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ATIVIDADE PRÁTICA SOBRE REALISMO E NATURALISMO

REALISMO – NATURALISMO: LITERATURA EM DIÁLOGO COM A CIENCIA

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O trecho do romance Outros cantos.

1) O trecho evidencia que o objeto produzido não leva seu usuário a perceber o processo de
produção. Explique essa ideia.
O trecho indica como era árduo o trabalho de produção da rede, mas o usuário que descansava
nesse objeto não fazia ideia desse exaustivo trabalho ("o fio bruto nas redes que me haviam embalado
a infância e cuja doçura em nada denunciava o esforço sobre-humano e a dor que custavam").
2) Que aspectos explicam a escolha da narradora pela expressão “trabalho de macho” para
caracterizar algumas etapas da produção das redes?
A autora escolheu a expressão “trabalho de macho” porque era necessário ter muita força e
resistência física para produzir a rede, suportando a fome e o calor.
3) Toda a exposição do trabalho feminino resulta em uma imagem com valor de síntese. Qual é
essa imagem? O que torna sua escolha coerente?
É a imagem de deusas indianas. Essa escolha é coerente porque essas deusas costumam ser
representadas com vários braços, e as mulheres tecelãs também teriam vários "braços", metáfora para
as inúmeras habilidades delas.
4) Você conseguiu visualizar a produção de redes pelos sertanejos durante a leitura do texto? O
que facilitou ou dificultou esse processo?
Sim, foi possível visualizar a produção das redes, pois a narradora descreve em detalhes o trabalho dos
sertanejos ao manusear os teares.
5) Que estratégia usa a narradora para deslocar a rede, objeto de que fala, para outros
contextos?
Para deslocar a rede para outros contextos, a narradora cita a presença desse objeto na casa do avô
quando ainda era criança e na venda das avenidas da metrópole.
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Trecho Realismo; a “verdade verdadeira”

1) O que está representado na tela de Courbet?


A tela representa quatro homens e um cão após uma refeição, um jantar. Os dois homens à esquerda
se distraem com a música tocada pelo violinista à direita, e, ao centro um homem se entretém a
acender seu cachimbo com a brasa de um lenho. Debaixo de sua cadeira, descansa um cão.

2) Como você imagina o som desse ambiente? Que elementos da pintura sugerem isso?
É possível imaginar um som tranquilo, suave e talvez até melancólico, pois: a expressão do violinista é
ao mesmo tempo serena e grave, e a reação dos outros é contemplativa. Caso fosse uma reação
agitada e vivaz, poderia se dizer que o som deste ambiente fosse alegre, mas não é o caso.

3) Que tipo de personagem está retratado na tela?


As personagens da pintura são pessoas populares, comuns. Não transparecem nenhuma pompa ou
riqueza. Ao contrário, vestem roupas comuns e são retratados em uma sala sem ornamentos.

4) É correto afirmar que há destaque em um dos personagens? Justifique sua resposta.


Não é correto, pois, apesar de as cores e luzes e sombras induzirem os olhos ao centro da tela, onde
estão o homem de branco e a toalha de mesa, existe um equilíbrio na organização dos elementos que
neutraliza este destaque: o homem está de costas e não expressa nenhum gesto simbólico que o
torne o centro das atenções.

5) Observe as expressões dos dois personagens à esquerda do quadro. O que elas sugerem?
As personagens à esquerda sugerem duas formas de apreciar a música executada: o homem ao
fundo apoia o queixo no punho, seus olhos alcançam a figura do músico, mas não se fixam nisso. É
como se experimentasse a música por dentro e por fora, com sentimentos equilibrados. Já o homem à
frente na tela, fecha os olhos e sua postura indica um jeito mais interior de experimentar a música,
talvez porque exista dentro de si um conflito ou uma atenção profunda em reação à melodia.

6) Como foram usadas a luz e as cores nessa tela?


