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Estratégias de ensino: alinhando prática e teoria

O termo estratégia, significa “plano previamente elaborado e colocado em


prática para um determinado fim” (Dicionário Oxford). Relacionando esse significado
ao fazer docente na escola, se torna possível afirmar que estratégia docente é a ação
intencional e planejada que visa a construção da aprendizagem (WOISK, 1984).

Os ciclos de formação pressupõem a ruptura de práticas pedagógicas


excludentes (MAINARDES, 2009) e confere à escola o caráter contínuo de
aprendizagem para todos. Nesse sentido, as estratégias devem se fundamentar nas
diferentes formas e ritmos de aprender.

Como organizar os educandos?

Agrupamentos

São estratégias organizativas que favorecem o ensino direcionado a


determinadas necessidades de aprendizagem dos educandos.
A organização é proposta com base no processo de avaliação das
aprendizagens, a partir do qual o (a) professor (a) toma decisões metodológicas
sobre: o espaço a ser explorado, o tempo de permanência dos agrupamentos, as
situações de aprendizagem que serão propostas, o número de participantes e quais
educandos farão parte de cada agrupamento. Dependendo da intencionalidade
pedagógica, os próprios educandos podem decidir os agrupamentos.
Além disso,
A proximidade ou o distanciamento da Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP) pode servir de
referência para a organização dos
agrupamentos, pela contradição de ideias e
hipóteses na resolução de problemas diversos,
por interesse do educando, para facilitar
interações, eliminar conflitos, etc.
Portanto, é possível aproveitar toda a
diversidade da turma. A organização por
agrupamentos favorece a colaboração e interação entre os educandos, e fomenta o
diálogo entre os educadores.

Há muitas outras formas de reorganizar os educandos para potencializar a


construção das aprendizagens e atender a todos. Além dos agrupamentos, para
algumas propostas, o trabalho individual do educando é igualmente importante.

Como organizar os espaços físicos?


A organização do espaço é o resultado dos nossos saberes
sobre as infâncias. Por isso, reflete a cultura de quem o
organiza, expressa o que se pensa sobre as crianças, sobre o
processo de conhecimento e a importância que ela tem nesse
contexto. Precisa respeitar a trajetória das meninas e dos
meninos, fortalecendo suas identidades e, também, permitir
uma nova história no ambiente que passam a frequentar,
possibilitando um espaço onde possam propor, criar, modificar
o que foi planejado, ressignificando-o e transformando-o
(PREFEITURA DE GUARULHOS, 2016, p. 1).

Cantinhos

O educador francês Célestin Freinet, traz uma grande contribuição ao propor


uma construção de espaços com possibilidade de desenvolvimento de ambientes de
aprendizagem.
Curiosamente, os conhecidos “Cantinhos”, originalmente eram espaços bem
amplos, como laboratórios, oficinas e espaços na natureza. A reorganização espacial
foi pensada como proposta de uma educação com participação ativa do aluno, que
ao participar era estimulado a perceber as características sociais de seu meio e a
reconhecer sua própria história.
Reveja:
Para além dos “Cantinhos”, existem outras possibilidades de organização dos
espaços que conferem alguns aspectos à sala de aula:

Local flexível: a disposição deste ambiente pode ser diversificada. Mas é


importante que a mudança espacial não aconteça de forma isolada, é necessário
que esteja articulada com a proposta pedagógica que se pretende desenvolver.
Ambiente de diálogo e interação: para desenvolver propostas com a
intencionalidade de socialização, é preciso organizar o espaço da sala de aula de
modo a favorecer a circulação livre de pessoas, facilitando a mediação docente.
É válido destacar que,
A utilização de todos os espaços (internos e externos) precisa
ser discutida e planejada pelo grupo escolar como uma
dimensão importante do Projeto Político-Pedagógico, que pode
potencializar as aprendizagens, propiciando múltiplas vivências
às crianças. è essencial que o educador acompanhe, observe,
participe e, quando necessário, faça a mediação das situações
de aprendizagem (PREFEITURA DE GUARULHOS, 2016, p. 2)

Outro ponto a se considerar é o tipo de relação que se espera que os


educandos construam com os objetos de conhecimento, os conteúdos. Dependendo
da proposta e da forma que se pretende que os educandos interajam com os
conteúdos, deve-se propor a organização do espaço favorecendo estudos mais
individuais, em duplas ou mesmo em grupos.

