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Dimensões da Sustentabilidade
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Dimensões da Sustentabilidade
·· O Desenvolvimento Sustentável
·· O Cenário Político-econômico do Pós-guerra
·· Os Movimentos Sociais dos Anos 1960
·· As primeiras conferências sobre meio ambiente e desenvolvimento
·· Considerações Finais
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Unidade: Dimensões da Sustentabilidade
Contextualização
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O Desenvolvimento Sustentável
Nesta unidade, vamos estudar o surgimento e a conceituação do desenvolvimento sustentável.
Abordaremos os aspectos sociais, culturais, ambientais e econômicos que estão envolvidos com
a sustentabilidade. Destacaremos a questão ambiental a partir dos movimentos sociais nos anos
60 até a inserção do termo nos produtos de consumo nos tempos atuais.
Portanto, a natureza, como uma preocupação do ser humano, sempre fez parte de sua
história como vemos na literatura mais diversa. No entanto, abordaremos aqui a preocupação
ambiental como algo urgente e, se ignorada, comprometerá as futuras gerações.
Veremos, então, que meio ambiente e gerações futuras estarão interligados e provocarão uma
discussão sobre o futuro da humanidade, quando esta não levar em conta, conscientemente,
seu comportamento no panorama da sociedade de consumo capitalista contemporânea.
Com o fim da segunda grande guerra em 1945, o mundo todo precisou se recuperar
economicamente e tomar fôlego para seguir adiante com a construção de sua história. A Europa
foi a região mais destruída por ter sido o campo de batalhas entre potências defensoras de
modelos econômicos. O que esteve em jogo naquele momento era a defesa e imposição de
modelos econômicos estruturais como o capitalismo, o fascismo e o socialismo.
O capitalismo, modelo adotado por grandes potências mundiais como a Inglaterra, a França
e os EUA, se deparou com uma gigantesca ameaça socialista que progredia com a ascensão da
URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e o fascismo que prosperou em países como
Alemanha, Itália, Japão, Espanha e Portugal. A mais forte das ideologias fascistas viria com a
sua versão mais cruel – o nazismo alemão.
O embate entre os interesses econômicos e domínio de mercado entre os modelos que nos
referimos teve o centro europeu como o grande campo de batalhas. O resultado foi um saldo de
milhões de mortos e economias destroçadas.
A barbárie alemã em relação à perseguição e limpeza étnica por meio dos campos de
concentração, a sagacidade americana em entrar na guerra com armamento de última geração
depois que muitos países europeus já estavam destruídos, e a URSS ganhando território na
Europa à medida que vencia as batalhas com os alemães, deixou de herança uma sociedade
destruída em todos os sentidos: econômico, cultural, ambiental, etc.
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Para Pensar
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Barbáries da Segunda Guerra Mundial
Em cada um dos modelos econômicos em disputa pela
hegemonia do poder durante a segunda guerra mundial,
existiram grandes atrocidades contra a vida de milhares
de civis. Vejamos abaixo alguns exemplos para ponderar
que houve um equilíbrio absurdo de uso de força, poder
e armamentos para subjugar um povo em detrimento do
mais forte:
Nazismo: o mais tenebroso de todos os regimes políticos
por tratar-se de uma limpeza étnica. Os nazistas perseguiram
milhões de judeus, homossexuais, ciganos, deficientes físicos e
mentais, negros, imigrantes, prisioneiros russos e oposicionistas.
A maior atrocidade nazista foi criar campos de concentração e
incinerar seres humanos em câmaras de gás.
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A recuperação dos países no pós-guerra viria com a aliança entre EUA e URSS, vencedores do
embate, que ficaria conhecida como ‘Guerra Fria’. Uma guerra de desenvolvimento econômico,
tecnológico e domínio de mercado e não de armas, pelo menos teoricamente, já que na prática
não foi bem assim. Porém, a paz estaria selada entre os países do mundo todo com a criação
da ONU – Organização das Nações Unidas em 1948 que, de certa forma, vigiaria os focos de
tensão em qualquer parte do mundo e controlaria, ainda que pelo uso de forças armadas, a
manutenção da paz mundial, evitando que outra guerra mundial se repita.
