Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BRASÍLIA
2020
A IMPORTÂNCIA DA GEOPOLÍTICA NO ENSINO MÉDIO PARA O
DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO ESTRATÉGICO NO BRASIL
RESUMO
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de apresentar uma análise sobre o estudo
de Geopolítica no Ensino Médio como contribuição para o desenvolvimento do pensamento
estratégico no Brasil. Utilizando-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, a abordagem
abrangeu três cenários: 1 - a geopolítica na atualidade, onde procurou-se definir a sua área de
estudo e mostrar a sua interação com outras áreas do conhecimento; 2 – o contexto escolar,
onde apresentou-se a situação atual da geopolítica no sistema educacional; e 3 – os benefícios
advindos com a introdução da geopolítica no ensino médio, onde foram demonstrados
diversos benefícios em áreas e contextos distintos. A intenção foi esclarecer quais os
benefícios seriam incorporados para a sociedade e o Estado brasileiro com a introdução do
ensino de Geopolítica no ensino médio. Ao final foram apresentados os diversos pontos
positivos que podem ser angariados para o desenvolvimento do pensamento estratégico no
Brasil.
ABSTRACT
This work was developed with the objective of presenting an analysis on the study of
Geopolitics in High School as a contribution to the development of strategic thinking in
Brazil. Using bibliographic research as a methodology, the approach covered three scenarios:
1 - geopolitics today, where we sought to define its area of study and show its interaction with
other areas of knowledge; 2 - the school context, where the current situation of geopolitics in
the educational system was presented; and 3 - the benefits arising from the introduction of
geopolitics in high school, where several benefits were demonstrated in different areas and
contexts. The intention was to clarify which benefits would be incorporated for society and
the Brazilian State with the introduction of Geopolitics teaching in high school. At the end,
several positive points that could be raised for the development of strategic thinking in Brazil
were presented.
O ambiente escolar é o espaço onde os futuros cidadãos são preparados para as exigências da
sociedade e para o desenvolvimento de suas percepções de mundo. Freitas (2020) em seus estudos
aborda que os países que detêm uma boa educação, respeitam, zelam para o cumprimento das leis,
condenam a corrupção, os privilégios e praticam a cidadania, como consequência, desenvolvem-se.
O autor afirma que a Educação é um dos principais fatores que propiciam o desenvolvimento das
nações, portanto deve ser o pilar de um país. Para Freire (1996) a educação é considerada uma das
alternativas para intervenção no mundo.
Zambon (2014) menciona que é tarefa da comunidade escolar contribuir para a formação de
cidadãos para atuar e tornar a sociedade mais democrática, fomentar-lhes a consciência dos seus
direitos e deveres, de forma que desenvolvam postura crítica diante dos problemas sociais e
engajamento na resolução de problemas complexos.
É na escolha dos conteúdos curriculares que é estabelecido o perfil do cidadão que o país
deseja. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que
define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem
desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham
assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que
preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE), sendo obrigatória a sua observância em todos os
currículos da educação básica no país.
Segundo Araujo (2017), a cidadania é a capacidade de membros de uma sociedade
participarem desta de modo universal em seus direitos e deveres, que a mesma é decorrência lógica
de um Estado democrático de direito. Para o autor, a cidadania se inicia com uma educação
emancipadora que promova o desenvolvimento de consciência crítica.
Ladeira (2018) afirma que as instituições escolares podem se tornar instâncias privilegiadas
para a formação de cidadãos críticos do seu tempo e de sua realidade, indivíduos pensantes,
questionadores e que se posicionam perante as questões que se apresentam. Neste sentido, é
necessário que os alunos desenvolvam capacidades intelectuais básicas para processar e refletir
sobre o que se lê e assiste nos principais veículos de comunicação, cabendo ao educador promover a
ressignificação do discurso midiático em sala de aula e orientar seus alunos no gerenciamento das
informações.
Atualmente, os estudos de geopolítica têm sido considerados ferramentas importantes para a
formação de cidadãos críticos, conscientes e capacitados a exercer plenamente seus direitos e
deveres perante a sociedade e, que ainda compreendem a origem, os jogos de poderes e as
consequências dos conflitos dentro de um país ou entre Estados.
