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FIRST CL ASS | ACADEMIC EXPERIENCE

FEVEREIRO 2020
FIRST CL ASS | ACADEMIC EXPERIENCE

FEVEREIRO 2020
O lugar onde você vive importa: só existe um MIT.

E só há uma Hollywood e um Vale do Silício.

Isso não é coincidência: independentemente


do que estiver fazendo, em geral há apenas um lugar para
o qual as pessoas mais importantes vão.

Você deveria ir para lá. Não se contente com nenhum outro


lugar. Conhecer meus heróis e aprender com eles me deu
uma enorme vantagem.

Seus heróis também fazem parte do seu círculo; siga-os.

Andrew W. “Drew” Houston empresário norte-americano


mais conhecido por ser o fundador e atual presidente
executivo da empresa Dropbox, de serviço de backup
e armazenamento online.
Resumo

A equipe de produção do meuSucesso.com passou


uma produtiva temporada no Vale do Silício para
desvendar qual o segredo desta região que é
um celeiro de inovação e empreendedorismo e
referência em todo o mundo.

O resultado desta intensa vivência tangibilizou


inquietantes perguntas e inspiradoras respostas
sobre a origem do Vale do Silício, as primeiras
startups, o espírito empreendedor, a propensão ao
risco, o erro como etapa do sucesso, o networking
poderoso e o aprendizado constante como algumas
das lições desta incrível série Disrupt – Inside Silicon
Valley.

Mas por quê “disrupt” para o Vale do Silício?

A resposta pode ser encontrada no artigo “O que 40


anos de pesquisa revelam sobre a diferença entre
inovações disruptivas e radicais”1 dos professores
Christian Hopp,2 David Antons,3 Jermain Kaminski4
e Torsten Oliver Salge5 para a Harvard Business
Review.

4
A segunda onda de digitalização está pronta para
desestabilizar todas as esferas da vida econômica.
Como ressaltou o investidor de capital de risco
Marc Andreesen, “softwares estão devorando o
mundo”. E Jeff Immelt, ex-CEO da General Electric,
ressalta que “Se ontem você foi dormir uma
empresa industrial, irá acordar hoje pela manhã
uma empresa de software e analytics”.

Ainda assim, apesar de um escopo e de um


momentum de digitalização sem precedentes,
muitos tomadores de decisão continuam inseguros
a respeito de como lidar com isso e voltam-se para
acadêmicos em busca de orientação sobre como
abordar essa disrupção. A primeira coisa que devem
saber é que nem todas as mudanças tecnológicas
são “disruptivas”. É importante distinguir entre
diferentes tipos de inovação, e as respostas que
elas exigem das empresas.

D i s r u p t 5
Num artigo recentemente publicado no Journal of
Product Innovation Management, realizamos uma
avaliação sistemática de 40 anos (1975 a 2016) de
pesquisas sobre inovação.

Utilizando uma abordagem com base no


processamento de linguagem natural, analisamos
e organizamos 1.078 artigos publicados sobre
os seguintes tópicos relacionados à inovação:
disruptiva, arquitetônica, inovadora, destruidora de
competência, descontínua e radical.
Valemo-nos de um algoritmo de modelação de
tópico que busca determinar os tópicos em um
conjunto de documentos textuais. Comparamos,
quantitativamente, diferentes modelos, o que nos
levou a escolher o modelo que melhor descreve os
dados textuais tomados como base.

Esse modelo agrupou os textos em 84 tópicos


distintos; seu melhor desempenho ocorre na
explicação da variabilidade de dados na atribuição
de palavras a tópicos e de tópicos a documentos,
minimizando imprecisões. O modelo de tópicos
nos permite analisar similaridades e sobreposições
existentes entre eles em artigos publicados. Por
exemplo, o modelo revelou que, em muitos estudos,
o tópico “inovação disruptiva” é frequentemente
mencionado junto a “modelo de negócios”.
Usamos, então, um algoritmo de identificação de
comunidades para mapear a interconexão global
geral de todos os tópicos da rede.

6
Duas comunidades de tópicos se destacaram como
estando interligadas ao maior número de outros
tópicos: inovação disruptiva e inovação radical.

A pesquisa sobre inovação disruptiva descreve um


processo em que novas concorrentes desafiam
empresas estabelecidas, com frequência tendo
menos recursos. Isso pode ocorrer de duas maneiras:
concorrentes podem voltar-se para segmentos do
mercado ignorados com um produto considerado
inferior pelos clientes mais exigentes das empresas
estabelecidas e depois, conforme seus produtos são
melhorados, mirar uma parcela de consumidores
de alta gama; ou podem criar mercados onde não
exista um mercado, transformando não clientes
em clientes.

Mais importante, o panorama de pesquisa que


mapeamos sugere que a disrupção não tem a ver
com tecnologia somente, mas, na verdade, com a
combinação de tecnologia e inovação de modelos
de negócios. Por outro lado, inovações radicais têm
origem na criação de novos conhecimentos e na
comercialização de ideias ou produtos totalmente
novos.

Desse modo, a pesquisa sobre inovação radical


concentra-se nos tipos de comportamento
organizacional e em estruturas que explicam e
preveem a comercialização de ideias inovadoras.
Para ser disruptivo, um negócio precisa primeiro
obter aceitação dos setores mais baixos do

D i s r u p t 7
mercado, segmento em geral ignorado pelas
empresas estabelecidas em vez de buscar clientes
mais lucrativos e de alta gama. Um ótimo exemplo
é a Netflix. O negócio inicial de locação de filmes
por correspondência não era atraente para um
grande número de consumidores da Blockbuster —
atraía um nicho de nerds cinéfilos. Somente com
o avanço da tecnologia, incluindo a possibilidade
de se fazer streaming pela internet, a Netflix pôde
crescer e então oferecer filmes e TV por demanda
para um grande público de maneira conveniente
e econômica. Foi a inicial incursão desde o ponto
mais baixo do mercado que fez com que a Netflix
fosse disruptiva.

Um foco inicial num segmento maior do mercado


talvez tivesse provocado uma resposta mais
incisiva da Blockbuster. Conquistar uma posição
estabelecida na parte mais baixa do mercado
permitiu a Netflix crescer no mercado com um
modelo de negócio completamente diferente
que acabou por atrair os principais clientes da
Blockbuster.

8
O caso da Netflix demonstra também que a
disrupção pode demorar. A Netflix foi fundada em
1997; a falência da Blockbuster ocorreu em 2010.
Atualmente, a Netflix mira outros provedores de
entretenimento e está preparada para provocar
uma disrupção em outra parte da indústria na qual
está inserida.

Enquanto a inovação disruptiva é inextricavelmente


ligada à variedade de modelos de negócios e à
incursão na parte inferior do mercado, a inovação
radical depende de habilidades organizacionais e
de capital humano individual e organizacional. Ao
passo que a inovação incremental — por exemplo, a
quinta lâmina em uma empresa de lâminas — ajuda
empresas a se manter competitivas a curto prazo,
a inovação radical concentra-se no impacto a longo
prazo e pode envolver a substituição de atuais
produtos, alterando o relacionamento entre clientes
e fornecedores, e criando categorias inteiramente
novas de produtos.

D i s r u p t 9
Ao fazer isso, empresas frequentemente fiam-se
em avanços tecnológicos para fazer com que a
organização atinja um patamar mais alto. Mesmo
existindo há 181 anos, a John Deere revolucionou
a indústria agrícola por meio da criação do
ecossistema mais abrangente para produtos
agrícolas.

Já em 2012 a empresa viu o potencial da big data


na indústria agrícola. Clientes que compravam
equipamentos da John Deere podiam conectar
seu equipamento a vários softwares que depois se
conectavam à plataforma aberta myJohnDeere.
com (claro, a inovação radical pode levar também
a mudanças de modelos de negócios, como no
caso da transição da John Deere para um modelo
de negócio centrado em uma plataforma; mas
diferente da inovação disruptiva, a tecnologia vem
em primeiro lugar).

Não surpreende que nosso modelo de tópico


sugira que a inovação radical está ligada a tópicos
como cultura organizacional e habilidades, capital
social e humano, e gestão de projetos. Inovações
radicais transformam totalmente a maneira como
as empresas lidam com o mercado, e exigem
habilidades técnicas completamente novas, bem
como competências organizacionais das empresas
que buscam trilhar esse caminho.

10
Nossa análise textual confirma aquilo que os
acadêmicos que estudam inovação há tempos
acreditam: combinar inovação disruptiva e
radical é problemático. Esses tipos de inovação
são causados por mecanismos muito diferentes
e exigem estratégias organizacionais bastante
distintas para funcionar. Assim, o que isso quer
dizer para gerentes e suas empresas?

Ao enfrentar uma inovação potencialmente


disruptiva, a resposta para empresas estabelecidas
está em focar em estratégias organizacionais:
novas unidades de negócio e novos modelos de
negócio. As empresas que querem reagir com
sucesso a uma situação disruptiva precisam
se concentrar na organização como um todo e
estar dispostas a, com o tempo, canibalizar suas
próprias receitas para competir de modo eficaz
com disrupções. Em compensação, pesquisas
em inovações radicais enfatizam as habilidades
dinâmicas e organizacionais.

D i s r u p t 11
Conseguir vantagem em relação às competências
principais ou dimensionar mais rapidamente
do que os competidores é importante quando
defrontado com novas inovações tecnológicas. De
modo similar, a literatura em inovação radical tem
um foco evidente nas pessoas.

Imaginação e capacidade de prever o futuro da


tecnologia são importantes para a geração de
novas ideias exigidas para a inovação radical. Dessa
maneira, a contratação de empregados melhores
e mais capacitados prepara uma organização
para lidar com mudanças repentinas e drásticas.
Contudo, pode não proteger contra a disrupção se
uma compreensão das necessidades dos clientes
perder-se na mudança. Em outras palavras, as
empresas podem ser ótimas para gerar ideias
inovadoras e ainda assim sofrer com uma miopia
administrativa que cria potencial para disrupção.
Inovações disruptivas e radicais são fenômenos
complexos, mas eles são importantes para distinguir
uma da outra.

12
Enquanto Marc Andreesen espera que muitos
setores sofram disrupções por causa de softwares,
com novas empresas superando as estabelecidas,
a tecnologia pode, ao mesmo tempo, permitir que
empresas estabelecidas alterem radicalmente seus
negócios, principalmente com um novo modelo
centrado nos clientes e incrustado em ecossistemas
produto-serviço.

Muitos exemplos destacam até que ponto


uma inovação radical pode ajudar empresas
estabelecidas a se proteger contra disrupção. Por
exemplo, a Daimler está usando sua estratégia
Car2Go para garantir posições no mercado contra
o Uber e a Lyft que podem ser disruptivas para seu
modelo de negócio. A Daimler recentemente até
anunciou uma parceria com a BMW para unir forças
e construir uma plataforma de mobilidade e um
ecossistema conjuntos.Para a inovação disruptiva,
o segredo para a renovação organizacional pode
estar na necessidade dos clientes, ao passo que
para a inovação radical, pode estar dentro das
capacidades da própria empresa estabelecida.
Confundir uma com a outra pode, na verdade,
trazer mais prejuízo do que benesse.

Essa diferenciação apontada pela pesquisa de


Hopp, Antons, Kaminski e Salge evidenciam a
força disruptiva gerada no Vale do Silício. Quando
o assunto é Vale do Silício, a primeira palavra que
vem à cabeça de muita gente é tecnologia.6 No

D i s r u p t 13
entanto, o termo mais importante para resumir o
espírito do ecossistema empreendedor dessa icônica
região é outra: inovação disruptiva.

As famosas empresas do Vale do Silício têm base


tecnológica, sim, mas utilizam a tecnologia como
um meio para a inovação, e não como um fim em si
própria. A palavra “inovação” vem do latim innovatio,
que significa uma criação sem equivalência em
padrões anteriores. E o Vale do Silício é simplesmente
o centro da inovação no mundo.

Seja você um empreendedor, gestor, profissional


ou estudante, acompanhar o que se passa nas
empresas dessa região pode ser bastante útil. Isso
vale para qualquer área, mesmo para aquelas em
que a tecnologia, aparentemente, não tem grande
relevância. Acredite: as startups californianas, que
surgem o tempo todo, procuram oportunidades
de inovação e disrupção em todas as atividades de
nosso dia a dia.

O importante é saber que o Vale se caracteriza por


ser um lugar onde surgem ideias e startups que
impactam disruptivamente o mundo todo. Além da
presença das empresas de tecnologia, a região conta
com a Universidade de Stanford, uma das melhores
do mundo, conhecida principalmente por formar
brilhantes mentes para essa indústria.

14
Tudo isso contribuiu para criar na população
da região uma mentalidade extremamente
acolhedora para soluções inovadoras e disruptivas.
O que facilita para as novas startups testarem seus
produtos para obter insights rápidos e preciosos,
colaborando para uma cultura ágil.

Importa destacar aqui as companhias mais


conhecidas e que ajudaram a tornar o Vale do
Silício uma referência em inovação disruptiva para
o mundo todo.

ALPHABET
É o conglomerado criado pelos fundadores do
Google, Larry Page e Sergey Brin, que administra
o próprio Google e outras empresas relacionadas.
Está sediada em Mountain View.

Apple
Talvez a empresa de tecnologia mais icônica do
mundo. Fundada por Steve Jobs, Steve Wozniak e
Ronald Wayne, é referência mundial na produção
de computadores, tablets e smartphones bonitos
e eficientes.

D i s r u p t 15
Airbnb
Fundada e sediada na cidade de São Francisco, a
Airbnb é uma empresa que criou uma plataforma
em que pessoas anunciam quartos ou imóveis
inteiros para alugar.

eBay
Fundado e sediado em San Jose, o eBay é uma
plataforma global de negociações, onde os usuários
anunciam produtos de qualquer tipo.

Facebook
Com mais de 3 bilhões de usuários no mundo todo,
o Facebook é a rede social mais popular do planeta.
Foi criada por Mark Zuckerberg e pelo brasileiro
Eduardo Saverin, entre outros, na universidade de
Harvard. Hoje, sua sede fica em Menlo Park.

Netflix
O serviço de streaming de filmes e séries que
ganhou o mundo nasceu em Scotts Valley, há 40
quilômetros de San Jose. Sua sede hoje fica em Los
Gatos, uma cidade periférica da metrópole da baía
de São Francisco.

Oracle
Fundada em Santa Clara, a Oracle é uma gigante
no desenvolvimento de softwares e sistemas de
banco de dados. Atualmente, sua sede fica em
Redwood City.

16
Pixar
O estúdio de animação Pixar nasceu no norte da
baía, em Richmond. Hoje, seu quartel general é no
município de Emeryville.

Uber
O polêmico aplicativo que tem revolucionado o
transporte urbano em vários países do mundo
nasceu e se encontra sediada atualmente em São
Francisco.

WhatsApp
No Brasil, o WhatsApp é uma febre, um fenômeno
da comunicação instantânea. A empresa, que hoje
pertence ao Facebook, é sediada em Mountain
View.

YouTube
Principal serviço de hospedagem e
compartilhamento de vídeos do mundo, fica em San
Bruno. Atualmente, pertence ao grupo Alphabet, o
mesmo do Google.

Quando uma região possui um parque tecnológico


ou reúne uma grande quantidade de empresas de
tecnologia, geralmente ela entra em um círculo
virtuoso, pois esse cenário atrai empreendedores,
investidores e profissionais qualificados,
principalmente na área da tecnologia da

D i s r u p t 17
informação. Havendo boas instituições de ensino
próximas, garantindo um fornecimento contínuo de
mão de obra, mas também de ideias, está completa
a receita. O Vale do Silício é a maior expressão desse
conceito que encontramos no mundo.
Qualquer pessoa que tenha o desejo de se destacar
no mercado da inovação disruptiva sonha com uma
oportunidade profissional na baía de São Francisco.
O start para esse sonho se tornar realidade pode
começar com os seis episódios dessa disruptiva
série Inside Silicon Valley.

Episódio 1

O que faz do Vale do Silício um lugar diferenciado?


Ênfase na busca de averiguar e desvendar qual é
a essência dessa região da Califórnia, que engloba
o sul da área da baía de São Francisco, como Palo
Alto e Santa Clara, estendendo-se até os subúrbios
de São José.

Importa saber como tudo começou, os mitos


que envolvem o vale e aprender com grandes
empresários e especialistas que vivem no local e
trabalham duro para fazer acontecer e alavancar
os negócios.

18
Episódio 2

Inovar vai além de transformar algo, tem a ver com


a busca por criar algo relevante!
É importante falar de desafio? Deve-se destacar
o aprendizado do quão é desafiador ir da ideia à
realização. Afinal, o que é uma ideia inovadora? Ela
pode ser tão relevante que faz com que as pessoas
mudem de comportamento.

Mas como colocar isso em prática? Esse é um


desafio importante de se explorar. O momento é
de ser crítico e analisar com ceticismo termos que
parecem simples como “inovação” e desvendar
como isso pode ser implementado em um negócio
e, principalmente, em um ecossistema como o Vale
do Silício.

D i s r u p t 19
Episódio 3

O que significa ser empreendedor no Silicon Valley?


Como é a mentalidade de lá?
Este é um ponto crucial: o momento de analisar a
fundo os aspectos que fazem um empreendedor
alavancar seu produto ou negócio. É preciso
acreditar e viver a ideia, ser resiliente e pensar no
coletivo, na equipe.

Falar é fácil, é preciso saber fazer! Veja como a


execução é importante na composição de um
empreendedor e como aprender com as dicas e
insights de quem põe a mão na massa para fazer
acontecer!

Episódio 4

Foco em descobrir como funciona o processo de


investimento no Vale. Importa tratar de um assunto
mais técnico, porém extremamente necessário!
Conseguir um investimento não é tão simples
como muitos pensam. É necessário saber atrair e,
principalmente, analisar qual o tipo de investimento
é bom e melhor para o negócio.

Não vá para o Vale tentar vender a sua ideia se você


não tem um Business Model. É importante estudar
e aprender com os especialistas do Vale do Silício.

20
Episódio 5

A diversidade cultural é um importante lema da


empresa? É fácil pensar diferente!
Pessoas de diferentes nacionalidades, ideologias,
pensamentos, contextos culturais distintos e por
aí vai! O Vale do Silício possui diversidade que se
reflete nas pessoas que trabalham nas empresas
instaladas ao seu redor.
Há pessoas de todos os credos e crenças, com
visões diferentes e formas distintas de trabalhar.
Isso pode ser enriquecedor para um negócio, mas é
preciso saber aproveitar essas características que
muitas vezes se refletem na missão e valores do
negócio.

Episódio 6

O que é falhar? No Vale o conceito é um pouco


diferente...
É errado fracassar? Qual seria o significado
de fracasso? É importante aprender como os
empreendedores do Vale do Silício encaram
a falha como um processo de aprendizado e
aperfeiçoamento.
Destaque nas marcas que os erros podem deixar
no negócio e no empreendedor e o quanto a
competitividade pode levar alguém a dar um passo
em falso.

D i s r u p t 21
Importa destacar que para que todo esse mindset
seja colocado em prática no Vale do Silício7, existe
um ecossistema extremamente favorável, aberto
a mudanças, colaborativo e completo para os
negócios, envolvendo startups, universidades,
empresas, mentores e investidores.

Outro ponto importante é que todo esse ambiente


atrai cada vez mais profissionais com mente
aberta de diversas partes do mundo, o que faz com
que a diversidade no Vale seja um fator de enorme
contribuição para um ecossistema tão inovador
e disruptivo, ressalta a empreendedora Luciana
Souza.8

Para se ter uma noção, a região do Vale do Silício


recebia, em média, no primeiro semestre de 2018,
um imigrante a cada 24 minutos.

Trazendo para realidade brasileira, muitos


empreendedores podem acreditar que nada disso é
possível aqui, pois não temos um ambiente, cultura
e mindset favoráveis à inovação.
Não temos como mudar no curto prazo a cultura,

22
a mentalidade das pessoas e muito menos as leis
do país. Porém, podemos fazer diferente em nossos
negócios e em nossas empresas!

