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Um estudo de caso sobre atividades envolvendo espaço confinado em linhas de

envase de cerveja.

Joel Antonio da Silva Junior 


Gabriel Henares Eroico 
RESUMO
Introdução: o Brasil apresentado nos últimos anos um crescimento na produção de
cerveja, seja de cervejarias artesanais ou grandes cervejarias, que cuidam desde o
beneficiamento do malte, até o envase. O número de acidentes e doenças do trabalho é
preocupante, principalmente nas atividades relacionadas a espaço confinado, onde os
riscos de acidente graves ou fatais são ainda maiores. Objetivo: analisar uma atividade
de nivelamento do piso de um pasteurizador, em uma linha de envase de cerveja
retornável de trezentos ml, onde existe a entrada em um espaço confinado. Método:
verificar as conformidades da atividade em relação à NR – 33, aplicação de checklist e
conversa com a equipe executante. Considerações finais: não foi encontrada nenhuma
irregularidade ou inconformidade com a NR – 33. Os executantes estão com
treinamento em dia e também conhecem bem atividade. Procedimentos como APR e
bloqueio de energia, estão todos revisados e no prazo de validade.

Palavras chaves: espaço confinado, cervejaria, segurança do trabalho, acidente, risco.

ABSTRACT
Introduction: In the last few years Brazil has grown in the beer production industry, in
both types of breweries, craft and industrial breweries. These ones take care from the
malt treatment to packaging. The number of accidents and occupational diseases is
disturbing, mainly with activities that contain confined space which risks can lead to
serious accidents or even can bring to death. Objective: To analyse an activity of
leveling one pasteurizer floor in a returnable packaging line and its products are in three
hundred ml, and workers have to enter in a confined space. Method: Verify the
accordance of the activity with NR – 33, apply the checklist and talk with the
performing team. Conclusion: This study has not found any irregularity or
nonconformity with NR – 33. The performers have tremendous knowledge about the
activity and are licensed to perform it. Procedures suchs APR and LOTO are all
reviewed and within the expiration date.

Key Words: confined space, brewery, workplace safety, accident, risk.

1. INTRODUÇÃO

O número de cervejarias no Brasil vem crescendo nos últimos anos. Esse


crescimento pode ser explicado pelo boom das cervejas artesanais no país. Entre os anos


Aluno do curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. Universidade Cruzeiro do Sul.

Orientador do curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. Universidade Cruzeiro do Sul.
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de 2014 a 2017, o número de cervejarias passou de 356 para 679, sendo 186 apenas no
ano de 2017, o que representa um crescimento de 91% neste período (ALVARENGA,
2018).
Tratando-se de grandes cervejarias, que cobrem todo o processo produtivo, que
vai desde o beneficiamento de malte até o envase, encontramos a presença de vários
tipos de equipamentos, tais como silos, filtros, caldeiras, pasteurizadores, lavadora de
garrafas e etc. Esses são exemplos de equipamentos que apresentam atividades em
ambientes de espaço confinado e intervenções para manutenção destes equipamentos
são indispensáveis para que qualidade do processo e eficiência de rendimento sejam
atingidas.
O número de acidentes e doenças do trabalho é chocante. Em um estudo
realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), entre 24/08/2014 à
27/08/2014, divulgado em um congresso em parceria com o Seguro Social de Acidentes
Alemão e a Associação Internacional de Seguridade Social (ISSA), se tratando de
escala mundial, são 2,3 milhões de acidentes que acontecem todos os anos e 860 mil
pessoas sofrem qualquer tipo de ferimento todos os dias. O Brasil, quarto colocado no
ranking mundial, apresenta 700 mil casos de acidentes ou doenças do trabalho,
anualmente (SANTOS; CARVALHO, 2016).
No Brasil, através do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criadas
as Normas Regulamentadoras, as chamadas NR´s, com o intuito de desenvolver
medidas de controle e manutenção dos riscos de acidentes e doenças do trabalho. São
estabelecidos critérios e políticas que devem sem empregados pelas empresas, a fim de
manter a integridade de seus empregados.
A cervejaria analisada, apesar de apresentar diversas atividades relacionadas ao
espaço confinado, não apresentou nenhuma ocorrência grave nos últimos dois anos.
Porém, em menos de um ano, foram dois incidentes na mesma atividade e na mesma
área.
O trabalho exposto visa analisar o emprego dos critérios e medidas de controle
em uma linha de envase de embalagens retornáveis (vidros) de uma cervejaria, em
relação à NR – 33 Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados.
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2. MÉTODOS

