A hidratação da pele é fundamental para o tratamento de eczemas, dentre eles o mais comum

é a dermatite atópica. Os emolientes, ou cremes hidratantes, são usados para manter a

hidratação da pele, e para isso devem ser aplicados no mínimo duas vezes ao dia, sendo
idealmente imediatamente após o banho. O tempo médio de ação do hidratante varia de 2 a 6
horas e a quantidade aplicada depende da faixa etária e da superfície corporal. Cremes com
baixo teor de água e mais espessos, são preferíveis, pois garantem melhor proteção contra a
xerose. O agente ideal deve ser livre de aditivos, fragrâncias, perfumes e outras substâncias
potencialmente sensibilizantes.1

O paciente com dermatite atópica possui um defeito da barreira epidérmica, por isso o principal
objetivo do tratamento é restaurar esse erro na proteção cutânea, mantendo assim sua
integridade. Com o uso de hidratantes, o organismo repara a camada lipídica da pele,
reduzindo assim as perdas hídricas, melhorando o prurido e diminuindo a proliferação
bacteriana secundária.2

Dentre as principais alterações da barreira cutânea em pacientes com dermatite atópica

podemos citar, uma redução significativa dos níveis de ceramidas 1 e 3 no estrato córneo, um
desequilíbrio estrutural da matriz lipídica extracelular; um aumento dos níveis da enzima
glicosilceramida/esfingomielina deacilase como mecanismo da redução de ceramidas, que
ocorre na pele atópica lesada ou não lesada e uma alteração na extrusão de corpos lamelares
na pele seca do atópico.3 Por isso, os cremes adequados para o tratamento de eczemas deve
conter substâncias como ceramidas e glicerinas, além de ter uma base em creme neutra, sem
fragrâncias, cor e conservantes.

No caso do prurido, umas das principais queixas dermatológicas, a hidratação frequente é útil
para restaurar a barreira da pele, especialmente porque a xerose pode causar e exacerbar o
prurido. A perda de água transepidérmica se correlaciona com a intensidade da coceira e
reflete a função de barreira da pele. Isso pode ser minimizado por hidratação consistente. 4

A terapia básica da dermatite atópica consiste na hidratação, uma forma simples, não invasiva,
sem riscos para o paciente, sem efeitos colaterais. Muitos pacientes, se usassem hidratantes
com composição adequada e de forma contínua, estariam tratados apenas com essa terapia,
não necessitando do uso de medicamentos mais fortes, como corticosteroides e
imunossupressores. Isso, além de gerar qualidade de vida para esses pacientes e suas
famílias, também gera economia para o sistema de saúde pública, evitando a solicitação de
medicações mais onerosas como ciclosporina e imunobiológicos como Dupilumabe.

Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Dermatite Atópica –
versão preliminar /Brasília/DF: Ministério da Saúde, 2023.
2. Guillen, Joyce Santos Quenca, et al. “Abordagens no tratamento da dermatite atópica”. BWS
Journal, vol. 4, junho de 2021, p. 1–18.
bwsjournal.emnuvens.com.br, https://bwsjournal.emnuvens.com.br/bwsj/article/view/224.
3. Addor FAS, Aoki V. Barreira cutânea na dermatite atópica. An Bras Dermatol [Internet].
2010Mar;85(2):184–94. Available from: https://doi.org/10.1590/S0365-05962010000200009
4. Nowak DA, Yeung J. Diagnosis and treatment of pruritus. Can Fam Physician. 2017
Dec;63(12):918-924. Erratum in: Can Fam Physician. 2018 Feb;64(2):92. PMID: 29237630;
PMCID: PMC5729138.