempre retorna o caminho mais rápido
possível, independente da complexidade do meio.
3 Programa Experimental
Sendo uma continuidade da pesquisa de Emanuelli Junior et al. (2010) e de Perlin e Pinto
(2012), o presente trabalho utilizou o mesmo objeto de estudo: uma parede de concreto
com as dimensões de 100 cm x 100 cm x 20 cm, exibida na Figura 4. No interior desta,
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 7
encontra-se uma bainha metálica de 9 cm de diâmetro inclinada que cruza a parede de
lado a lado.
O concreto fora adensado adequadamente com vibrador de agulha e, após sete dias da
concretagem, foram introduzidas cordoalhas de aço juntamente com o preenchimento da
bainha com argamassa. O preenchimento foi pleno na parte inferior do bloco, ou seja, da
sua face esquerda até seu centro conforme exibido na Figura 4. Na parte restante, ou
seja, superior, do centro até a face lateral direita na Figura 4, a bainha foi preenchida
parcialmente para simular a falha alvo dessa pesquisa.
Figura 5 – Seções analisadas – (a) localização das seções – (b) corte transversal (dimensões em cm)
As leituras da VPU foram obtidas com o uso de dois transdutores de 200 kHz e gel
acoplante de ultrassom, que garantiu o total contato entre o transdutor e a face do objeto
em teste. Para gerar o melhor tomograma possível foram efetuadas leituras diretas e
indiretas, utilizando todas as combinações possíveis entre os pontos de leitura, conforme
exibe a Figura 6-a. O ensaio produziu 325 leituras para cada seção, gerando um total de
650 leituras.
3.3 Processamento
O próximo passo foi escolher a quantidade de pontos que compõe a malha da Teoria da
rede. No caso foram escolhidos 7 pontos por aresta, o que proporciona uma distância
entre pontos de aproximadamente 3 mm (Figura 6-c).
Figura 6 – Configurações utilizadas – (a) leituras – (b) discretização – (c) pontos da Teoria da Rede sem
conexões para possibilitar a representação gráfica
4 Resultados
Figura 7 – Tomogramas das seções analisadas – (a) seção 5, totalmente preenchida – (b) seção 36,
parcialmente preenchida – (c) velocidade em m/s
Comparando o tomograma da Seção 5 com a Seção 36 fica evidente que a área central
em azul da Seção 36 é maior e mais intensa, inclusive com áreas lilás, conferindo a esta
seção uma velocidade mais baixa dos elementos centrais discretizados. Elementos estes
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que estão na posição onde se encontra a bainha, conforme indica a seção transversal da
malha (Figura 5-b), demonstrando que a Seção 36 está menos preenchida que a Seção 5.
5 Conclusões
Neste artigo a técnica da tomografia ultrassônica foi aplicada em uma parede de concreto
para avaliar o estado do preenchimento da bainha de protensão. Optou-se por executar
325 leituras por seção transversal para se obter o melhor tomograma possível. Apensar
da existência de regiões de baixa velocidade sem explicação aparente, a presente
pesquisa demonstrou que a tomografia ultrassônica pode ser utilizada para caracterizar o
estado de preenchimento das bainhas de protensão.
Em sua continuidade, essa linha de pesquisa abordará outros parâmetros físicos, como o
formato da onda, energia e frequência, e outros parâmetros técnicos, como a definição do
número de pontos e de seções necessários para obter uma qualidade de análise
desejada.
6 Agradecimentos
7 Referências
NAIK, T. R.; MALHOTRA, V. M.; POPOVICS, J. S., The Ultrasonic Pulse Velocity
Method, CRC handbook on nondestructive testing of concrete, Tarun R. Naik and V M
Malhotra eds, CRC Press, p. 169-189,2004.