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EMEF: _______________________________________________________________________

ALUNO(A): ___________________________________________________ TURMA: ________


EF07HI18* Comparar a dinâmica econômica nas colônias portuguesa e espanhola na América.

Introdução

Ao contrário do que se possa imaginar, a colonização da América foi feita com base em métodos e modelos,
sempre buscando integrar as colônias às suas respectivas economias metropolitanas, noutras palavras, os
territórios invadidos e conquistados pelos europeus deveriam servir para melhoria e impulso das economias dos
seus próprios países.

Dessa maneira, cada governo europeu empregou os meios que consideraram mais interessantes para alcançar
seus objetivos, exatamente por isso, os modelos e as dinâmicas econômicas, isto é, os comportamentos e
organizações das formas de produção e aquisição de riquezas, foram tão variados.

Nesta aula, compararemos os modelos econômicos empregados pelos espanhóis e portugueses durante a
conquista e colonização da América observando, sobretudo, os impactos sobre as populações nativas desses
territórios.

Uma visão sobre os modelos coloniais


Administração portuguesa
A construção das colônias espanholas e portuguesas, no continente
americano, seguiram modelos bastante distintos, no entanto, partiam de
um mesmo princípio: explorar os territórios e seus povos para o bem
das suas metrópoles. No caso português, a exploração desse território
se baseou, num primeiro momento, em produzir bens agrícolas de
grande valor para sua venda no mercado internacional.

Em 1534, a coroa portuguesa buscando efetivar seu controle sobre o


seu território na América empregou o modelo administrativo das
capitanias hereditárias. A partir dele, o Brasil foi dividido em 15 faixas
de terras que foram cedidas aos chamados
capitães donatários que, em geral, pertenciam à pequena nobreza ou
eram comerciantes. Assim, a coroa portuguesa não teve de arcar com os
custos da colonização, passando esse custeio a esses capitães que teriam a obrigação de não só desenvolver
essas terras economicamente, como também protegê-las contras os povos nativos que haveriam de tentar
recuperá-las, além de estrangeiros que também buscavam se apoderar das suas riquezas.

As capitanias hereditárias eram um sistema de governo descentralizado, uma vez que cada capitão era a
principal autoridade dentro do território que lhe cabia. Note-se, no entanto, que essas terras continuavam sendo
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de propriedade do rei e não dos capitães, cujos quais recebiam os seus direitos de exploração e que deveriam
pagar impostos à coroa portuguesa. Esses donatários poderiam dividir seu território em extensões menores
denominadas sesmarias que eram entregues a pessoas com interesse em desenvolvê-las economicamente e
povoar esses territórios.

No que se refere à tentativa de desenvolvimento da colônia, a produção de cana-de-açúcar foi o principal meio
para garantir a lucratividade da exploração territorial. O modelo de exploração agrícola adotado ficou
conhecido como plantation, o qual era caracterizado pelo uso de mão de obra escravizada, trabalhando
sobre um latifúndio monocultor, cuja produção era voltada para o mercado externo.

Logo, observou-se que esse modelo de administração colonial não seria proveitoso. Apenas duas capitanias
conseguiram prosperar: Pernambuco e São Vicente. As razões para o fracasso desse sistema foram diversas. A
começar pelo tamanho das propriedades que eram gigantescas e difíceis de serem povoadas e fiscalizadas.
Muitos dos capitães donatários sequer tomaram posse das terras que lhes foram cedidas pelo fato de não terem
recursos para explorá-las. Os ataques indígenas às ocupações eram constantes e as dificuldades de comunicação
entre as capitanias e a metrópole portuguesa atrapalhavam formas mais coordenadas de exploração conjunta.

