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Hoje, a economia russa tem uma perspectiva sombria, com fuga da mão de obra
MOSCOW, RUSSIA - APRIL 12: (RUSSIA OUT) Russian President Vladimir Putin
Missão de resgate traz 30 crianças de volta para a Ucrânia após suposto sequestro, diz
Reuters
Além disso, há relatos de que mais de 19 mil crianças ucranianas foram raptadas e
levadas para a Rússia. A estratégia não é nova. Ao tomar a Crimeia, em 2014, a Rússia
incorporou 2,4 milhões à sua contagem nacional, elevando sua população para 147
milhões.
Falta de força de trabalho na Rússia
"O impacto da baixa fertilidade na economia vem depois, quando o tamanho da força
de trabalho não é grande o suficiente para suportar o tamanho da população que está
envelhecendo", alerta Sunnee Billingsley, especialista em demografia da Universidade
de Estocolmo.
Putin já vinha tentando nos últimos anos compensar o problema da baixa fertilidade na
Rússia com trabalhadores migrantes da Ásia Central. A Rússia colhe hoje o impacto da
baixa fertilidade após o colapso da União Soviética. "Desde então, não nasceram
crianças suficientes para se juntar à força de trabalho depois de adultas", explica
Billingsley. Mas o plano não foi suficiente e agora os migrantes dos quais muito dependia
a economia russa desapareceram por causa da guerra.
No fim de 2022, Putin ordenou a elaboração de medidas para aumentar as taxas de
natalidade e a expectativa de vida na Rússia. Nos últimos três anos, a expectativa de um
homem russo de 15 anos caiu quase 5 anos, para o mesmo nível do Haiti.
Mas, poucos dias depois da determinação de Putin, veio o anúncio do Ministério da
Defesa de que a idade em que os homens russos seriam recrutados para o serviço militar
obrigatório passaria de 18 para 20 anos e o limite máximo de idade para recrutamento
passaria de 27 para 30 anos.
"Isso significa que jovens seriam convocados após obter seus diplomas universitários e
especialistas treinados seriam retirados do mercado de trabalho para ter suas
habilidades anuladas pelo serviço militar", explicou o analista russo Andrei Kolesnikov,
em artigo publicado pelo centro de estudos Carnegie Endowment for International
Peace.
Segundo o analista, há uma grande discrepância entre esses dois objetivos. "Se os
homens vão para a guerra ou emigram em massa, em vez de procriar, de onde virão os
filhos?", questiona em seu artigo. O efeito no mercado de trabalho também será grave.
O recrutamento em uma idade tão produtiva suga a força de trabalho de uma economia
que já deve perder de 3 a 4 milhões de pessoas de 20 a 40 anos até 2030 (em
comparação aos dados demográficos de 2020).
"Seria um erro pensar que isso não afetaria os indicadores qualitativos e quantitativos
do PIB russo, da renda familiar e da qualidade do capital humano. Há uma segunda
guerra em curso em casa."
Algumas das razões para os problemas demográficos da Rússia refletem uma dinâmica
histórica: o número de mulheres em idade reprodutiva está caindo e a idade média em
que as mulheres têm filhos está aumentando continuamente em populações urbanas,
bem-educadas e modernizadas, com tendência a ter menos filhos, como explica
Kolesnikov.