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FISIOTERAPIA
Efeitos das técnicas de higiene brônquica em crianças com bronquiolite viral aguda.
SÃO PAULO – SP
2022
RESUMO
O presente trabalho é uma revisão de literatura, sendo o tema central a eficácia das
técnicas de higiene brônquica em pacientes com bronquiolite viral aguda. A BVA é a doença
respiratória mais comum no primeiro ano de vida da criança, e seu tratamento inclui a
fisioterapia respiratória, visando a desinsuflação pulmonar, o recrutamento alveolar e a
desobstrução brônquica, por meio de várias técnicas, sendo essa última o foco de revisão desse
trabalho. Foram utilizados para a pesquisa artigos publicados entre 2008 e 2021, todos
relacionados ao tema em questão, totalizando 32 artigos encontrados. A partir das informações
obtidas, foi realizado discussões sobre eficácia ou não das técnicas de higiene brônquica,
contando com informações de 8 ensaios clínicos. Vale ressaltar que existe uma dificuldade para
estudar a eficácia das técnicas de higiene brônquica em paciente com BVA, visto que são
utilizadas diferentes técnicas simultaneamente, junto ao fato de haver diferentes graus de
gravidade.
AFE= Aumento de fluxo expiratório, AP = ausculta pulmonar, ASP= aspiração, BSA= boletim de Silverman – Anderson, BVA= bronquiolite viral aguda, DAA= drenagem
autógena assistida, DP= drenagem postural, DRR= desobstrução rinofaríngea retrógrada, ELPR= expiração lenta e prolongada, FC= frequência cardíaca, FR= frequência
respiratória, TAP = tapotagem, VB= vibração, VC= vibrocompressão e VPI= ventilação percussiva intrapulmonar.
DISCUSSÃO
Na revisão dos artigos realizada, na qual foram selecionados oito ensaios clínicos para
comparação das técnicas de higiene brônquica utilizadas lactentes menores de 24 meses com
diagnóstico de BVA e análise de suas eficácias na redução de quadro clínico: (FC, FR, SpO2,
desconforto respiratório e desobstrução brônquica dos pacientes), os resultados mostraram que
houveram melhoras nos parâmetros clínicos, porém ainda são necessários mais estudos clínicos
que comprovem a eficácia das técnicas na redução de FR, aumento de SpO2 e redução do tempo
de internação hospitalar. A perda dessa eficácia nos resultados também pode ocorrer pelo fato
de alguns autores utilizarem métodos de fisioterapia respiratória convencionais, como
tapotagem e vibração e outros utilizarem métodos mais novos, como AFE, DRR e ELPr.
Lanza et.al 2008, submeteu os pacientes a vibrocompressão e drenagem postural (G1),
tapotagem e drenagem postural (G2) e aspiração (G3). As técnicas de higiene brônquica
reduziram no G1 e G2 o desconforto respiratório (pela escala BSA); houve também redução da
FC nos três grupos. O desconforto respiratório é uma manifestação clínica frequente em
lactentes com BVA e neste caso, sua redução foi após a eliminação das secreções, melhorando
V/Q. A utilização da aspiração traqueal em pacientes menores de dois anos de vida e com
hipersecreção é recomendada, pois a tosse nesta faixa etária por vezes é ineficaz, principalmente
na presença de secreção com altas viscosidade e elasticidade como na bronquiolite. (Perrota)
Pupin et.al 2009, analisou FC, FR e SpO2 em quatro tempos. Os lactentes foram
submetidos à AFE (G1), vibração e drenagem postural (G2) e controle (GC). As técnicas não
apresentaram diferenças significativas em relação a quem não recebeu a fisioterapia
respiratória.
Gomes et.al 2012, dividiu seus pacientes em três grupos: ELPr e DRR (G1), drenagem
postural, compressão expiratória, vibrocompressão e percussão (G2) e aspiração (G3),
comparando assim técnicas novas às convencionais. Foram avaliados FR e escore de Wang
(desconforto respiratório). As técnicas do G1 foram mais eficazes, reduziram obstrução
brônquica e desconforto respiratório, porém ambos os grupos G1 e G2 reduziram o escore
clínico.
Sanchéz et.al 2012, distribuiu os lactentes em dois grupos: ELPr, utilizando vibração e
tosse assistida (G1) e controle (GC). Não foram obtidos resultados efetivos na redução da
permanência hospitalar ou no tempo de oxigenioterapia.
Castro et.al 2014, teve como objetivo comparar duas intervenções fisioterapêuticas,
sendo drenagem postural, com tapotagem e aspiração (G1) e drenagem postural, AFE e
aspiração (G2) para avaliar SpO2, tempo de alta hospitalar e escore RDAI (Respiratory Distress
Assessment Instrument). Também não foram observadas diferenças nos desfechos avaliados.
Gomes et.al 2016, realizou o estudo com dois grupos, sendo aspiração (G1) e DRR
(G2), com três avaliações ao dia de FC, FR, SpO2 e escore de disfunções respiratórias, tendo
obtido redução de FC em ambos; porem a DRR se mostrou mais eficaz e positiva na ocorrência
de complicações e sinais de esforços respiratórios em relação a aspiração, que pode causar
sangramentos nasais e vômitos.
Ginderdeuren et.al 2017, utilizou nos 3 grupos o “saltar sobre bola suíça”, juntamente
com técnicas de fisioterapia respiratória, como DAA e nebulização com instilação salina 0.9%
(G1) e VPI e nebulização salina 0.9% *G2), avaliando tempo de internação hospitalar , escore
de Wang, SpO2 e FC em três momentos, resultando em diminuição de internação hospitalar
no G2 (VPI) e melhora no escore de Wang em ambos os grupos.
Conesa-Segura et.al 2018, também houve redução significativa na escala RDAI no G1:
ELPr em comparação ao grupo controle (GC).
Todos os estudos relataram melhoras clínicas nos quadros dos lactentes, como tosse,
febre, melhora da ausculta pulmonar, mas sem muita relevância. Não foram relatados nesses
ensaios clínicos nenhuma mudança ou melhora significativa em relação a SpO2. Para estes
casos, encontramos artigos relacionados a ventilação mecânica não invasiva e oferta de
oxigenioterapia, que não foram os objetivos do trabalho. Alguns autores foram controversos
em relação ao benefício das técnicas de higiene brônquica por não haverem tantas evidências
científicas que comprovem sua eficácia (Perrotas) e até mesmo discordam da fisioterapia
respiratória na fase aguda da doença, onde poderiam deixar a criança mais agitada, causar uma
hipoxemia e broncoespasmo. (Schivinski), Em geral, a dificuldade em estudar as técnicas de
fisioterapia respiratória em lactentes com BVA está relacionada ao uso simultâneo de diferentes
tipos de técnicas juntamente com a inclusão de vários graus de gravidade.
CONCLUSÃO
Como visto até aqui, a dificuldade em estudar as técnicas de fisioterapia respiratória nos
lactentes está relacionada ao uso simultâneo de diferentes tipos de técnicas somado ao fato de
haver diferentes graus de gravidade. Essas e o recrutamento alveolar são solicitadas como
indicação racional para o tratamento dessa patologia, ao passo que também apresentam
contraindicações e prejuízos no tratamento. Apesar de a literatura descrever que têm
apresentado efeitos benéficos, não existe trabalhos publicados validando a efetividade das
mesmas no manejo da BVA. Conclui-se, portanto, que há necessidade de novos estudos para
que se tenham respostas às questões sobre eficácia de técnicas de higiene brônquica e para que
se possa definir o papel da fisioterapia respiratória com benefício no tratamento.
Referências Bibliográficas