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Os 8 Princípios do Inovador Público:

Quintessência da Rede de
Inovadores
Published on January 15, 2020

A cultura de experimentação em estado vivo: um ano de Rede de


Inovadores

A partir de dezembro de 2018, o LabX tem promovido uma comunidade


de práticas, a Rede de Inovadores, que atualmente conta com cerca de
500 membros, permitindo que estejam em interação independentemente
da área governativa a que pertençam ou do patamar hierárquico a que
estão associados. Os objetivos da Rede de Inovadores passam por criar
um espaço seguro para a comunidade de inovadores da Administração
Pública, dar visibilidade a casos que estão a transformar o setor
público e partilhar as abordagens, metodologias e instrumentos
utilizados para inovar. Para tanto, os membros da Rede de Inovadores têm
acesso a uma gama diversa de pontos de contacto, que vão desde a
consulta de um boletim informativo - LabXpresso, que já conta com 5
edições -, a reuniões informais para partilha de experiências e lições
aprendidas – as Oficinas@LabX – e, por último, a integração em
programas de mentoria (três dos quais já puderam, aliás, ser
apresentadas aos outros colegas da Rede de Inovadores numa
Oficina@LabX), em que os colegas contam com o acompanhamento do
LabX para promoverem eles próprios experimentação no setor público,
através do desenvolvimento de projetos inovadores, sessões
colaborativas ou outras atividades participativas.

Acima de tudo, a ideia é promover o desenvolvimento de


competências práticas e a disseminação de uma cultura de
experimentação em estado vivo. Por isso se criam oportunidades para
que os próprios membros inscrevam na agenda da Rede de Inovadores os
seus próprios desafios – são conduzidas regularmente consultas para
auscultar propostas de temas para sessões, por exemplo – e para que
contribuam com ideias, críticas e sugestões para os projetos dos outros
colegas participantes. Foi isso mesmo que sucedeu com o projeto
Intranet.gov, em que os colegas promotores desse projeto partilharam as
questões que tinham com os outros colegas e reuniram assim propostas
que os ajudaram a preparar de maneira informada a continuação do
projeto.

Um compromisso com a mudança

Qualquer trabalhador da Administração Pública pode inscrever-se nesta


comunidade, bastando que subscreva a Carta de Princípios do Inovador
Público. Ora, este guia para a ação resultou dos contributos dos próprios
membros da rede durante uma sessão colaborativa, em que os colegas,
usando a metodologia LEGO® SERIOUS PLAY®, tiveram oportunidade de
construir em grupo, de maneira colaborativa, a visão que tinham para a
Rede de Inovadores, a sua missão e os seus valores. Podendo contar
ainda com o influxo das aprendizagens concentradas pela própria
atividade do LabX, um aspeto crítico desta Rede de Inovadores é
precisamente a autonomia enquanto comunidade de práticas, por
exemplo contribuindo para a definição dos seus instrumentos e das suas
regras de ação.

Logo numa fase inicial, os membros da Rede de Inovadores foram


desafiados a partilhar expectativas e dúvidas e, depois, a melhorar as
sucessivas versões do Toolkit para Serviços Públicos centrados no
Cidadão, especificamente criado para o contexto da Administração
Pública portuguesa. Também na definição dos princípios orientadores, os
membros tiveram um papel ativo. Foi nestes oito princípios que
convergiram os contributos dados pelos colegas da Administração
Pública reunidos pela Rede de Inovadores, tendo adquirido a sua forma
definitiva pela combinação com as experiências acumuladas pelo LabX ao
longo dos seus dois anos de experiência contínua. Não é suposto serem o
equivalente de um novo dogma da Administração Pública. Os oito
Princípios do Inovador Público são a quintessência da Rede de
Inovadores: a substância ativa que mobiliza os seus participantes.
Mais do que princípios abstratos e apenas retóricos, eles destinam-se
precisamente a serem operacionalizados nas práticas quotidianas,
mesmo as mais correntes e aparentemente insignificantes.

Imagem - Os 8 Princípios do Inovador Público

Para começar, um inovador público centra-se nos cidadãos e nas


empresas. Podemos até não prestar diretamente um serviço a cidadãos e
empresas, mas, no fim de contas, é aos cidadãos e às empresas deste
país que temos que servir enquanto servidores públicos. Por outras
palavras, devemos defender que os serviços públicos sejam desenhados
para corresponderem às necessidades e expectativas dos nossos
cidadãos e das nossas empresas.

Depois, um inovador público não é só aquele que tem umas ideias


originais, é também aquele que contribui ativamente para que aumente
a eficiência dos seus serviços públicos, em primeiro lugar da sua
instituição e do seu posto de trabalho. O objetivo é que haja uma
otimização na utilização dos recursos públicos, que são recursos que
dizem respeito a todos nós enquanto trabalhadores - e, obviamente,
enquanto cidadãos que também somos.

Um inovador público deve derrubar barreiras à participação. Desde


logo, derrubar barreiras à participação dentro das nossas instituições, por
exemplo, criando hábitos de trabalho colaborativos entre equipas de
diferentes divisões ou departamentos. Derrubar barreiras à participação é
também permitir que a Administração Pública portuguesa seja uma
Administração Aberta. Portugal é um dos países signatários da
administração aberta, que contempla princípios que defendem a
integridade, a transparência, a auditoria dos processos, e a participação
de cidadãos ao longo de todo o processo de criação ou desenvolvimento
de um serviço público.