Podemos escolher qual mindset iremos adotar


como empreendedores e em nosso dia a dia. Afinal,
quem define a cultura de uma empresa são as
pessoas e principalmente seus líderes.
Independentemente do negócio, do mercado ou da
área de atuação, o que não dá é ficarmos passivos
a tudo que está acontecendo no mundo a nossa
volta, às mudanças que já ocorreram e às que ainda
vão ocorrer de forma cada vez mais rápida. E vale
lembrarmos uma frase do Steve Jobs: “A inovação
distingue entre um líder e um seguidor.”

D i s r u p t 23
Tópicos
Resumo 04

SUMÁRIO 24

CONTEÚDO 29

Silicon Valley: back to the disruptive 29

Os pais do Silicon Valley 35

Cronologia de uma história empreendedora 38

Gordon More, um dos “oito traidores” da 41


Shockley Semiconductors e fundador da
Intel, é o autor da ”Lei de Moore”, influencer
da disrupção

Inovação é fazer alguma coisa nova. É um 49


conceito filosófico. É conseguir criar alguma
coisa que melhora a vida das pessoas

O exemplo do Instagram 50

Product Market Fit 50

24
Disrupção, inovação e vanguarda com Big 54
Data e Analytics

O jeitão empreendedor do Vale 57

O perfil do empreendedor no Vale do Silício 62

O que aprendi trazendo a cultura 69


empreendedora do Vale do Silício para o
Brasil

Síntese dos elementos que definem o espírito 74


empreendedor do Vale do Silício

Informalidade 74

Responsabilidade 75

Interação 75

Confiança 75

Velocidade 75

Fazer diferente 75

Disposição ao risco 75

Fracasso 76

Atenção às oportunidades 76

D i s r u p t 25
76
Pivotar
76
Escala
77
Valorização de talentos
77
Experiência

Cultura da colaboração open office 77

Compartilhamento 77

Pay it forward 78

On going 78

Networking 78

Inovação 79

Valide seu projeto com o cliente 80

A chave é a execução e como você executa 81


a ideia

Compartilhe a sua ideia, o seu negócio vai 81


ganhar com isso

O empreendedorismo é aberto 82

26
No Vale do Silício, o objetivo a longo prazo é 82
mudar a forma de pensar

Obtendo investimento... Vendendo o negócio 83


para o investidor

Guia de boas práticas para relacionamento


empreendedor / investidor 93

Tipos de investimentos mais indicados para 98


cada startup

Cultura do compartilhamento 103

Sete erros cometidos na organização de 111


meetups

Como elaborar um pitch (quase) perfeito 118

Desvendando o real significado da cultura do 124


fracasso no Vale do Silício

Ninguém aprende a andar sem tomar tombos: 132


a aprendizagem a partir dos fracassos

A realidade da disrupção: como as empresas


estão reagindo de verdade? 147

O que o Vale do Silício faz de diferente e que


pode ser replicado para o nosso ecossistema 157
empresarial?

D i s r u p t 27
Características do ecossistema de 164
inovação

Ecossistema de inovação no Brasil: as 169


lacunas que precisamos preencher

Ecossistemas de inovação: como criar 174


ambientes de aprendizado

Referências 183

28
Silicon Valley:
back to the
disruptive

O Vale não é perfeito. O Vale tem muitas


imperfeições. O Vale parece uma meca para
empreendedores. É o centro de inovação
do mundo, é o centro de startups, e isso
não é porque americanos são espertos. Nos
anos 1930-1940, a partir de um esforço por
parte dos Estados Unidos em superar a
tecnologia militar alemã durante a Segunda
Guerra Mundial, milhões de dólares foram
investidos na criação de um laboratório
secreto em Harvard.

A Segunda Guerra Mundial teve, portanto,


grande influência no desenvolvimento de
novas tecnologias e teve ingerência direta
na corrida para a criação de inovações que
contribuíssem no desenvolvimento dos
Estados Unidos. O laboratório foi liderado por
Frederick Terman, professor da Universidade
de Stanford na Califórnia.

D i s r u p t 29
Após o termino da guerra, Terman estava
convencido de que trabalhar no desenvolvimento de
novas tecnologias era necessário. Toda essa corrida
por tecnologia influenciaria no desenvolvimento e
criação de diversas empresas que futuramente se
instalariam na Califórnia, no sul de São Francisco,
região que daria origem ao Vale do Silício. Ele
recebeu financiamento do Governo e criou um
centro de engenharia especializado dentro da
Universidade.

Terman foi apontado como Diretor da Universidade


de Stanford. E motivou os alunos a iniciarem suas
próprias empresas e os professores a se tornarem
seus treinadores. Em 1939, os estudantes de Terman,
Willian Hewlett e David Packard, com pouco mais
de US$500,00 no bolso, começaram a trabalhar
na criação de um oscilador de frequência. Um dos
seus primeiros clientes foi a Walt Disney Studios.
Foi ai que nasceu a HP, a primeira startup do Vale.
No outro lado da cidade, Willian Shockley, ganhador
do premio Nobel, fundou a Shockley Semiconductors,
empresa que fabricou semicondutores de silício. Ele
foi considerado um terrível administrador, então 8
engenheiros deixaram sua empresa para começar
sua própria startup. Shockley mais tarde os chamou
de “os oito traidores”.

30
Os oito que deixaram a Shockley Semiconductor
foram Julius Blanck, Victor Grinich, Jean Hoerni,
Eugene Kleiner, Jay Last, Gordon Moore, Robert
Noyce e Sheldon Roberts. Em agosto de 1957,
chegaram a um acordo com Sherman Fairchild e,
em 18 de setembro de 1957, formaram a Fairchild
Semiconductor, a primeira startup de tecnologia a
ser financiada por venture capital, o que significava
ser financiada por investidores de alto risco.

A recém-fundada Fairchild Semiconductor logo se


tornou uma líder da indústria de semicondutores.
Em 1960, tornou-se uma incubadora de Silicon
Valley e foi direta ou indiretamente envolvida na
criação de dezenas de empresas, incluindo a AMD
e Amelco. Essas muitas empresas spin-off vieram a
ser conhecidas como “herdeiras da Fairchild”.
Mais tarde, dois funcionários da Fairchild, Noyce e
Moore também decidiram deixar a empresa para
iniciar um dos seus negócios próprios, nascia a Intel,
uma das pioneiras na expansão e no reconhecimento
do Vale como um negócio de semicondutores.

Depois da Intel, 65 empresas de chips foram


fundadas nos 20 anos seguintes, muitas delas são
as mais influentes do mundo hoje em dia.

D i s r u p t 31
James Mcniven – Founder Buck‘s of Woodside:

•Até mais ou menos 1990 os negócios das empresas


não se misturavam, hoje elas deixaram as culturas
se fundirem.

•Em Palo Alto, Lee De Forest inventou o tubo de


vácuo. O tubo deu origem ao transistor, que virou
o microprocessador, tudo isso aqui, em único lugar.

Wedge Martin – CTO Vivo Technology:

•Eu moro no Vale já tem 20 anos, aconselho


algumas empresas daqui, que passam pelo Silicon
House Program.

•Eu acho que historicamente são as instituições


de pesquisa daqui é que tem contribuído muito,
como Berkley, para o crescimento da internet e dos
sistemas operacionais.

•Muitas empresas saíram de Stanford também.


Eu acho que isso, combinado com a presença das
pesquisas militares, viabilizaram que a indústria de
semicondutores começasse aqui. A combinação de

32
acesso à instituições de pesquisa e o acesso ao
capital, fazem desse lugar único.

Jeff Cabili – Stanford Business School:

•Já fui Diretor da Business Development de


Stanford e do Departamento de Educação
Executiva.
•A proximidade de todas as companhias, todos
os estudantes e professores são ligados a uma
companhia, e desenvolvem projetos juntos, o
que significa ir mais rápido.

Andrea Litto – Silicon House:

•Fundei a Silicon House em 2012, mas já há mais


de 20 anos moro no Vale.

Rafael Sanches –
CEO da All te Cooks
(Cookpad),Engenheiro
de software, Steve
Hoffman – Co-founder
do Founder’s Space:uma
das maiores incubadoras
e aceleradoras do Vale
e Marcelo Do Rio – Co
Founder da Graava:

D i s r u p t 33
•O ecossistema tem muita a evoluir, você consegue
profissionais de todos os jeitos no Vale. Você tem
acesso a tudo, essa energia se retroalimenta. Acaba
trazendo grandes profissionais onde a maioria tem
empresas próprias.

•O âmago da inovação do Vale do Silício é porque


todos vem aqui para aprender e dividir, todas as
pessoas aqui estão abertas para compartilhar.

Ratificando:

O Vale não é perfeito. O Vale tem muitas


imperfeições.

O Vale parece uma meca para empreendedores.

É o centro de inovação do mundo, é o centro de


startups.

34
Os pais do
Silicon Valley

Frederick Terman

Em Harvard, o laboratório Radio Research Lab


era chefiado por Frederick Terman, professor
da Universidade de Stanford, na Califórnia.

Posteriormente, ele assume a reitoria da


Universidade de Stanford e muda a estratégia
da faculdade passando a incentivar o
empreendedorismo entre os alunos.

Na década de 50, Boston e Nova Iorque


começam a se destacar e concentrar empresas
de tecnologia, como a da indústria de chips
para computadores.

Naquela época, Califórnia e São Francisco


estavam longe de ser o que hoje conhecemos
como o Vale do Silício.

A região era referência para a produção


agrícola e era isolada do restante do país.

D i s r u p t 35
William Shockley

Alguns anos depois, em 1955, William Shockley,


cientista do MIT, que ganhou o Prêmio Nobel resolve
empreender e cria uma empresa especializada
em semicondutores, que poderiam controlar e
amplificar sinais elétricos, o que poderia ser muito
útil à indústria e também ao mercado de tecnologia.

O cientista começou seu negócio em uma pequena


cidade de um vale agrícola há 80km ao sul de São
Francisco.

Surge a Shockley Semiconductors e oito jovens


promissores decidem se juntar ao negócio.

Em apenas um ano, William Shockley tem


dificuldades para liderar a sua equipe e começa a
ter problemas com os outros oito colaboradores,
que se demitem e decidem procurar investidores
para criar outro negócio.

A Shockley Semiconductors não aguenta e entra


em falência.

Fairchild Semoconductors
Os jovens que deixaram a empresa de Shockley
resolvem abrir outro negócio. Posteriormente, a

36
história se encarregaria de deixa-los conhecidos
como os “The traitorous eight” – os oito traidores.

Surgem duas peças-chave que investiram capital


e conectaram a empresa dos jovens aos primeiros
clientes: Arthur Rock e Sherman Fairchild.

Nasce assim a Fairchild Semiconductors, que


era a única empresa da região de São Francisco
que produzia chips de computadores e seus
componentes.

Em 1959, a Fairchild assina um contrato para


fornecer componentes para a indústria de
mísseis nos EUA e fatura 21 milhões de dólares
anuais em vendas.

Tornando-se, em 1963, a 3ª maior do setor e


abre sua primeira fábrica fora do continente
americano, em Hong Kong.

D i s r u p t 37
Cronologia de uma
história empreendedora

Em 1971, surge o termo Vale do Silício (The Bay


Area) após um jornalista local revelar o sucesso das
startups da região.

Empresas que nasceram e deram origem ao Vale

1939 A Hewlett-Packard, conhecida como HP, é


fundada em uma garagem por dois engenheiros da
Universidade de Stanford.

Anos mais tarde, a garagem se tornou o Berço do


Vale do Silício.

1968 Nasce a Intel, fundada por Robert Noyce e


Gordon Moore – dois dos fundadores da Fairchild.

Nessa mesma época, a Califórnia e a região do


sul de São Francisco começam a superar Boston
e Nova Iorque em produção de novas tecnologias
com novas empresas surgindo.

1969 É criada no Vale do Silício a AMD, uma das


maiores provedoras mundiais de placas de vídeo
para comp 1975.

38
A Microsoft inicia suas atividades e monta uma
unidade de pesquisa no Vale do Silício.

1976 É criado o primeiro computador da Apple na


garagem de uma casa do Vale do Silício.

1977 A Oracle foi fundada em agosto de 1977,


inicialmente foi chamada de Software Development
Labs (SDL).

1982 É fundada a Adobe Systems, em Mountain


View, por dois ex-funcionários da Xerox.

1986 A Pixar, que ficou famosa pelas animações


Toy Story e Procurando Nemo, inicia as suas
produções.

1993 Surge a Nvdia, sediada em Santa Clara, que


fabrica peças de computador e começa a concorrer
diretamente com a AMD.

1994.
Nascia a Amazon: a livraria virtual que
começou numa garagem e vendia livros pelo correio.

Nesse mesmo ano, o estudante da Universidade de


Stanford, Jerry Yang, funda o Yahoo com o objetivo
de ser o serviço de Internet mais essencial para
consumidores e negócios.

1995 Em um quartinho em San Jose, Pierre


Omidyars iniciava sua lojinha de vendas de

D i s r u p t 39
produtos e serviços, chamada AuctionWeb que
posteriormente viria a se chamar eBay.

1996 O Google começa a ser desenvolvido no


quarto dos estudantes Page e Brin na Universidade
de Stanford.

1997 É criada a Netflix, a empresa surgiu como


um serviço de entrega de DVDs pelo correio.

2004 Um ano depois da criação do Orkut, a já


extinta rede social do Google, é criado o Facebook
por Mark Zuckerberg, enquanto estudava em
Harvard.

40
Gordon More, um
dos “oito traidores”
da Shockley
Semiconductors
e fundador da Intel,
é o autor da ”Lei de
Moore”, influencer
da disrupção09

Muitas vezes escutamos as grandes fabricantes de


processadores, como Intel e AMD, afirmarem que
seus novos lançamentos continuam seguindo a Lei
de Moore ano após ano, mas o que será que essa
Lei afirma?

Em abril 1965 o então presidente da Intel, Gordon


Earle Moore, profetizou que a quantidade de
transistores que poderiam ser colocados em uma
mesma área dobraria a cada 18 meses mantendo-
se o mesmo custo de fabricação.

Embora na época a afirmação de Moore tenha sido


levada como apenas um comentário ou brincadeira,
as empresas de semicondutores em geral, como

D i s r u p t 41
fabricantes de memórias RAM, placas de vídeo e
chipsets acabaram por basear-se nela para definir
as suas metas de produção, investindo pesado em
pesquisa e desenvolvimento para manter o ritmo
acelerado de inovação.

As maiores fabricantes de processadores do


mundo, Intel e AMD, constantemente atualizam as
suas técnicas de produção e de tempos em tempos
lançam produtos com litografias cada vez menores,
resultando em um menor consumo de energia e
dissipação térmica, assim como maior estabilidade
e desempenho.

Embora não se trate de uma Lei propriamente dita,


ela tem por muito tempo ditado como ambas as
empresas inovam em seus produtos, e talvez se ela
não tivesse sido pronunciada não teríamos o ritmo
acelerado de lançamentos como vemos nos dias de
hoje.

Segundo a previsão de Moore(10), em 1975 um


semicondutor de 0.25 polegadas teria até 65
mil transístores embarcados. Seu raciocínio foi
uma relação linear entre complexidade (maior
densidade do circuito a um custo reduzido) e
tempo. De acordo com essa sua previsão o poder
de processamento dos computadores (o número de
transistores embarcados no processador) dobraria
a cada 12 meses, enquanto que o tamanho dos

42
processadores cairia pela metade, se levado em
conta o mesmo custo.
Essa taxa de crescimento seria seguida até 1980
quando passaria então a ser a cada 2 anos. Os
fatores que levaram ele a pensar dessa maneira,
segundo o próprio foram:

D i s r u p t 43
•Enquanto os tamanhos dos moldes aumentaram
a uma taxa exponencial e à medida que as
dimensões diminuíram, os fabricantes de chips
poderiam trabalhar com áreas maiores sem perder
os rendimentos de produção;

•Evolução simultânea para dimensões mínimas


mais finas;

•E o que Moore chamou de “inteligência de circuito


e dispositivo”.

Assim, logo a Lei de Moore - como foi batizada


por um professor da universidade da Califórnia -
acabar-se-ia tornando-se mais do que um simples
“achismo” otimista, mas sim um verdadeiro
objetivo para a indústria de semicondutores onde
as empresas passariam a destinar um valor cada
vez mais alto para pesquisa e desenvolvimento,
inclusive, a sua própria Intel.

Sem a Lei de Moore puxando a régua da excelência


sempre para cima, talvez não tivéssemos uma
dobra no poder de processamento a cada 2 anos,
mas sim a cada 2 anos e meio ou 3 anos.
Pode parecer pouco, mas o suficiente para nos
atrasar - e muito - na ciência como um todo, já
que ao evoluir o poder de processamento dos
computadores, todas as áreas evoluem junto, da
exploração espacial à medicina.

44
E a importância da Lei de Moore vai longe, pois ela
não se aplica apenas aos processadores e tamanho
de seus componentes.

Estudos aplicados de economia que foram atrás


do real impacto da previsão e seus impactos
estabelece uma relação direta do apontamento
feito pelo engenheiro e o crescimento econômico,
tecnológico e melhorias sociais causadas direta ou
indiretamente pela ideia.

Até mesmo quesitos como número e tamanho dos


pixels em câmeras digitais, sensores variados e
a capacidade das memórias encaixa-se na Lei de
Moore.

O futuro da Lei de Moore

A Lei tem-se mostrado verdadeira pelos últimos 50


anos, porém, trata-se de uma projeção e não de
uma grandeza física absoluta, como o tempo ou a
gravidade. Assim sendo, mais cedo ou mais tarde
nosso desenvolvimento tecnológico em relação

D i s r u p t 45
à miniaturização e capacidade dos transístores
alcançará seu ápice, interrompendo a dobra
prevista por Moore, por diversos motivos.
Esta desaceleração na evolução dos componentes já
era esperada e vem sendo postergada há décadas.
A teoria atual é de que ela comece por volta de

2020, quando os transístores alcancem a marca de 5


nanômetros de tamanho.
E talvez o fim da Lei de Moore esteja mais próxima do
que se imagina, afinal, a IBM já anunciou sua próxima
geração, de 5 nanômetros, para 2018, dobrando

46
novamente a capacidade e diminuindo pela metade
o tamanho do hardware.
A maioria da indústria, no entanto, e isto inclui o
próprio Moore, espera que a lei deixe de ser válida
por volta de 2025. Além de ter o empecilho físico
de que os transístores chegarão a um tamanho
mínimo perto ou na casa atômica, há a 2 ª Lei de
Moore, menos conhecida. Segundo ela, o aumento
no valor de pesquisa da próxima geração de
processadores cresce exponencialmente à mesma
medida que o poder de processamento. Assim,
quando chegarmos no limite da Lei de Moore, os
transístores estarão custando na casa dos bilhões
de dólares.

A solução segundo alguns é natural e será adotada


nos próximos anos: substituiremos os tradicionais
transístores de germânio por algum outro material
mais eficiente (grafeno, por exemplo), a evolução da
nanotecnologia, uma nova arquitetura, etc. Enfim,
algo que possa dar seguimento à evolução natural
dos computadores e garantindo uma sobrevida à
previsão de Moore.

D i s r u p t 47
Enquanto isso - apenas para terminar este
texto com notícias animadoras - cientistas da
universidade Purdue, New South Wales, Melbourne
e Sidney, parecem ter chegado ao final da Lei de
Moore (pelo menos como a conhecemos) e ter dado
início à computação quântica. Eles desenvolveram
um transistor que mede 0.1 nanômentro de
tamanho. Para ter esse tamanho ridículo ele é feito
de nada mais nada menos do que 1 único átomo de
fósforo.

E não é apenas modo de dizer não. É impossível


ir além disso e diminuir ainda mais, a física não
permite. A tecnologia foi desenvolvida em 2012 e,
mesmo assim, ainda está longe de ser usual, já que,
por exemplo, algum processador que contivesse um
transístor desse tamanho precisaria ser mantido a
-196 graus.

48
Inovação é fazer
alguma coisa nova.
É um conceito
filosófico.
É conseguir criar
alguma coisa que
melhora a vida
das pessoas.