7
Segundo Lacoste (2008, p.8),
O mundo está cada vez mais dinâmico e complexo e a revolução das comunicações, da
informática e das centenas de mídias sociais aceleram cada vez mais esse processo. De acordo com
Chiavenatto (2003) nossa sociedade está inserida em um mundo globalizado e carregado de
mudanças e transformações.
De acordo com Silva e Ramalho (2008), em nossa atualidade, grande parte dos meios de
comunicação utilizam tanto de imagens quanto de textos como meio de transmitir o ponto de vista
que pretendem convencer o seu público alvo. Segundo os autores, esta informação pode ser melhor
visualizada em propagandas cotidianas que tem a intenção de incentivar as pessoas a consumirem
bens de consumo. Além disto, em situações específicas, a mídia utiliza-se das mesmas técnicas de
incentivo ao consumo, para tornarem verdadeiros certos discursos, situações ou posições
ideológicas.
Nesse sentido, vislumbra-se a importância de que disciplinas e conhecimentos não sejam
informações estanques em si mesmos. Mais importante do que possuir a informação, é ter a
capacidade de analisá-las e vislumbrar as possíveis consequências e ações decorrentes.
Observando essa dinamicidade e admitindo essa tendência, faz-se necessário que os
currículos escolares demandem atualizações e mudanças constantes buscando inserir informações
relevantes, significativas e úteis para o contexto do aprendiz. Bartz (2014, p. 23) a partir de suas
análises considera:
De forma geral, muitos elementos têm influenciado sobre a necessidade da
reestruturação do currículo escolar, em especial, a rapidez das mudanças em todos
os setores da sociedade atual (científico, cultural, tecnológico ou político-
econômico), o excesso de informação, as novas exigências do mercado de trabalho
e, principalmente, no campo da pesquisa, da gerência e da produção.
Geopolítica é uma disciplina das Ciências Humanas que mescla a Teoria Política à
Geografia, considerando o papel político internacional que as nações desempenham
em função de suas características geográficas — como localização, território, posse
de recursos naturais, contingente populacional, etc. É o estudo da estratégia, da
manipulação, da ação. Estuda o Estado enquanto organismo geográfico, ou seja, é o
estudo da relação intrínseca entre a geografia e o poder. Método de análise que
utiliza os conhecimentos da geografia física e humana para orientar a ação política
do Estado.
Para o autor, a geopolítica não se prende ao caráter puramente físico ou se limita ao estudo de
uma imagem ou paisagem, ela abrange aspectos políticos, ações, estratégias e o jogo de poder entre
Estados.
Conforme Miyamoto (1995, p. 24-25),
O autor considera que a geopolítica é retratada como uma área mais interativa e com visão
mais ampla. E que o olhar da Geopolítica não está limitado a um fato ou situação isolada, ele
conduz à análise do contexto envolvido, suas causas e impactos para a sociedade. Além disso, a
Geopolítica também se diferencia por ser uma área de estudo em constante atualização. Fatos hoje
relevantes podem não ter importância alguma amanhã, e vice-versa. Os cenários se alteram, os
interesses mudam, os objetivos migram para outros focos.
Ainda, segundo Miyamoto, outra particularidade finalística da Geopolítica é o seu teor
estratégico, o qual existe para possibilitar uma visão de futuro, para que seus utilizadores observem
o cenário de forma holística na interação de todos os elementos.
Segundo Lacoste (2009, p.117),
11
Para não ficar a impressão limitada de que a geopolítica se restringe a somente grandes
cenários mundiais, com o envolvimento de numerosos países, o autor nos apresenta a geopolítica
como um instrumento de aprendizado muito mais amplo. Ela desenvolve o raciocínio que pode ser
aplicado, do ponto de vista geográfico, em cenário regional, dentro de um país ou até mesmo uma
área delimitada; e, em relação ao seu conteúdo, os assuntos tratados envolvem diversas áreas do
conhecimento humano, sem muitas limitações.
