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Ferramentas Práticas para a Inovação

Roteiro de

Estudos
Mestra Marcela Gimenes Bera Oshita.

As empresas, cada vez mais, sentem-se desafiadas pelo aumento da competição, que passou
de local para mundial. A tecnologia reduziu as fronteiras, possibilitando a realização de
comércio e parcerias entre organizações presentes em diversos países. Diante desse cenário,
as empresas sentiram a necessidade de inovar de forma contínua, a fim de manter a sua
competitividade, uma vez que a inovação possibilita ganhos de produtividade, redução de
custos, produtos diferenciados, dentre outros.

Nesse contexto, Jugend e Silva (2013) destacam que a palavra “inovação” significa introduzir
novidades com caráter comercial e aplicado. Isso porque os autores afirmam também que as
atividades de inovação derivam da exploração de mudanças e das possibilidades de fazer as
coisas de formas novas ou diferentes.

Ao ler este roteiro, você irá:

refletir sobre o que é criatividade e a inovação;


distinguir criatividade e inovação;
conhecer quais são os tipos de inovação;
analisar como é o processo de inovação;
avaliar quais as competências necessárias para o processo de inovação;
avaliar ferramentas para a inovação;
usar ferramentas inovadoras para sua área de formação.
Introdução
Cada vez mais o ciclo dos produtos vem se reduzindo, isto é, as empresas precisam
desenvolver um maior número de produtos em um período menor de tempo. São produtos
que, por vezes, ficam vulneráveis ao aumento da concorrência a nível mundial, às mudanças de
necessidades, aos gostos dos clientes e ao emprego de novas tecnologias.

Nesse contexto, você já parou para pensar na diferença entre a criatividade e a inovação? A
criatividade é pensar em coisas novas e a inovação é a aplicação prática da criatividade, isto é,
tornar a ideia comercialmente viável. Entretanto, quem precisa inovar? A resposta é: as
organizações que, diante do cenário econômico atual, precisam estar constantemente
inovando. Inovando não somente em relação ao diferencial de produtos ou serviços, mas em
todo ambiente organizacional, tais como: RH, vendas, marketing, produção, administração,
entre outros. Portanto, a inovação é inerente à manutenção da competitividade das
organizações no mercado.

Inovação versus criatividade

Fonte: Scanrail /123RF.


Fonte: Deklofenak / 123RF.

De acordo com Scherer e Carlomagno (2016, p. 19), a inovação não é algo simplesmente novo.
É algo novo que traz resultados para a empresa. O mundo está cheio de inventores que nunca
obtiveram sucesso com suas ideias “brilhantes”. Assim, o autor salienta que a inovação é a
transformação de novas ideias em resultado.

Nesse sentido, a principal diferença entre criatividade e inovação é que a criatividade significa
conceber novas ideias (ideias criativas, muitas vezes, subjetivas e de difícil mensuração). Por
sua vez, a inovação é totalmente mensurável, já que está voltada para o trabalho necessário
para viabilizar uma ideia. Ao identificar uma necessidade não reconhecida e não atendida, uma
organização pode usar a inovação para aplicar seus recursos criativos, a fim de projetar uma
solução apropriada e colher o retorno de seu investimento, o que leva as organizações a
perseguirem frequentemente a criatividade, entretanto a geração de valor está na inovação. É
isso o que as organizações realmente precisam perseguir no sentido da produção de ação, isto
é, colocar as ideias para funcionar.

De acordo com Carvalho (2017, p. 29), a geração da ideia de um novo produto pode ser o
resultado de uma intuição e acontecer a qualquer momento, seja como resultado de um
esforço intencional ou não. O caminho puramente intuitivo para a ideação depende de insights,
originados no subconsciente:

Os processos de criatividade exigem um pensamento não convencional, ideias


brutas e refinadas, experimentação, ambiguidade e incerteza, pesquisa,
intuição, surpresa, audácia, encontrar as coisas certas, perguntar e explorar o
desconhecido, aproveitar as oportunidades, visualizar o futuro e estudar as
opções para desenvolver inovações tanto incrementais quanto as mais radicais.
Por sua vez, os processos de criação de valor utilizam pensamento
convencional, engenharia e manufatura, precisão, compensações, compra e
venda de idéias, fazer tudo certo, responder perguntas e verificar soluções,
evitar riscos desproporcionais e levar o produto ao mercado (ROCHA, 2009, p.
35).
Nesse contexto, a diferença principal entre criatividade e inovação é que a criatividade se refere
a conceber uma nova ideia ou plano (imaginação), enquanto a inovação implica em iniciar algo
novo no mercado (produção), que não é apresentado antes.