A diferença entre inovação e invenção

Invenção é algo novo, que não existia


antes. Inovação é só uma nova perspectiva
sobre um problema. É um processo que
leva a um produto ou serviço que ajuda de
uma forma tão relevante que as pessoas
mudam de comportamento.

D i s r u p t 49
O segredo para a inovação é começar com um
problema crucial que você precisa resolver Inovação
é um processo não linear. Ela é caótica.

Acontece de um jeito inesperado. Então, é preciso


ter o espírito. O que se promove no Vale do Silício é
o espírito da Inovação.

O exemplo do Instagram

O app veio para solucionar de uma forma diferente


um problema: o de compartilhar imagens e momentos
de nossas vidas, mas com opções diferenciadas de
edição e filtros simples de usar, que rapidamente
ganharam o mercado.

Outras redes sociais já existiam antes do Instagram,


mas elas não resolviam ou não traziam a mesma
solução e conforto para atender esta demanda
específica.

Product Market Fit

O conceito de Product Market Fit é verificar


se a solução desenhada realmente atende às
necessidades de mercado e é valorada pelos
clientes.

Isso é o é o momento em que o empreendedor


consegue enxergar um bom mercado e lançar
um produto que satisfaça as suas necessidades.

50
É encontrar o ‘encaixe perfeito’ entre o produto/
solução.

Atenção: mas temos que ter cuidado, porque


nem sempre produtos inovadores vão ser bem-
sucedidos.

Para a inovação acontecer você precisa de


empreendedores, de fornecedores, de investidores,
de colaboradores, de bancos dispostos a assumir
riscos.

Precisa de um ecossistema completo para a


inovação acontecer.

Não é um conceito simples, nem um fim nele


mesmo. Inovação é um meio de revolucionar a vida
das pessoas.

E isso deve ser o propósito, a missão.

VJ Anma – Co Founder e CEO da Ideamarket:

•O Steve Jobs é uma lenda no Vale, uma vez eu o vi


entrando descalço no Whole Foods.

•A minha empresa anterior fazia apps e vendia para


o sistema Apple. Isso me sustentou e sustentou a
minha família por muito tempo.

•Pense em tudo que foi possível por causa de algo


que o Steve Jobs construiu.

D i s r u p t 51
•Existe uma diferença entre inovação e invenção:
Invenção é algo que não existia antes, você constrói
coisas novas. Inovação é simplesmente uma nova
perspectiva, você não precisa inventar nada para
inovar, inovação é uma nova perspectiva sobre um
problema ou uma solução que já existe.

•Inovação é um processo que leva a um produto ou


serviço que vai ser uma revolução no mundo. Na
maneira que pensamos, que fazemos negócio, na
maneira que vamos a um restaurante.

•O segredo para inovação é começar um problema


especifico e crucial que você precisa resolver.

•Pessoas inovadoras são chamadas de Fast


Followers – pessoas que estão cada vez mais
rápido seguindo e estando a frente, tendo ideias
rapidamente, são os colonizadores que ficam com
as terras.

•Conforme vamos tendo mais pessoas online as


necessidades dessas novas pessoas mudam, o que
elas querem, em 2020 seremos mais de 4 bilhões de
pessoas online.

•É fácil você criar uma pequena inovação. O


Instagram, cria filtros e formas de você tirar uma
foto e postar, mas tem uma infraestrutura que
pode transmitir para bilhões de pessoas ao mesmo
tempo.

52
Amit Garg – Venture Capitalist da Samsung:

•Existe uma filosofia aqui no Vale que inovar é tentar


até você achar algo certo.

•O Thomas Edison, dizia que ele não tinha inventado


a lâmpada, ele inventou mil maneiras da lâmpada
não dar certo até achar uma que deu.

•Inovar é um processo não linear. A inovação é


caótica, acontece do jeito mais inesperado possível.

D i s r u p t 53
Disrupção, inovação
e vanguarda com Big
Data e Analytics11

Atualmente, independentemente da dimensão de


uma empresa, ter a perspectiva global de todas
as informações relacionadas com o negócio é,
sem dúvida, vital para o seu desenvolvimento e
crescimento.

Os dados têm impulsionado a transformação


digital e, quando falamos da sua recolha e análise,
esta aplica-se a todas as áreas que compõem o
negócio, desde uma melhor estratégia de negócio,
passando pelo desenvolvimento e implementação
de produtos ou serviços, até aos recursos humanos.

Muitas empresas já possuem dados que fazem


parte do Big Data Analytics, no entanto, ainda são
poucas as que fazem o aproveitamento estratégico
de toda a informação que estas tecnologias podem
facultar.

54
Quanto mais dados obtivermos da nossa atividade,
maior a possibilidade de os podermos converter em
vantagens competitivas.

O contrário também se aplica: quanto menos dados


possuímos, maior será a dificuldade em inovar,
fazer frente à concorrência e liderar.

Hoje, o segredo do sucesso passa por transformar


dados em insights. Quem lidera e aposta em
soluções de Analytics, Big Data, Data Science e
Inteligência Artificial, constrói um conjunto de
competências analíticas mais robusto e assertivo.

Esta opção surge acompanhada de uma forte


percepção da importância de ter uma sólida base
tecnológica que seja capaz de suportar toda a
máquina e processos analíticos.

De acordo com um estudo realizado pela IDC


acerca do nível de investimento em Big Data
e Analytics em termos globais, compilado no
Worldwide Semiannual Big Data and Analytics
Spending Guide, prevê-se que as receitas nesta
área ascenderam a perto de 190 bilhões de dólares
em 2019, num crescimento de 12% face a 2018.

Num mundo onde o ritmo de mudança é acelerado, a


margem de erro das organizações é cada vez menor
e exige processos mais inovadores e colaborativos,
maior agilidade e soluções de alta performance, a
importância de explorar o potencial da utilização

D i s r u p t 55
dos nossos próprios dados é incontornável e, neste
momento, esta é uma realidade já muito clara para
diversos setores.

O trabalho com enormes conjuntos de dados


recolhidos a partir da normal atividade das
organizações torna possível transformar dados em
informações valiosas que nos conduzam a decisões
estratégicas mais informadas, enquadradas e
transparentes, em tempo útil.

Além disso, permite identificar padrões,


acompanhar a concorrência, melhorar a relação
com o cliente, otimizar processos, gerir riscos e, até,
melhorar a cibersegurança.

Na prática, a utilização deste tipo de soluções pode


materializar-se em inovação: inovação tecnológica,
inovação de produto, inovação da estratégia de
marketing e vendas, inovação na gestão de recursos
humanos, inovação da própria organização. E
inovação traz inovação.

Se apostarmos em soluções inovadoras que


nos oferecem uma compreensão abrangente e
detalhada da nossa própria atividade, podemos
posicionarmo-nos no mercado de forma
diferenciadora que nos conduz ao sucesso.

56
O “jeitão”
empreendedor
do Vale

VJ Anma – Co Founder e CEO da Ideia Market:

•Acho que há uma história de tradição aqui no


Vale.

•Começando na época das minas, antigamente


as pessoas que vinham para cá, assumiam
riscos. Quando vinham para cá procuravam
ouro, literalmente, e não havia garantia de
encontrar.

•Essa é a cultura que se construiu aqui.

Willian Santana Li – CEO da Knight Scope:

•O que o Vale do Silício pode ensinar aos


empreendedores pelo mundo?

•Antes que venham ao Vale, isso não é a


Disney, você mão vai descobrir nada em três
dias, isso não é turístico, e não vai funcionar
igual um milagre.

D i s r u p t 57
•Pessoas não vão te dar dinheiro, não vai ter equipe
dos sonhos... Não é isso.

•As pessoas vem para cá, para trabalhar. Muito,


muito trabalho. Não são 60 horas semanais, são
100, 120...

•A vida de empreendedor é uma vida de obsessão.


Mesmo que uma coisa que você tente deixar de
lado, você não consegue parar de pensar naquilo.

•É ter essa fixação por fazer o seu objetivo virar um


sucesso.

•Você ser empreendedor exige uma capacidade


muito grande de ficar sozinho, o tapinha nas
costas não vem, exige uma boa dose de ego, pois a
criatividade vem dai.

•Você faz o que outras pessoas não fazem, pensa


fora da caixa. Ego é uma coisa boa, tende a fazer
com que você seja um bom empreendedor, você
precisa ficar de olho nas suas características
negativas também.

Amit Garg – Venture Capitalist Samsung:

•O individualismo não reina aqui. Se você quer criar


algo de uma ideia que você tem, não da para fazer
tudo sozinho.

58
•Se você quer ser um líder, um empreendedor,
precisa ter um núcleo, um nicho de pessoas que irão
te apoiar e discordar. Nessa fusão você consegue as
melhores ideias.

Pedro Sorrentino – VC da Founder’s Club:

•Tirar o seu ideal do papel não precisa de muito, é


preciso testar clientes e pessoas.

•Os piores empreendedores são aqueles que tem


uma ideia e não querem compartilhar com você.

•São aqueles que tem pouca experiência. Quanto


mais ideias só na sua cabeça, menos pessoas serão
capazes de te ajudar a elaborar o projeto.

Gina Gotthilf – VP da Duolingo:

•Uma coisa que eu aprendi nas empresas que


trabalhei aqui é que há uma obsessão por testes e
números.

•Nós fazemos testes AB com tudo. Enquanto muito


empreendedor não faz.

•Assim que você chega no longo prazo, vale a


pena pensar e incorporar isso para quem está
começando.

•Acredito que o dinheiro não é um bom estímulo


para as pessoas.

D i s r u p t 59
•Eles precisam de algo significativo, algo para o
qual tenham paixão e se tornem bem sucedidos.

•Dinheiro não é importante. Pessoas focadas


no dinheiro nunca farão dinheiro. A maioria dos
empreendedores de sucesso foca em trazer valor.

•Ser aberto com as ideias e fazer a troca com


outras pessoas é o que fazemos no Vale.

•As melhores conexões aqui acontecem em evento


offline, em eventos privados.

•Existe realmente uma restrição para convites, o


que exige muita determinação e resiliência.

•Tem vários empreendedores que vem para cá


com business incríveis, que podem ser acelerados
nas inúmeras incubadoras que tem aqui e muitos
deles voltam para o Brasil, pois estão focados no
mercado brasileiro.

•Isso empata a excelência com a equipe que ele


montou lá com a daqui. Ele leva a bagagem.

•É irrelevante de onde você vem, se você é homem


ou mulher, se você é rico ou pobre.

•O que importa aqui é o que você está fazendo,


qual é o tamanho daquilo que você busca e o que

60
você quer impactar, como você vai chegar lá.
•A cultura daqui é realmente muito diferente.

•Quando você tem uma equipe que compartilha


uma cultura, a conexão fica muito mais fácil.

Sucesso no Vale é sinônimo de trabalho duro, foco


na execução da ideia e dedicação obsessiva.

Existem mais casos de fracasso do que de sucesso


no Vale, porém, os projetos bem-sucedidos
recebem muita atenção e divulgação e, por
vezes, transmite-se a incorreta percepção de que
as coisas simplesmente acontecem na região
independentemente do esforço e dedicação
empregados no projeto.

D i s r u p t 61
O perfil do
empreendedor no
Vale do Silício12

O espírito empreendedor do Vale do Silício existe


desde seus primórdios.

A região era explorada em busca de ouro, mas não


havia garantias a respeito do lucro: ir até lá nessa
jornada significava assumir riscos.

E assim até hoje, se constrói a verdadeira essência


do maior polo de tecnologia do mundo, que abriga
muitas startups e empreendedores de vários países.

É importante reforçar que o local não se baseia em


diversão, mas em trabalho duro.

Não existe dress coding, regras ou horários, mas é


fundamental se dedicar e transformar um objetivo
em realidade.

Casos de fracasso acontecem, é claro, mas quem


alcança o sucesso consegue mudar vidas. A sua,
a de seus parceiros e colegas e a de milhões de

62
usuários que se beneficiam de sua invenção.
Mas, para isso, o perfil do empreendedor do Vale do
Silício deve estar alinhado com a proposta do lugar.

E aqui estão algumas características que são


essenciais em um profissional que decide apostar
nesse caminho:

•Ser responsável é o primeiro passo

De fato, o ambiente corporativo da maioria das


startups e empresas do Vale do Silício é leve e
descontraído. Porém, não significa que o perfil do
empreendedor deve ser assim sempre.

A dedicação e o empenho nessa região são


considerados obsessivos. É fundamental
ter dedicação ao projeto, além de total
comprometimento para que ele saia do papel e seja
viabilizado.

Lucro, dinheiro e estabilidade financeira são meras


consequências. Esses três fatores, inclusive, podem
demorar muito tempo para chegar.

Por isso, ter responsabilidade em aceitar e assumir


riscos é importante, assim como a resiliência em

D i s r u p t 63
aguardar esse momento chegar.
Empreendedores que abandonam o que começam
ou desistem diante de um impasse raramente
conseguem se recuperar posteriormente.

Saber se comunicar bem abre muitas portas

Ter contatos é tudo.

Transitar entre profissionais e concorrentes e


trocar ideias com essas pessoas depende de muita
disposição e ânimo, mas oportunidades não faltam.

O Vale do Silício é repleto de apresentações,


encontros, competições e apresentações de
projetos para fomentar essa interação e abrir
portas para que os participantes aumentem sua
rede de contatos.

Sendo assim, o perfil do empreendedor que quer se


aventurar por lá precisa ser comunicativo, receptivo
e interativo.

Nada de guardar informações só para você.


Compartilhe, ajude e assim você encontrará
parceiros, colaboradores e também investidores
para seu negócio.

Essa também é uma excelente forma de fazer


com que a sua marca comece a circular e que você
encontre pessoas dispostas a testá-la e dar algum
feedback.

64
Ter confiança e agilidade fazem a diferença

Um empreendedor no Vale do Silício precisa confiar


em si.

Tanto na troca de ideias, quanto nas relações


estabelecidas com outros profissionais da região.

É isso o que faz com que você se destaque em


meio a tantas pessoas que querem e esperam as
mesmas coisas, mas que tem medo de se colocar à
frente de algo.

Confiar significa também entregar resultados


rápidos. Se um teste falhar, descubra rápido qual
é o problema.

E depois, trabalhe em uma correção mais rápido


ainda.

A junção dessas duas características faz a diferença


na hora de viabilizar um produto e de apresentá-lo
para um investidor.

Ficar apreensivo apenas atrapalha e distancia um


empreendedor de seu grande sonho.

Fazer diferente e inovar

Entenda que o óbvio não tem espaço no Vale do


Silício.

D i s r u p t 65
O perfil de um empreendedor atuante na região
envolve o entendimento de que é possível sair da
caixa e ir além.

Outras formas de fazer algo são totalmente


possíveis, devem e podem ser imaginadas e
também colocadas para teste. Afinal, não há nada
para perder, muito menos tempo.

Esse é um ambiente em que arriscar, ter curiosidade


e experimentar são ações essenciais que permitem
aprendizados e descobertas e levam a inovação.
Insistir em mais do mesmo não adianta e é preciso
buscar um diferencial expressivo.

Não tenha medo e não considere suas ideias


absurdas.

Às vezes, é justamente de algo totalmente


inesperado que ela precisa para finalmente adquirir
uma forma consistente.

Fracassar tem seu mérito

O perfil do empreendedor no Vale do Silício não


está completo se em seu currículo não constar um
grande fracasso.

Todos os empreendedores bem-sucedidos da


região lidaram em algum momento com alguma
experiência que acarretou em um grande fracasso.

66
Não há espaço para a vergonha de assumir isso,
pelo contrário.

Fracassar é visto como um sinal de grande


conhecimento e de que o empreendedor aprendeu
com seus erros.

E que, mais do que isso, está preparado para tentar


novamente ao invés de ficar desanimado com o que
aconteceu.

Falhar, e falhar rápido, é a melhor maneira de


expandir a visão para o futuro e encontrar uma
nova maneira de tentar empreender e dar certo.

•Colaborar também faz parte do perfil do


empreendedor no Vale do Silício

Trabalhar por si só pode dar certo para muitas


pessoas, em diversas situações.

Mas no Vale do Silício, é preciso saber compartilhar,


pois é o envolvimento em equipe que leva ideias e
startups para frente.

Na região, todos acreditam em si e em seu potencial


para envolver e gerir pessoas, um talento muito
procurado e apreciado atualmente.

Encontrar pessoas que abracem sua ideia e que


ajudem ela a acontecer não é fácil.

D i s r u p t 67
Então, quem consegue realmente unir ideias
similares e força de vontade tem muito mais
chances de atingir o sucesso.

Não é incomum que uma ideia permaneça parada


em um estágio, sem qualquer possibilidade de
mudança, mas que isso mude rápido com a
interferência de alguém que trabalha com você.

Acredite no poder da colaboração e com certeza


você conseguirá se estabelecer muito bem nesse
grande polo tecnológico.

Ser empreendedor é um desafio diário, que aumenta


ainda mais no ambiente altamente desenvolvido e
intenso do Vale do Silício.

Mas com todas essas características agregadas


em seu perfil, você pode superá-los e surpreender
o mercado.

68
O que aprendi
trazendo a cultura
empreendedora do
Vale do Silício para
o Brasil13

Os empreendedores do ramo tecnológico


tendem a ver o Vale do Silício como uma
inspiração, e porque não, um objetivo.

A região da Califórnia, nos Estados Unidos,


é berço de empresas como Facebook, Apple
e Google. A consolidação do Vale como um
norte para as startups criou um ciclo vicioso
de inovação: as empresas são atraídas para
lá e o seu sucesso atraí outras.

Além de produtos que mudam a forma


de nos comunicarmos, locomovermos e
relacionarmos, as práticas das empresas
de lá impactam no modo de ser de várias
outras espalhadas pelo mundo.

A regra da região é a colaboração: por


todos respirarem inovação, o espírito de
compartilhamento é pulsante.

D i s r u p t 69
O ecossistema é sustentável e empreendedores de
sucesso alavancam o crescimento de outros por
meio de mentorias, eventos, investimentos, etc.

Para se ter uma ideia, uma prática comum lá é o


compartilhamento de ações das empresas com
seus funcionários.

Assim, eles recebem parte do resultado que ajudam


a construir. Além disso, os projetos open-source
— quando diferentes programadores contribuem
para melhorar um software sem retorno financeiro,
por exemplo — são vistos com ótimos olhos.

Transferir essa realidade para um negócio no Brasil


é um desafio, mas vale a pena.

Trabalhei alguns meses em uma aceleradora no


Vale e mais 11 meses como um dos primeiros
programadores da Uber.

Ao voltar para terras brasileiras, fundei, junto com


mais três amigos, uma empresa que desenvolve
aplicativos sob encomenda de uma forma única.

Uma das técnicas mais difíceis de trazer para uma


empresa brasileira é o compartilhamento de ações
entre os funcionários e a liquidez desse plano.

Lá fora, é comum que os colaboradores com mais


anos de casa tenham direito a papéis das empresas
por preços menores.

70
A ideia é fazer com que o trabalhador se engaje mais
para contribuir com o crescimento da instituição.

Aqui enfrentamos dificuldades jurídicas e econômicas.


Isso porque não existe legislação para esse tipo de
prática e as vendas e saídas de startups ainda são
poucas, diminuindo a liquidez do plano de ações.

A saída encontrada para o impasse jurídico foi optar


pelo modelo de negócio de uma empresa S.A.

Quanto aos problemas de liquidez, decidimos por


comprar as ações dos funcionários por um preço maior
do que foram vendidas caso este queira o dinheiro antes
do tempo previsto, além de compartilhar os resultados
trimestralmente.

Mais difundidos no país, projetos open-source são


desenvolvidos por diversos programadores.

Por meio de fóruns, profissionais do mundo inteiro


colaboram para o desenvolvimento de soluções mais
eficazes e seguras.

D i s r u p t 71
Em algumas regiões do Brasil, a prática ainda é vista
com desconfiança, mas quem é do meio, incentiva
as empresas a cada vez mais abrirem seus dados.

Com projetos abertos estabelece-se uma gestão


horizontal na qual qualquer pessoa com o
conhecimento necessário pode ajudar a desenvolver
e aprimorar um software.

