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Facuminas
douglas_fisica14@yahoocom..br
Rio grande / RS
2023
Resumo
We report the results of an investigation into the prior knowledge of 60 high school students in
the city of Rio Grande regarding a Physics theme that refers to solar radiation and its biological
effects. For this, a questionnaire was applied to students from three public schools in the city of
Rio Grande, distributed in rural (17 students), central (12 students) and coastal (16 students)
areas, and the responses were analyzed descriptively and quantitatively. It was possible to
demonstrate that students have vague and disjointed notions about this theme, and the majority
(80%) have heard about ultraviolet rays, in particular, but do not understand their effects on
living organisms. About 90% of all students are not clear about the damages and benefits of
radiation, not knowing much of the usefulness of this radiation in their daily lives. Of the
students surveyed, 65% learned through school about the dangers of the Sun, such as skin
cancer, but ignore the dangers of indoor tanning and how ionizing and non-ionizing radiation
can affect the environment. The percentage of students who attribute their baggage of
information about these contents to the school attests to the individual effort of some teachers
who, because they master the theme and recognize its importance, worked on this theme in the
classroom. The investigation also analyzed the approach to this theme in 10 textbooks (three on
biology, three on physics, three on chemistry and one on mathematics) and in relation to
mathematics, statistics were analyzed. We consider these books, due to their availability and
access, to be an important source of research, and often the only one, for high school teachers,
when selecting content and preparing their classes. In an attempt to adapt to new educational
trends, books have been inserting texts and subjects that discuss the problems experienced by
society in general, but our analysis showed that nothing was found on the subject "solar
radiation and its relations", having the same a very simplistic view, basically restricting itself to
the presentation of the electromagnetic spectrum. These conceptions point to the need to build a
more accurate and grounded knowledge about radiation in a formal learning situation, bringing
the aspect of curricular contextualization as a criterion that contemplates meaningful learning.
Na grande maioria das vezes as radiações são vistas como um perigo invisível, sem
cor, sem cheiro, que chega sem dar nenhum aviso. Acidentes radiológicos, como os ocorridos
em Goiânia (Brasil) em 1987 e recentemente na usina de Fukushima (Japão) em 2011, podem
causar sérios riscos à saúde dos seres vivos, inclusive câncer e morte. Por outro lado, também
é de conhecimento de muitos que as radiações ionizantes, representam um dos grandes
achados da ciência, considerando sua potencialidade de aplicações práticas na área da saúde.
A braquiterapia e a teleterapia são exemplos de técnicas terapêuticas enquanto que a
cintilografia e o radioimunoensaio são reconhecidas técnicas diagnósticas que utilizam as
radiações ionizantes como ferramentas pela capacidade destas produzirem efeitos nos
organismos e deles obter uma resposta biológica.
Por outro lado, as radiações não ionizantes, aquelas de menor energia, porém
igualmente capazes de produzir efeitos biológicos, capazes de atingir a atmosfera e interagir
com os organismos, tiveram o conhecimento de seus riscos e benefícios negligenciados por
muito tempo. Importante ressaltar que a estas radiações estamos diariamente expostos, com
maior ou menor frequência, dependendo de nossos hábitos de lazer ou nossas atividades
ocupacionais.
Os efeitos biológicos das radiações, sejam elas ionizantes ou não ionizantes, são
cumulativos ao longo dos anos [1]. Indivíduos expostos à radiação ionizante, em condições
acidentais, apresentaram diagnóstico de câncer, diretamente relacionados às doses de
exposição, em diferentes órgãos e sistemas com o passar dos anos. Essa propriedade
cumulativa também acontece para as radiações não ionizantes.
Nesta etapa metodológica utilizamos um questionário uma vez que essa ferramenta
investigativa não inibe o entrevistado, permite uma menor possibilidade de interferência do
investigador e pode ser aplicado a um grande número de entrevistados em um curto espaço de
tempo, corroborando com o que diz Quivy & Chanpenhoudt [3] “o questionário é um
instrumento de observação não participante, baseado numa sequência de questões escritas,
que são dirigidas a um conjunto de indivíduos, envolvendo suas opiniões, informações e
representações factuais envolvendo ele próprio e seu meio”. Por sua vez, baseado na teoria de
aprendizagem significativa de Ausubel e Novak apresentada por Moreira [4], o questionário
tem como objetivo medir o que uma pessoa gosta, sabe ou pensa. Quando o mesmo mede o
que uma pessoa gosta ele verifica os valores e preferência, ao medir o que ele sabe ele verifica
informações e conhecimentos e em relação à preferência verifica-se atitude, crenças e
representações.