Os EUA não sofreram a destruição que a URSS, por estar no leste do território europeu,
sofreu. Portanto, foram os americanos que injetaram dinheiro para a reconstrução da Europa
e do Japão, fazendo com que a economia desses países se recuperassem por meio do Plano
Marshall (Plano de empréstimo e ajuda financeira que os americanos criaram para reerguer os
países fragilizados).
Plano Marshall
O Programa de Recuperação Europeia ficou popularmente conhecido como Plano
Marshall, nome reconhecido em função do idealizador do plano - o Secretário de
Estado dos Estados Unidos chamado George Marshall.
O plano era parte da estratégia estadunidense durante a Guerra Fria que procurava
impedir a expansão do comunismo pelo mundo. O objetivo do plano visava o
auxílio econômico e a reconstrução dos países europeus que estavam destruídos
após a Segunda Guerra Mundial.
O plano injetou cerca de 13 bilhões de dólares ao longo de quatro anos a partir
do encontro dos países que o adotaram. O dinheiro foi aplicado em assistência
técnica e econômica e, ao fim do período de investimento, os países participantes
viram suas economias crescerem muito mais do que os índices registrados antes da
Segunda Guerra Mundial.
A Europa Ocidental gozou de prosperidade e crescimento nas duas décadas
seguintes e viu nascer a integração que hoje conhecemos como União Europeia,
mas o principal beneficiado do Plano Marshall foram os Estados Unidos. O país
criou dependentes econômicos, disseminou seu padrão ideológico capitalista e
impediu qualquer possibilidade de expansão do comunismo na Europa.
Com a ascensão das economias e a rápida recuperação de alguns países durante os anos
cinquenta, surge uma promissora sociedade de consumo. O consumo viria em massa, uma vez
que as pessoas estavam se recuperando dos vestígios da década anterior. Isso quer dizer que as
pessoas poderiam olhar para o futuro, sentir uma certa segurança, uma vez que a ONU surge
como uma organização forte e poderosa garantidora desta segurança mencionada.
Assim, com o cenário econômico de grandes novidades tecnológicas à disposição e cada vez
mais diversificadas, bem como produtos com menor custo decorrentes da competitividade de
mercado entre os países capitalistas, se expandia a era então propagada pelo alcance da, talvez
maior novidade entre todas – a Televisão.
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Vemos então que, nos anos cinquenta, as famílias que perderam seus parentes na guerra agora
olhavam para um futuro promissor e poderiam programá-lo. O número de crianças nascidas
no final dos anos 1940 e durante 1950 foi acima do esperado, fenômeno que ficou conhecido
como ‘baby-boom’, ou seja, nascimento de bebês em enorme quantidade, entregando para a
década seguinte – os anos 1960 – uma sociedade jovem e ativa.
A sociedade de consumo, a que nos referimos então, está massificada pela informação
disseminada pela TV, pelas propagandas e pelo estímulo ao consumo. No entanto, a indústria
produtora que se desenvolvia com qualidade começou a sentir alguns efeitos inesperados que
resultou em uma mudança de comportamento social e cultural.
Referem-se a esses efeitos:
• A durabilidade dos produtos consumidos: à medida que a indústria produzia cada
vez a menor custo e com melhor tecnologia, os produtos duravam por muito tempo.
O consumidor que comprasse um automóvel, por exemplo, o teria por muitos anos, só
voltando a ser consumidor desse produto, em média, vinte anos depois. A indústria precisava
que o consumo fosse constante para não amargar produtos encalhados em estoque como
estava acontecendo.
• A juventude numerosa: as crianças do fenômeno ‘baby-boom’ do final dos anos 40 e
início dos anos 50 seriam os jovens sonhadores dos anos 60. Sonhavam com uma vida
profissional de sucesso igual àquelas do cinema e seriados de TV, com oportunidades de
trabalho e altos salários, o que a grande oferta de jovens com os mesmos desejos provocou
foi o contrário, ou seja, os jovens se viram num cenário de grande competitividade, os
salários caindo por causa da grande oferta de mão de obra qualificada, enxergando um
futuro inseguro e difícil.