De acordo com Ladeira (2018, p.43),
As novas hipóteses geopolíticas partem do pressuposto de que questões
econômicas, sociais, culturais e simbólicas são tão importantes quanto o poderio
militar como instrumentos de análise para compreender o equilíbrio de forças e a
busca por hegemonia em âmbito planetário. O relativo enfraquecimento do setor
público em detrimento do avanço de forças privadas e as inovações tecnológicas,
notadamente nos setores de comunicação e transporte, fizeram com que atores
como a mídia, o capital desterritorializado, os movimentos sociais globalizados, os
organismos supranacionais, os blocos regionais, as organizações não-
governamentais (ONGs) e as corporações transnacionais passassem a dividir
espaço com os tradicionais Estados-Nacionais no cenário geopolítico global.
Para Ladeira, o cenário geopolítico, que ficava restrito a apenas os Estados-Nacionais, com o
avanço de forças privadas e as inovações tecnológicas, passou a incorporar diversos outros atores (a
mídia, o capital desterritorializado, os movimentos sociais globalizados, os organismos
supranacionais, os blocos regionais, as organizações não-governamentais (ONGs) e as corporações
transnacionais).
Os estudos Geopolíticos ainda não integram o rol de componentes curriculares constantes na
BNCC. Os parâmetros curriculares não os abrangem. Sua ausência na BNCC gera o
desconhecimento de seu valor e uma visão destorcida de seu teor, ignorando o seu papel de maior
destaque: a construção do senso crítico do educando.
Riceto (2017) considera que o papel da geopolítica é de fundamental importância na formação
dos estudantes, em especial do ensino médio, Para o autor, compreender a organização estratégica
do espaço, a localização das estruturas produtivas, das bases e artefatos militares, o investimento no
desenvolvimento tecnológico para obtenção e difusão de informações estratégicas, são aspectos
inerentes à geopolítica e reforçam sua base intimamente geográfica. Além da relação de poder
12
estabelecida entre os Estados, o sistema internacional contemporâneo tem apresentado significativas
mudanças em sua agenda internacional e entre seus protagonistas. Riceto, em seus estudos, aborda a
relevância do conteúdo da geopolítica no ensino médio, ressaltando a importância de trazer para o
cotidiano da sala de aula, de forma didática, as discussões de caráter geopolítico a fim de promover
a compreensão mais real das relações de força que moldam a construção do espaço vivido e
desenvolver a formação de uma consciência crítica.
Lembrando que a formação de uma consciência crítica nos bancos escolares encontra amparo
no Artigo 35, inciso III da LDB que preconiza o aprimoramento do educando como pessoa humana
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.
O Ensino Médio é o momento de ampliação das possibilidades de um conhecimento estruturado e
mediado pela escola que conduza à autonomia necessária para o cidadão do próximo milênio.
(BRASIL, 1997, p.31).
Compreendido o objeto de estudo e a importância da Geopolítica no Ensino médio, o próximo
passo é apresentar o contexto atual do ensino de Geografia e Geopolítica no Ensino Médio.
Alguns estudos são muito claros em dizer que a falta de relevância dos conteúdos
da aprendizagem que a escola oferece explicam boa parte de sua falta de qualidade.
Existe, inclusive, o temor de que a educação básica tenha sido convertida em um
ritual que não se relaciona com a vida do aluno ou da sociedade na qual ele vive.
No entanto, a relevância não pode ser entendida como a entrega de um conjunto de
dados "relevantes" aos alunos, no sentido de que são próximos ao que eles
experimentam na sua vida quotidiana fora da escola. O que é realmente relevante é
a habilidade para compreender a linguagem escrita e expressar-se por escrito, para
raciocinar, resolver problemas, analisar, avaliar opções e aproximar-se da
informação. Isto implica dar maior ênfase às habilidades que aos conhecimentos.
É nesse contexto que o Ensino Médio tem ocupado, nos últimos anos, um papel de
destaque nas discussões sobre educação brasileira, pois sua estrutura, seus
conteúdos, bem como suas condições atuais, estão longe de atender às necessidades
dos estudantes, tanto nos aspectos da formação para a cidadania como para o
mundo do trabalho.
