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INFORMATIVO JURÍDICO – SINPOL-DF

ESCLARECIMENTOS SOBRE O JULGAMENTO DA ADI 5.039/RO

O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) vem a público esclarecer
pontos relevantes sobre os possíveis desdobramentos jurídicos da ADI nº 5.039/RO,
com o objetivo de tranquilizar a categoria quanto aos reflexos jurídicos dessa demanda.

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou os embargos de declaração


opostos na ADI 5.039, que tinha como objeto a discussão constitucional dos artigos nº
45, § 12 e nº 91-A, §§ 1º, 3º, 4º, 5º e 6º da Lei Complementar 432/2008, com a redação
conferida pela Lei Complementar nº 672/2012, ambas do Estado de Rondônia, que
dispõem sobre regras especiais de aposentadoria e pensão aos servidores públicos
ocupantes do cargo de policial civil daquele Estado.

Naquele julgamento, o STF, ao analisar a lei rondoniense, declarou-a parcialmente


inconstitucional, especificamente no que toca à concessão de integralidade e paridade
para policiais, pois a lei não seguiu as regras de transição das Emendas Constitucionais
ns. 41/2003 e 47/2005.

Sucede que, com o advento da Emenda Constitucional 103/2019, que alterou o sistema
de previdência social e estabeleceu regras de transição e disposições transitórias,
inaugurou-se um novo regime jurídico, conforme analisado pelo Parecer da AGU nº JL-
04, com força vinculante para toda a Administração Pública, em que se fez uma
relevante reflexão quanto à vontade do Constituinte Reformador: ao encaminhar a PEC
nº 106/2019 (que resultou na EC nº 103/2019), a intenção do Governo Federal era
justamente manter a aposentadoria especial do policial, com integralidade e
paridade de proventos, o que justificou o reconhecimento administrativo desse direito.

O que foi decidido na ADI 5.039/RO não tem o condão de alterar a inovação trazida pela
Emenda Constitucional nº 103/2019 e suas consequências jurídicas. Como bem
pontuou o Ministro Fachin, relator da referida ADI, por serem inconstitucionais ao tempo
de sua edição, não poderiam ser convalidados pela Emenda Constitucional nº 103/2019,
de modo que persistiria a inconstitucionalidade da lei rondoniense, visto que o sistema
jurídico pátrio não admite a convalidação de norma inconstitucional.

Por oportuno, é importante projetar luzes para o recurso extraordinário nº 1162672/SP


que versa sobre um pleito judicial de uma servidora pública estadual ocupante de cargo
de policial civil, em que requereu a concessão de aposentadoria especial com proventos
integrais e com paridade com os servidores ativos ocupantes do mesmo cargo. Esse
recurso extraordinário deu origem ao tema 1.019 de Repercussão Geral,
importantíssimo para a categoria dos policiais civis.

Nesse Tema 1019 de Repercussão Geral, será julgado o direito de servidor público que
exerça atividades de risco de obter, independentemente da observância das regras de
transição das Emendas Constitucionais nºs 41/03 e 47/05, aposentadoria especial com
proventos calculados com base na integralidade e na paridade.

Esse processo judicial está sob a relatoria do Ministro Dias Tóffoli e sem previsão de
julgamento. Contudo, o Sinpol-DF está acompanhando de perto, tendo, inclusive, já
apresentado manifestações escritas em diversas oportunidades no processo.

Portanto, com a promulgação da Emenda Constitucional nº 103/2019, salvo melhor


juízo, o cenário para a discussão sobre a integralidade e paridade dos policiais civis do
Distrito Federal está em aberto no STF, em que o Sinpol-DF atuará com rigor e energia
em todas as discussões.

Brasília/DF, 02 de março de 2023.

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