Conforme Rocha (2009, p. 36) “a criatividade é entendida como inspiração e disciplina, apoiada,
orientada e possibilitada por metodologias e processos para que chegue a uma ação que gera
inovação”.

Assim, observe que na criatividade não há dinheiro e risco envolvido, haja vista isso
normalmente estar ligado à inovação, já que esta significa desenvolver as ideias recém-criadas
em algo útil e prático. Em muitos aspectos, a inovação é o processo de conversão da teoria em
ação.

Scherer e Carlomagno (2016, p. 19) destacam que “a criatividade é apenas uma parte da
inovação que passa pela definição de estratégias, avaliação de ideias, experimentação, gestão
de projetos e monitoramento de resultados”. Nesse sentido, os autores reforçam que a busca
da competitividade futura passa pela recolocação da inovação como estratégia de negócios, e a
compreensão do que é e o que não é inovação pode auxiliar nesse desafio.

Tipos de inovação
Para Gonçalves e Sugahara (2015, p. 2), “a inovação pode ser vista desde pequenas
modificações, quase imperceptíveis aos usuários até mudanças que irão alterar o modo de vida
da sociedade”.

Nesse aspecto, quando pensamos em inovação, logo vem em nossa mente a criação de novos
produtos. Jugend e Silva (2013) destacam que a inovação não está limitada somente aos
programas de desenvolvimento de novos produtos. Tradicionalmente, ela pode ocorrer
também por meio da introdução de novas formas de gestão nos processos de produção e,
também, via abertura de novos mercados. A seguir, Jugend e Silva (2013) definem cada um
desses tipos de inovação.

Inovação de produtos e serviços está relacionada à criação de novos produtos ou


melhorias nos já existentes. Por exemplo: o lançamento do telefone celular, do
armazenamento dos dados em nuvem, do material didático de uma instituição de ensino,
da câmera fotográfica no celular, dentre outros.

Inovação de processos está relacionada ao desenvolvimento de novos processos ou à


introdução de novidades nos processos de produção já existentes. Por exemplo: a
operacionalização de um novo layout (arranjo físico de produção), a substituição de uma
máquina velha por uma mais nova e rápida para produzir com maior velocidade
determinado produto, a adoção de realidade virtual para simular e testar soluções no
projeto de um novo produto.
Inovação de gestão está relacionada a novos métodos voltados para a gestão de uma
organização. Por exemplo: a introdução de práticas de qualidade, redução de custos em
uma empresa, a formação de equipes multifuncionais e a inserção da estrutura
organizacional de escritório de projetos.
A abertura de novos mercados ocorre quando a organização passa a atender a um novo
mercado. Por exemplo: um negócio especializado em eventos, casamentos e festas de
aniversário passa a utilizar o seu conhecimento e sua estrutura para atender eventos
corporativos. Uma organização que desenvolve portões diferenciados para o mercado de
luxo passa a direcionar sua linha de produtos mais antiga para o mercado de baixo custo.
Muitas vezes, cria-se uma nova marca para isso, evitando, assim, associar a marca
anteriormente usada a produtos de baixo custo.

De acordo com Jugend e Silva (2013), esses tipos de inovação são complementares, uma vez
que são inerentes às atividades de inovação de produtos: o desenvolvimento, a melhoria e a
adaptação dos processos de produção, o que requer, por sua vez, a introdução de novas
formas de se organizar e gerir o trabalho.

Para inovar em produtos e serviços com sucesso, gerando valor em curto prazo, é possível, a
princípio, fazer investimentos no sentido de desenvolver metodologias inovadoras, gerando
mais oportunidades e opções no momento da aquisição do produto ou serviço e favorecendo
resultados positivos a longo prazo. Por exemplo, na educação, a proposição de novas
metodologias no processo de ensino e aprendizagem pode se traduzir em uma solução que
aponta para o desenvolvimento de distintas competências e habilidades individuais.

Assim, não é necessário que a inovação se concentre na mudança de um produto ou serviço.


Por exemplo, caso você encontre um novo processo que possibilite criar um produto com mais
eficiência, sem comprometer a qualidade, você poderá se destacar diante de seus
concorrentes, reduzindo preços. De forma semelhante, se uma inovação advir na forma de um
novo sistema de distribuição, isso possibilita que a empresa se destaque ofertando uma
entrega mais rápida aos clientes.