Por mais que exista uma empresa ou alguém


responsável por abrir o código do projeto e escolher
quais mudanças realmente devem ser incorporadas
no código original, a programação é livre.

A prática aumenta a possibilidade dos


programadores se aprimorarem participando de
grandes projetos e aprendendo com especialistas
de outras regiões.

Por outro lado, empresas contam com ajuda para


elevar o nível técnico de suas soluções.
Outra prática comum no Vale que requer insistência
para implementar no Brasil é a gestão lean. Um
país, acostumado com grandes indústrias, conhece
uma gestão vertical e burocrática.

O maior desafio aqui é ensinar as pessoas a


pensarem em ciclos curtos e incentivar a gestão
horizontal — onde todos têm voz dentro da empresa.

72
A ideia de gestão lean passa por objetivos pensados
para um curto período de tempo, acompanhando o
ritmo do mercado.

Além disso, no nosso meio de atuação, um app


precisa ser publicado mesmo que ainda possua
espaço para melhoria, a evolução é constante.

Com essa metodologia a solução pode ser


aprimorada à medida que as demandas forem
surgindo.

Por mais que existam desafios reais ao implementar


práticas de empresas gurus em tecnologia no país,
aqui também encontramos diferenciais que fazem
falta na região norte americana.

A qualificação da mão-de-obra, a criatividade,


companheirismo e alegria tornam os escritórios
brasileiros modernos lugares que pulsam motivação
e excelência.

Juntando todos os ingredientes, o resultado só


pode ser uma receita de sucesso.

D i s r u p t 73
Síntese dos elementos
que definem o espírito
empreendedor do Vale
do Silício

Existem alguns elementos fundamentais que


definem o espírito empreendedor do Vale do
Silício. Veja alguns abaixo de modo a perceber
aqueles que melhor possam definir uma jornada
empreendedora.

Informalidade

Ambiente corporativo desestruturado, informal,


pouco apego à hierarquia, incentivo à contestação
de ideias, despojamento e disponibilidade;

74
Responsabilidade

Comprometimento e dedicação ao projeto: lucro e


resultado financeiros são consequência;

Interação

Encontros, meet-ups, apresentações de projetos e


competições de startups;

Confiança

Confiança em todas as partes: na troca de


informações e de ideias, nas relações e no
cumprimento de acordos pessoais entre as partes;

Velocidade

No vale do Silício o negócio é rápido, veloz, dinâmico:


“teste rápido, falhe rápido, ajuste rápido”;

Fazer diferente

Entendimento de que outras formas de fazer são


possíveis de serem imaginadas e colocadas a teste;

Disposição ao risco

Ambiente aberto à curiosidade e experimentação;


envolve aceitação do risco e do erro, a receptividade

D i s r u p t 75
por parte de professores, cidadãos e financiadores
potenciais para proposições heterodoxas, não
conformes;

Fracasso

Todos os empreendedores bem-sucedidos no


Vale têm experiências de fracasso em sua
trajetória. Esses empreendedores, no entanto,
aprenderam rapidamente com seus erros. É desse
comportamento que emerge a visão do “fail fast”
(falhe rapidamente);

Atenção às oportunidades

Disseminação de saberes: Modelos emblemáticos


são prestigiados e difundidos (pessoas e
organizações). Suas histórias são debatidas e
difundidas;

Pivotar

O termo significa mudar ou gorar e designa uma


mudança radical no rumo dos negócios.

Escala

No Vale do Silício, todo negócio precisa ser escalável


e ter a capacidade de atender uma necessidade
das pessoas em qualquer parte do mundo. Todo
negócio precisa ter escalabilidade para conquistar
o mundo;

76
Valorização de talentos

Investir em talentos não é algo exclusivo do Vale


do Silício. Entender que as pessoas são mais
importantes que processos ou ativos tangíveis
é unanimidade em todo o mundo, mas ali o
“talentismo” possui muito valor;

Experiência

Tudo é pensado para que você tenha uma grande


experiência, desde a visita à empresa, até o
consumo dos serviços ou produtos. Tanto para
os colaboradores que trabalham em ambientes
modernos, quanto para o público externo que
compra os serviços e produtos e ficam encantados
com a experiência de usabilidade;

Cultura da colaboração open office

Profissionais de diferentes perfis e especialidades


convivem, literalmente, lado a lado, tendo a
oportunidade de estabelecer empatia e um
profundo entendimento dos desafios individuais
e comum, estimulando um nível de colaboração
ainda mais profundo;

Compartilhamento

As pessoas compartilham, pois acreditam em si


e no seu potencial de executar suas ideias e gerir

D i s r u p t 77
suas equipes (aliás, esse é um talento muito
procurado pelas grandes empresas);

Pay it forward

A construção de “valor” passa obrigatoriamente


pela colaboração intensa e contínua entre todos
os envolvidos, buscando a construção de algo
“maior”. O “pay it forward” é uma forma de
retribuir na frente o que aprenderam de outros
experts;

On going

Busca por oportunidades em todos os


ambientes. Interações em cafés, por exemplo,
representam essa atitude de forma mais
explícita: “estranhos” iniciarem uma interação
e idealizam e concebem oportunidades de
colaboração, buscam feedback e iniciam novos
negócios;

Networking

É fortemente focado em identificar projetos


comuns que podem surgir daquela interação.
O contato entre estranhos é estimulado e
esperado. A capacidade de estabelecer conexões
é um dos pontos-críticos da capacidade de
inovar continuamente; Networking variado e
diversificado;

78
Inovação

Um mindset, uma atitude. Resultado do esforço


criativo e coletivo que parte de uma ideia, produto
ou negócio que leva a uma invenção;

Resultado da criação de valores tangíveis através


de processos, sistemas, produtos ou serviços e fruto
de uma forte interação;

Combinação de novos conhecimentos com


os já existentes, tecnologias, canais, redes,
relacionamentos sociais e capital para atender
uma necessidade expressa ou latente;

Envolvimento de aspectos internos e externos `as


organizações, onde as interações assumem papel
decisivo.

D i s r u p t 79
Valide o seu projeto com o cliente

A intuição do empreendedor sempre deve ser


valorizada, porém com o entendimento de que um
novo projeto é sempre uma hipótese que deve ser
validada com o consumidor.

A prática e cultura de se testar hipóteses com o


cliente fortalecem a intuição do empreendedor
oferecendo uma visão apurada a respeito de sua
validade sob a ótica do cliente. Todo novo projeto é
uma hipótese de negócios.

Ser empreendedor exige uma capacidade muito


grande de ficar sozinho. Ninguém vai te aprovar ou
desaprovar. O individualismo reina supremo. Você
tem que ser individualista para encarar os ‘nãos’.
No entanto, para executar a ideia, é preciso criar
um time. Um núcleo de pessoas que te apoiam a
levar a ideia adiante.

A recompensa financeira é consequência do


sucesso do projeto. Os vetores de desenvolvimento
das iniciativas mais bem-sucedidas estão sempre
relacionados ao engajamento da equipe com os
propósitos do projeto, seus valores e missão. Essa é
uma das visões mais disseminadas e poderosas da
cultura do Vale do Silício.

80
A chave é a execução e como você executa
a ideia.

Como levá-la de conceito a produto. Esta é a


jornada, a parte difícil. O que importa é o que você
está fazendo e como pretende atingir seu objetivo.

A execução da ideia é um dos principais fatores


críticos de sucesso de qualquer projeto. Nesse
processo, compartilhar a ideia com outros agentes
é sinônimo de trazer mais referências e conceitos
relevantes para agregar valor ao projeto original.

O exemplo do Oculus Rift, vendido para o Facebook


por cerca de U$ 3 bilhões sem ter sequer sido
lançado tangibiliza bastante bem essa visão
presente na cultura do Vale.

Compartilhe a sua ideia, o seu negócio vai


ganhar com isso

É uma vida de obsessão. Dinheiro não é um bom


estímulo. É uma parte importante, mas não
essencial. O foco é trazer valor para a vida das
pessoas.

Os piores empreendedores são aqueles que não


sabem compartilhar suas ideias. Ser aberto e fazer
trocas é o cerne do que se faz no Vale do Silício.

D i s r u p t 81
A maneira de trabalhar no Vale tem muito a ver
com a cultura da empresa em que se pensa a longo
prazo, na missão do empreendimento. E os chefes
criam um ambiente que estimula a inovação.

O empreendedorismo é aberto.

Se você falha, você tenta de novo. Ao invés de


queimar talentos, isso é reciclado para dar vida a
outro negócio.

No Vale do Silício, o objetivo a longo prazo é


mudar a forma de pensar.

Ser mais crítico na maneira como a tecnologia é


desenvolvida. Ela precisa essencialmente impactar
a vida das pessoas.

82
Obtendo
investimento...
Vendendo o negócio
para o investidor

Investimento

O Investimento é um dos assuntos mais


comentados e valorizados entre empreendedores.

No Vale do Silício você cai na real quando alguém


te diz para explicar seu negócio em três minutos.
Aí, quase todo mundo fica parado, gaguejando e
não consegue nem comunicar a própria ideia.

D i s r u p t 83
O Vale não é uma atração turística. Não é tão fácil
conseguir investimento e fazer do seu projeto um
sucesso.

A importância do MVP para conquistar um


investidor

Nos Estados Unidos em geral, os empreendedores


têm muito mais uma atitude de bootstrapping, que
literalmente é segurar as botas, segurar as pontas
por você mesmo.

Então, faça a coisa mais simples possível sem ter o


investimento dos outros.

Outro conceito importante se chama Minimum


Viable Product (MVP), que é a mais simples versão
de um produto, que pode ser lançada com o menor
volume de investimento e esforço e não tem como
objetivo, necessariamente, a verificação técnica,
mas a viabilidade enquanto negócio.

O MVP é prova de que você consegue fazer


minimamente o projeto antes de considerar um
investimento.

Você não precisa de escritório, funcionários e todas


estas coisas que encarecem o empreendimento.

Saiba atrair e se comunicar com potenciais


investidores

84
Saber como convencer investidores no Vale do
Silício é crucial para levantar capital.

Os investidores veem tantas ideias, todos os dias


da semana, o ano inteiro!

Eles têm filtros, e você pode ter uma excelente


ideia, mas se não expressar da maneira certa, ela é
simplesmente filtrada.

Eles não têm tempo para descobrir qual é o


seu negócio. Eles esperam que você descubra e
apresente para eles claramente.

Então, convencer é absolutamente essencial, e


entender como convencer é crucial para conseguir
capital.

É importante saber mostrar os números por trás


do que você está fazendo, evidencie por meio de
gráficos e infográficos o quanto o seu produto tem
aceitação ou o quanto o mercado tem a necessidade
de um serviço semelhante ao seu.

Background, reputação e experiência de vida do


empreendedor

A sua reputação como pessoa, empreendedor e


profissional também é muito importante.

O investidor vai querer saber como é você, como


você se comporta no dia a dia, irá se interessar por

D i s r u p t 85
referências de outras pessoas que trabalharam
com você ou fizeram negócio com você.

Além disso, é importante mostrar uma conexão


entre empreendedor e produto: por que você está
fazendo esse produto?

Evidencie o quanto a solução que você quer trazer


está relacionada também ao que você presenciou.

Muitos negócios surgem de inquietações, problemas


e incômodos que alguém percebe e que a incomoda
porque muitas vezes interfere a própria vida dessa
pessoa.

Pitch de elevador

O pitch é a sua chance de vender seu peixe e as


pessoas no Vale ouvem pitch o dia inteiro.

86
Você tem 5 segundos para conseguir atenção e
precisa saber exatamente o que vai falar antes de
abrir a boca e ainda tem que saber quais são os
pontos que irão mexer com o investidor.

Você precisa saber o que o investidor gosta, o que


ele não gosta, e se ele está alinhado com a sua visão
e a sua paixão.

Você precisa vender um sonho.

Convencer o investidor que a ideia tem mérito,


mostrar o mercado, a visão de como a ideia pode
crescer e porque você é a pessoa certa para levar
essa ideia para sua conclusão.

Os perigos de uma escolha errada

O melhor caminho para conseguir capital vem do


consumidor.

Antes de vender uma parte da sua empresa para


um investidor, o consumidor é quem vai dizer se o
problema está sendo resolvido pelo seu produto ou
não.

É ele quem vai confirmar se a ideia é viável ou não.

Enfim, não existe fórmula exata. Alguns investidores


têm exigências, outros não.

D i s r u p t 87
A maioria dos investidores precisa entender o que você
está fazendo e precisa te desafiar.

O investidor tem uma visão diferente, está olhando


para vários lugares.

O maior ativo entre investidor e empreendedor é a


confiança.

Se não tem confiança, aí complica. Deixa de ser uma


relação positiva e pode resultar em coisas ruins como o
colapso da empresa.

Gina Gotthil – VP Duolingo:

As vezes ser empreendedor é você se adiantar um


pouco com as coisas, colocar em prática.

Nos EUA usamos a expressão “boot strapping” que é


você segurar literalmente as botas pelo cadarço.

Quando você cria um negócio, é para fazer acontecer


sem o investimento dos outros.

Um MVP, que é exatamente isso, criar uma coisa fácil,


que você não precise de escritório, apetrechos, prova
que a sua ideia é legal, faça acontecer, faça crescer,
antes de conspirar a parte do investimento.

Não coloque essa barreira antes do seu trabalho. Uma


das coisas mais importantes é mostrar os números
do que você esta fazendo, em termos de potencial

88
do mercado, interesse no produto, sua reputação
como empreendedor.

•O pitch é onde se vende o peixe, é a parte mais


importante para mostrar aos investidores, que
ouvem o dia inteiro pitch de muitas pessoas.

•Eu recebo uns 10 por dia, e se eu recebo um muito


parecido com o outro eu já excluo. Aqui nos EUA
temos um termo que é Elevator Pitch – onde
literalmente você vende o seu produto no tempo
do elevador subir do térreo ao ultimo andar.

•Muitas pessoas acham que o CEO tem que passar


tempo todo na ideia, desenvolvendo a tecnologia e
o produto.

•O que você tem que fazer no começo é vender


algo que não é seu, vender a segurança.

•É um instrumento financeiro, e você está


tentando convencer o investidor certo a comprar
essa segurança, colocar dinheiro na sua empresa.

•Isso pode ser na forma de débito, capital próprio,


serviços, ações por serviços. CEO tem que saber de
onde esta vindo o dinheiro.

•Por mais que você tenha que adaptar o seu


produto ao consumidor, você tem que adapta-lo
ao investidor certo para o preço certo, para ser
financiado.

D i s r u p t 89
Raphael Sanches – CEO da All The Cooks – Cookpad:

•Se você vier só com a ideia para cá, a chance de dar


errado é gigante, você precisa se relacionar com as
pessoas, assim a chance do investimento é maior.

•A maioria das pessoas tem problema de levantar


capital por duas razões. Ou porque elas não estão
com o negócio em um ponto onde eles podem
realmente provar aos investidores que ele funciona.
Ou, número dois, eles chegam nesse ponto mas não
sabem articular, não sabem comunicar isso aos
investidores.

•Uma incubadora, uma aceleradora, trabalha com


startups, para passar por esse obstáculo, para que
possam saber se comunicar com os investidores,
gerar capital e fundo.

•Na maioria das vezes, startups, se você não


conhece ninguém na organização, levaria algo de
três a seis meses para bater na porta, depois achar
uma conexão que te responda, e depois encontrar
a pessoas certa para organização que esteja
interessada em comprar sua tecnologia.

Pedro Sorrentino – VC Funders Club:

•Nós somos o primeiro fundo online de Venture


Capital no mundo. Nós somos uma plataforma
extremamente seletiva nos empreendedores que
trabalhamos.

90
•Nós chegamos a conhecer quase 40 startups
novas por semana, e 1.8% dessas startups, de fato,
acabam recebendo o investimento nosso.

•Convencer é importante. Saber como convencer


investidores no Vale do Silício é crucial para levantar
capital aqui.

•Investidores tem ideias o tempo todo, recebem


ideias o tempo todo. Eles tem filtros, e você pode
ter uma excelente ideia, mas se não se expressar da
maneira correta, ela é simplesmente filtrada.

•Eles não tem tempo de descobrir como funciona o


seu business, eles esperam que você apresente.

Gary Kremen – CEO da Match.com:

•Saber convencer o investidor no Elevator Pitch é


crucial.

•Os investidores falam que se você não consegue


me mostrar em 10 slides, provavelmente não vai
funcionar. Você precisa de uma equipe boa, um
mercado ótimo, rotas de escape, mas passar a
ideia é o mais importante.

D i s r u p t 91
Conclusão

Foram abordados diversos pontos importantes que


devemos avaliar ao procurarmos um investimento
ou investidor e o que precisamos fazer para
conquistá-los, eles são:

•Faça um Minimum Viable Product (MVP), que é a


mais simples versão de um produto, que tem como
objetivo demonstrar a viabilidade do seu produto
como negócio. O MVP ajuda a atrair o investidor e
pode evidenciar uma possível demanda de mercado
pelo seu produto.

•Para convencer os investidores é importante saber


mostrar os números por trás do que você está
fazendo.

•A sua reputação como pessoa, empreendedor e


profissional precisam ter uma conexão com o que
você está oferecendo para o mercado e o investidor
precisa sentir isso.

•Quando apresentar a sua ideia faça um pitch


de elevador: em 5 minutos apresente de forma
resumida e objetiva tudo o que pode ser relevante e
crucial para convencer um possível investidor.

•Alguns investidores têm exigências, outros não.


A maioria dos investidores precisa entender o que
você está fazendo e precisa te desafiar.

92
Guia de boa práticas
para relacionamento
empreendedor /
investidor14

A relação entre investidores e empreendedores


tem sido o tema de diversos artigos, eventos e
palestras nos últimos anos, principalmente após o
crescimento no número de startup no Brasil.

A confiança adquirida para que se fosse possível


receber o aporte, também faz com que a necessidade
desse relacionamento fique em evidência.

Como em qualquer outro relacionamento,


investidores e empreendedores podem ter
dificuldades iniciais para conseguir entrar em
sintonia.

D i s r u p t 93
Em geral, essas duas pontas do processo, devido
aos seus perfis empresariais distintos, costumam
ser convictos de suas ideias, fazendo com que
conflitos, mesmo que saudáveis, não sejam tão
incomuns assim.

Manter uma boa relação muitas vezes é apenas


uma questão de prática, portanto, abordamos
abaixo o papel de cada uma das partes e como
manter o equilíbrio em prol do sucesso da empresa:

O papel do investidor

Muitos investidores são empresários de sucesso


que conseguiram transformar suas startups em
negócios escaláveis e agora colhem os lucros de
anos de trabalho duro.

Isso significa que eles aprenderam na prática e estão


preparados para ajudar novos empreendedores,
principalmente aqueles que eles investiram.
A grande questão é que, devido a esta vasta

94
experiência, muitos investidores acabam opinando
no dia a dia da empresa, querendo fazer com que
ela tome o rumo que eles julgam ser o melhor.

Não haveria nada de errado nisso se do outro


lado não houvesse um empreendedor ansiado em
demonstrar seu valor e seu trabalho.

É neste ponto que os problemas de relacionamento


começam.

Todo investidor, principalmente aqueles que


começaram agora, precisam entender que seu
papel numa startup é o de participar de decisões
estratégicas e não querer gerir o negócio.

É claro que ele pode tomar decisões mais ousadas


caso as coisas estejam dando errado, mas sempre
com o acompanhamento dos fundadores da
empresa.

D i s r u p t 95
O papel do empreendedor

Já o empreendedor tem nele a convicção de que


criou o produto ou serviço perfeito para um grande
mercado, que está disposto a pagar o que for
necessário pela solução ofertada.

A verdade é que muitas startups falham engolidas


pelo ego dos seus criadores.

O papel do empreendedor é de gerir a empresa,


medir seus resultados e tomar decisões, mas
também é o de manter o investidor informado sobre
o desempenho do negócio, abrindo oportunidade
para que ele dê sua opinião e discuta o melhor
caminho.

