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NOTA TÉCNICA 6/2023

Cliente SINPOL/DF

Esclarecimentos sobre o uso de porte de


arma de uso restrito por policiais civis, em
Referência
operações da PCDF, após o Decreto nº
11.366/23.

Data Brasília, 11 de maio de 2023.

I. ANÁLISE

1. Inicialmente, insta salientar que a Lei Federal nº 10.826/2003 (Estatuto do

Desarmamento) assegura aos policiais civis o direito de portar arma de fogo, de

propriedade particular ou aquela fornecida pela corporação, mesmo fora do

serviço. Confira-se:

Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional,


salvo para os casos previstos em legislação própria e para:
(...)
II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da
Constituição Federal.
(...)
§ 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo
terão direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida
pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos
termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para
aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI.

2. A seu turno, o art. 24 do Decreto Federal nº 9.847, de 25 de junho de 2019,

que regulamenta a Lei aludida, determina que o porte de arma de fogo é

deferido aos militares das Forças Armadas, aos policiais federais, estaduais e

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distritais, civis e militares, aos corpos de bombeiros militares e aos policiais da

Câmara dos Deputados e do Senado Federal em razão do desempenho de suas

funções institucionais.

3. Nesse sentido, importante ressaltar que, em casos excepcionais, o

Decreto Federal nº 9.847/2019 autoriza o uso de armas próprias dos policiais em

operações, inclusive as de uso restrito, desde que sejam conduzidas com seu

Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF). Veja-se:

Art. 27. Poderá ser autorizado, em casos excepcionais, pelo órgão


competente, o uso, em serviço, de arma de fogo de propriedade dos
integrantes dos órgãos, das instituições ou das corporações a que se
referem os incisos I, II, III, V, VI e VII do caput do art. 6º da Lei nº 10.826,
de 2003.

§ 1º A autorização de que trata o caput será regulamentada em ato próprio


do órgão, da instituição ou da corporação competente.

§ 2º Na hipótese prevista neste artigo, a arma de fogo deverá ser sempre


conduzida com o seu Certificado de Registro de Arma de Fogo.

§ 3º Para fins do disposto no caput , deverá ser observado o disposto no §


1º-B do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003 , em relação aos integrantes do
quadro efetivo das polícias penais federal, estadual ou distrital e aos
agentes e guardas prisionais. (Incluído pelo Decreto nº 10.630, de 2021)

4. Posteriormente, a Polícia Civil do Distrito Federal, em atenção ao §1º do

artigo supracitado, regulamentou as normas internas relativas ao porte e ao

uso de arma de fogo dos integrantes das carreiras de delegado e agentes da

polícia, por meio da Portaria nº 7, de 04 de fevereiro de 2020.

5. Os artigos 1º e 2º da referida portaria preceituam que o porte de arma de

fogo é deferido aos servidores das carreiras de delegado e agentes de polícia,

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em razão do desempenho de suas funções institucionais, bem como que o porte

concedido possui validade em todo território nacional.

6. No que concerne a arma de fogo institucional, a Portaria nº 7/2020 da

PCDF estabelece que serão fornecidas armas de fogo de propriedade da Polícia

Civil do Distrito Federal, seus acessórios e respectivo Certificado de Registro

Federal de Arma e Fogo (CRAF) por ocasião da posse e efetivo exercício da

função aos agentes e delegados, em seguida, prescreve que o policial civil deve

portar a arma de fogo institucional durante o serviço, ou, fora dele, desde que

observadas as cautelas necessárias, sempre acompanhada do CRAF.

7. No tocante a arma de propriedade particular, aquela registrada em nome

do policial civil, o art. 10 do referido diploma legal assegura que o agente de

polícia pode portar arma de fogo nos períodos de folga e, também, durante o

serviço, sendo obrigatório o porte do respectivo CRAF em ambos os casos.

8. Todavia, quando o policial possuir restrição laboral ou for recomendada

a suspensão e/ou recolhimento da arma institucional, por motivos de saúde,

será solicitada a entrega de sua arma de fogo particular, de forma voluntária,

nos termos do art. 11, caput e parágrafo único.

9. Dessa forma, a partir da vigência do Decreto Federal nº 11.366, de 1º de

janeiro de 2023, a utilização de armas de uso restrito ou não por policiais, em

suas operações, não sofreu nenhuma alteração, isso porque o referido Decreto

reduz o acesso às armas e munições, bem como suspende o registro de novas

armas de uso restrito de Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs) e,

também, de novos clubes de tiro.

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II. CONCLUSÕES

10. Nesse sentido, verifica-se que o Decreto nº 11.366/23 suspendeu o

registro para aquisição e transferência de armas e de munições de uso restrito

de caçadores, colecionadores, atiradores e particulares, dessa forma, o referido

decreto não promoveu qualquer alteração no uso de armas de propriedade

particular dos agentes da Polícia Civil do Distrito Federal, ainda que de uso

restrito, nas operações táticas da PCDF.

11. Dessa forma, a utilização de armas de uso permitido e restrito

apostiladas no SIGMA/EB, na categoria atirador, em operações da PCDF, por

delegados e policiais civis, continuam autorizadas pelo Decreto Federal nº

9.847/2019 e pela Portaria nº 7/2020 da PCDF.

É o parecer.

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