Localizada no município de Jacareí, São Paulo, esta cervejaria (chamaremos de


Cervejaria X), conta com cerca de mil e duzentos funcionários, sendo novecentos
próprios e trezentos terceiros. É composta por duas áreas de envase distintas, retornáveis
e descartáveis, sendo três linhas de envase retornável, todas de vidro, e quatro linhas de
descartável, composta por três linhas de latas e uma de vidro.
A área de retornáveis é formada por 182 operadores, responsáveis pela operação
e manutenção autônoma dos equipamentos, sendo: despaletizadoras de caixas,
desencaixotadoras de garrafas, lavadoras de garrafas, lavadoras de caixas, inspetores
eletrônicos de garrafas vazias, enchedoras de cerveja, pasteurizadores, rotuladoras de
garrafas, encaixotadoras de garrafas, magazine de caixas, magazine de paletes e
paletizadoras de caixas. Conta também com 15 líderes: um gerente de área, dois
coordenadores de produtividade e 12 supervisores de linha de envase. A manutenção,
preventiva e corretiva, é feita pela área de engenharia que é constituída por 20 técnicos,
sendo doze eletroeletrônicos e oito mecânicos. A produção acontece em três turnos
(manhã, tarde e noite), nos sete dias da semana, parando apenas oito horas, uma vez por
semana, para manutenções preventivas. Esse departamento foi selecionado para
pesquisa devido à facilidade nas visitas para aplicação de questionários e entrevistas,
visto que um amigo trabalha no mesmo. O posto escolhido foi no pasteurizador de
cerveja, onde há atividades em espaço confinado.
Primeiramente, foi feito check in loco da APR – Análise Preliminar de Risco e
procedimentos de bloqueio do equipamento, além de uma conversa com os dois
operadores do equipamento do turno da manhã. Foi discutido sobre como lidam com
segurança em suas rotinas, os procedimentos de segurança, como são criados, revisados
e quem são os responsáveis pela criação e revisão, que tipo de treinamentos recebem e
em que frequência.
Posteriormente, em uma visita agendada no dia em que aconteceria uma
atividade envolvendo espaço confinado (nivelamento dos pisos do equipamento), foram
verificadas as conformidades da atividade com a NR – 33, como as medidas pessoais e
administrativas, capacitação para trabalhos em espaço confinado, salvamento e
emergência e disposições gerais. Um questionário foi aplicado, sendo o Anexo II da NR
33 (Permissão de Entrada de Trabalho). Essas avaliações foram feitas com o grupo
executante da atividade, formado por dois operadores, um mecânico e o emitente da
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permissão de trabalho, onde todos responderam juntos o checklist, para levantamento e


análise de lacunas e oportunidades para tratamento, tornando a atividade o mais segura
possível.

3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.1 Particularidades da linha de envase avaliada


Como dito anteriormente, a área de retornáveis em questão é composta por três
linhas de envase de garrafas retornáveis de trezentos ml, com capacidade de quarenta,
sessenta e oitenta mil garrafas envasadas por hora. A linha escolhida foi a de capacidade
de quarenta mil garrafas envasadas por hora, devido à melhor programação para
entrevistas com as atividades checadas.
A linha é a mais antiga da área, sendo fundada em Março de 1989, completando
trinta anos de operação no ano de 2019. Ela é composta por uma despaletizadora de
caixas, uma desencaixotadora de garrafas, uma lavadora de caixas, uma lavadora de
garrafas, dois inspetores eletrônicos de garrafas vazias, duas enchedoras de cerveja, um
pasteurizador, duas rotuladoras de garrafas, uma encaixotadora, um magazine de paletes
e uma paletizadora de caixas. Seu quadro de operadores para operar (QLP) é composto
por cinquenta e nove operadores, divido nos três turnos, sendo vinte e dois no primeiro,
vinte no segundo e dezessete no terceiro turno.

3.2 EPI´s básicos e riscos encontrados na linha de envase


Todas as pessoas, sejam funcionários de empresas terceiras para prestação de
serviços ou visitantes, recebem uma integração de segurança onde são expostos os
riscos da área, os EPI´s mínimos necessários e alguns procedimentos de segurança. Os
EPI´s básicos e mínimos utilizados no galpão são: botina de segurança, boné com casco,
protetor auricular e óculos anti impacto. Sem qualquer um desses EPI´s, a entrada no
galpão não é permitida, nem mesmo para visitas. Também não é permitido o uso de
qualquer adorno nas linhas de envase. Para operação do pausterizador, além desses
EPI´s, também é necessário o uso de mangotes, protetor facial, luvas nitrasafe e o
avental anti corte.
Existem dois riscos que são mais comuns e típicos às três linhas de envase, como
o corte com caco de vidro, devido, por exemplo, ao estouro de garrafas, principalmente
na área quente (área considerada após o pasteurizador) e tropeço/escorregão/queda,
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relacionados ao piso molhado e/ou escorregadio. Esse tipo de condição de piso pode ser
causado pelo escoamento de sabão lubrificante utilizado nos transportadores de
garrafas, escoamento de cerveja ou até mesmo a falha ou falta de limpeza do local por
parte da operação.

