Você está na página 1de 8

Evolução Biológica

Unicelularidade e Multicelularidade

Os organismos eucariontes formam-se a partir dos procariontes


• A célula é a unidade básica e estrutural e funcional de todos os organismos, podendo ser classificada em
procariótica e eucariótica.
• Por interpretação de registos fósseis e observação dos organismos procariontes, foi permitindo inferir
que as células procarióticas são as mais primitivas e por evolução terão originado as eucarióticas.
• Existem dois modelos explicativos para a origem das células eucarióticas: modelo autogénico e
endossimbiótico.
• O Modelo Autogénico explica que a membrana celular por invaginações formou um invólucro nuclear
(que individualizaria o núcleo) e um conjunto de sistemas endomenbranares.
• Alguns fragmentos de DNA poderiam ter abandonado o núcleo e alojar-se nos sistemas membranares,
originando organitos como as mitocôndrias e os cloroplastos. Segundo este modelo todo o DNA da célula
tem uma origem comum. Esta hipótese não é atualmente aceite, uma vez que o DNA das mitocôndrias e
dos cloroplastos é diferente do DNA nuclear.
• Para o Modelo Endossimbiótico considera que as mitocôndrias e os cloroplastos resultaram da
incorporação de células procarióticas mais pequenas por outras células. Algumas conseguiam sobreviver
no interior da célula hospedeira, estabelecendo-se relações de simbiose estável e permanente.
Atualmente acredita-se que a célula hospedeira estabeleceu em primeiro lugar relações com os
ancestrais das mitocôndrias e só posteriormente com a cianobactéria, o que explica porque é que apenas
algumas células possuem cloroplastos.
• Este modelo é apoiado pelos seguintes argumentos:
→ Os cloroplastos e as mitocôndrias possuem dimensões semelhantes aos procariontes atuais.
→ Aqueles organitos possuem o seu próprio material genético
→ As mitocôndrias e os cloroplastos têm a capacidade de replicação por cissiparidade
→ As mitocôndrias e os cloroplastos são capazes de sintetizar parte das proteínas
→ A nível ribossómico são mais semelhantes com as células procarióticas do que com a células
eucarióticas
→ Existem muitos genes de origem bacteriana encontrados nos organismos eucariontes
→ Atualmente, continuam a verificar-se alguns casos de endossimbiose entre bactérias e células
• O modelo Endossimbiótico não explica a origem do núcleo da célula eucariótica. Por isso, muitos
investigadores acreditam na conjugação dos dois modelos para explicar totalmente a evolução de células
procarióticas para eucarióticas. O invólucro nuclear e os sistemas endomembranares ter-se-ão originado a
partir de invaginações da membrana celular e as mitocôndrias e os cloroplastos por endossimbiose entre
bactérias.

Evolução da unicelularidade para a multicelularidade


• A crescente competição por alimento e espaço destas novas células eucarióticas levou a que se tornasse
vantajoso o aumento de tamanho. No entanto, se a célula aumentasse de tamanho, diminuiria a razão
entre a superfície e o volume, pois o volume aumenta a um ritmo muito maior do que a área de
superfície. Assim, as trocas realizadas pela membrana plasmática com o exterior seriam insuficientes para
o grande volume de citoplasma e o seu elevado metabolismo, impedindo a manutenção da vida celular.
Criar agregações em colónias e, posteriormente, organismos multicelulares foi a solução. Inicialmente,
estes organismos eram formados por células que não se libertavam da célula-mãe após a divisão e
formavam colónias em que todas as células desempenhavam a mesma função. O que permitiu que a
partir destes agregados coloniais se formassem organismos multicelulares foi a diferenciação celular.
• Vantagens da multicelularidade:
→ Maiores dimensões o que facilita a realização de trocas com o meio
→ Maior diversidade, o que contribui para a adaptação ao meio.
→ Diminuição da taxa metabólica, o que permite a utilização de energia de forma mais eficaz
→ Maior independência em relação ao meio ambiente, devido a uma eficaz homeostasia resultante da
interdependência dos vários sistemas de órgãos.

Mecanismos da Evolução

• O fixismo considera que as diferentes espécies de seres vivos são perfeitas, permanentes e imutáveis e
que a sua origem foi independente.
• O evolucionismo defende que os seres vivos atuais são o resultado da modificação de seres vivos que
existiram no passado e que, por isso, as espécies se alteram ao longo do tempo e estão relacionadas
umas às outras.

