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ANTICORPOS

MAES inaugura sua programação anual com exposição de


desenhos dos artistas Juliana Pessoa e Luciano Feijão

Juliana Pessoa e Luciano Feijão apresentam, na exposição Anticorpos, desenhos que revelam como
do não se fazer um sim. Contrapondo-se às concepções tradicionais do corpo, que visam
restringi-lo e moldá-lo nos padrões oficiais, a proposta do projeto é mostrar corpos em sua
diversidade de formas, cores e tamanhos. Com curadoria de Fernando Pessoa, a ideia é negar uma
negação, a fim de afirmar o que é por ela encoberto e, assim, descobrir o corpo na exuberância de
seu próprio elemento, celebrando a força e o vigor da sua presença.

Juliana Pessoa, a partir da simplicidade de seus materiais e da potência de sua técnica, constrói
desenhos que expressam simultânea e paradoxalmente alegria e dor, júbilo e sofrimento, fortuna e
indigência. Suas imagens são feitas, desfeitas e refeitas inúmeras vezes, numa composição que
sobrepõe, em diversas camadas, os vestígios que ficam como memória do próprio processo de
surgimento do desenho. Luciano Feijão, tal qual um artesão, pesquisa diferentes técnicas de seu
ofício, a fim de desenvolver um rigoroso trabalho de desenho, para mostrar aquilo que as grandes
vitrines da arte ocidental ignoram: a presença do corpo negro, na altivez de sua antianatomia. Suas
imagens não são um lamento, mas uma assunção da dor, que redime, à medida que afirma a
potência desses homens e mulheres escravizados, excluídos, perseguidos e assassinados.

Em 2020, Juliana Pessoa e Luciano Feijão participaram de um programa coletivo de


acompanhamento crítico promovido pela OÁ Galeria, sob a orientação da curadora convidada
Ananda Carvalho. Como resultado dessa experiência, surgiu o Projeto 8, contemplado pelo Edital
da Lei Aldir Blanc – uma série de residências artísticas da qual ambos participaram, sob a
orientação de Ananda e Marcelo Campos. A partir dessa experiência coletiva, diante das afinidades
e antagonismos nas pesquisas de Juliana e Feijão, tanto em relação à forma – o desenho à mão,
com forte carga expressiva –, quanto em relação ao conteúdo – o desafiador imaginário brasileiro
relativo às culturas e dos corpos não-normativos – surgiu a ideia da exposição Anticorpos.

A exposição apresenta 44 desenhos, em pequenos e grandes formatos, feitos à mão sobre papel.
Além do agendamento de visitas, o projeto oferecerá ao público uma série de atividades
presenciais, bem como conteúdos virtuais, a fim de promover uma ampla e profunda discussão de
seus horizontes de pensamento. Para mais informações, acesse o Instagram do MAES:
https://www.instagram.com/maesmuseu/

Sobre os artistas
Juliana Pessoa é de Vila Velha/ES. Artista visual, possui pesquisas na área do desenho, explorando
iconografias do candomblé, do cangaço, de Belo Monte e da favela, por meio de um diálogo com a
literatura brasileira e com a filosofia. Em 2015, realizou a exposição “oba: entre deuses e homens”,
no Museu Capixaba do Negro, que, em 2018, foi exibida na III Semana Brasileira de Sófia, na
Galeria G8 e na Galeria Municipal de Varna, na Bulgária. Também nesse ano, integrou a coletiva
20/20, no Museu Vale. Em 2019, realizou uma residência artística, na cidade de Canudos, pelo
Programa Rumos Itaú Cultural, cujos trabalhos receberam menção honrosa no 26° Salão de Artes
Plásticas de Praia Grande. Em 2021, participou do projeto Residência 8 (Lei Aldir Blanc) como
artista residente e produtora executiva.

Luciano Feijão nasceu em Vitória/ES. É professor, artista visual e ilustrador. Produz ilustrações
profissionalmente para livros, jornais e revistas desde 2003, destacando-se as realizadas para o
jornal Folha de São Paulo (2010 - 2015), e para os livros Diário do Hospício, de Lima Barreto
(Editora Borda), A Morte de Ivan Ilitch, de Liev Tolstói (Editora Antofágica) e O Orangotango
Marxista, de Marcelo Rubens Paiva (Editora Cia das Letras). Como artista visual, é representado
pela OÁ Galeria e realizou exposições individuais e coletivas em Vitória, São Paulo e Cidade do
México, sendo as mais importantes: Torções (Mucane, 2016), Amas - Fisionomias e
Desmembramentos (Homero Massena, 2018), Antianatomia Tropical, com a artista Rosana Paulino
(OÁ Galeria, 2018) e 20/20 (Museu Vale, 2020).

Sobre o curador
Fernando Pessoa é professor titular de Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo, nas
áreas de estética, filosofia da arte e literatura brasileira. Dedica-se, sobretudo, às obras de
Nietzsche, Heidegger, João Cabral de Melo Neto e João Guimarães Rosa. Já realizou curadorias e
publicou textos críticos para diversos museus e galerias do Espírito Santo. É autor dos livros: O
assunto e o caminho do pensamento de Heidegger; Verdade, liberdade e destino no pensamento
de M. Heidegger; Corpo e faca em João Cabral de Melo Neto (vencedor do prêmio de crítica
literária da Fundação Cultural do Pará 2017); Linguagem, pensamento e poesia (no prelo).

Sobre o MAES
O Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo – MAES, situado em um prédio histórico
tombado pelo Estado, foi inaugurado em 1998 e no ano seguinte recebeu o nome Dionísio Del
Santo, em homenagem ao artista homônimo, referenciando a representatividade de uma de suas
principais coleções. Seu acervo reúne obras de artistas brasileiros de diversos estados. Além de
oferecer ao público exposições de arte, o museu conta com uma biblioteca especializada em artes
visuais e arquitetura, com aproximadamente 4000 livros, catálogos e materiais de referência
disponíveis para consulta, e com o núcleo de ação cultural e educativa, que promove palestras,
oficinas e outras ações formativas.

Serviço
Exposição: ANTICORPOS
Artistas: Juliana Pessoa e Luciano Feijão
Curadoria: Fernando Pessoa
Abertura: 24 de janeiro, terça-feira, das 17h às 20 horas
Período: 25 de janeiro a 23 de abril de 2023
Visitação: terças a sextas, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h
Local: MAES - Museu de Arte do Espírito Santo - Av. Jerônimo Monteiro, 631 - Centro, Vitória/ES
Telefone: 27 3132-8390
Entrada gratuita, livre para todos os públicos

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