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Arte urbana:

O graffiti, inicialmente associado ao vandalismo, onde o tipo de arte era (e em muitos casos
ainda é) associado à marginalidade. Com o passar dos anos, esta representação artística teve a
sua inclusão em instituições culturais, onde provocou estranheza e sentimentos ambíguos ao
considerá-la como uma forma de arte.

Como afirma o antropólogo Nestor Garcia: “a cultura urbana é a principal causa da


intensificação da heterogeneidade cultural, de diversos grupos sociais e tribos”, desse modo,
a arte das ruas é um reflexo da sociedade contemporânea, que representa de forma visual os
seus problemas e perceções sobre o mundo em diferentes âmbitos.”

A cidade neste contexto, é a maior tela, o maior meio de comunicação e de diversidade


cultural entre aqueles que constituem a comunidade. É através dela que são contadas histórias
do coletivo social ou de visões próprias, tornando-se um espaço público e abrangente sobre
todas as realidades nela existentes. 

Mensagem e Ativismo:
Desde o século XX, com o Dadaísmo e o Surrealismo, artistas começaram a utilizar a arte
como forma de posicionamento político. A partir da década de 1960, essas manifestações
começaram a ocupar inúmeros países com seu envolvimento político/artístico, ocorrendo
principalmente em espaços urbanos.

Com o nascimento desta vertente, artistas criaram um forte laço com essas ideias e passaram
a colaborar com movimentos sociais e ativistas, lutando pelos seus direitos e pela resolução
das problemáticas sociais, como o desemprego, pobreza, abuso do poder e da publicidade.
Diferentemente dos movimentos sociais até então existentes, através da comunicação visual,
criaram um forte elo entre política e arte.
O ser social apenas por fazer parte de um meio em comum, exerce papel político pelo modo
que se relaciona com este.
Contudo, a arte urbana torna-se um instrumento político quando inserida num ambiente
social, onde retrata através das tintas, as relações daqueles que o compõem, transformando
não só o meio físico, mas também provocando mudanças nos seres que constituem essa
sociedade. 

De facto, a arte das ruas torna-se política através das mensagens visuais que carregam.
Portanto, essa forma de expressão gera um impacto social àqueles que a apreciam através da
interpretação daquilo que é visualmente comunicado.

BANKSY:
Neste contexto de transformação social através da arte e ativismo social, surge Banksy. O
nome é o pseudónimo do artista, pintor de graffiti e telas, ativista político e diretor de cinema
britânico, que prefere manter a sua personalidade no anonimato. Pouco se sabe a respeito da
sua identidade e existem até teorias de que Banksy seja até um grupo de pessoas. 
Conhecido por desprezar a forma como o governo inglês interpreta o graffiti, as obras do
artista estão expostas em “galerias” urbanas. As suas pinturas são facilmente encontradas
pelas ruas, muros e construções de várias cidades.
Todas as pinturas carregam uma marca social muito forte. Através do uso da técnica de
stencil e spray, ele comunica e expressa-se através do cenário urbano a respeito de problemas
sociais, criticando principalmente o comportamento da sociedade contemporânea e as formas
de autoridade e poder político.
As suas representações artísticas são feitas de forma agressiva e sarcástica. Deste modo, a
arte cativa o público a interpretar e a interagir com o significado das mesmas, causando
assim, um impacto social que envolve o artista, o observador e o meio físico em que estão
inseridos.

Sobre as suas obras:


As obras de Banksy já sofreram vários tipos de censura. Em 2014, um mural com o desenho
de uma ave sendo perseguida por outras quatro, onde essas carregavam frases com conteúdo
xenofóbico, foi pintado num muro em uma cidade litorânea da Inglaterra. No entanto, a obra
foi considerada ofensiva pelo governo inglês e por isso apagada.

Em contrapartida a este facto, o artista tem as suas obras um tanto disputadas no mundo das
artes. No início de outubro de 2019, teve a obra “Devolved Parliament” que mostra
chimpanzés sentados nas cadeiras da Câmara dos Comuns, câmara baixa do Parlamento
britânico, leiloada por 9,8 milhões de libras. Esta obra ridiculariza as discussões
demasiadamente exaltadas no parlamento britânico, por isso retrata os parlamentares como
chimpanzés.

Além deste caso, a obra “Girl with a ballon” que se autodestruiu ao ser leiloada por 1,04
milhão de libras. Ao soar a batida do martelo que encerrava o leilão da obra, esta foi triturada
por lâminas que estavam na sua moldura, destruindo-a. A pintura era a representação de uma
criança com um balão em formato de coração, usada na campanha do artista em apoio aos
refugiados sírios. 

Valendo milhões ou sendo censurada, é inegável concordar que as obras de Banksy causam
grande impacto através do que retratam e de onde são expostas. Partindo disso, pode-se
afirmar que suas obras soam praticamente como um sinónimo da

representação de ativismo e arte através da comunicação visual, fazendo com que essa tenha
a função propriamente declarada pelo artista: “A arte deve confortar os perturbados e
perturbar os confortáveis”

Girl with a Ballon — Banksy, 2002


É certo que a expressão artística visual carrega consigo muito do papel de
transformação social no ambiente em que está sendo exposta. É através desta que
a comunicação torna-se mais pluralizada, que consegue denunciar as problemáticas
de determinado recorte social, além de transformar o ambiente público num espaço
de reflexão, gerando assim, uma conexão entre o artista e o intérprete. Além disso,
é inegável afirmar que a arte comunica de uma forma muito mais singular as
mensagens compartilhadas, o que torna a mesma um meio muito mais profundo de
exercer a comunicação.
Conclusão:
Concluímos então que a arte é um poderoso meio de comunicação. Que faz parte da História
da sociedade, e é muito importante estudá-la para que se compreenda melhor o indivíduo
social que é o artista. A sua forma de expressão gera um impacto social àqueles que a
apreciam através da interpretação daquilo que é visualmente comunicado e carrega consigo
muito do papel de transformação social no ambiente em que está sendo exposta. 

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