Teorias Fixistas
• Criacionismo – baseia-se nas escrituras e defende que os seres vivos foram criados por Deus, na sua
forma mais perfeita e definitiva e nunca mais sofreram modificações.
• Teoria da Geração Espontânea – considera que os seres vivos se originam a partir da matéria inerte, em
certas condições especiais, por ação de um princípio ativo. Esta teoria foi defendida na Antiguidade pelo
filósofo grego Aristóteles.
• A descoberta dos fósseis veio confrontar os naturalistas com vestígios de serves vivos do passado,
diferentes dos atuais, o que pôs em causa a permanência e a imutabilidade das espécies. George Cuvier
(1769-1832) propôs o catastrofismo, uma teoria fixista que explicava a extinção de espécies pela
ocorrência de grandes catástrofes, a que se seguia o repovoamento das regiões atingidas por espécies
que migravam de outras regiões.

Teorias Evolucionistas

• Transformismo (Buffon 1707-1788) – As espécies derivam umas das outras por degeneração lenta e
gradual, sendo o tempo geológico fundamental. As condições ambientais eram a causa dessa
degeneração.
• Transformismo (Maupertuis 1698-1759) – Os organismos derivavam de um progenitor comum, e que
devido ao acaso e erros na reprodução acumulavam alterações ao longo das gerações. Havia uma
seleção do ambiente.
• Uniformitarismo (Princípio das causas atuais) (Hutton 1726-1797) – Os fenómenos geológicos existentes na
atualidade são idênticos aos que ocorreram no passado.
• Lamarckismo (Lamarck 1744-1829) – O ambiente e as necessidades dos indivíduos são as causas
responsáveis pela evolução dos seres vivos. Lei do uso e do desuso. Lei da transmissão dos caracteres
adquiridos.
• Darwinismo (Darwin 1809-1882) – Sobrevivência dos mais aptos (seleção natural). Reprodução diferencial.
• Neodarwinismo (Teoria sintética da evolução) (Vários investigadores com base em Darwin) – Engloba a
variabilidade genética (devida a mutações e recombinação génica) e a seleção natural.

Lamarckismo, Darwinismo e Neodarwinismo

Lamarckismo
• Lamarck defendia que os seres vivos têm um impulso interior que lhes permite adaptarem-se ao meio,
quando o ambiente se torna adverso. Essa necessidade de adaptação levaria ao uso e desenvolvimento
de alguns órgãos (hipertrofia) ou desuso e atrofia de outros (Lei do Uso e do Desuso). Estas adaptações
seriam transmitidas à descendência (Lei da transmissão dos caracteres adquiridos). Lamarck apresentou a
primeira teoria acerca da evolução das espécies, segundo ele, é pela ação do ambiente que as espécies
evoluem e adquirem as características essenciais para se adaptarem ao meio ambiente.
• As principais críticas apontadas a Lamarck foram:
→ O facto de se admitir que a matéria viva teria uma “ambição natural” para se tornar melhor.
→ A lei do uso e do desuso, embora válida em algumas situações (por exemplo nos músculos), não
explica todas as modificações.
→A lei da transmissão dos caracteres adquiridos não é válida, uma vez que não é possível transmitir
à descendência uma modificação adquirida durante a vida (que não está no código genético).