Exatamente por isso, a coroa portuguesa passa a adotar um sistema diferente que empregava um modelo
centralizado de administração colonial. Em 1548, os capitães deixam de ser as maiores autoridades no Brasil e
passam a ser governados a partir do Governo Geral, o qual implantou as câmaras municipais que eram
compostas pelos chamados “homens bons que nada mais eram do que os membros da elite colonial, isto é,
homens brancos e ricos.” Essas câmaras atuavam para resolver questões locais a partir dos regramentos
definidos pelo governo geral, cujo acesso, ainda que difícil, era mais rápido e eficiente do que se comunicar
com o governo em Portugal.

Glossário
Latifúndio - Grande propriedade rural.
Monocultor - Que produz apenas um tipo de gênero agrícola.
Hereditário - Que passa para os descendentes.
Donatário - Aquele que é favorecido por uma doação.

Atividades

1 Explique os motivos pelos quais o governo português, primeiramente, adotou o modelo administrativo de
capitanias hereditárias para controlar e desenvolver sua colônia americana.

2 Identifique as causas pelas quais o sistema de capitanias hereditárias fracassou.

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3 Ao observar o mapa contido no texto acima, identifique qual a região do Brasil que foi efetivamente ocupada
pelos portugueses no início da colonização. Ao fazer essa análise, é possível afirmarmos que as capitanias
cumpriram com seus objetivos? Justifique.

Administração espanhola

Para organizar seus territórios no continente americano,


a coroa espanhola empregou dois modelos
administrativos: os vice-reinados e as capitanias gerais.
A administração espanhola foi desenvolvida a partir do
reconhecimento do potencial econômico dessas
colônias a partir da extração de metais preciosos.
Exatamente por isso que a centralização política foi
sendo constituída a partir das decisões tomadas pelo
Conselho das Índias, órgão que atuava para determinar
as diretrizes políticas e econômicas das colônias
espanholas na América.

Os vice-reinados atuavam subordinados diretamente à coroa


espanhola e seus líderes (vice-rei) eram escolhidos pelo Conselho
das Índias, de maneira que havia uma administração centralizada que se utilizava de órgãos municipais para
aumentar sua eficiência. Esses órgãos eram os chamados cabildos que eram compostos pela elite espanhola na
América. Eram órgãos legislativos que atuavam para resolver questões locais.

A sociedade hispano-americana obedecia a uma hierarquia relacionada ao nascimento. Os chapetones eram


espanhóis que imigraram para a América. Eles detinham direitos plenos de participação nas assembleias e
acesso aos cabildos. Os criollos eram filhos de espanhóis, porém, nascidos na América. Tal fato, os rebaixava a
uma categoria inferior aos chapetones, pois, ainda que tenham sangue espanhol, de fato, são americanos e, por
isso, ainda que gozassem de certo prestígio e riquezas, não tinham os mesmos direitos políticos que os
espanhóis. Na base dessa pirâmide social estavam os mestiços, indígenas e negros, os quais formavam as
classes populares que trabalhavam para produção de riquezas.

No que se refere à forma de produção de riquezas, os espanhóis tiveram maior sucesso que os portugueses
quanto ao descobrimento de metais preciosos ainda no início do seu processo de colonização. Para garantir a
extração desses metais, a mão-de-obra indígena foi amplamente utilizada.

Dois modelos econômicos se destacaram nas colônias espanholas: a mita e a encomienda. No primeiro, os
espanhóis se apropriaram de uma modalidade de trabalho que já existia no Império Inca, no qual os
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trabalhadores deveriam fornecer sua força de trabalho ao Estado durante um determinado período de tempo.
Sob os espanhóis, a mita passou a ser utilizada para garantir a exploração das minas, principalmente na região
de Potosi. As comunidades indígenas sob o controle espanhol eram obrigadas a enviar um grupo de
trabalhadores que ficavam parte do ano trabalhando nas minas em troca de salários ínfimos. Ao término do seu
período de trabalho, essas pessoas retornavam às suas aldeias e outros grupos de trabalhadores eram enviados.
Os trabalhos e maus-tratos, em conjunto com doenças, acabaram por dizimar milhares de nativos americanos
durante a colonização espanhola.