Observando a direção que se projetam as sombras dos pratos, podemos afirmar que a luz entra pela
direita da tela, destacando os objetos que alcança. Mas o ambiente é escuro e muitas sombras são
intensas, afinal, se trata de um jantar, fazendo ser uma cena noturna. As cores não são variadas, e
predominam: as sombras, o ocre, o marrom avermelhado e o branco.

7) A pintura é de grandes dimensões (195 x 257cm), e o retrato dos modelos é feito em escala
natural. Que efeito tem essa opção para a representação da cena?
O efeito criado pelas dimensões da obra é, provavelmente, transmitir o realismo que o pintor
pretendia.

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1) O personagem Olivier narra algo que imaginava recorrentemente. Resuma o relato.
2) Na narração feita por Olivier, em mais de uma passagem, as ações humanas são comparadas às de
animais selvagens.
Na narração do personagem Olivier, os envolvidos no acontecimento se veem em uma situação na qual
devem abdicar da racionalidade e deixar o lado animal agir.
a) Explique essa afirmação com base no fragmento.
As pessoas envolvidas no acontecimento se encontram privadas de qualquer alimento, sendo obrigadas a
disputar corpo a corpo alimentos e praticar antropofagia.
b) O que justifica que as pessoas tenham perdido a racionalidade?
Podemos identificar as comparações biológicas em passagens como "(...) uma mãe combatia como uma
loba para defender os três ou quatro bocados reservados a seu filho."
3) O autor procura fazer com que a cena narrada tenha valor de realidade. Quais recursos usa para
obter esse efeito?
Além das comparações com animais irracionais, o narrador se vale do descritivismo (detalhismo) em
linguagem crua.

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1) No contexto do lançamento de O primo Basílio, em 28de fevereiro de 1878, EÇA DE queirós


escreveu uma carta para Teófilo Braga a fim de explicar que seu novo romance tinha como dever atacar
a burguesia lisboeta, estruturada em “falsas bases”.
A narrativa desenrola-se em um lar burguês de Lisboa, onde mora Luísa, esposa de Jorge, um rico
engenheiro. Superficial e desocupada, a jovem vive rodeada de ilusões românticas, reforçadas pelos
livros açucarados que lê; a chegada de seu primo Basílio, um antigo namorado de infância, deixa-a
dividida.