Darwinismo
• Darwin baseou-se nas ideias uniformitaristas dos geólogos Hutton e Lyell, segundo as quais a Terra é
muito antiga e está em constante mudança, e formulou uma teoria evolucionista que considera que a
vida na Terra também evolui pela acumulação de pequenas alterações ao longo de grandes períodos de
tempo.
• Foi, também, influenciado pelas ideias do economista inglês Thomas Malthus, que no seu livro “Ensaios
sobre o princípio da população” defende que a população humana cresce a um ritmo muito maior do
que os recursos de que dispõe, o que leva a que seja travada uma luta pela sobrevivência, da qual só
alguns saem vitoriosos.
• Darwin utilizou dados das suas observações e dados de outros autores para a construção da sua teoria
sobre a origem e evolução das espécies.
• Dados Biogeográficos → O mesmo animal é diferente de local para local, distinguindo-se pelos aspetos
morfológicos e hábitos alimentares. Darwin verificou uma grande diversidade de seres vivos de continente
para continente e de bioma para bioma. Verificou que existia uniformidade entre todos os seres vivos o
que o levou a perceber que deveria de haver uma ancestralidade comum, mas também que havia
diferenças entre populações próximas o que o levou a pensar que cada uma delas tivesse sofrido
evolução condicionada pelo tipo de ambiente de cada local.
• Dados geológicos → Após ter visualizado fenómenos vulcânicos e fósseis, Darwin aproveitou as ideias de
Lyell e começou a admitir que, à semelhança do que acontecia com a Terra, também seria possível que
os seres vivos experimentassem modificações lentas e graduais que modificariam as características das
espécies (Uniformitarismo).
• Dados Económicos e Sociais → Outro autor que influenciou Darwin foi Malthus, que defendia que a
população humana cresce de forma geométrica, enquanto os recursos alimentares são produzidos de
forma aritmética. Malthus também afirmava que se não existisse fome nem epidemias, a população
humana duplicaria em cada 25 anos. Darwin transpôs estas informações para os animais e admitiu que,
embora as populações tendam a crescer geometricamente, tal acontece. Considerou que a manutenção
do número de indivíduos se deve ao facto de:
- Nem todos os animais de uma população se reproduzem
- A falta de alimento e as condições ambientais condicionam o desenvolvimento, a reprodução e a
sobrevivência dos animais
- Um grande número de indivíduos morre na luta pela sobrevivência devido a competição, parasitismo ou
predação.
- As doenças são responsáveis pela morte de um número significativo de indivíduos.
• Seleção artificial → Darwin baseou-se em exemplos de seleção artificial para ilustrar o poder da seleção
natural como motor da evolução. Através da seleção artificial, o ser humano modificou, em curtos
períodos de tempo, espécies de animais domésticos ou de plantas com interesse alimentar ou
ornamental, pelo cruzamento de indivíduos com características desejáveis ao longo de gerações, de
modo a aumentar a frequência dessas características na descendência.
• Seleção Natural → Apenas os mais aptos sobreviverão em determinado ambiente e sobre determinadas
condições. A população sujeita a esta seleção artificial seria significativamente diferente da sujeita à
seleção natural, ou seja, o processo em que a natureza, devido a fatores ambientais, escolhe os
indivíduos reprodutores, sendo necessário um longo período de tempo para observar as modificações.
Assim:
- Os indivíduos de uma determinada espécie apresentam variabilidade das suas características (embora
Darwin não tenha conseguido explicar a origem dessa variabilidade)
- As populações têm tendência a crescer segundo uma progressão geométrica, produzindo mais
descendentes do que aqueles que acabam por sobreviver
- Entre os indivíduos estabelece-se uma luta pela sobrevivência, devido á competição por alimento e
outros fatores ambientais. Um número significativo é eliminado.
- Alguns não apresentam características favoráveis ao meio e são progressivamente eliminados. Ocorre
então a sobrevivência dos mais aptos
- Os indivíduos mais aptos vivem durante mais tempo, reproduzem-se mais e transmitem as suas
características aos descendentes (reprodução diferencial)