1) Você já obteve algum tipo de informação sobre o que são as radiações solares?
3) Você acredita que esse tipo de radiação possa interferir na nossa saúde?
Foram analisados dez livros didáticos do terceiro ano do Ensino Médio, sendo três de
Biologia, três de Física, três de Química e um de matemática.
Para as análises realizadas nessa etapa foi elaborado um roteiro, sendo este adaptado
daquele utilizado por Santos [5]. Este roteiro possui elementos que foram divididos de duas
formas: aspectos gerais e específicos. Os aspectos gerais estão relacionados à disposição do
livro, como a presença de figuras, quadros, tabelas comparativas e leituras complementares.
Já os específicos foram aqueles relacionados aos conteúdos como a análise dos conceitos
abordados e sua contextualização, qual(is) tema(s) é (são) indicado(s) como leitura
complementar e quais atividades experimentais foram sugeridas.
3. Resultados e Discussões
Questão 1 - Você já obteve algum tipo de informação sobre o que são as radiações
solares?
Nesta primeira pergunta 30 estudantes (67%) informaram que já tiveram contato com
essa informação, 10 estudantes (23%) não tiveram essa informação e 5 estudantes (10%) não
responderam essa questão.
35
67%
30
25
20
15
23%
10
10%
5
0
ját iveram contatonão tiveram contatonão responderam
O gráfico mostra a porcentagem de alunos que já tiveram contato com a informação, não
tiveram e alunos que não responderam a questão.
4080%
30
20
10 11% 9%
0
física química não lembram
Gráfico da porcentagem de alunos que responderam em qual disciplina em que a temática foi
estudada.
Considerando o caráter interdisciplinar, cabe lembrar que [...] o, A CIÊNCIA, mas as
Ciências Humanas, Sociais, Exatas, da Terra, etc.; já não pretende absolutizar um
conhecimento hegemônico. Neste contexto, a ciência não pretende perder de vista a
disciplinaridade, mas vislumbra a possibilidade de um diálogo interdisciplinar, que aproxime
os saberes específicos, oriundos dos diversos campos do conhecimento, em uma fala
compreensível, audível aos diversos interlocutores.”[6]
Questão 3 - Você acredita que esse tipo de radiação possa interferir na nossa
saúde?
5 10%
0
radiações trazem malefícios à saúdenão souberam responder
Foi preocupante constatar que para 18 estudantes (60%), a proteção à exposição solar
não tem a menor importância, pois “quanto mais a gente se protege menos se bronzeia e o que
a gente quer é ter uma pele bonita bronzeada”.
Mais uma vez as respostas a esta pergunta demonstram que para a maioria dos
estudantes a maior preocupação em proteção é exclusivamente contra a queimadura solar,
uma vez que nenhum outro efeito adverso foi mencionado.
Todos os alunos responderam essa questão, porém o que cabe ressaltar são as formas
de proteção.
40 78%
30
20
10 9% 11%
2%
0
protetor solar bonés camisetas claras guardassol
Gráfico da porcentagem das principais formas de proteção contra radiação solar utilizados pelos
estudantes.
As respostas para esta pergunta, a princípio, parecem contrariar a questão anterior.
Entretanto os estudantes citaram formas de proteção que usaram eventualmente, alguns por
uma única vez e, quando utilizaram, comentaram ter sido mais por modismo do que por
proteção à radiação.
Nesta pergunta 42 dos totais 45 estudantes (93%) sabem que existem horários certos
para a exposição ao Sol, porém apenas 4 (9%) souberam responder corretamente quais são
esses horários.