Como afirma Oliveira, Braga e Prado (2017), entende-se assim que depois de fase inicial de
aprendizado e entendimento do mundo, introduzidos pela família, a escola é a instituição que
desempenha o papel mais importante para o desenvolvimento cognitivo, intelectual e cultural dos
jovens. É neste ambiente que, desde os seus três anos de vida até o início da fase adulta, crianças e
jovens passam boa parte do dia e obtendo conhecimentos e experiências educacionais. O ambiente
escolar, pelos seus objetivos, pelas suas características e pelo tempo que os alunos o vivenciam, é o
local que mais influência e prepara nossos jovens para serem cidadãos de uma sociedade. Este fato
por si só revela como é importante e decisivo tudo o que é ensinado e aprendido nas escolas. Os
programas curriculares e a prática educativa têm o poder de definir a formação de um cidadão
autônomo e participativo ou não.
Segundo Ladeira (2018, p. 252 e 253) o desenvolvimento do pensamento crítico é
fundamental para o exercício da cidadania. Segundo o autor,
Para compreender a atual proposta para o Ensino da Geografia é necessário conhecer o que os
atuais Parâmetros Curriculares preconizam para a área da Geografia no Ensino médio. São objetivos
específicos para o ensino dos conhecimentos sobre Geografia:
• compreender e interpretar os fenômenos considerando as dimensões local, regional,
nacional e mundial; dominar as linguagens gráfica, cartográfica, corporal e iconográfica; e
• reconhecer as referências e os conjuntos espaciais, ter uma compreensão do mundo
articulada ao lugar de vivência do aluno e ao seu cotidiano. (BRASIL, 2006)
Para possibilitar uma visão mais detalhada dos conhecimentos ministrados na Geografia, são
relacionados a seguir os conceitos básicos estruturantes, constantes dos PCN, a serem trabalhados
no ensino médio:
• ESPAÇO E TEMPO: Principais dimensões materiais da vida humana e Expressões
concretizadas da sociedade. Condicionam as formas e os processos de apropriação dos
territórios e expressam-se no cotidiano caracterizando os lugares e definindo e
redefinindo as localidades e regiões.
• SOCIEDADE: Consideradas as relações permeadas pelo poder, apropria-se dos
territórios (ou de espaços específicos) e define as organizações do espaço geográfico
em suas diferentes manifestações: território, região, lugar, etc., os processos sociais
redimensionam os fenômenos naturais, o espaço e o tempo.
• LUGAR: Manifestação das identidades dos grupos sociais e das pessoas, noção e
sentimento de pertencimento a certos territórios, concretização das relações sociais
vertical e horizontalmente.
• PAISAGEM: Expressão da concretização dos lugares, das diferentes dimensões
constituintes do espaço geográfico. Pelas mesmas razões já apontadas, não limitaria a
paisagem apenas ao lugar. Permite a caracterização de espaços regionais e territórios
considerando a horizontalidade dos fenômenos.
• REGIÃO: Região se articula com território, natureza e sociedade quando essas
dimensões são consideradas em diferentes escalas de análise. Permite a apreensão das
diferenças e particularidades no espaço geográfico.
• TERRITÓRIO: O território é o espaço apropriado. Base da região. Determinação
das localizações dos recursos naturais e das relações de poder. A constituição cotidiana
de territórios tem como base, as relações de poder e de identidade de diferentes grupos
15
sociais que os integram, por isso eles estão inter-relacionados com conceitos de lugar e
região.
Sposito e Sposito (2019) ao estudarem os PCN de Geografia para o ensino médio fizeram o
seguinte questionamento: o espaço geográfico deve ser, realmente, o conceito central para o ensino
de Geografia?
De acordo com Girotto e Santos (2011, p.140),
pouco ou nada temos contribuído, como professores, para que nossos alunos
possam construir interpretações mais profundas e ricas em detalhes sobre tais
fenômenos. Na prática cotidiana em sala de aula, insensivelmente, acabamos por
naturalizar esses fenômenos que são, essencialmente, políticos. Em nosso caso
específico, como professores de geografia, isto se torna um equívoco ainda maior,
uma vez que a geopolítica se constitui enquanto um dos conhecimentos
fundamentais desta ciência.