Argumentos a favor do Evolucionismo


• A teoria da Evolução baseou-se, inicialmente, em dados fornecidos pela Anatomia Comparada, pela
Paleontologia, pela Biogeografia e pela Embriologia. Posteriormente, os avanços da ciência produziram
novos dados evolucionistas a partir da Citologia, da Biologia Molecular e da Genética.
• Anatomia Comparada → Animais aparentemente diferentes apresentam semelhanças anatómicas, que
sugerem um ancestral comum. Os órgãos homólogos são órgãos que desempenham uma função
diferente, embora apresentem uma posição relativa, embriológica e um plano estrutural semelhantes. Dá-
se evolução divergente, uma vez que a seleção natural atuou sobre organismos semelhantes que
conquistaram meios diferentes. A partir das estruturas homólogas foi possível constituir séries filogenéticas
progressivas e regressivas.
Nas séries filogenéticas progressivas, os órgãos homólogos apresentam uma complexidade crescente, isto
é, a partir de um órgão ancestral simples, desenvolvem-se órgãos mais complexos.
Nas séries filogenéticas regressivas, os órgãos homólogos simplificam-se, ou seja, a partir de um órgão
ancestral mais complexo formam-se órgãos rudimentares ou inexistentes. É o caso da perda dos
membros nas serpentes e da atrofia dos ossos das aves.
Os órgãos análogos são os que desempenham uma função semelhante, e apresentam uma posição
relativa e embriológica diferentes. Estes órgãos desenvolveram-se devido a pressões do meio ambiente
semelhantes em organismos de grupos distintos. Ocorre assim a evolução convergente.
Os órgãos vestigiais são órgãos atrofiados que não apresentam função evidente na atualidade em
determinado grupo de seres vivos, embora outros grupos os apresentem bem desenvolvidos.
• Paleontologia → A paleontologia é a ciência que oferece mais dados acerca dos organismos intermédios
ou sintéticos., também denominados de formas fósseis de transição, e aqueles que não têm
representação na atualidade. Assim, é a partir destes dados que se constroem árvores filogenéticas, que
representam a evolução de um determinado grupo, desde o seu ancestral até à atualidade. No entanto,
os dados paleontológicos têm algumas limitações, uma vez que é necessário um elevado número de
anos para que o fóssil se constitua, para além de variadas condições muito específicas.
• Embriologia → A partir do acompanhamento do desenvolvimento embrionário, foi possível estabelecer
relações de homologia entre diversos grupos. O estudo dos embriões de várias espécies permitiu detetar
semelhanças, principalmente nas primeiras fases de desenvolvimento embrionário, assim como observar a
existência de estruturas comuns em embriões de diferentes espécies. Por exemplo, numa fase inicial,
todos os organismos vertebrados possuem uma cauda e fossetas branquiais, que desaparecem no caso
do Homem. Assim é possível concluir que os indivíduos mais complexos, sofrem bastantes modificações
desde o estado embrionário, ao contrário dos organismos mias simples, que mantêm uma estrutura e
aparência semelhante.
• Biogeografia → Esta ciência conclui que as espécies tendem a ser mais semelhantes quanto maior é a
sua proximidade geográfica.
• Biologia Molecular → Os dados bioquímicos afirmam que todos os organismos são constituídos pelos
mesmos compostos orgânicos (glícidos, lípidos, prótidos e ácidos nucleicos) e que toda a síntese proteica
tem a intervenção do DNA e do RNA. Para estimar a proximidade de espécies, pode recorrer-se a vários
processos. Um deles é comparar a sequência de aminoácidos das proteínas. Outro é a hibridação do DNA
em que se conjugam duas cadeias separadas de DNA de organismos diferentes. Quanto mais rápido for
o emparelhamento de bases complementares e a formação das moléculas híbridas, mais próximas serão
as espécies do ponto de vista filogenético

Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução


• Consiste na reformulação do Darwinismo tendo por base os conhecimentos de biologia molecular, de
modo a combinar as causas da variabilidade com a seleção natural. As populações são consideradas
unidades evolutivas e existem diversos fatores responsáveis pela variabilidade:
→ Mutações – A variabilidade das populações resulta das mutações e recombinações genéticas durante
a meiose e a fecundação. As mutações são alterações bruscas do património genético, podendo ocorrer
a nível genético (mutações génicas) ou envolver proporções significativas de cromossomas (mutações
cromossómicas). A maior parte destas mutações inviabilizam o embrião, no entanto, por vezes, ocorrem
mutações que conferem vantagens ao indivíduo, tornando-o mais apto. Todas as evoluções, a partir
destas mutações, que ocorrem numa pequena escala, ou seja, apenas num pequeno grupo da
população, são consideradas microevolução. A recombinação génica é outra fonte de variabilidade
genética e resulta dos fenómenos de crossing-over, à separação aleatória dos cromossomas homólogos
e da fecundação.
→ Migrações – Uma população medeliana é um conjunto de indivíduos que se reproduz sexuadamente
e partilha um determinado conjunto de genes, conjunto este que se denomina fundo genético.
Deslocações de indivíduos de uma população para outra conduzem a alterações no fundo genético.
→ Deriva Genética – Ocorre em populações reduzidas e corresponde à variação do fundo genético,
devido exclusivamente, ao acaso. Existem duas situações em que ocorre uma diminuição drástica do
tamanho de uma população; o efeito fundador e o efeito de gargalo. O primeiro ocorre quando um
reduzido número de indivíduos se desloca para uma nova área transportando uma parte restrita do fundo
genético. O segundo quando uma determinada população sofre uma diminuição brusca devido a
alterações climatéricas, epidémicas, incêndios, inundações, terramotos, etc. Assim apenas os genes dos
sobreviventes se mantêm, sendo os outros eliminados por deriva genética, e não por seleção natural.
→ Cruzamento ao acaso – Quando os cruzamentos ocorrem ao acaso, denomina-se panximia, o que
permite a manutenção do fundo genético. Se se privilegiar determinado tipo de características para o
cruzamento, o fundo genético é então alterado, e os cruzamentos não são feitos de forma aleatória.