• A alta escolaridade: o estado de bem estar social atingido pelos países que se
recuperaram da guerra, atingiu um alto padrão de qualidade de vida. As pessoas puderam
comprar sua casa própria, tiveram acesso à saúde de qualidade e praticamente gratuita e,
principalmente, a educação foi oferecida com alta qualidade e de amplo acesso. Muitos
jovens tinham uma ou duas formações de nível superior, falavam mais de um idioma, etc.;
essa alta qualificação serviu muito bem às empresas que puderam restringir suas vagas aos
melhores, excluindo muitos outros que se defrontaram com o desemprego.
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Os Movimentos Sociais dos Anos 1960
Os anos 1960 foram marcados por manifestações populares no mundo todo e por
diversos motivos.
Historicamente, os jovens franceses foram responsáveis por grandes transformações em seu
país que, consequentemente, influenciou muitos outros. A maior de todas as manifestações
populares ficou conhecida como ‘Maio de 68’.
Naquela ocasião, jovens estudantes se uniram à greve geral dos operários e as ruas de Paris
ficaram tomadas por uma multidão que reivindicava, ao então primeiro ministro Charles de
Gaulle, uma reforma política.
Nas ruas, estavam os proletários que lutavam contra demissões, baixos salários e direitos,
a estes se juntaram os jovens estudantes da Sorbonne e de outras tantas universidades que
protestavam contra uma França conservadora e retrograda; aos poucos, juntaram-se as
feministas indignadas, principalmente, com a desigualdade no trabalho, os gays contra uma
sociedade que ainda tratava o homossexualismo como doença, os negros que protestavam
contra o racismo, os imigrantes contra a discriminação e os ambientalistas contra o consumo
inconsciente e a extinção de espécies animais.
bhumanas.wordpress.com
O movimento de 1968, marcado pela luta das minorias, foi reprimido pela polícia e noticiado
no mundo todo. Desde então, uma enorme proliferação de ONGs a exemplo da WWF começou
a surgir, de modo a dar continuidade às tais lutas de forma organizada.
A WWF – World Wide Fund for Nature – Fundo Mundial para a vida selvagem e natureza, foi criada
em 1961. No Brasil a WWF está presente desde 1996.
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Não se pode deixar de citar aqui, o livro “Primavera Silenciosa’ da bióloga americana
Rachel Carson. O livro causou grande repercussão mundial e foi um best-seller desde seu
lançamento nos EUA em 1962. A autora criou uma história fictícia, cujo tema central era o meio
ambiente. A fábula discutia o fim da vida na Terra por conta do uso exagerado do DDT (uso de
aerossol e inseticidas).
Portanto, uma sociedade descontente com o apontamento para o fim da humanidade,
caso o mundo todo não reavaliasse o comportamento de consumo somado à forma de
produção altamente competitiva, resultou em uma preocupação geral. Tanto que levou um
grupo de empresários a investir em uma polêmica pesquisa para averiguar cientificamente
se o meio ambiente sofria os impactos denunciados pela mídia, o que ficou conhecido como
‘Grupo de Roma’.
O Grupo de Roma foi fundado em 1968 por cientistas, políticos e industriários de grandes
grupos multinacionais como, por exemplo, Fiat, Volkswagen, etc., com o objetivo de criar um
documento que demonstrasse os impactos ambientais e a provável escassez de matérias-primas, o
que os preocupava em primeiro lugar. O documento foi desenvolvido por especialistas de diversas
áreas e apresentado em 1972 na primeira grande conferência mundial de Estocolmo na Suécia.
A conferência de Estocolmo reuniu líderes mundiais para discutir o relatório que destacava
os limites para o crescimento econômico. O relatório Meadows ou como ficou conhecido
– Relatório do Clube de Roma – propunha crescimento zero, congelando o crescimento
populacional e industrial.
Foram destacados como problemas urgentes na publicação do relatório:
• industrialização acelerada;
• rápido crescimento demográfico;
• escassez de alimentos;
• esgotamento de recursos não renováveis a curto prazo;
• deterioração do meio ambiente.
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“O desenvolvimento sustentável é um desafio planetário. Ele requer estratégias
complementares entre o Norte e o Sul. Evidentemente, os padrões de consumo
do Norte abastado são insustentáveis. O enverdecimento do Norte implica
uma mudança no estilo de vida, lado a lado com a revitalização dos sistemas
tecnológicos” (SACHS, 2009, pg. 58).