Parece haver uma distância em escala surreal entra as duas esferas, tanto que a
geografia escolar tornou-se obsoleta e desmotivadora, é aquela que não necessita
de tanta dedicação ou horas de estudo, pois basta decorar os rios de tal lugar, a
capital daquele país ou o relevo da cidade. Pronto! Comemoremos a aprovação.
Uma disciplina tem que ser visualizado pelos alunos de forma prática e significativa para
gerar motivação no seu aprendizado. O estudo não pode possuir o propósito exclusivo de aprovação
no ano escolar.
Citando a BNCC (2016, p.456),
a escola que acolhe as juventudes deve: ...garantir o protagonismo dos estudantes
em sua aprendizagem e o desenvolvimento de suas capacidades de abstração,
reflexão, interpretação, proposição e ação, essenciais à sua autonomia pessoal,
profissional, intelectual e política;
Uma das maiores aspirações e propósito dos professores é se possibilitar aos seus alunos se
tornarem pessoas mais qualificadas com o conteúdo que ele está ensinando.
Conforme Araújo (2012, p.286),
Não queremos dizer aqui que a geografia física não é importante, afinal ela também
é área do conhecimento desta disciplina. O que devemos é refletir até que ponto
nós podemos deixar de lado as discussões sociais, as possíveis atitudes que devem
ser tomadas para que as modificações de ordem local tomem proporções em âmbito
global, assim como o contrário,...
16
Enquanto o autor coloca que não se pode oferecer ao aluno conhecimentos enciclopédicos e
isolados, é trazida a geopolítica como a proposta de algo novo, integrador e com um potencial de
expansão e aplicação que ultrapassa o ambiente escolar. Desafios são motivadores e incentivam os
jovens a quebrar os limites antes traçados. Substitui-se a proposta de ler e decorar para passar pelo
objetivo é entender, pensar e interagir com outros conhecimentos, para a formação de um
pensamento mais complexo e útil.
Estudos de autores como Straforini (2008, p. 51) afirmam,
Este é o principal problema da formação para a cidadania e para isto é necessário saber como
organizar as informações sobre o mundo e interpretá-las. Como perceber e conceber o contexto
onde se vive, o global, o multidimensional, o complexo? Para articular os conhecimentos e assim
reconhecer e conhecer os problemas do mundo e emitir respostas a esses problemas complexos, é
necessária a reforma do pensamento (MORIN, 1921, p.35).
De acordo com BRASIL (2013, p.145),
Visualiza-se como os jogos de poder, na maioria dos casos, não são diretos. Dificilmente se
declara uma guerra ou se apropria de parte do patrimônio de uma nação de forma abrupta e visível.
Casos assim até acontecem, mas na maioria deles, a abordagem é sutil, ocorre de forma indireta ou
dissimulada, muitas vezes o terreno vem sendo preparado há anos atrás para se conseguir o
objetivo. Napoleão, Hitler, Alexandre e outros tentaram dominar o mundo pela força e foram bem
sucedidos apenas durante curto espaço de tempo. Os EUA, através de várias políticas sociais,
econômicas e militares, conseguiram uma hegemonia durante diversas décadas. E hoje, a China
cresce econômica, financeira e comercialmente mais do que qualquer nação, fazendo com que
quase todos os países do mundo a tenham como principal parceiro comercial, tudo isto sem disparar
um único tiro. Durante quanto tempo perdurará esta nova hegemonia da China? O que o Brasil pode
fazer para não ficar tão dependente? Podemos acreditar que a política chinesa vai sempre beneficiar
nossos interesses? Para esses, e outros questionamentos, a geopolítica pode fornecer ideias e
soluções na mente de nossos jovens.
Conforme Freire (1996, p.15),
Para Freire e Morin, a mudança nos currículos escolares pela introdução de disciplinas
integradoras trará benefícios, tais como: a consciência e compreensão do que está ocorrendo no
momento histórico do país, na cidade ou no bairro, conduzirá a um olhar mais crítico do que é a
realidade, e possibilitando entender o contexto, o conjunto e as relações mútuas e influências entre
as partes e o todo.
