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RESENHA CRÍTICO-DESCRITIVA
Maria Clara Moreira Lima1
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Maria Clara Moreira Lima é estudante do Curso de Bacharelado em Engenharia de Produção do Instituto
Federal de Educação de Ciência e Tecnologia São Paulo, Campus Pirituba.
somos os únicos seres capazes de relacionar e separar o instinto da razão, criar novas
ferramentas e pensar em técnicas de sobrevivência.
No capítulo 3, é discutido sobre a evolução do homo sapiens sapiens. Na passagem do
período Paleolítico para o Neolítico, o ser humano passa a perceber e perguntar sobre o sentido
da vida e questões físicas nunca antes questionadas. Quem antes vivia como nômade, indo de
lugar a outro constantemente, agora aprende a se acomodar em aldeias e a produzir seu próprio
alimento, fazendo a natureza trabalhar a seu favor e não mais o contrário. E o que uniu essas
aldeias não foi a necessidade de dividir serviços, e sim crenças coletivas, culturais e religiosas,
como as sobre a vida e a morte.
Nessas aldeias, eles não tinham o costume de dividir trabalhos e serviços, mas sim
estudos e conhecimento. Com isso, o terceiro capítulo conclui que todas as descobertas são
coletivas utilizando conhecimentos do passado ou do presente, com o compartilhamento de
ideias e a inovação, o que foi definido como retenção cultural: “Não se trata de quanto você é
inteligente. Trata-se de quanto você é bem conectado”.
O 4° capítulo se inicia com a mudança das aldeias para as cidades. De início, houveram
dificuldades com a irrigação de água, mas com o tempo, os indivíduos perceberam que o esforço
grupal, que não era algo comum nas aldeias, era eficiente e aprimorava os trabalhos. Com isso,
surgiram as primeiras profissões, comércios e trocas de serviços. E com tantas burocracias era
necessário de uma autoridade. Para os mesopotâmicos, Igreja e Estado estavam interligados e
divindades comandavam tudo, e pelas novas responsabilidades, foram inventadas as três
ferramentas mais importantes até os dias de hoje: escrita, leitura e aritmética.
Para nós, a fala é algo natural do ser humano, mas a escrita não. Por isso foram criadas
as primeiras escolas para passar o aprendizado, onde utilizavam tabuletas para escrever, o que
foi de grande avanço para a sociedade. Tempos depois surgiu também a matemática, que era
utilizada não só para comércio com também para a área da engenharia. E com a matemática
foram desenvolvidas as primeiras leis científicas e teóricas.
O conceito de leis surgiu nas cidades por conta de comportamentos que deviam ser
restringidos. Foi criado pelas autoridades, então, o Código de Hamurabi, que consistia em um
conjunto de leis para manter a boa conduta dos cidadãos e quem não as seguisse seria multado.
Além disso, eram decretos e comandos que a natureza “obedecia”.
Por fim, no capítulo 5 é dito sobre a invasão de Alexandre O Grande na Mesopotâmia e
a valorização do homem e cultura grega a partir desse momento. Alexandre usou de sua
popularidade e poder para disseminar o que aprendeu com Aristóteles, seu professor na Grécia.
Segundo Aristóteles, a vanguarda do iluminismo grego encontrava-se em Mileto, e
Tales, que fazia parte do grupo de pensadores da época, demonstrou a matemática e acreditava
que a natureza vinha da ciência, não da mitologia. Já Pitágoras foi quem ajudou a popularizar
a matemática como linguagem. Aristóteles, também gostava de observar a natureza e criou
diversas teorias onde buscava propósitos para os acontecimentos. Aristóteles não achava sua
física perfeita, mas a considerava o primeiro passo para o futuro.
A primeira parte de Primatas à Astronautas foi uma grande caixinha de surpresas. Traz
não só a história dos nossos antepassados de forma bem explicativa, mas também reflexões para
nossa sociedade moderna. Pensar que nossa origem vem de macacos e ratos, ou o fato de sermos
a única espécie homo sobrevivente até hoje, e isso apenas pela nossa força intelectual, seria
absurdo de se imaginar sem o trabalho árduo de cientistas, pensadores e pesquisadores.
O livro também nos faz refletir sobre a verdade e como ela pode mudar de tempos em
tempos. O que era uma verdade para os povos de milhões de anos atrás, possivelmente não é
uma verdade para alguém do mundo moderno. E uma descoberta feita naquela época não parece
tão genial para mim como foi para eles. Ainda assim, é imprescindível dizer que tudo o que
temos e somos hoje se deve a esse povo que fez pequenas grandes descobertas na Terra.
Os cinco primeiros capítulos, apesar de extensos, são leves e de fácil leitura, o que fixa
o leitor e cria uma certa curiosidade. Além disso, o autor também relaciona os acontecimentos
físicos e teóricos com histórias de sua vida real e experimentos, o que faz o texto ser dinâmico
e didático.
Leonard Mlodinov conseguiu escrever de forma sábia, fazendo jus ao nome de nossa
espécie, de fato. Trouxe muitas informações que provavelmente já sabíamos, mas não
conseguíamos colocar em palavras. Mais que isso, ele juntou fatos do passado com fatos do
presente para comprovar e concluir uma ideia mostrando que realmente tudo se trata do
compartilhamento de conhecimento, e que o ser humano não chegaria tão longe sem o outro.
REFERÊNCIAS