"O horário recomendado é antes das 10h e após as 16h. Já para bebês a partir dos seis
meses de idade, a exposição ao sol deve ser gradual, tanto na superfície corpórea exposta
como no tempo de exposição", alerta a professora Silmara da Costa Pereira Cestari,
coordenadora do Departamento de Dermatologia Pediátrica da SBD.
Nos livros de Física analisados, foi constatado que o conteúdo relacionado à temática
restringiu-se apenas às radiações ionizantes, ou seja, aquelas provenientes de núcleos
atômicos instáveis. Alguns dos assuntos abordados: estrutura atômica; emissões α, ß e γ;
efeitos das radiações nucleares; cinética de reações radioativas e decaimento nuclear e
algumas aplicações destas radiações. Além disso, estes livros também apresentaram
explicações sobre bomba atômica.
Por outro lado, nada é abordado sobre as radiações não ionizantes. No nosso
entendimento, essa lacuna de conhecimento vai de encontro ao fato de que a cada dia, novas
tecnologias envolvendo as radiações são desenvolvidas nos mais diversos campos da
atividade humana, possibilitando a execução de tarefas impossíveis ou de grandes
dificuldades pelos meios convencionais [11]. Sendo assim, os estudantes podem perder a
oportunidade de aprender mais sobre o que ocorre no mundo que os cerca, pelo fato de os
currículos de Física, Biologia e Química ou diretamente os conteúdos apresentados nos livros
didáticos utilizados, muitas vezes, não apresentarem os conteúdos de forma contextualizada
[12]. Schnetzler e Aragão [13] defendem que as concepções prévias dos estudantes são
resistentes à mudança e os fazem entender os propósitos do processo de ensino diferentemente
do professor. Esses autores acreditam que a evolução conceitual dos alunos se dará quando
forem levadas em consideração as concepções prévias acerca de conceitos fundamentais das
Ciências, e não o simples cumprimento do programa curricular. Corroborando com estas
idéias, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 22 de dezembro de 2006,
estabelece em seu artigo 22 que: “A educação básica tem por finalidades desenvolver o
educando, assegurar-lhe a formação comum e indispensável para o exercício da cidadania”.
Ou ainda, como é estabelecido nos PCN+, “é necessário para o estudante reconhecer e avaliar
o desenvolvimento tecnológico contemporâneo, suas relações com as ciências e seu papel na
vida humana, sua presença no cotidiano e seus impactos na vida social”.
4. Conclusões:
Quanto aos livros didáticos, foi possível perceber que os mesmos valorizam apenas as
radiações emitidas do núcleo de átomos radioativos (ionizantes), com suas teorias e leis de
decaimento, as quais merecem essa valorização. Por outro lado, as radiações presentes no
cotidiano do estudante não foram igualmente valorizadas por esta importante ferramenta de
ensino. Concordamos com Dias e Bortolozzi [14] que lembram o importante papel do livro
didático no contexto escolar. Segundo os autores, este é um dos recursos mais utilizados pelos
estudantes no ensino formal, sendo algumas vezes, a única ferramenta de ensino, a qual passa
a ser a verdade científica dessas instituições. Para que os livros didáticos estejam efetivamente
integrados com a realidade do estudante, compactuamos com o que discutiu Caurio [15] da
necessidade de um programa de formação continuada para os professores responsáveis por
selecionar os livros a serem disponibilizados para as escolas.
REFERÊNCIAS
[1] BERGFELD, W. F. TheRe aging skin. Int J Fertil Womens Med, Mar – Apr; 42(2): 57 -
66, 1997.
[2] DIFFEY, B. Has the sun protection factor had its day? Br Med J, 320:176-7,
2000. Site do PCN
Site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)
[5] SANTOS, J. C.; ALVES, L. F. A.; CORRÊA, J. J.; SILVA, E. R. L. Análise Comparativa
do Conteúdo Filo Mollusca em Livro Didático e Apostilas do Ensino Médio de Cascavel,
Paraná. Ciência & Educação, Bauru, v. 13, n. 3, p. 311-322, 2007. Disponível em:
<http://www2.fc.unesp.br/cienciaeeducacao/viewarticle.php?id=471&layout=abstract>.
Acesso em: 03 de abril de 2009.