De acordo com Gonçalves e Sugahara (2015, p. 3), “a inovação tecnológica é a criação de um


produto ou processo que sejam novos para um país ou para o mundo ou o acréscimo de novas
características a esses, sem a necessidade de criação de um novo”.

A inovação pode ser incremental ou radical. De acordo com Scherer (2016), a inovação
incremental é aquela que leva a ganhos significativos no resultado. Por exemplo, a câmera
fotográfica no celular é uma inovação incremental, na medida em que o celular já existe. Nesse
aspecto, a inovação incremental é impulsionada pelo aumento do conhecimento e por
competências tecnológicas, possibilitando, assim, a obtenção de saltos de competitividade.
Por outro lado, Scherer (2016) salienta que as inovações radicais levam a grandes
transformações nos produtos ou serviços, por exemplo, a forma de armazenamento de
informação que, anteriormente, era em CD ou pen drive e, agora, passou a ser em nuvem.
Antes o telefone era fixo e, depois, desenvolveu-se o telefone celular. Assim, transforma-se a
forma como o produto é ofertado, criando categorias diferentes de produtos ofertados até
então.

Conforme Francesconi e Ortega (2015, p.3), a “inovação radical: existe quando se aplica um
novo conceito. Uma novidade para a sociedade, um produto que pode ser elaborado de forma
diferente, composto por novos elementos e/ou entregue de maneira distinta do convencional”.

Ferramentas utilizadas no
processo criativo e na
aprimoração de Ideias
Quando se trabalha a gestão da inovação no ambiente organizacional, é importante utilizar
ferramentas para fomentar o processo criativo. Nesse aspecto, Scherer e Carlomagno (2016)
destacam que o Brainstorming, Scamper, Crowdsourcing e o Design Thinking são ferramentas que
possuem como objetivo gerar novas ideias. Estimular a gestão da inovação permitirá à
instituição otimizar a sua visão de mercado e manter-se em alerta no que diz respeito às
demandas dos clientes. Ao levar várias e criativas opções para o cliente no momento da
aquisição, será possível um sucesso maior nas vendas, apresentando resultados positivos a
curto prazo.

Assim, para aplicação do Brainstorming, conhecido como “chuva de ideias”, seleciona-se um


grupo de pessoas, propõe-se um tema e, a partir deste, as pessoas possuem poucos minutos
para desenvolver ideias de forma livre. Já o Scamper é uma técnica que emprega uma lista de
ações sobre uma ideia base para gerar novas ideias. Por sua vez, no Crowdsourcing solicitam-se
ideias para um grupo indiscriminado de pessoas, normalmente, fora da empresa. Por fim, o
Design thinking é um conjunto de métodos e processos para abordar problemas, seguido da
geração e prototipação de ideias para resolvê-los (SCHERER; CARLOMAGNO, 2016).

Depois da ideia gerada, é importante aprimorá-las, para isso, você poderá utilizar-se das
ferramentas de cocriação: Lean Startup, Business Model Canvas, Discovery Driven Planning e
Inovação Aberta. Conforme Scherer e Carlomagno (2016, p.132):
•Cocriação: é uma forma de inovação que acontece quando fornecedores,
colaboradores e clientes colaboram com a empresa recebendo em troca os
benefícios de sua contribuição, sejam eles através do acesso a produtos
customizados ou da promoção de suas ideias.

•Lean Startup: é um conjunto de processos usados para desenvolver produtos e


mercados que defende a criação de protótipos rápidos, projetados para validar
suposições de mercado, e usar feedback dos clientes para melhoria das ideias.

•Business Model Canvas: é uma ferramenta que traduz a forma da organização


criar e capturar valor e permite desenvolver e esboçar diferentes modelos de
negócio novos ou existentes para as ideias geradas.

•Discovery Driven Planning: é uma técnica de planejamento para lidar com a


incerteza de forma eficiente que organiza um roteiro de incertezas a serem
testadas e procede alocação gradativa dos recursos financeiros de acordo com
os milestones de aprendizado.

•Inovação Aberta: é um conceito no qual as organizações podem e devem usar


ideias internas e externas às suas, assim como caminhos internos e externos
para o mercado (SCHERER; CARLOMAGNO, 2016, p.132).