Ainda que o empreendedor acredite ter a


solução para tudo, grande parte do sucesso do
relacionamento dele com o investidor parte de uma
postura humilde, de aprendizado.

Como manter o equilíbrio no relacionamento entre


empreendedores e investidores

O equilíbrio nessa relação é quase como descobrir o


modelo de negócios da sua startup: requer prática,
testes, validações e, sobretudo, muito diálogo entre
os agentes envolvidos.

96
O mais importante nisso tudo é perceber que tanto
investidores quanto empreendedores trabalham
em busca do sucesso da empresa.

Mesmo as discussões ou divergências de


pensamentos, muitas vezes, são em prol deste
resultado.

Encontrar o equilíbrio na relação entre investidor


e empreendedor é um passo que demonstra a
maturidade de ambos.

O primeiro por entender que a partir de agora ele


não comanda diretamente uma startup, mas a
orienta.

Já em relação ao segundo, cabe perceber que,


acima de tudo, ele é um aprendiz.

Por isso, saber ouvir e argumentar decisões


contrárias é fundamental.

D i s r u p t 97
Tipos de
investimentos
mais indicados
para cada startup15

Em primeiro lugar, você precisa entender quais são


os investimentos possíveis para startups e como eles
funcionam.

Conhecer essa dinâmica ajudará tanto na hora de


escolher o melhor investimento para o seu negócio,
quanto no processo de construção da empresa, além
de ser um facilitador e diferencial para a sua relação
com o investidor.

O investimento mais conhecido em startups


é o Investimento Anjo:

Ele é realizado por executivos, empreendedores e


outros profissionais bem sucedidos e experientes
que querem diversificar suas aplicações financeiras,
mas também participar do processo de formação da
empresa como um mentor, pois já conhecem bem o
mercado de atuação da startup.

O aporte alocado normalmente varia entre 5% a 10%


do seu patrimônio, sempre é capital próprio.

98
Fundos semente:

Os fundos semente estão um patamar acima do


investidor anjo, o valor é geralmente de duas a três
vezes maior do que a média do investidor anjo e
buscam startups que já estão mais estruturadas
no mercado, com clientes e produto/serviço já
definido, mas que ainda dependem de investimento
para sua expansão.

Equity Crowdfunding:

É um financiamento coletivo, onde você divulga seu


projeto de startup em uma plataforma online e os
investidores aportam fundos no seu negócio, tendo
direito a uma participação da empresa.

Essa campanha tem um prazo e se o empreendedor


não conseguir o montante estabelecido
previamente, ele não recebe o investimento.Esse
tipo de investimento é interessante porque permite
a exposição do projeto online para investidores com
perfis bem diversificados.

D i s r u p t 99
Venture Capital:

Esse tipo de investimento é direcionado para


startups que já estejam em processo de alto
crescimento, escalando rapidamente.

O montante investido no negócio também é maior,


na média dos milhões já.

Com isso, o objetivo de Venture Capital é ajudar a


empresa a crescer, podendo chegar até uma fusão,
uma operação de venda, ou até a abertura de
capital.

Venture Building:

O modelo mescla características das incubadoras,


aceleradoras e venture capital, sendo que fornece
todo o planejamento estratégico, a captação de
recursos financeiros e humanos e estrutura física.

O objetivo de uma venture builder não é apenas


criar um produto, mas construir um negócio.

Geralmente a participação de uma venture builder


numa startup é grande, chegando a até 80% da
estrutura acionária na fase inicial.

100
Private Equity:

O Private Equity é destinado para empresas que já


estão consolidadas no mercado, ou seja, quando ela já
tem alguns milhões em receita.

Assim, essa forma de investimento prepara a empresa


para sua expansão com possibilidade de abertura de
seu capital junto à Bolsa de Valores ou uma operação
relevante de M&A.

Bootstrapping:

Para aqueles que acompanham o mundo das startups,


o bootstrapping é o primeiro passo dos investimentos.

Neste caso, o empreendedor, ou o grupo de


empreendedores, tira dinheiro do próprio bolso para
investir na empresa.

Praticamente todas as startups criadas começam


com o sistema bootstrapping até conseguirem
investimentos maiores.

Incubadoras:

As incubadoras representam um modelo mais


tradicional de investimento a partir de um projeto
ou uma empresa que tem como objetivo a criação
ou o desenvolvimento de pequenas empresas ou
microempresas, apoiando-as nas primeiras etapas de
suas vidas.

D i s r u p t 101
O processo de incubação inclui ajuda com a
modelagem básica do negócio, ajuda com técnicas
de apresentação, acesso a recursos de ensino
superior, entre outros.

Aceleradoras

Apesar de serem um tipo moderno de incubadoras


de empresas, as aceleradoras têm uma metodologia
mais complexa.

O processo para participar das aceleradoras


é aberto, e estas geralmente procuram por
startups consistindo de um time para apoiá-los
financeiramente, oferecer consultoria, treinamento
e participação em eventos durante um período
específico, que pode ser de três a oito meses.

Em troca, as aceleradoras recebem uma


participação acionária.

Dentre esses tipos de investimentos, os mais


indicados e comuns para quem está começando um
negócio são os Investidores Anjo, Fundos Semente
e o mais recente, Equity Crowdfunding.

Mesmo que Venture Capital e Private Equity não


sejam para a sua startup, é sempre importante
conhecer as etapas e a dinâmica do investimento!

102
Cultura do
compartilhamento

É importante aqui evidenciar a importância do


networking.

A importância de ter pessoas com ideias diversas,


que se complementam.

É muito difícil ser bem-sucedido sozinho.

Para ter sucesso é necessário receber ajuda e


depois, quando os objetivos são atingidos, ajudar a
todo o ecossistema.

Uma das coisas que faz do Vale do Silício o


que ele é, é o fato de ser fácil se conectar com
pessoas que têm habilidades que podem fazer um
empreendimento dar certo.

São programadores, publicitários, empresários,


gente de vendas, marketing, desenvolvimento de
negócios.

No Vale existe uma grande densidade de


investidores, empreendedores mais experientes,
novatos e curiosos. Isso se multiplica sozinho, é um
efeito de network clássico.

D i s r u p t 103
Uma pessoa se comunica com outra que apresenta
um interessado no projeto e assim relações e
conexões vão surgindo.

Networking

Pessoas vão para o Vale estudar negócios, visitam e


vão estudar em Stanford e Berkley.

O que elas fazem é desenvolver uma rede e cultivar


conexões.

E vão precisar disso quando saírem da faculdade.

Há uma tendência natural de ajudar, e isso mantém


o ciclo em movimento.

Esse ecossistema se constrói ao longo do tempo.

Você não consegue ser bem-sucedido sem interagir


com outras pessoas, sem ser solicito e aberto para
fazer novas amizades.

É preciso criar e cultivar uma rede que não seja


apenas de contatos e sim de pessoas/conexões.

Ninguém vai muito longe sozinho. Pode levar seis


meses ou pode levar dez anos.

Mas estar imerso no Vale do Silício e no seu


ecossistema ajuda muitas pessoas a aprenderem

104
com o ecossistema de lá levando muitos
aprendizados para seus países de origem e seus
negócios, como também implementando em suas
empresas muita coisa que foi aprendida com a
experiência.

A Silicon House é um exemplo de uma empresa


que fomenta essa troca de experiências e
oferece meetups, encontros e apresentações de
projetos entre empreendedores, investidores e
fomentadores.

Inclusive a empresa possui um programa específico


que leva empreendedores brasileiros para
conhecerem o Vale.

Diversidade

A maioria das pessoas não são nativos do Vale do


Silício.

Eles simplesmente vêm de algum outro lugar. São


pessoas com várias perspectivas e backgrounds
diferentes. Isso acaba trazendo uma diversidade de

D i s r u p t 105
ideias para empresa.
A diversidade ajuda a construir uma cultura e um
ecossistema múltiplo, variado e aberto aos mais
diferentes estímulos.

Isso ajuda também a se pensar em soluções que


contemplem a visão de pessoas, com experiências
de vida tão distintas, que agregam mais valor ao
que ao produto ou serviço proposto porque traz
perspectivas que se complementam.

Portanto, o Vale do Silício é um imã para pessoas


talentosas que vem de todos os lugares, com ideias
diferentes, com a intenção de trocar experiências e
desenvolver coisas novas e tecnologias diferentes.

Networking e cultura de compartilhamento

Em entrevista, Andrea Litto e Taciana Mello, sócias


do Silicon House, exploram o conceito da cultura do
networking no Vale do Silício e a experiência sobre
o tema aplicada à realidade brasileira.

1. Como funciona, na prática, a cultura do


fluxo livre de pessoas e informações no Vale
do Silício?

O compartilhamento de ideias é feito


intensamente. As pessoas não têm receio de que
a sua ideia vai ser roubada, uma mentalidade
que ainda prevalece no Brasil, infelizmente.

106
Além disso, uma ideia é apenas uma ideia se não
tiver um time relevante por trás. Um dos principais
aspectos avaliados pelos investidores é o time que
os fundadores conseguiram reunir.

Aliada a uma execução bem feita e, sem dúvida,


ao comprometimento do empreendedor. Além
disso, em um ambiente diverso como o Vale, com
pessoas de diferentes países e culturas, há uma
intensa e estimulante troca de ideias, experiências
e oportunidades que acontece naturalmente.

Essas características fazem com que exista


uma proximidade maior entre as pessoas
e, consequentemente, uma maior troca de
conhecimento.

2. Como são as meetups, apresentações de


projetos e competições de startups? Enfim,
como se dá a internação no Vale do Silício?

Essa é a forma mais eficiente e eficaz de


ter acesso a contatos, conhecimento e
oportunidades.

Meetups acontecem às centenas, todos os dias


e é possível mapear esses eventos com meses
de antecedência.

Incubadoras e aceleradoras também realizam


eventos para pitches ou competições para
startups.

D i s r u p t 107
Empresas como Google, Facebook, firmas de
Venture Capital participam ativamente em busca
de oportunidades e a interação é direta, objetiva.

Empreendedores sabem o que deve ser falado
durante o pitch, por exemplo, o que investidores
querem/precisam saber.

Além disso, meetups, sessões de pitch e competições


são excelentes oportunidades para feedback.

Toda e qualquer startup por aqui entende que saber


o que pensam potenciais usuários, investidores,
fornecedores sobre o produto / serviço, durante o
processo de desenvolvimento e aprimoramento, é
fundamental.

3. Expliquem melhor o conceito do “Pay it


forward” e como isso cria valor na cultura
do Vale do Silício, por favor.

Colaboração é uma das palavras-chave no Vale.


Existe o claro entendimento que colaborar
beneficia a todos e é uma das principais, se não
a única, forma de evolução e construção de algo
duradouro e relevante. No Vale, colaboração é
uma “atitude”.
O Pay it Forward é parte dessa cultura e se

108
traduz, por exemplo, com empreendedores mais
experientes que ajudam os que estão começando
prestando mentoria e orientação.
Empreendedores que viraram investidores vão
abrir algumas portas porque sabem como pode ser
difícil ter acesso ao dinheiro no primeiro momento.

Essas atitudes são motivadas pelo desejo de


contribuir para que o círculo virtuoso do Vale tenha
continuidade.

Não existe obrigatoriamente a expectativa de uma


“retribuição”.

Quem quer ajudar, procura se colocar no lugar do


outro e, com a sua experiência, o ajuda.

4. O networking variado e diversificado é


fundamental para o sucesso? Por que?

Estabelecer conexões entre e com pessoas,


ideias, oportunidades, experiências é o que pode
fazer a diferença entre o sucesso e apenas mais
uma “boa ideia”.

Nesse contexto, networking vai além de uma


troca de cartões ou conexões no LinkedIn.

D i s r u p t 109
Trata-se de uma busca contínua por estabelecer
colaborações que vão gerar valor (nas suas diversas
formas), para todas as partes envolvidas.

A riqueza do Vale está em reunir personagens


empreendedores, investidores, academia,
corporações – que estimulam a troca de experiências
e identificação de oportunidades, que beneficie
todos. Ideias/projetos que inicialmente podem não
ter futuro isoladamente, quando “se encontram”,
podem criar algo muito maior.

110
7 (sete) erros
cometidos na
organização
de meetups16

Os meetups são encontros presenciais e pouco


formais. Eles reúnem pessoas em torno de um
tema específico seguindo princípios básicos de
fazer, aprender e compartilhar algo.

A ideia surgiu no Vale do Silício e grandes


organizações brasileiras vêm aderindo ao modelo,
como a Rede Globo e a OLX.

Se você já entende o por quê de organizar meetups


e está pronto para começar, saiba que esse tipo
de evento não é impossível de ser realizado.

Para ajudar você nesse processo, separamos 7


insights que ajudarão você a evitar os maiores
erros na organização desse tipo de evento.
Se você quer que o seu meetup seja um sucesso,
atente para não cometer os erros abaixo
apontados:

D i s r u p t 111
1. Não escolher um local representativo

O meetup deve acontecer em um local pensado


estrategicamente para despertar o interesse do
público envolvido.

Se seu meetup terá temas relacionados a


e-commerce, que tal fazer como nossa parceira Your
Commerce, que realizou um evento que foi sucesso
de público na Melicidade, em São Paulo?

A escolha de um local relacionado ao tema pode


aumentar o interesse dos participantes sobre o
assunto e estimular seu comparecimento.

Portanto, se você conhece bons espaços de


coworking ou espaços dedicados a empreendedores
de e-commerce, certamente será ainda mais
atrativo!

Se você tiver empresas parceiras pela região,


conseguir uma sala de reunião em um de seus
escritórios pode ser uma boa opção de gerar
visibilidade em torno das duas marcas.

112
2. Não valorizar o meetup

Quando as pessoas comparecem ao seu meetup,


o maior objetivo delas é receber informações que
valham seu tempo.

Tratando-se de e-commerce para PMEs, já podemos


imaginar que um dos principais motivos que levam
as pessoas a esse tipo de evento é resolver gargalos
de negócio com eficiência e preencher lacunas de
conhecimento.

Os participantes querem conhecer pessoas tão


engajadas e apaixonadas quanto elas – quem
sabe até que estejam enfrentando problemas
semelhantes.

Mesmo sendo um encontro rápido, o meetup deve


oferecer informações relevantes, que realmente
solucionem problemas e gerem interesse do
participante em aprender mais.

A organização de meetups pode ser uma estratégia


a favor da sua agência para demonstrar que os
problemas desses participantes têm solução.

Isso vai gerar confiança para que eles retornem em


próximos eventos e adquiram serviços.

D i s r u p t 113
3. Não ativar os inscritos antes do evento

É fundamental manter contato com os inscritos


para o seu meetup!

Com o dia a dia corrido e a competição com eventos


de todos os tipos, é muito importante mantê-lo
curioso e nutrido de informações, ou você corre o
risco de que ele simplesmente esqueça do evento.

É preciso manter o participante ativo e lembrando


de que o evento acontecerá – nos dias antecedentes
ao evento, o senso de urgência deve aumentar.

Caso você tenha o telefone dos inscritos, envie um


SMS informando que você os está aguardando no
evento, relembrando o horário em que começa, o
local, etc.

Oferecer materiais de apoio também pode ajudar o


participante a se engajar com o evento.

Manter o tema do meetup em discussão pode fazer


com quem ele já chegue ao evento com dúvidas e
assunto o bastante para participar da discussão!

114
4. Não fazer as perguntas certas

Desconhecer as necessidades e problemas dos


convidados é um dos grande erros na organização
de meetups.

Fazendo as perguntas certas você será capaz de


construir uma base de leads qualificados e, no
futuro, construir relacionamentos com eles.

Essa pode ser uma ferramenta incrível para


monetizar o seu meetup e gerar receita em torno
de sua agência.

5. Não buscar parcerias

Não ter parceiros faz com que você perca


principalmente em alcance, divulgação e gestão
de marca.

Em parceria com startups e empresas do


segmento, você consegue um número maior de
leads e associa sua marca a outras.

Sabemos que os meetups são eventos


planejados para serem pequenos.

O grande benefício disso é proporcionar um


espaço em que todos conseguem conversar,

D i s r u p t 115
o que facilita o networking entre participantes e
empresas.

A participação de um parceiro também ajuda você


a expandir o tema e mostrar outros olhares sobre
o assunto.

Por exemplo, ao realizar um meetup cujo tema


sejam os recursos de uma plataforma de
e-commerce para impulsionar vendas, sua agência
pode convidar um palestrante que trabalhe com
análise de métricas para o e-commerce.

6. Não entrar em contato após o meetup

Um meetup realizado com sucesso não é o fim da sua


estratégia!

Se um de seus objetivos é gerar leads, não abandone


os participantes após o meetup.

Entre em contato via e-mail e agradeça a participação.

Além disso, você pode executar algumas estratégias


como:

Obter feedbacks do evento por meio de pesquisa;

116
Enviar materiais relacionados ao tema para
expandir os conhecimentos;

Enviar a agenda dos próximos meetups;

Solicitar feedback após o evento é extremamente


importante para identificar formas consistentes de
melhorar nas próximas organizações.

7. Não estimular os participantes

Lembre-se de que quando um participante se


inscreve para um evento, ele provavelmente tem
outros empreendedores em seu círculo social.

Encoraje os participantes já inscritos a indicar


um amigo para comparecer neste ou no próximo
evento.

Isso ajudará a construir e aumentar o tamanho do


seu grupo.

D i s r u p t 117
Como elaborar
um pitch
(quase) perfeito17
Cinco slides eficientes para você se basear
quando se apresentar para um investidor ou
cliente.

I – Introdução

O pitch é uma apresentação sumária de 3 a 5


minutos com objetivo de despertar o interesse
da outra parte (investidor ou cliente) pelo
seu negócio, assim, deve conter apenas as
informações essenciais e diferenciadas.

O pitch deve tanto poder ser apresentado


apenas verbalmente quanto ilustrado por 3 a 5
slides. Ele deve conter basicamente:

118
1. Qual é a oportunidade;

2. O mercado que irá atuar;

3. Qual é a sua solução;

4. Seus diferenciais; e

5. O que está buscando.

Estes tópicos são genéricos, pois cada negócio tem


suas peculiaridades, assim o que importa realmente
é conseguir demonstrá-los sucintamente na sua
apresentação.

Lembre-se que investidor estará analisando


não só o seu negócio, mas principalmente você,
o empreendedor, assim tão importante quanto
apresentar claramente sua empresa é conseguir
demonstrar seu conhecimento e capacidade de
execução.

Lembrar também que não existe fórmula universal,


pois cada investidor tem um interesse distinto,
assim, é possível que tenha de elaborar 2 ou 3
versões do seu pitch para apresentar conforme o
perfil do ouvinte.

D i s r u p t 119
Antes de efetivar sua apresentação, procure descobrir
qual é o nível de conhecimento do mesmo sobre o seu
mercado e seu negócio.

Para ouvintes que tenham pouco conhecimento,


procure fazer um pitch mais básico; para aqueles que
tem know-how no seu segmento, apresente seu pitch
mais avançado.

II – A Apresentação

Detalho abaixo como elaborar cada slide do


Pitch com base no modelo de apresentação em
PowerPoint:

Slide 1 – Identificando a Oportunidade

Um pitch deve começar indicando qual a


oportunidade que sua empresa irá atender, isto é,
qual o mercado e a necessidade que o mesmo tem
e não é bem atendida pelos players majoritários, de
forma bem objetiva e direta.

Exemplo: “Nós iremos resolver o problema das


perdas na distribuição de água” -> aqui você já
determinou o mercado (“distribuidoras de água”) e
a oportunidade (“resolver o problema das perdas”).

120
Slides 2 e 3 – Apresentando a sua Solução

A seguir apresente rapidamente qual a solução que


propõe para atender a necessidade da oportunidade
já destacando a sua inovação/diferenciação.

Continuando o exemplo anterior: “através uma


tecnologia própria não-invasiva de monitoramento
ativo que identifica os pontos de perda para reparo”.

Veja que não foi necessário detalhar como a mesma


funciona, mas ao mesmo tempo já destacou um
diferencial (“tecnologia própria”).

Insira amostras do seu produto/serviço, sejam


telas do mesmo, fotos de um protótipo, um vídeo
explicativo, etc.