O segundo modelo econômico empregado pelos espanhóis em suas colônias foi a encomienda. Nela, os colonos
eram autorizados a submeter comunidades indígenas ao seu controle e colocá-los para trabalhar nas lavouras.
Em troca, os nativos recebiam ensinamentos religiosos e eram convertidos ao cristianismo. O uso da
encomienda foi predominante na América do norte e central, no entanto, se expandiu conforme a produção de
metais preciosos decaiu.

É interessante percebermos que a coroa espanhola não autorizava a escravidão indígena, no entanto, autorizava
o emprego de meios de trabalhoa que se aproximavam muito dessa forma de exploração, sobretudo pelo fato
desses povos serem obrigados a prestar trabalhos de forma obrigatória.

Atividades

1 Ao observar a pirâmide social colonial espanhola, representada ao lado, explique as


razões pelas quais os chapetones estão localizados no topo. O que os diferencia dos
criollos?

2 O que os chamados cabildos espanhóis possuem em comum com as câmaras municipais utilizadas na
América portuguesa?

3 Leia com atenção e responda ao que se pede.

Além do sistema de exploração de metais que caracterizou o início da montagem da colonização espanhola na
América, cujos modelos principais foram os repartimientos e as encomiendas, houve também a montagem do
esquema da plantation, isto é, a monocultura agrícola em grandes extensões de terra que ficou conhecida como
hacienda.
Essas monoculturas geralmente se centravam em produtos tropicais e semitropicais, como o milho e o açúcar.
As principais características das haciendas nas regiões da América hispânica foram o trabalho compulsório,
escravo, e o caráter autoritário do proprietário com relação à administração de sua hacienda. Esse sistema
apresentou muitas semelhanças com os engenhos brasileiros. Tal como estes, as haciendas atendiam à demanda

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por produtos agrícolas e alimentavam o comércio dentro e fora do continente americano. Entretanto, as
haciendas possuíam uma relação mais forte com o comércio intercolonial, isto é, entre as próprias colônias
espanholas, do que com a metrópole.
Disponível em: https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/haciendas-na-america-hispanica.htm. Visitado em: 27/09/2021.

A) Ao compararmos os modelos de haciendas, típicos da América espanhola com os engenhos coloniais


portuguesas, quais semelhanças podemos encontrar?

B) Explique o que é plantation e qual a importância dos povos africanos e ameríndios para esse sistema de
produção.

C) Identifique uma das principais diferenças do modelo de hacienda quando comparada ao modelo
produtivo português.

4 A escravidão foi uma forma comum de exploração do trabalho, tanto na América espanhola, quanto na
portuguesa. Tanto africanos, como americanos foram submetidos a essa violência de maneira que o seu trabalho
foi o grande responsável pela geração das riquezas que sustentaram a Europa. Em se tratando do uso de mão de
obra, responda:

A) Qual era a principal força de trabalho empregada pelos portugueses em suas colônias?

B) Identifique as principais formas de exploração do trabalho indígena empregados por espanhóis e


portugueses.

C) Que razões levaram à preferência da mão de obra africana no Brasil?

Finalizando

Ao compararmos os modelos coloniais espanhóis e portugueses podemos perceber um grande ponto em


comum: explorar as colônias e seus povos em benefício das metrópoles. Essas formas predatórias de
administração acabaram por massacrar populações inteiras não só na América, como também na África, visto
que o uso da mão de obra negra provocou a diáspora dessas populações nunca vista até hoje.

Percebemos as marcas que esses modelos deixaram na América, não só pela apropriação das suas riquezas
naturais, como também pelas heranças deixadas nas suas organizações políticas. O modelo no qual há um
latifundiário que impõe seu querer sobre populações inteiras que são dependentes do seu poder econômico é um
dos maiores indícios de como a organização do Brasil se fez a parte do controle das terras produtivas.

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