3.3 Procedimentos e rotinas de segurança


São dois os procedimentos de bloqueio de energia da empresa: um parcial e um
total.
O bloqueio de energia parcial é realizado em atividades que não há intervenção
dentro do equipamento ou em intervenções mais rápidas. Consiste no desligamento da
chave seccionadora de energia elétrica do equipamento e bloqueio da chave com o
cadeado pessoal de quem está realizando a intervenção do equipamento. Cada
equipamento possui seu procedimento individual, onde é identificado o ponto a ser
bloqueado e as atividades que exigem tal bloqueio.
Já no bloqueio total de energia todos os pontos de energia são bloqueados:
energia elétrica, ar comprimido, vapor, água e etc. Uma vez bloqueados todos os pontos,
as chaves dos bloqueios vão para uma marmita de bloqueio, trancada por uma chave
que fica com o supervisor da área. Cada colaborador que estiver atuando no
equipamento coloca seu cadeado na marmita. Logo, a marmita só será aberta depois que
todos retirarem seus bloqueios individuais. Esse tipo de bloqueio é necessário quando
há intervenções dentro dos equipamentos e também intervenções mais demoradas. Cada
equipamento possui seu procedimento de bloqueio total, localizados próximos aos
pontos de operação. Os procedimentos contém cada ponto a ser bloqueado, como devem
ser bloqueados e também as atividades que exigem tal procedimento.
Para contribuição no monitoramento da segurança das áreas, existem os relatos
de atos inseguros e reconhecimentos feitos pelos trabalhadores. Todos são estimulados a
não somente registrar no sistema interno ocorrências de atos inseguros feitos por
companheiros, funcionários terceiros ou até mesmo visitantes, como também, a fazerem
uma abordagem, para entender ou até mesmo orientar sobre tal comportamento. Os
reconhecimentos são feitos pela liderança. Esses registros não tem caráter punitivo ou
de recompensa, e nem base única de dados para investigação de acidentes ou incidentes.
Todos entendem que o acidente acontece por uma soma de fatores, como uma condição
insegura gerada, por exemplo, por uma falha no layout da planta, uma falha em um
procedimento de manutenção ou operação, isso somado a uma falha de comportamento,
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tudo isso podendo ser ocasionado por uma falha na gestão da segurança da área. A
análise dos atos inseguros, por exemplo, ajuda a mapear pontos onde podem ocorrer um
número maior de ocorrências, identificando se nesse ponto há necessidade de um
treinamento para sanar uma falta de conhecimento em um procedimento ou processo, ou
se tal comportamento é gerado devido há uma condição inadequada de operação e
manutenção, ou até mesmo negligência do trabalhador em seguir os procedimentos de
segurança.

3.4 O pasteurizador
A cerveja envasada ainda não passou pelo processo de pasteurização, recebendo
o nome de chope. Isso faz com que sua qualidade e data de validade possa ser
comprometida, devido à presença de micro-organismos presentes, advindos do processo
de fermentação. A pasteurização, basicamente, consiste em primeiro submeter à cerveja
a um aquecimento de 60-70°C, através de jatos de água, presente em uma câmara e
depois ao resfriamento (ROSA; AFONSO, 2015).
O pasteurizador da linha estudada tem capacidade para sessenta mil garrafas por
hora, apresentando dois pisos (inferior e superior), com cinquenta esguichos de água
dividos nos dois pisos (vinte e cinco no superior e vinte e cinco no inferior). Diferente
das duas outras linhas, onde os pisos são constituídos por esteiras polidas, os pisos deste
pasteurizador são formados por dois tipos de grelhas, uma grelha móvel entre duas
fixas. A Figura 1 está demonstrando o piso inferior do pasteurizador. Possui nove
tanques de água com temperaturas variando entre 25°C a 80°C, em operação.

Figura 1. Piso inferior do pasteurizador


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Fonte: Elaboração própria.