Sistemática dos Seres Vivos

Sistemas de Classificação
• A Sistemática é o estudo da diversidade dos organismos e das suas relações evolutivas. Inclui a
Taxonomia e a Filogenia. A taxonomia ocupa-se da classificação e da nomenclatura dos diferentes grupos
de organismos e a filogenia é o estudo da história evolutiva de uma espécie ou grupo de espécies
relacionadas.
• Práticos – os organismos são agrupados de acordo com o seu interesse e utilidade para o Homem
• Racionais – tendo por base características morfológicas, anatómicas e fisiológicas inerentes aos
organismos
• Horizontais – não têm em conta a evolução dos organismos nem o fator tempo. Permitem contruir
árvores fenéticas, que têm como objetivo a identificação rápida de um organismo, sem ter em conta a
sua evolução, mas sim o seu fenótipo (características externas). Podem ser:
→ Artificiais (baixo número de características)
→ Naturais (elevado número de características)
• Verticais – baseiam-se no agrupamento dos organismos de acordo com as suas relações evolutivas. Têm
em conta o fator tempo e permitem constituir árvores filogenéticas (ou filéticas, cladísticas, evolutivas),
que agrupa, os seres de acordo com o seu grau de parentesco. Estas classificações verticais também
podem ser denominadas por filogenéticas ou evolutivas. As árvores filogenéticas ilustram uma perspetiva
filogenética de evolução a partir de um ancestral comum.
• Atualmente, existem duas escolas principais de classificação: a fenética (horizontal) e a filética (vertical)
• Sistema de classificação fenético – os crocodilos são agrupados com as cobras, lagartos e tartarugas,
sendo as aves colocadas em separado. Esta classificação baseia-se no facto dos crocodilos apresentarem
mais características fenotípicas semelhantes às cobras e lagartos do que às aves.
• Sistema de classificação filético – os estudos de paleontologia e de anatomia evidenciam que aves e
crocodilos partilham um ancestral comum.

Critérios na classificação dos seres vivos


• Morfologia – fatores como a presença de órgãos análogos e fases de desenvolvimento com as
características muito diferentes;
• Estratégia nutritiva – Plantas (Fotoautotróficos) Animais (Quimio-heterotróficos) Bactérias (A maioria é
quimioautotróficas, e outras foto-heterotróficas), também é distinguido o processo de obtenção de
matéria: por ingestão (digestão intracorporal) ou absorção (enzimas são lançadas para o exterior do
corpo) que é o caso dos fungos
• Simetria corporal – ausência ou presença de planos de simetria corporal (ex. bilateral, radial)
• Bioquímica – análise comparativa da composição química dos organismos (ex. ácidos nucleicos e
proteínas)
• Cariologia – número e estrutura dos cromossomas
• Citologia – organização estrutural das células constituintes dos organismos (unicelular/multicelular;
eucarióticas/procarióticas)
• Embriologia – semelhanças durante o desenvolvimento embrionário
• Estratégia reprodutiva – assexuada ou sexuada

Taxonomia e Nomenclatura
• Atualmente, a classificação dos seres vivos ainda manifesta a influência dos trabalhos de Lineu e
apresenta duas características principais: a hierarquia das categorias taxonómicas e a nomenclatura
binominal para a espécie.
• Lineu agrupou os seres vivos em dois grandes reinos, Plantas e Animais, e subdividiu-os em categorias de
amplitude progressivamente menor, que se designam categorias taxonómicas ou taxa (no singular taxon).
No final do século XX, foi criada uma categoria taxonómica mais abrangente que o reino, o domínio.
• Os taxa organizam-se segundo uma hierarquia que é a seguinte: Domínio → Reino → Filo → Classe
Ordem → Família → Género → Espécie
• A espécie, unidade básica da classificação é constituída por um conjunto de indivíduos que partilham o
mesmo fundo genético, que lhes permite originar descendência fértil. Quanto mais semelhantes são os
organismos, maior o número de taxa que partilham.
• Espécies relacionadas são agrupadas no mesmo género, géneros semelhantes são incluídos na mesma
família, e assim sucessivamente.