E como a geopolítica pode gerar benefícios na educação e formação de jovens do ensino
médio e qualificá-los a serem cidadãos mais conscientes e capazes de protegerem os melhores
interesses deste país?
De acordo com Lacoste (2009, p.128),
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de como a geopolítica pode
ser útil no aperfeiçoamento de alunos do ensino médio.
O trabalho buscou como foco o questionamento de quais seriam os benefícios a longo e médio
prazo que seriam incorporados para a sociedade e o Estado brasileiro com a introdução do ensino de
Geopolítica no ensino médio. E para esclarecer esta pergunta, o trabalho foi dividido em três seções.
A primeira seção foi intitulada de geopolítica na atualidade, nela foram apresentadas diversas linhas
de entendimento da definição de geopolítica; a segunda seção, contexto escolar, se restringiu a
apresentar a situação do aprendizado de geopolítica, e disciplinas correlacionadas, no contexto
escolar, mostrando as deficiências e limitações presentes neste ambiente; e na terceira seção foram
demonstrados os benefícios e importância na implantação da geopolítica na escola.
O tema apresentado é de grande relevância para o estado brasileiro porque influência em toda
a formação das gerações futuras. Esse assunto não afeta apenas um grupo, ou uma região, ou
alguma classe social, ele afeta todos os cidadãos que formam nossa sociedade.
23
Entende-se que com os ganhos na capacitação de análise de cenários, na criação de uma
mentalidade de defesa e proteção dos interesses nacionais, na visualização de interesses adversos,
na solução de problemas, e na qualificação multifacetada de interpretação de situações,
apresentados ao longo do trabalho, conseguiu-se atender ao objetivo principal de analisar a
pertinência da inclusão da Geopolítica, como fator de desenvolvimento do pensamento estratégico
no ensino médio.
Uma das possíveis sugestões para ser implementar uma prática mais consistente do ensino,
seria a implementação de “clubes de geopolítica” no ensino médio.
Os objetivos específicos de descrever a Geopolítica na atualidade foi elucidado na primeira
seção; o objetivo específico de analisar o cenário atual, bastante restrito de conhecimento e análise
crítica de alunos, do ensino médio foi alcançado na segunda seção; e o objetivo específico de
relacionar os benefícios da adoção da geopolítica no ensino médio foi demonstrado na terceira
seção. Todas as seções esclareceram um dos objetivos específicos e contribuíram coletivamente na
concretização do objetivo principal.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Elisabeth Cristina Dantas de. Geopolítica e Geografia Escolar: o desencontro das
temáticas e os desafios atuais da formação cidadã. Revista de Geopolítica, Natal - RN, v. 3, nº 2, p.
285 – 295, jul./dez. 2012. 286. Disponível em
http://www.revistageopolitica.com.br/index.php/revistageopolitica/article/viewFile/61/68#:~:text=P
arece%20haver%20uma%20dist%C3%A2ncia%20em,ou%20o%20relevo%20da%20cidade.
Acesso: 10 maio 2020.
ARAÚJO, Jailton Macena de, Cidadania, desenvolvimento e dignidade humana: uma releitura da
esfera pública arendtiana à luz da solidariedade. Pensar Revista de Ciências Jurídicas, Fortaleza, v.
22, n. 2, p. 567-580, maio/ago. 2017. Disponível em
https://periodicos.unifor.br/rpen/article/viewFile/4815/pdf. Acesso: 10 junho 2020.
AZEVEDO, A. de. A geografia a serviço da política. Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, nº
21, pág. 42-68, outubro de 1955. Disponível em http://www.seer.ufu.br/
index.php/emrevista/article/view/38094/2009. Acesso: 11 agosto 2020.
24
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996.
BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 de junho de 2014. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso: 3 agosto 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2016.
Disponível em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base. Acesso: 10 junho 2020.