O resultado foi a produção da ‘Declaração sobre o meio ambiente humano’, em que abordava
os princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam governar as decisões sobre
meio-ambiente, a partir de então. Foi criado um ‘Plano de ação’ que convocava todos os países,
ONGs, etc., a cooperarem em busca de soluções para uma série de problemas ambientais.
Também na Conferência de Estocolmo foi criado o ‘dia do meio ambiente’ em 05 de junho.
A Conferência de Estocolmo abriu precedente para uma série de encontros internacionais,
sempre com o objetivo de envolver o maior número de países com compromissos para amenizar
os impactos ambientais negativos.
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O encontro foi diplomático, sem críticas aos industriários; por isso, o conceito de
desenvolvimento sustentável foi aceito.
Desenvolvimento Sustentável é “O desenvolvimento que satisfaz as necessidades
das gerações presentes sem comprometer a capacidade de as gerações futuras
satisfazerem as suas próprias necessidades”.
Entre os dias 3 e 14 de junho de 1992, 172 países, 100.000 participantes, 116 chefes de
Estado, 1.400 ONGs e 9.000 jornalistas se envolveram na maior conferência mundial sobre
meio ambiente até então – a Rio 92, ou ECO-92 como ficou conhecida.
Os resultados da conferência realizada no Brasil foram cinco documentos assinados pela
maior parte dos países do mundo. São eles:
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Vinte anos depois, uma nova conferência volta ao Rio para debater os resultados da ECO-92,
a Rio-2012.
O encontro foi realizado também no mês de junho e reuniu diversos países, ONGs, jornalistas,
etc.; porém, frustrou pela falta de comprometimento dos envolvidos em levar adiante novos
compromissos que reduzam o crescimento econômico.
Desde então, as reuniões mundiais promovidas pela ONU vêm perdendo o folego.
Dimensões da sustentabilidade
Desde os anos 1960, com o movimento ambientalista, uma nova forma de interpretar o
mundo vem sendo debatida. Trata-se de uma sociedade que vem sendo direcionada pelas
necessidades naturais a se preocupar seriamente com o meio ambiente e com o futuro do Planeta.
Ao crescimento econômico consciente, responsável e inclusivo chamamos de desenvolvimento
sustentável ou sustentabilidade.
Cronologicamente, podemos dizer que nos anos 1960 o meio ambiente é uma pauta social.
Nasce das manifestações populares e da criação de uma organização sem fins lucrativos que
ficarão conhecidas como ONGs.
Já nos anos 1970, a questão se torna política. Surgem dos primeiros partidos ambientalistas,
como o partido verde na Alemanha e em outros países da Europa.
Em 1980, a ideologia do Desenvolvimento Sustentável é incorporada pela economia, ou
seja, surgem as discussões sobre consumo consciente, lançamento de produtos de diversas
áreas com preocupação ambiental e menos impactante ao meio ambiente.
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Em 1990, a natureza passa a servir à saúde e a sustentabilidade se volta para o bem estar,
qualidade de vida e vida saudável.
Já nas duas primeiras décadas do século XXI, sustentabilidade é um termo presente e
incorporado na vida cotidiana das pessoas. É amplamente disseminado no espaço acadêmico,
porém encaminhou a utilização do termo para a banalidade do mesmo. Muitos especialistas
dizem que tudo o que se consome hoje, praticamente vem com selo verde, aprovação de órgãos
de controle e com a sustentabilidade do produto como característica da marca.
Logo, o consumo passou a ser remodelado. Os produtos foram pouco a pouco se adaptando
e, muitas vezes, não há nada de sustentável no que se consome ou se produz. As empresas se
utilizam do termo para um marketing próprio o que acarreta na banalização do que antes surge
como uma grande preocupação com o meio ambiente e matérias-primas.
As dimensões da sustentabilidade estão fundamentadas em três pilares principais como
vemos na figura a seguir:
Dimensões da sustentabilidade.
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Considerações Finais
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Material Complementar
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Referências
FERREIRA, Leila da Costa. Ideias para uma sociologia da questão ambiental no Brasil.
São Paulo: Annablume, 2006.
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Anotações
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