Nas suas intervenções, um inovador público usa o conhecimento


disponível para informar decisões e desenvolver melhores serviços
públicos. Não é ignorar olimpicamente o que nos diz o conhecimento
existente sobre um certo problema, só porque estamos convencidos de
que já sabemos tudo ou temos um bom palpite sobre o que o que vai
funcionar como solução. Não. Um inovador público promove uma
investigação robusta e aproveita o conhecimento que existe, seja o
conhecimento da nossa organização, seja a pesquisa realizada pelo
sistema científico nacional, de maneira a que esse conhecimento para
informar a tomada de decisões.

Um inovador público trabalha em colaboração. Esta palavra


"colaboração" não tem um sentido despiciendo, porque, entre outras
coisas, resume a postura que permite que nós possamos valorizar a
diversidade de pontos de vista. Não pensamos todos da mesma maneira
o mesmo desafio. Porque num problema público temos múltiplos
parceiros que são afetados por eles, temos, sim, que aproveitar de
maneira proveitosa essa diversidade: desde a nossa equipa ou outras
equipas de entidades públicas até diferentes grupos de cidadãos, os
diferentes parceiros que devem ser trazidos para o espaço de debate e
devem envolvidos desde uma fase muito precoce dos projetos.
Ser um inovador público implica testar antes de implementar. Antes de
começarmos a implementar uma solução, vamos testá-la a uma escala
controlada, com um protótipo ou um piloto, por exemplo. Vamos, desde
logo, aprender com a sua concretização, inclusive com os «erros» ou
«desvios» que sempre surgem quando se aplica uma ideia ao mundo real,
sobretudo quando são inovadoras. Vamos, porém, realizar essa
aprendizagem sem comprometer recursos de maneira desnecessária,
nem comprometer uma ideia com potencial por causa de um início
equivocado. Desta maneira, não só os próprios «erros» e «desvios» se
tornam em aprendizagens, como podemos diminuir a margem de risco
gradualmente até chegar o momento de implementar a solução definitiva,
que estará, por essa altura, muito melhorada em relação à sua versão
inicial.

Um inovador público também se compromete em avaliar para melhorar.


Um serviço público deve ser monitorizado depois de ser lançado. Desde
logo para se poder integrar as reações, as experiências e as opiniões dos
seus utilizadores, dado que todas elas servem para verificar a correta
aplicação de recursos no seu funcionamento e para alimentarem,
eventualmente, a sua melhoria contínua. Esta iniciativa pode apelar para
distintas modalidades de avaliação, desde a avaliação rigorosa do
desempenho ou do cumprimento de objetivos em termos quantitativos
até à integração de dimensões ditas «qualitativas» da experiência do
serviço. Uma cultura de avaliação duradoura e saudável depende desta
constante atenção aos serviços públicos.

Porque esta é uma história em contínua mudança, ser um inovador


público é estar aberto ao futuro. O que surge hoje em dia como
«inovador» pode não o ser daqui a 5 anos, ou menos ainda. Podemos
intuir tendências, podemos até tentar antecipar esses desenvolvimentos
com instrumentos de visão estratégia – como o foresight, a que temos
prestado atenção no LabX -, só que ninguém adivinha o futuro. Podemos,
todavia, manter uma atitude de alerta para os desafios emergentes da
Administração Pública e para as potenciais soluções que se vêm
perfilando à medida que o tempo passa. Mais: devemos aceitar que ser
inovador implica assumir a responsabilidade da sua constante superação
pessoal decorrente da aceitação de que é impossível «congelar» o curso
da história.

«Fazer um balanço» para «tomar balanço»

No passado dia 11 de dezembro, assinalámos o primeiro ano de atividade


desta Rede de Inovadores com a organização simultânea de quatro
sessões colaborativas, elas próprias demonstrativas da multiplicidade
de interesses que aqui convergem. Desde o uso de blockchain pela
Administração Pública à integração da participação cidadã no
desenvolvimento de políticas públicas, passando pela prototipagem
rápida e o uso de modos inovadores de promoção da cultura de
trabalho (como o LEGO® SERIOUS PLAY®), a iniciativa contou com a
participação ativa de mais de seis dezenas de trabalhadores da
Administração Pública. Agora, já depois de cumprir esse aniversario, a
Rede de Inovadores está concentrada em encontrar um modo
orgânico de continuar a crescer sem perder a densidade dos seus
relacionamentos pessoais e profissionais. Se vimos que a Rede de
Inovadores serve como plataforma de referência que garante uma
continuidade ainda que os seus membros mudem de serviços, pela
mobilidade entre entidades por exemplo, a sua nova linha de horizonte
abrange agora os pontos agregadores que podem servir para suportar a
multiplicação de fóruns e atividades ou a capilarização de ligações pela
Administração Pública adentro. A resposta a este desafio, porém, será
sempre dada pelos próprios membros da Rede de Inovadores. O tempo
de uma rede assim, que deve estar em constante reinvenção para não se
tornar supérflua, tem que ser sempre o futuro – e os desafios que implica
estar sempre a recomeçar a construi-lo a partir do agora.

Boas leituras!

Equipa LabX

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