Tudo que tanto facilite o entendimento quanto


demonstre sua capacidade de execução.

Slide 4 – Destacando seus Diferenciais

Você deve agora reforçar suas vantagens competitivas


perante a solução dominante do mercado.

Observar que deve-se comparar com quem já


tenha maior marketshare no mercado que irá atuar
independentemente de ser similar.

D i s r u p t 121
Exemplo: “Nossa tecnologia, diferentemente do
maior player deste mercado, não precisa que se
instalem medidores específicos, pois monitoramos o
fluxo de água por nosso equipamento de detecção”.

Slide 5 – Explanando sua Proposta

Aqui, se você estiver apresentando para um investidor,


deve apresentar qual o estágio do seu negócio, qual
valor do investimento está buscando e para que será
utilizado.

Exemplo: “Já temos um protótipo funcional testado


e avaliado pela companhia XYZ e estamos buscando
um investimento de R$ nnn para completar o
desenvolvimento, fabricar as unidades piloto e fechar
os primeiros contratos”.

E completar perguntando se teria interesse em avaliar


para investir.

Se você estiver apresentando para um cliente, deve


apresentar qual sua proposta comercial.

122
Exemplo:

“Nossos serviços são


remunerados com uma
parte da economia
que gerarmos para
sua empresa; você não
precisará fazer qualquer
investimento”.

Concluída a elaboração da apresentação, simule


a mesma tanto utilizando os slides quanto sem os
mesmos para verificar que está consistente.

Busque apresentar para colegas e amigos,


solicitando feedbacks, em especial se está atrativa
despertando o seu interesse.

D i s r u p t 123
Desvendando o real
significado da cultura
do fracasso no Vale do
Silício
“Eu não falhei, encontrei 10 mil soluções que não
davam certo”. Thomas Edison, empresário e cientista
americano conhecido por inventar a lâmpada.

A frase acima foi dita pelo empreendedor ao responder


ao questionamento de como se sentia ao fracassar nas
9.999 tentativas de inventar a lâmpada elétrica.

A falha é aceitável na cultura do Vale do Silício, pois ela


é encarada como o caminho natural para o acerto.

O fracasso não é visto como um tabu e sim como um


meio para chegar ao fim.

124
“Quem nunca errou é porque não tentou construir
algo realmente novo”. Albert Einstein, físico
alemão que desenvolveu a teoria da relatividade
geral, ao lado da mecânica quântica um dos dois
pilares da física moderna.
Como a cultura da região do Vale do Silício
está centrada na busca pelo desenvolvimento
de inovações de ruptura, encarar a falha como
processo de aprendizado é essencial para na
busca frequente de novas soluções.

“O fracasso é a oportunidade de começar de


novo com mais inteligência”. Thomas Edison,
empresário e cientista americano conhecido por
inventar a lâmpada.

A visão do fracasso de uma perspectiva


eminentemente negativa desestimula o
pensamento inovador já que fortalece a cultura
do medo de errar.

A visão do fracasso como processo de


aprendizagem possibilita a construção de
um caminho onde as falhas iterativas são
fundamentais no processo de evolução da
solução desenvolvida. Falhar faz parte da
evolução natural de novas soluções.

D i s r u p t 125
“Uma experiência nunca
é um fracasso, pois sempre
vem demonstrar algo”
Thomas Edison, empresário e cientista americano
conhecido por inventar a lâmpada.

A visão do fracasso do Vale do Silício está


relacionada a perspectiva de construção de uma
cultura de experimentação nas startups, onde
a solução bem-sucedida emerge das sucessivas
tentativas mal sucedidas.

“O sucesso é ir de fracasso
em fracasso sem perder
entusiasmo”.

Winston Churchill, politico britânico, famoso


pela sua atuação como primeiro ministro do
Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial.

126
A validação de novas premissas para o negócio
pressupõe a falha como processo evolutivo do
negócio.

Todos os empreendedores bem-sucedidos no Vale


têm experiências de fracasso em sua trajetória.

Esses empreendedores, no entanto, aprenderam


rapidamente com seus erros. É desse
comportamento que emerge a visão do “fail fast”
(falhe rapidamente).

Essa visão também é valorizada por experientes


investidores no Vale que não veem o fracasso
como algo ruim e não deixam de apostar em
empreendedores que tem fracassos no currículo.

Afinal, essas pessoas já tiveram a experiência de


fracassar e demonstram maior predisposição a
experimentação e inovação.

Como funciona a cultura de fracasso do Vale do


Silício?

D i s r u p t 127
Muito se diz sobre como o fracasso pode
ser importante para o desenvolvimento do
empreendedor ou de um negócio.

Além disso, quando o assunto é fracassar,


constantemente os meios de comunicação
divulgam sobre como é a mentalidade nos Estados
Unidos.

Está na hora de desvendar um pouco mais sobre


esse conceito e entender melhor como funciona a
lógica por trás dos aprendizados que podem ser
tirados por meio das falhas cometidas no decorrer
de um negócio.

Falhar faz parte de qualquer caminhada, seja


a profissional ou a pessoal, mas que é preciso
aprender a identificar os motivos que levaram ao
erro.

Além disso, importa saber aplicar e tomar atitudes,


que por mais que sejam simples, ajudam a diminuir
as chances de próximos equívocos.

128
Quem gosta de falhar?

Os empreendedores estudados durante a série Disrupt


deixam claro o quanto o gosto do fracasso pode ser
amargo e que não é nada agradável.

Há muitas pessoas no Vale do Silício que estão fazendo


terapia e se sentem traumatizadas pelas experiências
que vivenciaram ao empreender.

A competitividade é muito grande na região, a pressão


consome as pessoas e a cobrança por metas é enorme.

Então, não pense que falhar é valorizado nos Estados


Unidos.

Tenha em mente que fracassar é aceito como algo


natural ao processo de arriscar e tentar colocar em
prática seus objetivos.

O Vale do Silício poderia ser mais um lugar qualquer,


ser apenas “São Francisco” ao invés de se transformar
no “vale tecnológico” porque no local se aceita mais
o fracasso – e isso não significa dar mais valor para
aqueles que fracassaram – porque há uma cultura e
entendimento de que fracassar é um risco que se toma
ao tentar inovar, criar ou produzir um serviço novo.
Há culturas e países que são extremamente fechados
ao conceito de que errar faz parte do processo evolutivo
de alguém ou de algo e condenam veemente aqueles
que são considerados, pela sociedade, verdadeiros
fracassados.

D i s r u p t 129
O erro mais comum que um empreendedor pode
cometer é não querer falhar a ponto de ter muito
medo de que isso aconteça.

Muitas dessas pessoas vivem quase um tormento


para fazer com que aconteça aquilo que imaginaram
e por isso se apegam à ideia, como se fosse um filho.

É aí que mora o problema porque é preciso ter


em mente que não é a pessoa que falha ou a
personalidade dela que está falhando, muitas vezes
é o produto que falha.

É preciso reconhecer e perceber com antecedência


para poder agir com rapidez.

Precisamos rever o conceito da palavra “risco”

O que é risco? É uma ideia ou possibilidade que


pode dar errado.

A lógica de qualquer investimento, seja bancário


ou de marketing, é que se você investe em algo
arriscado a probabilidade de retorno é maior.
Há momentos em que é preciso escolher se você
quer seguir por uma linha mais arriscada ou se é
preferível, diante de determinada situação, tomar
medidas mais seguras, que envolvam menos riscos.
Não tem a ver com coragem, é preciso pensar com

130
a mentalidade de negócio e refletir se terá retorno
ou não pelo investimento. Fazer algo perigoso só
porque é perigoso é coisa de aventureiro.

Fail Fast: aprenda a reconhecer rapidamente o


erro. As consequências serão menores

É muito comum que um empreendedor se apegue


a ideia e esqueça de procurar o feedback de seus
clientes e consumidores.

Isso pode ser a porta para o fracasso a partir do


momento em que se elabora um protótipo ou
produto que ninguém usa – o que leva à falência do
negócio.

Portanto, procure feedback de todos aqueles que


você conheça.

Para muita gente, a aura que está por trás do


fracasso está relacionada à capacidade de fazer
testes muito rápidos para ver se as coisas estão
indo como o planejado.

É preciso ter a habilidade de perceber de maneira


ágil o que está dando errado e o que está indo bem.
Em outras palavras, falhe rápido e aprenda com
isso.

D i s r u p t 131
Ninguém aprende
a andar sem
tomar tombos: a
aprendizagem
a partir dos
fracassos18

Não é nenhuma surpresa que o


empreendedorismo no Vale do Silício é
sustentado por inovação tecnológica
de ponta. A tecnologia lá é baseada
na novidade, seja na aplicação de
uma tecnologia já existente para um
novo uso; numa nova automação de
um processo realizado anteriormente
por pessoas; ou na criação de
novos componentes que atuam
diretamente nas atividades rotineiras
humanas, influenciando na forma
como as pessoas se comportam,
especialmente, no aspecto social.

132
Num local onde a inovação e o conhecimento
são bases do empreendedorismo, o sucesso está
pautado em como os indivíduos são capazes de
estimularem suas curvas de aprendizado para
desenvolverem novos conhecimentos.

O empreendedor do Vale do Silício naturalmente


passa a se focar em ideias e no conhecimento, no
intuito de desenvolver novas tecnologias capazes
de transformar pequenas startups num grande
negócio milionário.

A grande pergunta que surge é: como saber se um


empreendedor tem essa base de conhecimentos
necessários para criar um novo negócio?

Quais critérios um investidor vai usar para escolher


o empreendedor em quem ele vai confiar seu
dinheiro?

Se não o bastante, é relevante entender também se


um empreendedor tem conhecimentos suficientes
para gerenciar um negócio imerso num ambiente
de alto risco, onde a taxa de risco é relativamente
alta.
Para muitos, a resposta está nas experiências

D i s r u p t 133
de fracasso que o empreendedor já vivenciou ao
longo de sua carreira. Isso se justifica porque os
empreendedores do Vale do Silício têm como norma
social para o empreendedorismo o fracasso, sendo
ele paradoxalmente associado ao sucesso.

Para eles, o segredo é não gastar muita energia


com algo que aparentemente pode estar com
problemas e fracassando, de forma a conduzir um
“fracasso rápido”, pivotando-se19 para uma nova
direção20.

Entretanto, esse pensamento de fracasso pode a


priori parecer contraditório e muitos podem pensar:

“Eu nunca contrataria


alguém com umcurrículo
cheio de fracassos e más
tentativas. Esse indivíduo
vai errar de novo comigo”.

134
A questão é pensar no que o fracasso significa.
Seria o fracasso fruto de incompetência do
gestor ou uma sinalização de acúmulo de
experiência dele?
No Vale do Silício, o fracasso não é
entendido necessariamente como um erro
do empreendedor, mas como resultado
de um risco assumido de algo que tinha a
probabilidade de dar errado.

Enfrentar o fracasso quer dizer que por detrás


dele existe um empreendedor tendencioso a
enfrentar riscos. Isso não é necessariamente
ruim no Vale do Silício, onde se valorizam
inovações.

Inclusive, o fracasso faz parte da história do


Vale do Silício. É errado pensar que toda a
indústria de lá sempre se desenvolveu a altas
taxas de crescimento.

Por exemplo, a indústria de semicondutores


que tanto marcou a emergência do cluster
local estava em declínio em meados da década
de 1980.

Mas ao final da década, a economia local se


recuperou de forma que novos produtores
e fornecedores de microprocessadores
(principalmente chips, softwares, drivers de
discos e hardwares de rede) iniciaram uma
nova era de crescimento21.

D i s r u p t 135
Isto é, as empresas de eletrônicos deram espaço à
nova onda de organizações voltadas à tecnologia de
informação22.

Não se pode negar que existem fracassos não apenas de


tentativas ao novo no processo regular de implementação
de inovações.

Há também os fracassos previsíveis do declínio natural


de toda indústria. Um setor ou uma organização podem
fracassar depois que seu ciclo de crescimento assume
maturidade suficiente.

136
Ou seja, depois que o mercado de um produto
ou serviço que foi amplamente explorado chega
num ponto em que ele gradualmente passa a
ser substituído por uma nova tecnologia ou
inovação.

O fracasso nesse caso consiste na incapacidade


da organização em ser a própria propulsora
dessa próxima onda de inovação.
No Vale do Silício, a busca pela próxima onda
de inovação tecnológica é constante dentre
as empresas da região. Diante disso, o perfil
do empreendedor local é decisivo para que se
tenham novas propostas de inovações.

Uma das características desse empreendedor


é o fato dele ser focado em reconhecer
oportunidades (especialmente aquelas focadas
em atender clientes) e também em realizar

D i s r u p t 137
negócios de alto poder de crescimento23. Esse ato de
tentar captar tendências de um mercado específico
e esperar que esse mercado se desenvolva da
forma como se planeja envolve riscos. A abstração
de tendências por parte do empreendedor requer
um esforço de prospecção de cenários futuros dos
quais não se têm certezas absolutas. Corroborando
a isso ainda, as lendas do Vale do

Silício dizem que William Hewlett, o


precursor local que fundou a HP, disse que:

“Se você quer ser


bem sucedido aqui,
você tem que estar
disposto a três coisas:
mudar de emprego
com frequência,
conversar com seus
concorrentes e assumir
riscos – mesmo que isso
signifique fracassar”.
138
Ou seja, tem-se como princípio de trabalho no Vale
do Silício a busca por riscos, mesmo que eles possam
gerar fracassos ao empreendedor da região.

Atrelado a isso, há ainda uma grande mobilidade


de empregados, visto que a mudança de emprego
no Vale do Silício não se tornou somente aceitável
socialmente, mas virou praticamente uma regra na
região.

Por fim, ter relacionamentos com a concorrência


para entender o que ela faz e também para se
criar soluções colaborativas passou a ser uma
característica dos empreendedores locais24.

Esses três pontos levam a uma única convergência:


a busca pela aprendizagem. Seja pela diversidade
de funções e trabalhos exercidos; seja pelas trocas
realizadas até mesmo com a concorrência ou; seja
pelos eventuais fracassos do indivíduo.

D i s r u p t 139
O intuito desses pilares orientadores parece ser
sempre a busca de conhecimentos, o que exalta a
importância da aprendizagem, elemento esse que
permeia o ambiente do Vale do Silício.

Por outro lado, isso não significa, obviamente, que


o empreendedor deve se esconder atrás desse
pensamento de aprendizagem como justificativa
per se de seus fracassos. Existem dois erros que eu
denomino aqui de “fracassos fatais”:

1) O primeiro é o caso do empreendedor agir


repetindo os mesmos erros prévios ao fracasso,
mostrando que ele não refletiu sobre seu fracasso
e, portanto, não aprendeu nada a partir dele;

2) O segundo é quando o empreendedor alega


estar sempre aprendendo sem nunca atingir o
sucesso. É o caso quando um empreendedor se
insere numa nova empreitada no intuito deliberado
de apenas aprender, sem grandes compromissos
com o sucesso, o que pode fazer com que ele não
trabalhe de corpo e alma, limitando desde aí, seu
aprendizado.

140
Isto é, se a experiência do fracasso não for capaz
de robustecer o repertório de conhecimentos do
gestor, ele é um fracasso fatal. Esse sim é maléfico
ao empreendedor.

Portanto, o fracasso e os erros podem ser bons


quando existe aprendizagem ao empreendedor a
partir deles.

Cabe ao gestor ter a cultura de encarar o fracasso


dessa maneira e buscar, de forma autocrítica, suas
próprias falhas, evitando que elas venha a ocorrer
novamente.

Lições que podemos aprender

Um dos principais fatores que vêm à tona nessa


discussão é a resiliência do empreendedor.

Ou seja, sua capacidade de continuar tentando e


persistindo em seu projeto mesmo diante de revezes
e contingências.

O fracasso não deve ser um desmotivador, ainda


que seja difícil encarar um aparente término de
planos e sonhos. Ele deve ser a compreensão de que
o caminho tem percalços e que os fracassos fazem
parte do caminho tortuoso de um empreendimento.

Cabe ao empreendedor ativar mais uma vez sua


perspectiva visionária para enxergar além.

D i s r u p t 141
Enquanto muitos se enfraquecem e veem
nos fracassos o fim da linha de sua carreira
empreendedora, criando repulsa e bloqueios
mentais a partir dali que o impedem de assumir
seus erros e de capturarem lições, o verdadeiro
empreendedor encontra na sua resiliência o
alicerce para enfrentar de forma serena que erros
e fracassos.

Assim sendo, erros e fracassos devem ser


considerados como ajustes normais a serem
ser feitos durante o percurso para o sucesso do
empreendedor e não como ponto final de seu
caminho. Afinal, nunca vi um grande empreendedor
dizer que seu caminho para o sucesso foi ameno e
em fracassos.

A grande questão para o empreendedor está em


saber usar dos fracassos para evoluir e aprender.
Se os fracassos passarem pelo empreendedor sem
que ele reflita sobre eles e sem que o gestor use dessa
experiência para colocar novos conhecimentos em
seu repertório, os fracassos podem assumir um
papel devastador na vida do empreendedor.

142
O fracasso deve ter o papel didático do aprendizado.
Ele deve ser visto como um alerta de elementos
que não funcionam ou de, no mínimo, alternativas
preteríveis.

Infelizmente a história do empreendedorismo é


contada pelos bem sucedidos, que tiveram mais
êxitos em suas carreiras.

Não existe um material didático pronto mostrando


um rol de erros a serem evitados ou de decisões não
ótimas, que bastaria um aluno decora-las que ele
garantiria ser um exímio gestor.

Pelo contrário, o que não fazer não está nos livros,


está na realidade empreendedora.

E muitas vezes, o que não fazer é tão importante


quanto o que fazer.

Portanto, mesmo sabendo que existe a


probabilidade de um fracasso, assuma riscos!
Isso é inevitável quando se pretende ter um
comportamento empreendedor.
Mas lembre-se, assim como assumir riscos é algo

D i s r u p t 143
oriundo da natureza do empreendedor, ser consciente
e calcular esse risco também faz parte do preparo do
gestor.

Afinal, assumir riscos faz parte do negócio do bom


empreendedor, mas ser negligente não.

Implicações para o empreendedor brasileiro

Num ambiente turbulento e de maior complexidade


institucional, como é o caso do Brasil, os riscos tendem
a ser consequentemente maiores.

Isso significa que os cuidados do empreendedor em


terras brasileiras devem maiores também. Daí surge
as seguintes reflexões:

1) O empreendedor precisa se preparar o máximo


possível para enfrentar esse ambiente turbulento, o
que pode ser feito com treinamentos formais e com a
prática na atuação rotineira.

Observar o fracasso de outras organizações,


principalmente aquelas com atividades semelhantes,
serve para enriquecer o rol de conhecimentos do
empreendedor;

2) Na busca por inovações frugais(25), típicas de


mercados emergentes, os riscos em termos financeiros
podem ser menores, levando a fracassos mais amenos,
mas com grande chance de aprendizado.
Adicionalmente, a criatividade, que costuma ser

144
elemento base para essas inovações, trazem
também conhecimentos que pode servir de
aprendizagem ao gestor;

3) Micro e pequenas empresas costumam ter


alguns pontos de erros e fracassos comuns
entre si.

Nesse sentido, seria interessante contar com


eventos de socialização para que outros
gestores possam aprender o que não fazer a
partir do exemplo de outros.

A Internet poderia ajudar nisso, fazendo com


que empresas não diretamente concorrentes
tivessem maior liberdade para conversar sobre
seus erros;

4) Para uma produção de bens não intensivos


em tecnologia e conhecimento, a aprendizagem
em fracassos pode ser oriunda de técnicas de
produção, de mercado e de gestão.
O fracasso existe em todas as funções da

D i s r u p t 145
empresa e não somente no desenvolvimento de um
produto ou ideia.

Assim sendo, a aprendizagem pode acontecer em


quaisquer funções também.

Por fim, independente de onde você esteja, seja no


Vale do Silício ou n o interior do Brasil, lembre- se:
tenha uma cultura voltada a aprender.