3.5 Procedimento de nivelamento dos pisos do Pasteurizador


Em posse de uma régua de setenta cm, o operador entra no piso a ser nivelado e
checa a posição da grelha móvel em relação às outras duas gralhas fixas. Qualquer
desnível da grelha móvel em relação às outras duas pode acarretar no tombamento de
garrafas, causando ineficiência no processo como um todo. Um segundo operador ou até
mesmo um mecânico, recebe as informações sobre as condições do piso, para que possa
fazer os ajustes nos olhais das vigas do piso (Figura 2). Devem ser ajustados os três
olhais anteriores e os três posteriores ao ponto do piso a ser ajustado.

Figura 2. Ajuste nos olhais das vigas do piso.

Fonte: Elaboração própria.

Caso não haja recurso no olhal, o ajuste deve ser feito no cavalete da viga móvel
(Figura 3).

Figura 3. Cavalete da viga móvel de sustentação da grelha.


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Fonte: Elaboração própria.

Uma vez feitos os ajustes nos olhais e no cavalete, o operador dentro do piso
certifica-se o desnível foi eliminado e, caso em caso positivo, a atividade é encerrada.

3.6 Históricos de acidentes e incidentes da atividade


Verificando os registros da empresa, de Janeiro de 2017 a Julho de 2019, não
houve nenhum acidente na realização da atividade, porém dois incidentes foram
registrados. Em Julho de 2018, ao checar o nivelamento do piso superior, o operador
veio a ter um mal súbito (queda na pressão arterial) dentro do piso. Logo pediu ajuda ao
vigia, que estava atento e o ajudou a sair do local. O mesmo foi encaminhado para o
ambulatório, sem maiores complicações. Já em Janeiro de 2019, um dos esguichos do
piso inferior veio a cair próximo ao operador que checava o nivelamento do piso. O
esguicho estava mal fixado em um de seus dois pontos de fixação, porém não foi
identificado as causas raízes. Felizmente, foi apenas um susto e após fixar e checar os
outros esguichos e pontos de fixação, a atividade foi realizada normalmente.

3.7 Aplicando os questionários e conversa com operação


Primeiramente, avaliou se ás conformidades da atividade de nivelamento do piso
e o espaço confinado em si, com a NR–33. Participaram dessa avaliação os dois
operadores do pasteurizador do turno da manhã, o técnico em mecânico (todos
executantes da atividade) e o supervisor da área.
Na Figura 4 está consolidado o resultado da avaliação da atividade, respondido
pelo time da cervejaria.
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Figura 4. Consolidado da avaliação da NR-33

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0
S N

Fonte: Elaboração própria.


Dos sessenta e oito quesitos, separados em medidas técnicas de prevenção,
medidas pessoais e administrativas, capacitação para trabalho em espaço confinado,
emergência e salvamento e disposições gerais, nenhum estava não conforme com a
norma.
A seguir, a Figura 5 mostra o check list presente no Anexo II da NR-33, que se
trata da Permissão de Entrada e Trabalho, também aplicado ao grupo executante.

Figura 5. Permissão de Entrada e Trabalho – PET


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Fonte: NR-33 2012 – Anexo II Permissão de Entrada e Trabalho – PET

Na Figura 6 está representado o consolidado das respostas do check list acima.


Não foi necessário nenhum tipo de procedimento para movimentação vertical, escadas e
nem o uso de roupa de proteção.

Figura 6. Consolidado da PET da NR-33


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0
S N NA

Fonte: Elaboração própria.

4. DISCUSSÃO
Na conversa com a equipe executante sobre as rotinas de segurança, uma boa
prática são os monitoramentos que eles mesmos fazem, registrando os atos inseguros
cometidos por colegas, funcionários terceiros ou visitante. Isso faz com quem fiquem
sempre com a guarda alta e ajuda no tratamento da causa raiz do problema. Uma vez
que o acidente é causado por uma soma de fatores, o aumento da base e diversidade de
dados ajuda nesse tipo de tratamento.
Em relação aos EPI´s, todos conheciam as finalidades de cada um que estavam
usando, tanto os utilizados na operação do equipamento, quanto na atividade executada.
Foi checado mangote, luvas nitrasafe e hiflex, avental anti corte, boné com casco,
protetor auricular e óculos conta impacto. Todos em perfeitas condições.
A APR – Análise Preliminar de Risco do equipamento estava sempre ao alcance
de todos. Contemplava todos os EPI´s necessários para operação do pasteurizador e
também todos os ricos da atividade, bem como as medidas de controle dos riscos.
Os procedimentos de bloqueio, tanto parcial quanto o total, estavam também
sempre ao alcance dos operadores. Possuem prazo de validade de um ano, podendo ser
revisados antes, caso haja alguma alteração na atividade ou equipamento, por exemplo.
Existe um facilitador de segurança da área, um operador, que cuida de todos os
procedimentos, não deixando procedimentos sem revisão ou incorretos nos
equipamentos. Em toda revisão, o operador do equipamento também participa, sendo
ele o que mais possui conhecimento sobre os s das atividades e também, servindo como
multiplicador, treinando os demais operadores no procedimento revisado.
Todos da equipe possuíam o treinamento para trabalhos em espaço confinado e
também todos estavam na validade. Quem cuida do monitoramento dos exames é o
ambulatório da empresa. Sempre que os executantes vão coletar a pressão arterial para
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abertura da permissão de trabalho, é conferido se todos os exames do executante estão