COSTA, Wanderley Messias da. A Geopolítica brasileira e sua influência no pensamento estratégico
nacional 2017. Disponível em https://journals.openedition.org/espacepolitique/4132. Acesso: 11
junho 2020.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio Júnior; Dicionário escolar da língua portuguesa,
Curitiba: Positivo, 2011.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. –
São Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura) ISBN 85-219-0243-
Disponível em https://cpers.com.br/wp-content/uploads/2019/09/9.-Pedagogia-da-Autonomia.pdf.
Acesso: 16 agosto 2020.
25
FULGENCIO, Paulo Cesar. Glossário Vade Mecum: administração pública, ciências contábeis,
direito, economia, meio ambiente: 14000 termos e definições. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.
LACOSTE, Yves. A geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. 15ª ed. Campinas:
Papirus, 2009. Disponível em https://www.academia.edu/ 22342304/Yves_Lacoste_-
_A_Geografia_-_Isso_serve_em_primeiro_lugar_para_ fazer_a_guerra?auto=download. Acesso: 3
maio 2020.
MIYAMOTO, S. Geopolítica e poder no Brasil. São Paulo: Ed. Papirus, 1995. Disponível em
https://www.researchgate.net/publication/216801247_Geopolítica_e_poder_no_Brasil/link/5d5d48c
4a6fdcc55e81d8c5c/download. Acesso: 3 maio 2020. Acesso: 3 maio 2020.
MORIN, Edgar. 1921- Os sete saberes necessários à educação do futuro / Edgar Morin ; tradução de
Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya ; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. – 2.
ed. – São Paulo : Cortez ; Brasília, DF : UNESCO, 2000. Disponível em
http://arquivos.info.ufrn.br/arquivos/2012133176826a1035842e1211faee999/setesaberesmorin.pdf.
pdf. Acesso: 22 maio 2020.
OLIVEIRA, Izabel Lúcia dos Santos; BRAGA, Andrelina Pelaes; PRADO, Cleidia Maria
Nogueira. Participação da família no desenvolvimento da aprendizagem da criança. Estação
Científica (UNIFAP), Macapá, v. 7, n. 2, p. 33-44, maio/ago. 2017., disponível em
https://periodicos.unifap.br/index.php/estacao/article/download/2325/izabelv7n2.pdf. Acesso: 22
maio 2020.
RICETO, Álisson. A Geopolítica no Ensino Médio: uma área intimamente geográfica. Ensino Em
Re-Vista | Uberlândia, MG | v. 24 | n. 02 | p. 385-407 | jul./dez./2017 ISSN: 1983-1730. Disponível
em http://www.seer.ufu.br/index.php/emrevista/article/view/38094/20097. Acesso: 15 agosto 2020.
RODRIGUES, Eduardo de Oliveira. A Geopolítica em sala de aula: não somente tema, mas também
ferramenta de análise da geografia escolar? Giramundo, Rio de Janeiro, V. 3, N. 6, P.91-98,
JUL./DEZ. 2016.
SCHMELKES, Sylvia. Buscando uma melhor qualidade para nossas escolas Brasília: MEC/SEF,
1994. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002508.pdf. Acesso: 25
maio 2020.
26
SILVA, Denize Elena Garcia da; RAMALHO, Viviane. Discurso, imagem e texto verbal: uma
perspectiva crítica da multimodalidade. Universidade de Brasília. Revista ALED 12 2008, pp. 7-29
Disponível em https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/5959018.pdf. Acesso: 6 setembro 2020.
SPOSITO, Maria E. Beltrão; SPOSITO, Eliseu Savério. GEOGRAFIA como tratada nos PCNEM -
. 2019. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/12Geografia.pdf. Acesso: 7
setembro 2020.
STRAFORINI, R. Ensinar Geografia: o desafio da totalidade: mundo nas séries iniciais. 2 ed. São
Paulo: Annablume, 2008. Disponível em http://repositorio.unicamp.br/
jspui/bitstream/REPOSIP/287405/1/Straforini_Rafael_M.pdf. Acesso: 17 maio 2020.
VESENTINI, José William. Nova ordem, imperialismo e geopolítica global. Campinas, SP, Papirus,
2003.