É só o aprendizado que pode transformar o fracasso


de hoje no acerto lá da frente.

Por isso, o grande desafio do empreendedor é


aprender a aprender a partir de seus fracassos e
erros.

Isso só é possível quando o empreendedor tem uma


cultura voltada ao seu desenvolvimento pessoal e
profissional.

Por isso, não se deve lamentar haver fracassos pelo


caminho, deve-se lamentar não aprender com os
fracassos.

146
A realidade
da disrupção:
como as empresas
estão reagindo de
verdade? 26

Uma pesquisa da Economist Intelligence Unit


revela que só existe uma chance para as empresas
que desejam crescer: abraçar a disrupção.

Na última edição do programa The Economist


Disrupters, com apoio da EY, o relatório executivo
da The Economist Intelligence Unit perguntou a
mil executivos sênior, em três mercados globais,
como a disrupção está remodelando os seus
negócios; as ameaças e as oportunidades que
ela traz; e como eles estavam reagindo a essas
transformações.

D i s r u p t 147
Então, sua empresa deve estar se perguntando:
como conseguir crescer na era disruptiva?

1. Você consegue ver a disrupção chegando?

Dos executivos entrevistados, a maioria acredita que


suas empresas estão sendo reativas, em vez de proativas,
quando o assunto é disrupção. Mas, felizmente, a maioria
das empresas está começando a acordar para o desafio,
reconhecendo que a disrupção pode vir de qualquer lugar
e que é necessário estar preparado. O que sua empresa
precisa fazer para tirar proveito da dessa revolução?

148
a) Não tenha medo, encare o desafio

Apesar das grandes promessas que a disrupção


pode trazer, a maioria das empresas ainda tem
medo dela. A pesquisa mostra que seis em cada
dez executivos acreditam que sua alta gerência
considera a disrupção uma ameaça, em vez de uma
oportunidade para tirar proveito. O mesmo número
de executivos também afirma que suas empresas
estão reativas em relação às forças disruptivas, ao
invés de entendê-las como aquilo que conduz o jogo
ou está à frente de tudo.

Dado o ritmo acelerado da mudança, o “vamos


esperar para ver” pode ser fatal. As empresas
devem pressionar internamente para abraçar a
disrupção como uma oportunidade. Felizmente,
muitas estão fazendo isso. Mais de 60% estão
investindo financeiramente em uma estratégia
disruptiva, e o mesmo número criou ou considera
criar um novo cargo para focar exclusivamente na
disrupção.

D i s r u p t 149
b) Saiba que a tecnologia não é o maior motor
da disrupção

A tecnologia é uma grande facilitadora da


disrupção, mas não é por si só a melhor condutora
de base — apesar do senso comum da maioria
das pessoas. A pesquisa da EIU aponta que as
alterações regulatórias são vistas como o maior
motor da disrupção, segundo 29.3% dos executivos
— particularmente para aqueles do setor financeiro,
fortemente normativo.

Mudar o comportamento do cliente é algo visto


como o segundo maior motor por 26.4% dos
executivos — embora seja o primeiro fator entre
os entrevistados do setor de saúde — enquanto
o terceiro maior condutor refere-se a trâmites

150
administrativos e burocracia, de acordo com 21.8%.
Ainda que a tecnologia seja considerada apenas
como o quarto maior disruptivo para 21.4%, ainda
assim ela influencia fortemente as revisões de
normas e regras, além de estimular novos padrões
de comportamento do cliente.

c) Não se esqueça da geração mais velha

Possivelmente por sua conta e risco, as empresas


despendem atenção demais com as gerações mais
novas de clientes para ter sinais do que vai ser
tendência no futuro. No entanto, a pesquisa da EIU
apontou que o tão chamado “silver market”, aqueles
com mais de 60 anos, são mais propensos a ter um

D i s r u p t 151
potencial disruptivo. Os executivos do setor de
saúde são particularmente conscientes disso, com
86% acreditando que a geração mais velha será
a maior fonte disruptiva do que as tecnologias
emergentes, como a Internet das Coisas e o data
analytics.

2. Você está olhando para fora do seu


mercado?

Uma vez que a disrupção desafia o status quo


das empresas, os mercados estão começando a
convergir, o que afeta os modelos de negócio. O que
sua empresa precisa fazer para se preparar para a
convergência?

152
a) Os modelos de parceria podem
prepará-lo para a disrupção

Com a disrupção impulsionando a rápida mudança


no mundo dos negócios, as empresas estão cada
vez mais recorrendo a parcerias, incluindo alianças
estratégicas, consórcios e grandes empresas
chegam a fazer parcerias com a concorrência. A
EIU descobriu que 31.9% das empresas formaram
uma aliança estratégica com uma empresa do seu
mercado, enquanto 25.8% fizeram parceria com
uma empresa fora de seu mercado. Além disso,
21.1% se envolveram com startups disruptivas
como parte de um programa formal de corporate
venturing, revelando sua intenção de aceitar e
abraçar a disrupção.

D i s r u p t 153
b) Esteja preparado e disposto
a mudar seu modelo de negócio

Com os líderes cada vez mais buscando parcerias entre


mercados, haverá mudanças inevitáveis nos modelos de
negócio consagrados. Essa tendência já está provocando
disrupção em serviços financeiros, devido à inovação
disruptiva de fintechs. Também é visível no ramo da saúde,
em que tanto as incumbentes, empresas já existentes
num determinado mercado, quanto startups, estão
aproveitando o big data e as tecnologias do consumidor
para aperfeiçoar o cuidado com o paciente e encontrar
soluções para desafios médicos. Essa convergência
provavelmente levará a disrupção para o setor de energia,
que em grande parte fugiu dela até agora, com novos
modelos de negócios, como a distribuição de energia em
pequena escala e produtos de energia renovável.

3. A sua empresa está comunicando


o seu propósito de forma clara?

154
A articulação clara de um propósito de fácil
disseminação desempenha um papel importante
na condução de uma cultura organizacional de
inovação disruptiva. Os colaboradores de empresas
inovadoras realmente querem inovar continuamente
e ativamente — eles não precisam ser pressionados
por seus pré-requisitos e obrigações. Sua paixão
é nutrida por um propósito organizacional forte,
crível e claramente declarado — alguém que cria
um engajamento ainda maior que os puramente
econômicos. Só o dinheiro não é suficiente para
motivar os colaboradores.

Apesar das competições internas, bons espaços


de trabalho, pensados para aumentar o foco
nas tarefas, e incentivos materiais contribuem
positivamente para fomentar a cultura da inovação
disruptiva; a habilidade de gerenciar essa articulação
do propósito, de forma clara, cumpre ainda mais essa
tarefa. A maioria dos executivos valoriza o potencial
do propósito para fomentar a inovação, já que
61.4% acreditam que ter um propósito – que inclua
objetivos comerciais e sociais – torna a empresa mais
inovadora.

D i s r u p t 155
4. Você está lutando pela satisfação?

Os executivos devem superar seus preconceitos


e reconhecer que todos os mercados sofrerão
eventualmente disrupção em algum nível.

Não há nenhum modelo ou produto de negócios


infalível, baseado na tecnologia que definitivamente
vai levar seus rivais à disrupção — nem existe
um método garantido para um líder de mercado
incumbente conseguir resistir aos “usurpadores”

Sucessos comerciais imediatos, que não são garantia


de futuro, não devem levar à satisfação. A disrupção
não perdoará essas empresas, mesmo as bem-
sucedidas, que ficam mais acomodadas e satisfeitas.
A inegável realidade da disrupção significa que mesmo
a empresa mais consolidada continuamente precisa
estar prevenida e pronta para se adaptar.

Pode ser lido, em inglês, o relatório completo da


Economist Intelligence Unit, incluindo entrevistas com
membros da C-suite global, podendo ser aprofundado
entendimento sobre o que as organizações estão
fazendo para vencer o desafio da disrupção.

156
O que o Vale do Silício
faz de diferente e que
pode ser replicado para
o nosso ecossistema
empresarial?

Ao falar do Vale, estamos falando de uma região


que abriga os headquarters de algumas das
maiores empresas da atualidade.

Lá estão Amazon, Google e Uber, e outras centenas


de startups que nem conhecemos, mas que estão
movimentando bilhões de dólares por todo o
mundo.

Sendo assim, a dúvida é: o que o Vale do Silício faz


de diferente e que pode ser replicado para o nosso
ecossistema empresarial?

Responder essa pergunta, evidentemente, está


longe de ser uma tarefa simples.

D i s r u p t 157
Ainda assim, é possível dizer que sem a junção de
tecnologia, investimento e visão aberta à inovação
nenhuma empresa do Silicon Valley teria sucesso.

Replicar o Vale do Silício no Brasil – ou em qualquer


parte do mundo – depende de uma soma de fatores,
tais como a mudança de mindset e orientação
à tecnologia, que permitam a transformação e o
avanço.

O próprio polo norte-americano nos ensina isso, ao


mostrar que qualquer empresa independente do
setor ou área de atuação, hoje, é uma companhia
de tecnologia.

Quer exemplos? A Netflix e o Uber podem não ser


fornecedores de TI, mas elas precisam pensar a
transformação digital e a evolução de seus sistemas
como parte vital para o desenvolvimento de seus
negócios.

Não por acaso, pesquisas do Gartner indicam que


a aplicação de programas de digitalização dos
processos e serviços está nos planos de quase 80%
dos Chief Executive Officers (CEO) globais, com

158
a tecnologia sendo o ingrediente principal ou uma
condição básica em todas as 10 maiores prioridades
para os próximos anos.

Em outras palavras, a tecnologia deve ser vista


como o impulsionador que simplificará ou guiará os
esforços das operações para o futuro, permitindo
que a real inovação aconteça.

Para alcançar esse resultado, no entanto, as


lideranças executivas dessas novas companhias
devem ter acesso a um contexto que busque
replicar as condições a que as companhias do Vale
estão expostas.

Ou seja, um ambiente aberto à inovação, com


condições atraentes para a aplicação de novos
investimentos, políticas públicas alinhadas às
demandas do mercado e um ecossistema capaz de
estimular a concorrência interna e o crescimento de
novas empresas.

A principal lição do Vale do Silício para as startups do


Brasil é justamente a formação desse ecossistema
de colaboração e desenvolvimento contínuo.

D i s r u p t 159
É preciso pensar em como podemos aplicar esse
modelo de pensamento aqui, criando condições
mais favoráveis para os empreendedores e usando
as inovações disponíveis (da tecnologia e do
mercado) a nosso favor.

Essa é uma necessidade que fica clara,


principalmente, quando avaliamos os números do
Vale do Silício de forma mais atenta.

Hoje (abril.2020), dos mais de 390 unicórnios


(startups com valor estimado acima de 1 bilhão
de dólares) existentes em todo o mundo, 109 são
da região da Baía de São Francisco (sendo que 30
destes negócios alcançaram esse nível em 2019).

O que mostra bem a capacidade de atração dos


investidores e a existência de um ambiente propício
à geração de valor.

Portanto, outra lição recorrente do Vale do Silício


é que quem teve sucesso em uma startup (ou
empresa) reinveste em outras startups.

A evolução do ecossistema precisa ser encarada


como uma iniciativa de mão dupla, em que todos
têm seu papel: o investimento em uma nova
ideia melhora a sociedade e, ao mesmo tempo,
abre a chance da companhia encontrar novas
possibilidades de negócios e pessoas.

160
Neste ponto, outra lição da região que abriga
o Google e a Amazon é a ampla presença de
Universidades, com jovens de mente aberta e visões
de mundo diferente.

A formação de novos profissionais é um ponto


essencialmente importante para entendermos
como aplicar a tecnologia para a transformação
do mundo.

Principalmente agora, em uma era na qual as


empresas precisam estabelecer um propósito
claro para a orientação de seu rumo estratégico,
buscando e contando com colaboradores que
realmente agregarão expertise, pensamento
inovador e visão social à empresa.

Por isso, saber contratar as pessoas certas e


alinhadas ao propósito é uma competência chave
para o sucesso dos negócios no mundo atual e algo
que as empresas do Vale do Silício acentuam a
cada dia.

D i s r u p t 161
Entre os principais aprendizados dos grandes nomes
do Silicon Valley, portanto, está a necessidade de
transmitir os aprendizados com o mundo.

A colaboração e o compartilhamento são pontos


muito importantes no mundo atual, e as companhias
devem garantir que suas grandes conquistas
e experiências de seus negócios retornarão à
sociedade, impactando a vida das pessoas.

A vida dos empreendedores é cercada por desafios.

Crescer e inovar, contudo, são duas demandas que


precisam fazer parte, sempre, das missões diárias.

É necessário continuar aprendendo.

A disponibilidade de sistemas e modelos de


computação estão à disposição para serem usados
e apoiarem essa jornada.

São esses recursos, afinal, que podem ajudar os


empreendedores a garantirem mais inteligência e
eficiência às ofertas e ao próprio modo de operação
de seus negócios.

162
É preciso avançar nesse estágio o quanto antes,
pois empresas do mundo inteiro estão disputando
o mesmo espaço.

A inovação não está restrita ao Vale do Silício,


e é hora de nosso ecossistema corporativo local
também avançar nesse processo.

As organizações que querem sobreviver ao futuro


com bons resultados não têm tempo a perder.

Suas estratégias e ações devem começar agora.

D i s r u p t 163
Características do
ecossistema de
inovação28
Ecossistema de Inovação

O construto do ecossistema de inovação surgiu


na década de 1930 tendo significados diferentes
ao longo dos anos. Recentemente, autores como
Gomes29 et al (2016) se dedicaram a definir o
conceito com base nas publicações científicas
existentes.

O construto emergiu como uma abordagem


promissora na literatura sobre estratégia, inovação
e empreendedorismo.

Estudiosos desenvolveram um conjunto de


definições e conceitos em uma variedade de
contextos, empregando ecossistema de inovação
com diferentes rótulos e, em alguns casos, com
diferentes significados e propósitos.

Por um lado, os usos podem estar associados à


relevância e flexibilidade do conceito.

Por outro lado ainda, conceituações tão diferentes


podem levar a conceitos contraditórios e, em alguns
casos, concorrentes.

164
De forma geral, a temática associada a
ecossistemas ganha força com o desempenho de
territórios, como por exemplo o Silicon Valley, que
apresenta um ecossistema maduro em termos de
desenvolvimento de negócios e de inovação.

A partir disso, é possível identificar a competitividade


regional e o próprio desempenho econômico, com
a co-localização de empresas que aumentam
sua produtividade, impulsionando a inovação e
estimulando a formação de novos negócios.

Mas afinal, o que é Ecossistema de Inovação?

O estudo de Gomes29 et al (2016) indica com


relação ao ecossistema de inovação os termos
de empreendedorismo, inovação, colaboração,
criação, desenvolvimento de produtos e tecnologia.

Ecossistemas vêm sendo considerados como


redes de relações em que a informação e talento
fluem, por meio de sistemas de co-criação de
valor sustentado (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF,
2000)30 Na visão de Jishnu, Gilhotra e Mishra31 (2011)
e Russell32 et al. (2011) ecossistema de inovação
refere-se aos sistemas inter organizacionais,
políticos, econômicos, ambientais e tecnológicos da
inovação, em que ocorre a catalisação, sustentação
e apoio ao crescimento de negócios.

D i s r u p t 165
Basole e Karla33 (2011) consideram que um
ecossistema pode ser descrito como um sistema
em rede que contém um conjunto de objetos como
os atores que estão ligados uns aos outros.

Estes atores apresentam papéis de liderança, de


acordo com suas estruturas organizacionais.

Os ecossistemas de inovação se constituem num


conjunto de indivíduos, comunidades, organizações,
recursos materiais, normas e políticas por meio
de universidades, governo, institutos de pesquisa,
laboratórios, pequenas e grandes empresas e os
mercados financeiros numa determinada região.

Estes atores trabalham de modo coletivo a fim de


permitir os fluxos de conhecimento, amparando o
desenvolvimento tecnológico e gerando inovação
para o mercado (WESSNER, 2007)34.

Os papéis dos atores do Ecossistema de Inovação

Diferentes são os papéis dos atores que constituem


o ecossistema de inovação.

Autores como Dedehayir, Mäkinen e Ortt35 (2016)


indicam que além da liderança, há funções de
criação direta de valor.

Em muitos casos pode haver um ator central que


lidera o ecossistema.

166
Este será dependente da fase em que o
ecossistema se encontra para atuar na
governança do ecossistema, na realização
de parcerias, na gestão de plataformas e no
próprio gerenciamento de valor.

As atividades de cada um dos atores são


distintas.

Em alguns casos podem ser concorrentes, mas


devem levar a região a patamares superiores
considerando o desenvolvimento de negócios e a
implementação de inovações. Thomas e Autio36
(2013) e Thomas e Autio37 (2014) descrevem
basicamente quatro atividades para que os
ecossistemas venham a emergir:

1) Atividades – aquisição e gerenciamento de


recursos pelo hub de atores;

2) Atividades tecnológicas – o desenho e


fornecimento de tecnologias;

3) Atividades institucionais – o estabelecimento


e implementação das regras de engajamento; e

4) Atividades de contexto que considerem


os estímulos provenientes do ambiente que
influencia a operação do ecossistema.

D i s r u p t 167
Além disso, para Dedehayir, Mäkinen e Ortt35
(2016) um ecossistema precisa ter os papéis
dos atores definidos, com interações internas e
externas coordenadas, e fluxos e recursos entre
parceiros orquestrados.

As parcerias realizadas devem atrair e reunir


parceiros relevantes que estejam juntos,
formando alianças estratégicas mesmo que de
diferentes segmentos.

Colaboração vem sendo considerado o termo de


maior relevância em ecossistema, uma vez que
pode criar valor, por meio de vínculos fortes, para
a evolução coletiva.

Os atores precisam também estimular


investimentos complementares de forma a
prover oportunidades para criação de nicho.

Assim, embora ainda possua teoria fragmentada


e diversificada, dificultando sua consolidação,
de acordo Ritala e Almpanopoulou38 (2017), a
definição de ecossistema de inovação pode ser
empregada para as atividades de inovação, que
envolvam interdependência dos atores em um
contexto particular, com coesão intrínseca ao
desenvolvimento de cada um.

168
Ecossistema
de inovação no
Brasil: as lacunas
que precisamos
preencher39

O ecossistema de inovação brasileiro é o mais


robusto da América Latina e Caribe, e chegou a
esse patamar em menos de 20 anos.

A magnitude dos avanços em tão pouco tempo


impressiona, não apenas pelo tamanho do
ecossistema —startups, estímulo à pesquisa, hubs
de fomento ao empreendedorismo, incubadoras,
aceleradoras, espaços de coworking, instituições
de capacitação, redes de investidores e fundos—,
mas também por sua qualidade e capacidade de
impulsionar o desenvolvimento.

E não faltam áreas que comprovem o crescente


impacto à sociedade por meio de tecnologias
escalonáveis: saúde, educação, mobilidade
urbana, saneamento básico, inteligência
tributária, apenas para citar algumas.

D i s r u p t 169
Não por acaso, o Brasil é destino de quase 50% dos
investimentos de capital estrangeiro em negócios
da região, e o número de unicórnios —empresas
que alcançam valores de mercado acima de US$ 1
bilhão— vem se superando anualmente.

Mas ainda há muito o que ser conquistado, afinal


o ecossistema brasileiro continua em formação e,
portanto, sua trajetória apresenta lacunas internas
e externas que desaceleram sua capacidade de
gerar ainda mais entregas, principalmente no longo
prazo e de maneira mais abrangente, inclusiva e
integrada.

Uma delas é a pulverização da inovação pelo país.

Apesar da satisfatória presença de comunidades de


empreendedorismo tecnológico em sua extensão
territorial, com atuação importante em localidades
como Tocantins, Roraima, Pernambuco, Mato
Grosso e Goiás, ainda existe elevada concentração
no Sul e no Sudeste.

O justificado direcionamento econômico dessas


regiões mostra como o estímulo a ambientes mais
produtivos pode fortalecer milhares de startups,
especialmente as localizadas em áreas mais
vulneráveis.