a) Eça de queirós caracterizava Luísa como sentimental, arrasada de romance e ociosa. Justifique essa
caracterização com base no texto.
Luísa pertence à classe burguesa e experimenta tanto os benefícios quanto as dificuldades inerentes à
sua posição social. Embora aprecie a natureza cosmopolita das viagens, ela está confinada a um
ambiente doméstico confortável, porém entediante. Ela lida com o tédio por meio da leitura de
romances românticos, nos quais tudo é idealizado, inclusive uma imagem de seu primo, cujos encantos
são realçados pela cultura do folhetim.
b) Releia o segundo e o terceiro parágrafos. Explique por que a maneira como Luísa imagina as viagens
feitas por seu primo está relacionada a uma visão romântica da vida
Quando Luísa pensa nas viagens de seu primo, ela imagina elementos típicos do universo romântico
exótico, como "neve nas montanhas", "cachoeiras brilhantes", uma Escócia com "lagos melancólicos" e
uma Veneza com "palácios trágicos". Ela não prestou atenção aos elementos da realidade.
c) A maneira como Luísa encara a profissão do marido é realista? Justifique sua resposta.
Não. Há uma descrição fantasiosa das atividades realizadas por Jorge - explorar minas assustadoras e
enfrentar inimigos. Luísa tenta justificar a escolha de um marido distante de seus ideais românticos, que
foram revigorados pela presença sedutora de Basílio.
d) Explique por que a criada Juliana se apresenta como contraponto realista ao universo romântico
imaginado pela patroa,
As ociosidades e fantasias de Luísa são contrastadas com a figura da criada trabalhadora, cuja vida é
marcada pelo cansaço. Assim, o clima romântico criado pelo narrador, ao descrever Luísa no escuro
contemplando um "céu estrelado", tocando piano e pensando na próxima visita do primo e na roupa que
vestirá para recebê-lo (como seu "novo roupão de seda marrom") , é interrompido pelas observações
observadas e pragmáticas de Juliana - que está "encolhida e transportada" e tem uma aparência simples
e desarrumada ("arrastando suas chinelas", "xale nos ombros") - para quem apenas falta a luz.
e) Nessa obra, Eça de queirós baseou-se no princípio naturalista da defesa de uma tese social – no
caso, a de que a traição é inevitável quando motivada pela falta de ocupação de uma burguesa com
os traços de Luísa. Quais são os indícios de um inevitável adultério nesse trecho do romance?
Luísa fica entusiasmada com o reencontro com seu primo, pois associa esse encontro aos ideais
românticos de sua formação cultural. A presença do primo representa uma ruptura em sua vida
monótona e inconscientemente a leva a fazer comparações entre ele e Jorge, assim como entre sua
vida aventureira ea dela. Isso deixa Luísa vulnerável à oportunidade que Basílio lhe oferece.
2) A seguir, você conhecerá um trecho do romance A casa dos espíritos, de 1982, escrito pela chilena
Isabel Allende. Como no texto de Eça de Queirós, este também revela tensão entre patrão e
empregado.
a) Por que a canção “apaixonada” de Pedro foi entendida como um desafio por Esteban?
O tema da canção é a união como meio de vencer alguém mais forte e, no contexto, refere-se à possibilidade
de os empregados se organizarem para obter benefícios junto aos seus patrões. O fato de Pedro cantar com
paixão demonstra seu firme apoio a essa causa e, por isso, é interpretado por seu patrão como uma
provocação.
b) O conflito entre os dois personagens é um dos motes do romance A casa dos espíritos. Transcreva
a expressão que marca o início do confronto e justifique sua resposta.
A expressão "Assim foi que um dia" não fornece uma data exata para a cena, mas a posiciona como um ponto
de virada na relação entre o patrão e o empregado.
c) Compare as relações de Juliana, de O primo Basílio, e Pedro, de A casa dos espíritos, com seus
patrões. O que aproxima esses personagens? O que o diferencia?
tanto Juliana quanto Pedro possuem personalidades que incomodam seus respectivos patrões. Juliana não
corresponde às ilusões românticas de Luísa, enquanto Pedro se recusa a aceitar passivamente a desigualdade
social, que proporciona a Esteban uma vida privilegiada. No entanto, as ações de Juliana descritas no trecho a
retratam como subserviente e silenciosa diante dos maus-tratos, enquanto Pedro é um jovem contestador,
consciente da luta de classes e envolvido no processo político.
d) O romance de Isabel Allende foi publicado no final do século XX, mas mantém algumas questões
típicas do Realismo-Naturalismo. Explique essa afirmação.
O fragmento retrata o conflito entre a classe abatida e os trabalhadores, que possuem poucos direitos
garantidos. A observação objetiva das camadas populares é um dos temas presentes nos romances
realistas-naturalistas.
e) Releia, agora, o trecho do romance Outros cantos, de Maria Valéria Rezende, que abriu o capítulo
(página 74). O que diferencia a abordagem do trabalho feita nesse fragmento das abordagens
propostas por Isabel Allende e Eça de Queirós?
No fragmento de "Outros Cantos", há uma abordagem estética do trabalho. Mesmo ao mencionar a exaustão e
a grande habilidade exigida das mulheres, a cena busca retratar a beleza por meio das cores e dos
movimentos ordenados. As relações entre os trabalhadores e seus patrões ou as condições de vida dos
empregados não são o foco principal. Nos outros dois romances, as relações trabalhistas são destacadas por
meio de conflitos entre personagens que representam os dois grupos.

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