Nesse aspecto, existem diversas ferramentas de geração e consolidação de ideias, entretanto,


de acordo com Scherer e Carlomagno (2016), essas são as mais conhecidas e testadas.

Gestão da inovação nas


organizações
Conforme Scherer e Carlomagno (2016), a inovação não pode ser dependente do acaso ou
fruto apenas de sorte. Por trás de uma boa ideia, comumente, há horas de esforços que
produzem insight até chegar à conexão final. Assim, os autores ressaltam que a inovação não é
uma atividade eventual, pois é um processo a ser gerenciado, desde a sua ideia inicial até a sua
implementação.

“A inovação está intimamente vinculada à estratégia corporativa e à estratégia de inovação


adotada pela empresa. A passagem de uma etapa para outra está condicionada ao
atendimento de critérios predefinidos pelo sistema de gestão da inovação” (SCHERER;
CARLOMAGNO, 2016, p. 53). Para Bezerra (2011), a sequência das atividades em um processo
de inovação não ocorre de forma linear. Trata-se de processo em que o entendimento do
problema acontece paralelamente à sua solução.
Bezerra (2011) salienta que uma cultura organizacional orientada para uma adaptação
inovadora pode fazer uma organização atingir objetivos. Uma empresa inovadora age com um
controle central para monitorar, auto-organizar, adaptar e aprender a navegar em
complexidade.

Durante o processo de inovação, inicia-se com uma preocupação sobre a viabilidade técnica
das ideias, relegando-se a viabilidade econômica a um segundo plano. Assim, conforme se
avança ao longo das etapas, o número de iniciativas de inovação vai se reduzindo, uma vez que
os projetos com baixa viabilidade técnica são eliminados. Por sua vez, “o volume de recursos
alocados para a iniciativa vai aumentando e a viabilidade econômica passa a ser
preponderante” (SCHERER; CARLOMAGNO, 2016, p. 54). Nesse contexto:

A primeira etapa do processo de inovação consiste na captação das ideias


advindas tanto do interior como do exterior da empresa. Como as ideias são a
matéria-prima para a inovação, deve-se estimular a constante alimentação de
novas ideias. A idealização está associada à junção da criatividade com a
informação e o conhecimento. Nessa primeira etapa, a quantidade de ideias é
mais importante do que a qualidade, uma vez que a etapa seguinte irá permitir
o aprimoramento das mesmas e também a seleção das mais promissoras.
Informações coletadas externamente à empresa mais o conhecimento
internalizado combinados de forma criativa constituem, portanto, a fórmula
para a geração de novas ideias (SCHERER; CARLOMAGNO, 2016, p. 54).

Quando fazemos uso de reuniões com o intuito de levantar informações sobre o negócio, é
salutar mapear as informações que devem ser coletadas, diminuindo assimetrias e cuidando
para não perder a objetividade na coleta de dados.

As fontes externas de ideias podem ser fornecedores, consumidores, institutos de pesquisa e


universidades, concorrentes, especialistas, páginas da web, publicações especializadas,
relatórios de tendências, feiras e exposições etc.

A geração de ideias internas pode ser um processo espontâneo ou induzido. Por sua vez, a
indução de ideias é feita periodicamente por meio de técnicas específicas, que podem e devem
ser utilizadas para fomentar a criatividade, “como por exemplo: sessões de brainstorming,
análise de lista de atributos, engenharia reversa e a construção de mapas mentais são
exemplos de ferramentas para geração de ideias” (SCHERER; CARLOMAGNO, 2016, p. 55).

Antes de as ideias avançarem na Cadeia de Valor da Inovação rumo à fase de Conceituação, é


necessária a avaliação das iniciativas propostas, separando-as conforme o nível de
complexidade e clareza. O modelo de estabelecer Gates possibilita que a organização realize:

O encaminhamento necessário para que o processo de inovação ocorra de


maneira controlada, permitindo que os recursos financeiros e humanos
disponíveis para inovação sejam alocados no momento adequado e de acordo
com a estratégia de inovação da empresa (SCHERER; CARLOMAGNO, 2016, p.
55).

Quando aplicamos recursos advindos de terceiros, no sentido de desenvolver uma inovação,


além de reduzir nosso custo com tal inovação, elevamos nossos ganhos no que diz respeito à
competitividade do negócio e estamos dividindo riscos no caso de algum insucesso. Desse
modo, ainda teremos mais flexibilidade para desembolsar recursos no momento em que
considerarmos mais oportuno.