Como organizar os tempos?

Tempo flexível e gestão do tempo

Os tempos não são de dar remédios e receitas


fáceis, mas de aguçar o pensar, de ir à procura da
densidade teórica para entender ocultos
significados (ARROYO, 2007, p. 18).
A organização do tempo interfere diretamente nas ações pedagógicas
adotadas e influencia no cotidiano escolar. Assim, é possível dizer que a gestão do
tempo é uma tarefa coletiva.

Com esses apontamentos, podemos refletir sobre a organização do “tempo” escolar:

Tempo de ensino: tempo de interação professor - educando.

Tempo determinado: tempo de deslocamento de educandos e professores no


espaço escolar, como por exemplo o tempo das refeições.

Tempo efetivo de aula: tempo em que realmente se coloca a “mão na massa”


(educando e educador).

Os tempos citados acima, são indissociáveis e flexíveis, e no planejamento


todos devem ser considerados, isto é denominado de gestão do tempo. Uma
discussão entre educador e educando sobre uma situação de aprendizagem pode
ultrapassar o “tempo” previamente definido, cabe então, ao educador um olhar
sensível para o objetivo proposto e para a construção das aprendizagens.
Referências

ARROYO, Miguel Gonzáles. Imagens quebradas: trajetórias e tempos de alunos


e mestres. 4ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

BARROS, Manoel de. A organização dos alunos para as situações de


recuperação das aprendizagens: uma conversa sobre agrupamentos
produtivos em sala de aula. Escola de formação. São Paulo. SP. s.a.

SOUZA, Audrey Pietrobelli de; ROSSO, Ademir José. Mediação e Zona de


Desenvolvimento Proximal (ZDP): entre pensamentos e práticas docentes. In:
Congresso Nacional de Educação EDUCERE. PUC-PR. 2011.

WOISKI, Albano. Estratégia docente. Educar em Revista [online]. 1984, n. 3 Acesso


em: 27 abr. 2022 , pp. 3-8. Disponível em: < https://www.scielo.br/ >.

Expediente
Secretário Municipal de Educação

Alex Viterale

Subsecretária de Educação

Fábia Aparecida Costa

Diretora do Departamento de Orientações Educacionais e Pedagógicas

Solange Turgante Adamoli

Centro Municipal de Educação a Distância Maria Aparecida Contin

Coordenação Geral
Patrícia Cristiane Tonetto Firmo

Autoria

Débora Rosangela Philomeno Caputi, Eliane de Siqueira, Giuliane Almeida Cubas,


Juliana Portella de Freitas, Marcilene de Jesus Elvira, Patrícia Cristiane Tonetto
Firmo, Regiane dos Santos Costa

Revisão de Texto

Flávia Aparecida Ferretti de Lima

Equipe CEMEAD

Adriana Hollais Santos, Cristiane Inocencio, Daniele Araújo Brum, Débora Rosangela
Philomeno Caputi, Dosilia Espírito Santo Barreto, Eliane de Siqueira, Fabiana Soares,
Flávia Aparecida Ferretti de Lima, Giuliane Almeida Cubas, Juliana Portella de
Freitas, Lilian Fernandes Negreiros de Oliveira, Luciana Caliente de Souza, Marcilene
de Jesus Elvira, Patrícia Cristiane Tonetto Firmo, Patrícia Macieira de Souza, Patrícia
Yuriko Geronazzo, Raquel Carapello, Regiane dos Santos Costa, Sergio Henrique de
Santana, Silvia Piedade de Moraes, Tatiane Campos dos Santos, Thaís Andrea de
Carvalho Calhau, Verônica Freires da Silva.

Guarulhos, 2022.

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