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SUSTENTABILIDADE
É revelador que ao ser aberto o portal da Abrapp direcione o visitante para apenas 5
janelas temáticas e uma delas já abra para o tema Sustentabilidade. Bastaria isso para
fornecer um claro sinal da importância que os critérios ambientais, sociais e de
governança em boa parte já têm na definição das políticas de investimento das
entidades de previdência complementar fechada, mas nos últimos anos vêm surgindo
muito mais evidências desse algo que interessa muito ao País.
É natural que assim seja: por viverem ciclos longos, as EFPCs são por vocação
investidoras de longo prazo, um perfil que as faz por natureza preocupadas com a
sustentabilidade de investimentos cujos retornos sustentarão no futuro os
compromissos previdenciários expressos no passivo. Afinal, após décadas acumulando
reservas, não há espaço para surpresas que venham a retirar as garantias financeiras
dos benefícios previdenciários a serem pagos.
Investidora de longo prazo, ao mesmo tempo em que associada a uma agenda que mais
do que do Estado é da sociedade brasileira, qual seja o investimento que une
preocupações ambientais, sociais e de governança, a previdência complementar
fechada se apresenta assim à Nação como solução para muitas de suas carências. Haja
visto que, com uma infraestrutura e uma economia carentes de uma taxa interna de
poupança mais robusta e de trabalhadores cuja aposentadoria não deve depender só
do Estado, o sistema representado pela Abrapp entende que a formação de uma sólida
poupança previdenciária mais que justifica nesse momento todo e qualquer esforço na
direção de seu fomento.
Em nome dessa boa causa, de tanto interesse para a sociedade brasileira, bate à porta
do Governo, Congresso Nacional, da Academia, dos mercados e das lideranças
empresariais, sindicais e associativas.
A mesma pesquisa mostrou que não longe de uma terça parte dos ativos totais estão
investidos atendendo aos critérios ASG.
A revisão da Resolução CMN 3792, que rege os investimentos das entidades e que pode
ganhar um texto renovado até o começo de 2018, oferece a possibilidade de abertura
de uma nova frente que venha a reforçar esse compromisso com a sustentabilidade.
Um compromisso que as EFPCs dão mostras de querer mesmo reforçar cada vez mais.
No 38º Congresso Brasileiro da Previdência Complementar Fechada, de 4 a 6 de
outubro, em São Paulo, a Comissão Técnica Nacional de Sustentabilidade da Abrapp
estará lançando duas novas publicações: O “Guia da EFPC Responsável – Seleção e
Monitoramento da Gestão Terceirizada com Critérios ASG” e o “Guia das Melhores
Práticas de Equidade de Gênero e Raça”.
Esse olhar socioambientalmente tão necessário não deve ser apenas do gestor,
mas também do participante, que deve ser capaz de compreender que os melhores
investimentos nem sempre se provam no médio e muito menos no curto prazo;
E os gestores se deixam convencer de que esse é o caminho porque é isso que estão a
mostrar as pesquisas. Nesse sentido, a maioria dos estudos empíricos já apontam uma
relação francamente positiva entre fatores ASG e uma melhor performance financeira.
E isso não apenas na renda variável, mas também na fixa e no private equity.
Ficou mais fácil nos últimos anos para o gestor obter dados e avaliações de
empresas segundo os critérios ASG;
Em nome dessa liderança e da missão de dar bons exemplos a Abrapp e suas associadas
estão entre as apoiadoras do CDP – Carbon Disclosure Project e do PRI – Principles for
Responsible Investments, organizações globais que por diferentes meios buscam
orientar os investimentos para empresas e projetos que valorizem os critérios ASG.
Para dar uma ideia do que isso significa, o CDP reúne atualmente ao redor de 800
gestores e um total de ativos sob gestão próximo dos US$ 100 trilhões. O PRI agrupa
1700, chegando aos US$ 70 trilhões.
A previdência complementar fechada brasileira sabe hoje e cada vez mais sobre o tema
porque, em primeiro lugar, essa está longe de ser uma preocupação recente. Em 2004,
a Abrapp lançou os “11 Princípios Básicos de Responsabilidade Social para as EFPCs”.
Desde então foram muitas as iniciativas e seminários realizados, publicações editadas,
culminando em 5 de setembro de 2017 com a realização, em São Paulo, da
Conferência de Diretores e Conselheiros – Dever Fiduciário e Sustentabilidade
da Previdência Complementar Fechada. Um detalhe chama a atenção: como o
próprio nome do evento mostra, estavam particularmente presentes dirigentes e
conselheiros, denotando o envolvimento da alta direção das entidades. A produção da
CTN de Sustentabilidade reforça isso.