Existem muitas fontes de financiamento que oferecem recursos de terceiros cujo aporte de
capital é isento de taxas de juros. Nesse cenário, com um sócio nos negócios, a empresa
diminuirá seus custos com capital, podendo investir em outras frentes. As pequenas empresas,
ainda sem lastro de crédito, podem se beneficiar ao buscar “capital anjo”, com uma média de
investimentos de 100 mil reais.

No caso das startups, a falta de garantias diminui as possibilidades de fontes de investimento


para inovação, assim como o valor para um novo negócio. Uma solução, nesse caso, é o capital
semente, que é um tipo de fundo privado que oferece flexibilidade para a negociação e
liberação dos recursos necessários.

Modelos de avaliação de
oportunidades inovação
Há diversos modelos de avaliação de oportunidades de inovação, entre eles, temos: modelo de
estabelecer Gates, Business Case e funil de inovação. O modelo de estabelecer Gates possibilita
que a empresa dê o encaminhamento necessário para o processo de inovação de forma
controlada e, nesse aspecto, é necessário avaliar primeiramente se a ideia é:

Estrela: são aquelas ideias em que se consegue estabelecer de maneira clara


seus objetivos, utilização, vantagens e benefícios gerados e uma perspectiva de
investimentos e riscos associados a sua implementação. Para esse tipo de ideia
é desnecessário passar pela fase da conceituação, devendo-se ir direto para a
avaliação do Gate 2.

Osso: ideias que nitidamente são pouco valiosas, que estão fora das temáticas
e estratégia de inovação da empresa ou que notadamente se mostram inviáveis
para o momento atual da empresa, devem ser descartadas e enviadas para um
banco de ideias, podendo eventualmente voltar a ser avaliada em outro
momento.

Bola: ideias que necessitam ser ainda trabalhadas, que precisam de uma maior
reflexão em relação a qual será o seu benefício. Para isso, a ideia deve ir para a
fase da conceituação e seguir na Cadeia de Valor da Inovação.

Maçã: as ideias desse tipo são aquelas que possuem bom potencial para
implementação de melhorias e com baixo nível de complexidade na sua
execução. São pequenos ajustes que podem e devem ser realizados sem
maiores preocupações e normalmente demandam poucos recursos. Esse tipo
de ideia é imediatamente colocado em prática e não necessita seguir para as
outras fases (SCHERER; CARLOMAGNO, 2016, p. 56-57).

Assim, caso a ideia seja classificada como “Bola”, deve-se aprofundar o conceito para que haja
maior confiabilidade na tomada de decisão e aplicação do Gate 2, que “consiste em avaliar de
maneira qualitativa a ideia, de maneira a definir questões vinculadas a quatro aspectos básicos:
mercado, tecnologia, fator humano e alinhamento com o negócio” (SCHERER; CARLOMAGNO,
2016, p. 56). Após o Gate 2, passa-se para a fase da “Experimentação”, na qual deve-se:

Defina a ideia a ser experimentada: nem todas as ideias e conceitos inovadores


exigem experimentações. Quanto maior o nível de incerteza, maior a
necessidade de ter esse feedback antes de implementar em larga escala. Assim,
o primeiro passo é selecionar a ideia.

Defina as incertezas: a inteligência numa estruturação de experimentação


reside na adequada definição das incertezas. Depois de definidas as principais
incertezas, é preciso selecionar quais podem ter maior impacto futuro e por
isso devem ser testadas.

Estruture o piloto e a amostra: ao invés de testar a nova ideia com todos os


clientes, ou em todos os pontos de venda ou em todas as unidades da empresa,
deve-se definir qual será a amplitude do experimento. Um piloto também
precisa ter uma data para começar e uma data para terminar. Além disso, deve
haver um roteiro definido para avaliar as incertezas selecionadas.

Execute o piloto: depois de estruturado o projeto, precisa ser executado.


Importante manter vivo o enfoque de aprendizado. Do contrário, rapidamente
incorpora-se a mentalidade original de gestão de projetos ao invés de gerar
nenhum tipo de aprendizado a ser utilizado. A execução do piloto deve ser feita
mantendo as premissas e focando as incertezas selecionadas. Surgindo novas
questões, a empresa pode avaliar se inclui no projeto em andamento ou se é
necessária outra experiência (SCHERER; CARLOMAGNO, 2016, p. 60).

