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16 min leitura
Por mais incrível e gigante que uma companhia seja, ela não vai conseguir reunir todas
as melhores condições para inovar sozinha. O problema é que o conceito tradicional
de inovação usa uma estrutura vertical, em que as pesquisas são feitas internamente,
assim como o desenvolvimento de produtos e serviços, que só então são
apresentados ao mercado.
O conceito de Open Innovation — ou inovação aberta, em português — quebra esse
paradigma. Ele foi criado por Henry Chesbrough, professor de da universidade de
Berkeley, nos Estados Unidos e autor de um livro com o mesmo nome.
A ideia é justamente abrir o conceito de inovação de forma que haja colaboração entre
empresas, indivíduos e órgãos públicos na criação de novos produtos e serviços. Para
as empresas, é um tabu que cai, já que essas pesquisas sempre foram guardadas a
sete chaves como um grande segredo industrial.
No entanto, o fato é que a ciência alcançou um nível tão alto de complexidade que é
preciso unir forças para continuar inovando. Por sorte, vivemos em um mundo hiper
conectado, que permite comunicação fácil. A parceria com outros players ainda pode
produzir aquela mágica que os empreendedores tanto amam: reduzir custos, com o
bônus de diluir os riscos.
Pensando nisso, preparamos este artigo super completo sobre o tema. Aqui você vai
entender melhor o que é inovação aberta, como ela se diferencia do conceito
tradicional de inovação, os benefícios que traz para as empresas, como implantá-la no
seu negócio, quais são os principais desafios para isso e, por fim, ainda vai entender
como ela ajuda a aproveitar melhor os talentos da organização. Confira!
Quando decidiu voltar para a universidade e fazer seu PhD, quis trabalhar para fazer
essa aproximação. Foi nesse contexto que ele criou o conceito de Open Innovation e
publicou, em 2003, seu livro sobre tema, que propõe uma abordagem de inovação
mais bem-distribuída entre os stakeholders, mais participativa e mais descentralizada.
Para entender melhor, vamos colocar a definição exata dada pelo autor: “inovação
aberta é o uso de fluxos de conhecimento internos e externos para acelerar a inovação
interna e expandir os mercados para o uso externo de inovação, respectivamente”.
Vemos, portanto, que estamos falando de uma via de mão dupla. A empresa tira
proveito do conhecimento que é produzido externamente, utilizando-os no
desenvolvimento de produtos e serviços. Ao mesmo tempo, o mercado como um todo
ganha esse novo conhecimento que foi agregado e outros interessados podem fazer
uso dele, formando, assim, um círculo virtuoso.
Por óbvio, não é todo conhecimento que vai para o mercado, senão a empresa que
bancou todo esforço de pesquisa não teria como proteger seu investimento nem ter
ganhos com isso. Mas, no processo, surgem ideias que, no fim, não são utilizadas ou
que são subutilizadas e que a companhia pode decidir liberar para o mercado para que
sejam incorporadas ao processo de inovação de outros interessados.
O conceito provou seu valor e a ideia “pegou”. Chesbrough conta que, antes de
publicar seu livro sobre o tema, fez uma busca pela expressão “Open Innovation” no
Google e a ferramenta retornou cerca de 200 resultados. Em 2010, fez novamente a
mesma busca e obteve 13 milhões de links. Fizemos aqui mais uma vez a mesma
pesquisa em 2020 e obtivemos nada menos do que 1,29 bilhão de retornos sobre o
tema.
Promove o networking
Por mais que você leia sobre o assunto relacionado ao seu trabalho, faça cursos e
participe de eventos e workshops, em grande parte dos casos a verdade é que seu
círculo profissional continua bastante restrito aos colegas que trabalham na mesma
empresa.
Com o Open Innovation, você vai de fato trabalhar com pessoas de outros lugares, de
outras empresas, de universidades, de órgãos públicos. Isso aumenta
exponencialmente seu networking e dá uma visão 360° do setor no qual você atua.
Para a empresa, isso também é benéfico, uma vez que o profissional traz para a
organização tudo o que adquiriu nessa troca de conhecimento, inclusive possíveis
nomes que podem em algum momento vir a fazer parte do quadro da companhia.
Hackatons
Os hackathons são maratonas que envolvem programadores, desenvolvedores,
designers gráficos, gerentes de projetos e outros profissionais multidisciplinares para
trabalhar em projetos de tecnologia, com o objetivo de criar um recurso novo ou achar
uma solução para uma questão proposta.
Estamos falando de tecnologia, mas essa metodologia pode ser usada para quaisquer
setores, formando equipes multidisciplinares como as que atuariam no
desenvolvimento de um projeto desse tipo.
As maratonas podem durar um dia ou um fim de semana e ocorrem em um espaço
confinado. No fim, todos os participantes apresentam suas ideias a um grupo de juízes,
que escolhem os melhores trabalhos e premiam esses participantes.
Crowdsourcing
O crowdsourcing é um processo colaborativo no qual as pessoas se reúnem em torno
da solução de problemas ou para desenvolver algo específico. Podemos dizer que é
como montar um time para um projeto, mas os membros dessa equipe não são
necessariamente da sua empresa.
Aqui podemos ter uma pessoa da empresa, outra de uma universidade, outra de um
órgão público, profissionais de organizações complementares e até clientes. A ideia é
criar o “dream team” para desenvolver aquela ideia.
Um exemplo é a plataforma Fiat Mio, da montadora italiano, que permite que os
clientes opinem no desenvolvimento de um carro-conceito que servirá de base para os
próximos modelos da marca.
Cocriação
A cocriação é uma estratégia em que você traz pessoas de fora para dentro da sua
empresa com o objetivo de estimular a inovação. A principal diferença em relação ao
crowdsourcing é que aqui o protagonista continua sendo a empresa, enquanto no
crowdsourcing a equipe é mais variada e todos são “donos” do projeto.
Quais são os principais desafios na implantação
do Open Innovation?
Como em tudo na vida, o Open Innovation também apresenta alguns desafios para as
empresas. O primeiro deles está ligado aos aspectos de propriedade intelectual e a
riscos legais. Existe um potencial para disputa sobre direitos de propriedade intelectual
que pode obstruir o desenvolvimento de inovações apresentadas por fontes externas.
Por isso, é preciso controlar com rigor quais e quantas informações a empresa
pretende abrir, além de colocar em contrato a propriedade intelectual e cláusulas de
confidencialidade.
Outro desafio diz respeito à capacidade da empresa de transformar essas ideias todas
que são apresentadas em produtos e serviços viáveis e podem ser comercializados.
Por isso, é interessante que haja nos grupos de inovação um profissional da
organização que seja capaz de conduzir o time para apresentar soluções que a
empresa consiga de fato desenvolver e que façam sentido do ponto de vista
econômico.
https://distrito.me/inovacao-aberta-open-innovation/