Regras básicas da nomenclatura científica


• Lineu criou um sistema binominal em latim, que facilitou a compreensão intercontinental deste ramo da
ciência, sendo que:
• O nome da espécie é formado por duas palavras latinas, sendo a primeira o nome do género a que a
espécie pertence, e iniciada com letra maiúscula. A segunda palavra designa-se restritivo ou epíteto
específico e inicia-se por minúscula
• Todos os taxa superiores à espécie são designados por apenas uma palavra, iniciada por letra maiúscula
• O nome das famílias é obtido acrescentando -idae. Nas plantas o sufixo é -aceae
• A subespécie é denominada com três nomes. O género, o restritivo específico e o restritivo
subespecífico
• Caso o texto seja manuscrito, os nomes deverão ser sublinhados. Senão deverá escrever-se em itálico.
• Pode escrever-se o nome e a data do taxonomista em letra de texto (Apis melífera, L. (1758))

Sistemas de classificação de Whittaker


• Aristóteles classificou os seres vivos em dois reinos (animal e vegetal). Segundo este sistema, os fungos e
os seres unicelulares possuidores de cloroplastos eram considerados plantas.
• Em 1886, Haeckel propôs o reino “Protista” que incluía fungos, protozoários e bactérias.
• Em 1956, Copeland, tendo em conta a diferença entre os seres procariontes e eucariontes, incluiu os
primeiros num novo reino: “Monera”
• Em 1969, Whittaker criou um novo reino para os fungos. Assim passaram a existir 5 reinos: Monera,
Protista, Fungi, Plantae, Animalia. O sistema de classificação de Whittaker tem subjacente três critérios:
→ Nível de organização celular – diferencia as células procarióticas das eucarióticas e a unicelularidade da
multicelularidade.
→ Modelo de nutrição – baseia-se no modo como o organismo obtém o alimento
→ Interações nos ecossistemas – diz respeito á relações alimentares que o organismo estabelece com
os restantes organismos no ecossistema. Deste modo, os organismos podem ser classificados como:
produtores, macroconsumidores ou microconsumidores.
• Em 1979, Whittaker adicionou os fungos flagelados e as algas uni e multicelulares ao reino protista
Características dos Reinos
Reinos Monera Protista Fungi Animalia Plantae
Tipo Eucariótica, com Eucariótica e Eucariótica
de Procariótica Eucariótica parede celular ausência de com
célula parede celular parede celular
Organização Unicelulares Unicelulares ou Multicelulares Multicelulares Multicelulares
celular multicelulares
Autotróficos Autotróficos
Modo de (fotossíntese e (fotossíntese) ou Heterotróficos Heterotróficos Autotróficos
quimiossíntese) ou heterotróficos (absorção (absorção) (ingestão) (fotossíntese)
nutrição heterotróficos ou ingestão)
(absorção)

Produtores ou Produtores,
Interações nos Microconsumi- microconsumidores ou Microconsumi- Macroconsumi- Produtores
ecossistemas dores macroconsumidores dores dores

Algas Bolores Cão Musgo


Exemplo Bactérias Paramécias Cogumelos Tubarão Plantas com
Leveduras flor

• Entretanto, com o avanço dos estudos filogenéticos, foi possível observar que as diferenças entre os
organismos poderiam ir muito além, e assim, adotou-se um novo sistema de classificação, proposto por
Carl Woese em 1977.
• Woese analisou moléculas de RNA que formam os ribossomas e concluiu que os eucariontes são bem
mais próximos, mas os procariontes formam grupos distintos. O sistema de Woese classifica os seres
vivos em três domínios: Bacteria, Archaea e Eukaria. Esses três domínios são um nível taxonómico
superior ao nível de reino
• Domínio Bacteria → Agrupa a maioria dos procariontes unicelulares, como bactérias e cianobactérias.
• Domínio Archaea → Agrupa procariontes com características bioquímicas distintas e que geralmente
habitam regiões com condições extremas.
• Domínio Eukaria → Agrupa todos os organismos eucariontes unicelulares e multicelulares, como fungos,
animais, plantas e organismos anteriormente classificados como protistas.

Você também pode gostar