Assim, no Gate 3, avalie resultados ao final do experimento para discernir quais alterações
precisam ser “realizadas para ampliar as chances de êxito da inovação. É o momento de pegar
cada uma das incertezas selecionadas para teste e avaliar os resultados e caminhos que o
experimento sugere. Sanadas as incertezas, é hora de implementar” (SCHERER; CARLOMAGNO,
2016, p. 61).

Dessa forma, “evidentemente, é do interesse da empresa que os projetos atinjam seus


objetivos finais, ou seja, transformem-se realmente em inovações no mercado. Nessa etapa, o
projeto de inovação é submetido ao teste de mercado para que seja validado (SCHERER;
CARLOMAGNO, 2016, p. 30).

O Business Case (Plano de Negócios) é uma análise da atratividade e viabilidade de um projeto,


com informações que possibilitam a análise do retorno do investimento. Esse tipo de
ferramenta é muito adequado para a gestão, captação de recursos e sustentação de
“oportunidades conhecidas pela organização. Para utilizá-lo no contexto de projetos inovadores
há a necessidade de adequar três dimensões fundamentais: mentalidade, timing e conteúdo”
(SCHERER; CARLOMAGNO, 2016, p. 64).

Conhecendo objetivos, público-alvo, componentes das equipes, elementos integrantes do


processo e o modo com se entrega o produto ao cliente, torna-se viável e possível estabelecer
um plano de comunicação. Utilizando o mapa de modelo de negócios como ferramenta, é
possível reduzir os possíveis erros de interpretação sobre o negócio do cliente. Qualquer
membro da equipe, ao ler e interpretar o plano de negócios, contribuirá na redução das
assimetrias de informações, lembrando apenas que, ao utilizar o plano de negócios, você pode
demorar para compreender e coletar os dados e informações para o delineamento de seu
plano de comunicação de inovação.

O objetivo prioritário do plano de comunicação é direcionar a comunicação para estabelecer


uma estrutura que possa, efetivamente, determinar o que se precisa alcançar e quais caminhos
possibilitarão impactar o público-alvo. A essência do plano de comunicação é, portanto, manter
o uso do plano de comunicação, sempre revisando e observando se está adequado para o
sucesso do cliente.

Por fim, tem-se o “Funil de inovação” que “trata das atividades que vão desde a geração das
ideias até o lançamento em cinco fases distintas: descoberta, investigação preliminar,
planejamento, desenvolvimento, testes, lançamento” (SCHERER; CARLOMAGNO, 2016, p. 65).
Conclusão
Pudemos observar que a inovação deve ser inerente às organizações, uma vez que a
competitividade vem aumentando e que ciclo dos produtos vem se reduzindo cada vez mais.
Em um cenário em que ocorre um aumento da concorrência a nível mundial, a todo momento
há mudanças de necessidades, gostos dos clientes e o emprego de novas tecnologias. Assim, é
importante conhecer a diferença entre a criatividade e inovação, haja vista a criatividade pensar
em coisas novas e a inovação abordar uma comercialização viável da ideia. Dessa forma, as
organizações precisam inovar constantemente diante do cenário econômico atual em todo
ambiente organizacional, a fim de possibilitar a manutenção da competitividade das empresas
no mercado.

Referências Bibliográficas
BEZERRA, C. A máquina de inovação: mentes e organizações na luta por diferenciação. Porto
Alegre: Bookman, 2011.

CARVALHO, M. A. Inovação em produtos: IDEATRIZ - Uma aplicação da Triz/ Inovação


sistemática na ideação de produtos. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2017.

FRANCESCONI, M; ORTEGA, L. M. Graus de inovação e maturidade de processo de negócio: suas


relações através de uma proposta exploratória. ALTEC, 2015. Disponível em:
http://altec2015.nitec.co/altec/papers/734.pdf. Acesso em: 28 ago. 2019.

GONÇALVES, F. L. P.; SUGAHARA, C. R. Inovação de produto, processo, organizacional e de


marketing nas indústrias brasileiras. In: ENCONTRO DE INICIAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO
TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO, 5., 2015. Anais [...]. 2015.

JUGEND, D.; SILVA, S. L. Inovação e desenvolvimento de produtos: práticas de gestão e casos


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ROCHA, L. C. Criatividade e inovação: como adaptar-se às mudanças. Rio de Janeiro: LTC,
2009.

SCHERER, F. O.; CARLOMAGNO, M. S. Gestão da inovação na prática: como aplicar conceitos e


ferramentas para alavancar a inovação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

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