em dia, pra que, só assim, com a assinatura do responsável do ambulatório, a permissão
de trabalho seja aberta (BRASIL, 2012).
A atividade de nivelamento do piso é uma atividade de manutenção que não é
rotineira, porém, por vezes se faz necessária. Em vista disso, não existe um
procedimento formal para realização de tal atividade. Logo, existe uma oportunidade
em padronizar tal atividade, afim de que todos possam ser treinados de forma
padronizada na execução da atividade, evitando lacunas e divergências de
conhecimento.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo de caso procurou identificar não só problemas em atividades


relacionadas a espaço confinado, como também em atividades no geral. Para isso,
primeiramente, foram verificados alguns documentos e procedimentos de segurança,
como APR´s, procedimentos de bloqueio de energia, procedimentos de operação e
manutenção de máquinas, estado de conservação de EPI´s, a fim de entender a rotina de
segurança dos trabalhadores da cervejaria. Posteriormente, partiu se para a avaliação de
um trabalho com espaço confinado, devido os dois incidentes ocorridos nos últimos dois
anos e meio.
Em relação às APR´s, procedimentos de bloqueio de energia e EPI´s, não foi
identificado nenhuma inconformidade. A empresa possui boa gestão nesses quesitos,
deixando esses documentos revisados, dentro do prazo, e de fácil acesso aos
trabalhadores, além de fornecer e também gerir bem o EPI`s. Quanto aos procedimentos
de operação e manutenção dos equipamentos, existe oportunidade. Não há um
procedimento para o nivelamento do piso do pasteurizador, por exemplo. Isso dificulta
aspectos como a padronização da atividade ou o nivelamento de conhecimento (essa
atividade costuma ser feita apenas no turno da manhã, uma vez que os operadores da
manhã são os que possuem maior conhecimento para tal atividade), o que pode gerar
falhas na execução e causar acidentes. Um procedimento padrão ajudaria no
treinamento dos demais trabalhadores e também para consulta, caso haja alguma dúvida
em como proceder em determinada atividade.
Feito essa análise preliminar, partiu se para análise da atividade relacionada a
trabalho em espaço confinado. Verificou se, junto à equipe executante, todos os quesitos
exigidos pela NR 33 para esse tipo de atividade e não foi encontrada nenhuma
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inconformidade, mostrando que os incidentes causados nos últimos anos não foram por
negligência ao se seguir a norma. Todos os trabalhadores, lideres e operadores,
mostraram preocupação em atender esse quesitos, por entenderem que assim estão
eliminando ou, não sendo isso possível, controlando os ricos.
Uma verificação e estudo sobre os procedimentos de manutenção e operação dos
equipamentos torna se interessante, uma vez que nem todos os procedimentos estão
padronizados, podendo causar falha na execução e gerar algum tipo de incidente ou até
mesmo um acidente.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVARENGA, Darlan. Número de cervejarias no Brasil quase dobra em 3 anos e
setor volta criar empregos. 2018. Disponível em:
<https://g1.globo.com/economia/pme/noticia/numero-de-cervejarias-no-brasil-quase-
dobra-em-3-anos-e-setor-volta-criar-empregos.ghtml>. Acesso em: 30 mar. 2018.

SANTOS, Marcelo Lino dos; CARVALHO, Priscila da Silva. Proposta de Controle e


Monitoramento de um Espaço Confinado Projetado para Treinamento de NR -
33. 2016. 99 f. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia de Controle e
Automação, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campos
dos Goytaczes, 2016.

ROSA, Natasha Aguiar; AFONSO, Julio Carlos. A Química da Cerveja. Química e


Sociedade, São Paulo, v. 37, n. 2, p.98-105, maio 2015.

BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria n° 1.409,29 de agosto de


2012. NORMA REGULAMENTADORA 33 - SEGURANÇA E SAUDE NOS
TRABALHOS EM ESPAÇO CONFINADO. Brasilia: MTE, 2012.

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