170
A estratégia? Disseminar a transformação
cultural em sua potência máxima para a
construção de um mercado fértil ao investimento
e, consequentemente, a geração de negócios e
empregos.

Empreendedores, grandes empresas, sociedade e


instituições governamentais são beneficiadas.

A união com este último é um exemplo de como


atingir velocidade na resolução de problemas na
nossa matriz de forma muito mais custo-efetiva. É
a reconhecida relação de ganha-ganha.

A mesma aproximação se aplica ao processo de


internacionalização do ecossistema nacional.

Uma proporção relativamente baixa de negócios


no Brasil tem explorado possibilidades além das
fronteiras.

D i s r u p t 171
A recíproca também é verdadeira dado que um
número pequeno de startups da América Latina
e Caribe estão conectadas ao movimento de
inovação interno.

Claro que uma razão natural para este cenário é o


tamanho do nosso mercado que já tem proporções
continentais.

No entanto, redirecionar esforços para conquistar


espaço vizinho, que apresenta muitas características
(e desafios) semelhantes às encontradas no Brasil, é
um passo significativo ao intercâmbio de influência
entre negócios promissores.

Desta forma, é importante visão unificada para


que o ecossistema brasileiro amplie sua capacidade
de impacto de forma mundial.

A começar pela conexão dentro de casa, integrando


cada vez mais todas as regiões do país a um
ecossistema estruturado e o envolvimento do setor
público em todas as esferas.

172
Além disso, conversar com os países da América Latina
e Caribe e do mundo, amplia o poder de oportunidade,
retroalimentando as experiências de larga escala.

A exemplo das práticas semelhantes adotadas


em Israel e Estônia, países que conseguiram
reconhecimento internacional de seus ecossistemas.

Preencher as lacunas de um ecossistema de inovação


requer esforços contínuos multilaterais, por isso as
pontes nunca terminam.

Um grande passo para atingir esse resultado


é a parceria que o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), por meio de seu laboratório
de inovação, o BID Lab, e o Cubo Itaú, maior hub
de fomento ao empreendedorismo tecnológico da
América Latina, formaram.

O objetivo é enfrentar estes desafios de forma


comprometida a criar estas e mais conexões de
maneira que beneficiem não apenas o ecossistema de
inovação brasileiro, mas de toda a região da América
Latina e Caribe.

D i s r u p t 173
Ecossistemas de
inovação: como
criar ambientes
de aprendizado40

Ecossistemas de inovação são polos tecnológicos


criados para o desenvolvimento focado em Ciências,
Tecnologia, Engenharias e Matemática, com o
incentivo e investimento de universidades, empresas
e governo.

O Brasil, por exemplo, conta com alguns polos de


grande importância nesse sentido.

Quando uma comunidade de microrganismos se


une em um ambiente vivo, compartilhando suas
características e interesses em comum — sejam
internas, sejam externas — o nome dado a esse
movimento é ecossistema.

No mundo corporativo, quando empresas,


universidades e governo se unem para criar um
ambiente colaborativo e inovador, em que todos
trabalham para fazer descobertas, crescer juntos e
compartilhar resultados em comum, o nome disso é
ecossistema de inovação.

174
O mercado, percebendo essa oportunidade de
as instituições poderem se desenvolver mais
rápido, tratou logo de criar um tipo de ambiente
de correlação para trocarem experiências e
partilhar dos pontos de equilíbrio erguidos
nessa junção.

Com isso, conseguiram gerar engajamento,


criando assim uma tendência empresarial.

Mas, na prática, o que são os ecossistemas de


inovação?

Qual sua importância para o mercado?

O que são ecossistemas de inovação?

Ecossistemas de inovação são empresas que se


unem para criar um ambiente de aprendizado
em que é possível facilitar o desenvolvimento
da inovação.

É a oportunidade que os empresários têm de


interagir com profissionais de seu segmento
para encontrar soluções para suas dores de
mercado e criar novos produtos, serviços
e projetos que atendam as necessidades
mercantilistas.

Para isso, são criados polos com espaços


colaborativos.

D i s r u p t 175
Esses polos reúnem toda a infraestrutura necessária
para favorecer o ambiente de descoberta, pesquisa e
desenvolvimento.
Mas para que isso aconteça de maneira proativa, é necessário
a criação de pilares para sustentar essa dinâmica econômica.

Veja, a seguir, quais são esses pilares.

Educação

A educação é o principal pilar de um ecossistema de inovação,


mas não se trata de uma educação habitual como as que os
universitários recebem.

Esse conhecimento precisa ser focado em Stem, que é uma


sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharias e
Matemática, as quatro áreas do saber que são fundamentais
para a inovação.

Instituições e políticas públicas

É importante a participação do governo nesse ambiente para


possibilitar que a inovação seja abrangente a nível nacional,
assim como angariar investimentos para a manutenção de
todo o processo.

Empreendedores e PMEs

Criar um ambiente oportuno para que as empresas de


pequeno e médio porte e os empreendedores se desenvolvam
é muito significativo para o país. Afinal, é deles que vem a
força da economia.

176
Facilidade nas interações

A comunicação entre empresas, universidades e governo


precisa funcionar com maestria, para que a informação circule
e chegue a quem precisa dela para atender a uma demanda.

As conexões também precisam ir além desse ambiente, o que


requer um acesso global, sendo útil para quem precisa de
resultados mas não dispõe de recursos.

Marca e celebração

Saber de onde veio uma descoberta de grande repercussão


é crucial para os centros de ecossistema de inovação. Isso
permitirá que a origem receba o devido destaque e, assim,
fortaleça sua marca.

Esse ecossistema geralmente é marcado por sua autoridade


e credibilidade com respeito àquele problema que resolveu.

Quanto à celebração, acontece em função do sucesso dos


empreendedores que investiram naquele ecossistema.

Por isso, eles terão seus investimentos devolvidos ao caixa da


empresa.

Por que criar parques tecnológicos?

Os parques tecnológicos são espaços físicos próprios para


o desenvolvimento de produtos, onde os estudantes têm a
oportunidade de aprender e aprimorar seus talentos.

D i s r u p t 177
As empresas podem investir nesses produtos e, posteriormente,
comercializá-los, enquanto o governo tem a missão de tornar
os resultados acessíveis aos empreendedores de todo o país.
Nesses parques, estão concentrados as maiores atividades
tecnológicas do país, o que o impulsiona para o futuro e dá
o apoio necessário para que as empresas se desenvolvam
financeiramente e detenham um rico capital humano.

Quais são os principais polos de ecossistema de inovação do


Brasil?

É nesses polos que se concentram os principais centros de


inovação tecnológica do país:

• São José dos Campos: ITA;

• Porto Alegre: TecnoPuc;

• Belo Horizonte: San Pedro Valley;

• Florianópolis: Capital da Inovação;

• Santa Rita do Sapucaí: Vale da Eletrônica;

• Campinas: Fundação Unicamp;

• Recife: Porto Digital;

• São José dos Campos: Parque Tecnológico.

Quais são as vantagens de criar um ecossistema de


inovação?

178
• Trocar experiências

A troca de experiências proporciona aos envolvidos uma


maneira de sair na frente de seus concorrentes, que terão
que aprender tudo sozinhos.

Muitos desafios permeiam um ambiente assim, o que


enriquece a troca.

Erra-se muito e são os erros que vão nortear até a inovação


efetiva.

• Ser reconhecido pela comunidade

Trabalhar por esse reconhecimento chama a atenção da


vida que está acontecendo ao redor, o que inclui alunos com
grande potencial e empresas que desejam e precisam de
peças de inovação que as faça se destacar no mercado.
Estar dentro de um polo desses é um privilégio, porque o
amadurecimento é constante para os alunos que já saíram
de lá altamente qualificados.

• Fazer parte de uma rede de indicações

Conhecer de perto uma empresa, sua metodologia e como


ela trabalha proporciona seriedade e autenticidade na hora
de recomendá-la. É um ambiente de ganha-ganha para
todos os envolvidos, o que faz o trabalho ser mais eficaz a
cada etapa.

D i s r u p t 179
• Atrair o interesse dos estudantes

Os ecossistemas de inovação são verdadeiros polos para


recrutar talentos que queiram aprender e testar suas
hipóteses. Por isso, as empresas que participam desse
ciclo precisam cuidar para atrair esses estudantes.

Como você pode perceber, um ecossistema de inovação


tem a missão de fazer com que as empresas cresçam
em um ambiente colaborativo, as cidades onde os polos
estão instalados ganhem visibilidade e geração de
empregos e o governo tire proveito dos produtos e serviços
disponibilizados para que a economia seja movimentada.

No entanto, a transformação digital é essencial para


acolher as inovações que estão por vir, já que, com o
mundo globalizado, as informações tendem a chegar
cada vez mais rápido ao mercado. Isso requer um plano
de marketing adequado para transmitir a informação
da maneira certa, para que ela tenha o maior alcance
possível.

180
A disrupção não está
na tecnologia e sim na
velocidade no qual as
coisas vão acontecer!
Klamt

"Eu provavelmente falhei


mais do que qualquer um
no Vale do Silício. Isso
não importa. Eu não me
lembro das falhas. Você
se lembra do grande
sucesso".

Vinod Khosla,

Bilionário cofundador

da Sun Microsystems

D i s r u p t 181
B. Afonso Macagnani é mestre em
administração de empresas pela PUC/
SP, executive coach pelo Erickson
College / Canadá, especialista em
Recursos Humanos, economista,
mediador e árbitro. Foi executivo
C-Level em empresas nacionais e
multinacional por mais de 20 anos.

182
Referências

(01) Hopp, Christian; Antons, David; Kaminski,


Jermain e Salge, Torsten Oliver. O que 40 anos de
pesquisa revelam sobre a diferença entre inovações
disruptivas e radicais. Harvard Business Review. Artigo
publicado em maio.2018 e pesquisado em abril.2020 em
https://hbrbr.uol.com.br/inovacao-diruptiva-e-radical/

(02) Hopp, Christian. É diretor da Technology


Entrepreneurship na TIME Research Area, Faculdade de
Administração e Ciências Econômicas, RWTH Aachen
University.

(03) Antons, David. É professor e codiretor do grupo


de Inovação, Estratégia e Organização (ISO) na TIME
Research Area, Faculdade de Administração e Ciências
Econômicas, RWTH Aachen University.

(04) Jermain Kaminski. É doutorando na TIME


Research Area, Faculdade de Administração e Ciências
Econômicas, RWTH Aachen University.

(05) Salge, Torsten Oliver. É professor e codiretor do


grupo de Inovação, Estratégia e Organização (ISO) na
TIME Research Area, Faculdade de Administração e
Ciências Econômicas, RWTH Aachen University.

D i s r u p t 183
(06) Artigo FIA. Vale do Silício: o que é, como
surgiu, startups e parques tecnológicos no
Brasil. Fundação Instituto de Administração.
Artigo publicado em março.2019 e pesquisado
em abril.2020 em https://fia.com.br/blog/
vale-do-silicio/

(07) Souza, Luciana. O que faz o Vale do


Silício ser tão especial. Break Blog. Artigo
publicado em agosto.2018 e pesquisado em
abril.2020 em
https://negocios.eptv.com.br/break/ideias/
NOT,0,0,1357223,o+que+faz+o+vale+do+silicio+
ser+tao+especial.aspx

(08) Souza, Luciana. É Engenheira Química


pela Unicamp com MBA em E-business pela FGV
e Pós-Graduação em Educação Comunitária pela
Anhembi-Morumbi. Após 15 anos de experiência na
área comercial tanto em Vendas como em Compras
em empresas multinacionais, Luciana observou
a oportunidade em empreender a partir dos seus
conhecimentos e criou a Plan2U, uma consultoria
em gestão para empresas e empreendedores que
oferece serviços voltados para as áreas comercial
e estratégica. Em 2018, realizou uma Missão de
Negócios no Vale do Silício.

(09) Cipoli, Pedro. O que é a Lei de Moore?


Blog Canaltech. Artigo publicado em maio.2015 e
pesquisado em abril.2020 em https://canaltech.

184
com.br/mercado/O-que-e-a-Lei-de-Moore/
(10) Artigo Oficina da Net. O que ´de a Lei de
Moore. Blog Oficina da Net. Artigo publicado em
julho.2017 e pesquisado em abril.2020 em https://
www.oficinadanet.com.br/ciencia/19681-o-que-e-
a-lei-de-moore

(11) Oliveira, José. Big Data e Analytics: sinônimo


de disrupção, inovação e vanguarda. IT Insight
Branded Content. Artigo publicado em outubro.2019
e pesquisado em abril.2020 em https://www.
itinsight.pt/news/data-and-analytics/big-data-
e-analytics-sinonimo-de-disrupcao-inovacao-e-
vanguarda

(12) Artigo LAIOB. O perfil do empreendedor no


Vale do Silício. Blog LAIOB | Latin America Institute
Of Business. Artigo publicado em dezembro.2018
e pesquisado em abril.2020 em http://www.laiob.
com/blog/o-perfil-do-empreendedor-no-vale-do-
silicio/

(13) Oliveira, Victor. O que aprendi trazendo a


cultura empreendedora do Vale do Silício para o
Brasil. Victor Oliveira, CEO da Cheesecake Labs
para o Blog Administradores.com. Artigo publicado
em abril.2018 e pesquisado em abril.2020 em
https://administradores.com.br/noticias/o-que-
aprendi-trazendo-a-cultura-empreendedora-do-

D i s r u p t 185
vale-do-silicio-para-o-brasil
(14) Spina, Cassio. Guia de boa práticas para
relacionamento empreendedor / investidor. InfoMoney.
Artigo publicado em março.2014 e pesquisado em
abril.2020 em https://www.infomoney.com.br/
colunistas/investimento-anjo/guia-de-boas-praticas-
para-relacionamento-empreendedor-investidor/

(15) Spina, Cassio. Tipos de investimentos mais


indicados para cada startup. InfoMoney. Artigo
publicado em abril.2017 e pesquisado em abril.2020 em
h t t p s : // w w w . i n f o m o n e y. c o m . b r/c o l u n i s t a s /
investimento-anjo/tipos-de-investimentos-mais-
indicados-para-cada-startup/

(16) Artigo Xtech. 7 (sete) erros cometidos na


organização de meetups. Blog Xtech Commerce. Artigo
publicado em junho.2018 e pesquisado em abril.2020 em
https://blog.xtechcommerce.com.br/erros-cometidos-
organizacao-de-meetups/

(17) Spina, Cassio. Como elaborar um pitch (quase)


perfeito. Endeavor. Artigo publicado em agosto.2012,
atualizado em junho.2019 e pesquisado em abril.2020
em https://endeavor.org.br/dinheiro/como-elaborar-
um-pitch-quase-perfeito/

(18) Carneiro,Júlio. Graduado em Ciências Econômicas


e mestre em Administração de Organizações pela USP.
É professor de Pós-Graduação em Administração e de
Mestrado Profissional em Administração - Gestão do

186
Esporte da Universidade Nove de Julho.

(19) No Vale do Silício, comumente utiliza-se


o verbo em inglês “pivot”, que significa captar
rapidamente o feedback dos erros cometidos e dos
fracassos atingidos e imediatamente já se voltar
para uma nova rota de ação.

(20) Essas informações são resultado da


pesquisa: Gartner, W. B. & amp Ingram, A. E. (2013).
What do entrepreneurs talk about when they
talk about failure? Frontiers of Entrepreneurship
Research, 33(6), artigo 2. 1

(21) Ver Saxenian, A. (1991). The origins and


dynamics of production networks in Silicon Valley.
Research Policy, 20(5), 423-437.

(22) Ver Lee, C., Miller, W. F., Hancock, M. G. &


Rowen, H. S. (2000). The Silicon Valley habitat. In
C. Lee, W. F. Miller, M. G. Hancock & amp; H. S.,
Rowen (orgs.). The Silicon Valley edge. A habitat
for innovation and entrepreneurship. Stanford:
Stanford University Press.

(23) Conforme levantamento realizado


em: Suzuki, K., Kim, S. & Bae, Z. (2002).
Entrepreneurship in Japan and Silicon Valley: a
comparative study. Technovation, 22(10), 595-606.
2
(24) Informações extraídas a partir de: Saxenian,

D i s r u p t 187
A. (1996). Beyond boundaries: open labour markets
and learning in Silicon Valley. In M. B. Arthur &
D. M. Rousseau (orgs.). The boundaryless career. A
new employment principle for a new organizational
era. New York: Oxford University Press.

(25) Inovações frugais são inovações baseadas


em soluções simples e baratas, voltadas a atender
a base da pirâmide (classes sociais mais baixas).

(26) Artigo EY e veiculado pela Endeavor. A


realidade da disrupção: como as empresas estão
reagindo de verdade? A EY é uma das quatro
empresas de serviços profissionais do mundo (big
four). Artigo publicado em abril.2017, revisado
em agosto.2019 e pesquisado em Abril.2020 em
https://endeavor.org.br/inovacao/realidade-da-
disrupcao-como-empresas-estao-reagindo-de-
verdade/?gclid=EAIaIQobChMIp-vPlNqW6QIVBw-
RCh1QYwTEEAMYASAAEgI9LvD_BwE

(27) Cioffi, Romulo. Lições do Vale do Silício


para a inovação tecnológica do Brasil. IT Forum
365. Artigo publicado em abril.2020 e pesquisado
em abril.2020 em https://www.itforum365.com.
br/licoes-do-vale-do-silicio-para-a-inovacao-
tecnologica-do-brasil/

(28) Sena, Priscila Machado Borges.


Características do ecossistema de inovação.
ViaUFSC. Artigo publicado em março.2018 e
pesquisado em abril.2020 em https://via.ufsc.br/

188
caracteristicas-dos-ecossistemas-de-inovacao/

(29) Gomes, Leonardo Augusto de Vasconcelos;


Facin; Ana Lucia Figueiredo; Salerno; Mario Sergio;
Ikenami; Rodrigo Kazuo. Unpacking the innovation
ecosystem construct: Evolution, gaps and trends.
Technological Forecasting and Social Change, 2016.

(30) Etzkowitz, H.; Leydesdorff, L. The dynamics


of innovation: from national systems and ‘Mode 2’
to a triple-helix of university-industry-government
relations. Research Policy, v. 29, n. 22, p.100-123.
2000.

(31) Jishmu, V.; Gilhotra, R. M.; Mishra, D. N.


Pharmacy education in India: Strategies for a
better future. Journal of Young Pharmacists, v. 3, n.
4, p. 334-342, 2011.

(32) Russell, M. G. et al. Transforming innovation


ecosystems through shared vision and network
orchestration. In: Triple Helix IX International
Conference. Stanford, CA, USA. 2011.

(33) Basole, R. C.; Karla, J. On the evolution of


mobile platform ecosystem structure and strategy.
Business & Information Systems Engineering. v. 3,
n. 5, p. 313–322, 2011

(34) Wessner, C. W. et al. (Ed.). Innovation


policies for the 21st century: report of a symposium.
Washington: National Academies Press, 2007.

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(35) Wessner, O.; Makinen, S. J.; Ortt, R. Roles
during innovation ecosystem genesis: A literature
review, Technological Forecasting & Social Change,
2016.

(36) Thomas, L.D.W.; Autio, E. Emergent


equifinality: An empirical analysis of ecosystem
creation. Proceedings of the 35th DRUID Celebration
Conference 2013 Barcelona, Spain. p.17–19, 2013

(37) Thomas, L.D.W., Autio, E. The processes of


ecosystem emergence. Working Paper, 2014.

(38) Ritala, P.; Almpanopoulo, A. In defense of


‘eco’in innovation ecosystem. Technovation, v. 60, p.
39-42, 2017.

(39) Zanuto, Renata e Flórez-Timorán, Hugo.


Ecossistema de inovação no Brasil: as lacunas que
precisamos preencher. El País. Artigo publicado
em setembro.2019 e pesquisado em abril.2020
em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/03/
opinion/1567527700_640376.html

(40) Georgiane, Bárbara. Ecossistemas de


inovação: como criar ambientes de aprendizado.
Blog Rockcontent. Artigo publicado em janeiro.2019
e pesquisado em abril.2020 em https://rockcontent.
com/blog/ecossistema-de-inovacao/

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